Harry Potter e o Estigma da Serpente escrita por JMFlamel


Capítulo 41
Salvar A Magia DO Reino...


Notas iniciais do capítulo

Na ensolarada Flórida, nossos amigos correm contra o tempo, a fim de impedir que o Círculo Sombrio leve a cabo uma atrocidade nos parques Disney.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/22239/chapter/41

CAPÍTULO 40

 

SALVAR A MAGIA DO REINO...

 

 

 

 

 

 

 

 

Walt Disney World Resort, comumente conhecido como Walt Disney World e informalmente Disney World, é o resort de entretenimento mais visitado em todo o mundo, situado em Bay Lake, Flórida, próximo à cidade de Orlando. O resort foi aberto em 1º de outubro de 1971 e recebe anualmente mais de 52 milhões de pessoas em seus parques temáticos e hotéis.

Abrangendo 11.106 hectares, pertence e é operada por The Walt Disney Company através da divisão de seus parques e resorts e é o lar de quatro parques temáticos, dois parques aquáticos, vinte e sete resorts temáticos (excluindo mais nove que estão no local, mas não pertencentes ao The Walt Disney Company), dois spas e centros de ginástica, cinco campos de golfe, e outros locais de lazer, esporte, compras e entretenimento. Magic Kingdom foi o primeiro parque do complexo, seguido de Epcot, Disney's Hollywood Studios e Disney's Animal Kingdom, abertos entre as décadas de 1980 e 1990.

O resort foi desenvolvido por Walt Disney na década de 1960 para complementar o parque da Disneylândia em Anaheim, Califórnia, que fora aberto em 1955. Além de hotéis e um parque temático similar à Disneylândia, os planos originais de Walt Disney também incluíam um “Protótipo Experimental da Comunidade do Amanhã”, uma cidade planejada que serviria como um laboratório de experiências para novas inovações para a vida na cidade (vida metropolitana). Após intensa pressão, o governo da Flórida criou o distrito de evolução Reedy Creek, um distrito governamental que essencialmente deu para a Walt Disney Company os poderes e autonomia normais de uma cidade incorporada. Walt morreu em 15 de dezembro de 1966 antes que seus planos originais fossem completamente realizados.

Os parques do complexo estão entre os mais visitados do mundo, com um fluxo anual de dezenas de milhares de turistas, um tentador alvo para um ato terrorista em pleno território dos EUA, a cereja do bolo para o Círculo Sombrio.

E era aquilo que Harry Potter e seus amigos teriam que evitar a todo custo.

Nenhum deles chegou por meios bruxos. Todos eles desembarcaram no Aeroporto Internacional de Miami, vindos de outros lugares, em diferentes voos, sob vários disfarces, com Poção Polissuco e Transfiguração Pessoal Completa. Após recolherem suas bagagens na esteira, dispersaram-se e tomaram vários transportes, para diversos pontos da cidade. Ao final, constatando que já era o suficiente para despistar possíveis perseguidores do Círculo, seguiram para Miami Beach, parando no número 6701 da Collins Avenue. O Deauville Beach Resort.

Projetado em 1957 pelo arquiteto Melvin Grossman, o Oceanfront Deauville Beach Resort foi chamado “Hotel do Ano”, quando da sua inauguração. O Deauville rapidamente tornou-se o destino favorito de Hollywood, abrindo com uma totalmente lotada estação de glamour. As “Rolling Parties” no Napoleon Ballroom já contaram com artistas como Frank Sinatra, Judy Garland, Louis Armstrong e Tony Bennet. A mais épica performance do Deauville foi no Eddie Sullivan Show, quando os Beatles se apresentaram pela primeira vez na América, do Le Jardin Ballroom, em 16 de fevereiro de 1964.

Mas por que o Deauville? A resposta era que o tradicional hotel abrigava o escritório de Miami do MACUSA (MAgical Congress of USA), o Congresso Mágico dos EUA, o equivalente americano do Ministério da Magia. Atualmente, o órgão regulador da atividade bruxa nos EUA era mais flexível quanto às relações com os trouxas (nos EUA conhecidos como “No-Majs”, abreviatura para “No-Magicians” ou seja, “Não-Mágicos”) e aplicação das penalidades do que já havia sido no passado, bastando lembrar que mesmo durante boa parte do Século XX a pena de morte era bastante aplicada. Aquilo quase havia custado, em 1926, a vida da futura esposa de Newton Scamander, Porpentina Goldstein. Graças a ele, a jovem bruxa se salvara e os dois, junto com a irmã de Porpentina, Queenie e um hábil confeiteiro trouxa, chamado Jacob Kowalski, impediram Grindelwald de expor prematuramente a comunidade mágica dos EUA.

Passaram, cada um por sua vez, pelas grandes portas de vidro do hotel e dirigiram-se à Recepção para o check-in, recebendo as chaves e cartões de acesso às dependências de lazer. Depois das bagagens estarem nos quartos, voltaram ao térreo e dirigiram-se à área dos vestiários da piscina entrando pela porta de um deles, na qual estava escrito “EM MANUTENÇÃO”. Cada um colocou, por sua vez, o cartão em um slot oculto por trás do espelho, que se ampliou e permitiu a passagem dos bruxos. Atravessando o espelho, adentraram o escritório do MACUSA em Miami, sendo recebidos pelo Supervisor, alguém que Harry já conhecia.

—Bom dia... uau! Harry Potter! Mas há quanto tempo! Não o vejo desde aquele caso da tal Bernardine Brent.

—Olá, Ferris. _ disse Harry, após desfazer sua transfiguração e cumprimentar o Auror _ Sem contar que daquela vez precisei pousar um ônibus espacial. Não quis mais ser o Oficial de Ligação em Houston?

—Estava com saudades do mar e ainda que Galveston não fique muito longe e o acesso seja fácil, pela Rodovia 45, a Flórida é bem mais bonita... Ora, o Capitão Claudiomir veio com vocês? Para o Ministro da Magia do Brasil ter liberado seu segurança pessoal, a coisa deve ser bem importante.

—Muito importante, Ferris. _ disse Claudiomir _ Daqui a pouco vamos nos reunir e expor todos os detalhes.

—Eu ainda não conhecia o escritório de Miami. _ disse Harry _ Ele foi muito bem escolhido, o Deauville é um hotel com muita história. Fizeram o mesmo que com o Woolworth Building em Nova York, para abrigar a sede do MACUSA, não é?

—Isso mesmo, Harry. _ disse Ferris _ Durante a construção do Woolworth, bruxos infiltraram-se entre os operários e começaram a preparar o edifício com os feitiços apropriados até que quando ele foi inaugurado, em 24 de abril de 1913, tudo também já estava pronto para que a sede do MACUSA também fosse inaugurada. Com o Deauville, foi a mesma coisa e logo o nosso escritório estava instalado. Depois que a Lei Rappaport foi revogada, passou a haver uma maior aproximação com os No-Majs e com isso os bruxos passaram a apreciar muitos dos passatempos e hábitos deles. Prova disso é que diversos eventos esportivos e culturais, principalmente musicais, dos No-Majs contaram com a presença e o registro por parte de bruxos.

—Podemos ver, pela vasta galeria de fotos-bruxas nas paredes do escritório. _ disse Rony _ A famosíssima apresentação dos Beatles no show de Eddie Sullivan em 16 de fevereiro de 1964, o segundo show da turnê americana, essa é preciosa. Aliás, alguém se lembra do filme de Zemeckis, inspirado nessa situação?

—Claro, Sr. Weasley. _ disse Ferris _ “I Wanna Hold Your Hand”. Já o assisti várias vezes.

—No Brasil ele teve o título de “Febre de Juventude”. _ Claudiomir lembrou-se da história _ Seis jovens que fizeram de tudo para assistir o primeiro show, no dia 8 de fevereiro de 1964, em Nova York. Mas estou vendo várias outras fotos de celebridades que frequentaram o Deauville e essa aqui, de Frank Sinatra. O que ele está fazendo aqui no escritório?

—Ah, essa é especial, Claudiomir. _ disse Ferris _ Ele acabou vindo parar aqui, numa das vezes em que esteve no hotel. A entrada sempre foi por um dos vestiários, que está sempre em manutenção. Em um momento no qual a área estava mais vazia, Frank estava dando uma “atenção especial” a uma fã, dentro do referido vestiário. Quando estavam mais empolgados, um dos pés da garota acidentalmente moveu uma pequena alavanca ao lado da pia, acionando a entrada para o escritório.

—Imagino a surpresa deles. _ disse Hermione, rindo.

—E a vergonha, Sra. Weasley. _ disse Ferris, também rindo _ Os dois, seminus, caindo pela passagem do espelho, no meio do átrio. Enquanto o casal se vestia, vermelhos como pimentões, os funcionários explicaram a eles o que havia acontecido. Ele foi muito simpático, conversou, deu autógrafos, cantou e tirou fotos. No final, eles quase não tiveram coragem de apagar sua memória. Mas ele insistiu para que cumprissem o seu dever, foi muito compreensivo e entendeu que era um segredo muito grande para ele guardar. A foto ficou de lembrança e depois, quando os No-Majs começaram a desenvolver os cartões magnéticos, os bruxos se adiantaram e criaram um cartão contendo um feitiço que funcionava como uma chave e o slot, que desempenhava o papel de fechadura mágica.

—Assim qualquer acionamento acidental seria evitado. _ disse Fred.

—E não haveria mais o risco de uma celebridade vir fazer uma “visitinha surpresa” ao escritório do MACUSA. _ completou Jorge.

—Fred e Jorge Weasley, dois dos maiores especialistas em Tecnomagia de toda a Bruxidade. _ disse Ferris _ Graças às tecnologias desenvolvidas por vocês, o MACUSA está permanentemente online com todos os seus equivalentes do mundo. Realmente, a coisa é importante.

—Muito importante mesmo, Ferris. _ disse Harry _ Vamos para uma sala de reuniões segura.

Na sala, com todos devidamente acomodados, Harry Potter ocupou o parlatório e conectou seu notebook ao datashow. Pegou um pen-drive no bolso e introduziu em uma das entradas USB. Uma apresentação em Power-Point apareceu na tela.

—Para que possamos compreender o que está acontecendo agora, será preciso retrocedermos rapidamente ao passado. Mais especificamente, aos Dias Negros e à Segunda Ascenção de Lord Voldemort. _ disse Harry, passando os slides— A Ordem das Trevas ganhava poder dia após dia, mas uma dúvida persistia: de onde vinham os recursos para o movimento da Ordem das Trevas? Afinal, financiar uma guerra não custa barato. Isso fez com que o Ministério da Magia da Inglaterra e a Corporação dos Aurores quase torrassem seus cérebros tentando descobrir, sem que conseguissem chegar a uma conclusão. Foi só perto da época do atentado contra minha família que começaram a investigar os rumores sobre a existência de uma organização criminosa bruxa, que administrava todas as operações ilícitas, tipo jogo ilegal, tráfico de drogas, prostituição, corrupção em suas várias formas, etc, inclusive com ramificações em seus correspondentes trouxas, sem que eles soubessem. Depois que Voldemort matou meus pais e quase morreu, o foco das investigações mudou e o Ministério dedicou-se a caçar remanescentes dos Death Eaters, permitindo que essa organização crescesse e consolidasse seu poder, fora dos holofotes. Durante os anos da Segunda Ascenção, até o combate final na ilha sagrada de Avalon, quando Voldemort cometeu Seppuku e eu fui seu Kaishakunin, essa organização infiltrou-se no Ministério e começou até mesmo a pressionar o Ministro Fudge, querendo forçá-lo a indicar Rufus Scrimgeour, que estava a soldo dela, como seu sucessor.

Tomou um gole de água e continuou.

—Mas aquilo começou a chamar a atenção, principalmente depois que Scrimgeour ficou enciumado quando Fudge indicou Arthur Weasley como seu sucessor. Então, os Aurores começaram a seguir o fio da meada e descobriram o nome da organização, “Círculo Sombrio”, seu líder na época, o “Planejador” e parte de seu organograma e Modus operandi. Depois de algum tempo, o “Planejador” foi morto e o comando foi assumido por “Sombra” e “Escuridão”. Sob a liderança dos dois, o Círculo deixou de ser exclusivamente bruxo e passou a ser misto, aceitando trouxas em seus efetivos. O resto é quase tudo de conhecimento geral, principalmente porque o Círculo Sombrio faz suas ameaças contra bruxos e trouxas, indiscriminadamente, embora a imensa maioria dos trouxas pense que se trata de mais uma organização terrorista internacional.

—Sabemos disso, mas nunca é demais relembrar, Harry. _ disse Ferris, preocupado, já pensando no que viria a seguir _ O Círculo Sombrio é uma ameaça constante e permanente. Estou certo de que você já vai falar do mais recente ultimato que “Escuridão” fez ao mundo e que o local será aqui nos EUA, pois vocês não parecem ter vindo para fazer turismo, acertei?

—Na mosca, Ferris. _ disse Claudiomir _ E aquele maldito assassino deixou pistas que, para nós, são suficientes. Um de nossos elementos infiltrados no Círculo nos deu a pista do local-alvo do atentado.

—E, durante a transmissão do ultimato, “Escuridão” praticamente sublinhou suas frases anteriores. _ disse Harry, avançando os slides e mostrando a esfera geodésica da atração Spaceship Earth— O local do atentado será em Orlando, mais especificamente no complexo Walt Disney World.

—O meio será a detonação a média altitude de um míssil, contendo uma ogiva química. _ disse Rony _ O mesmo tipo de gás utilizado na Mongólia, na Groenlândia e no Quênia. Nossa fonte nos explicou os efeitos do gás e nos conseguiu uma amostra, para que estudássemos e obtivéssemos um antídoto ou, pelo menos, um atenuador.

—O que não foi impossível, embora não tenha sido muito fácil, devido à alteração mágica da estrutura atômica básica do gás. _ disse Neville, que havia ficado calado até aquele momento, abraçado a Luna _ Graças à análise dessa amostra, descobrimos que eles alteraram gás VX e Mostarda a nível molecular, criando um novo composto e inserindo um feitiço que suprime seus efeitos físicos, porém cria a sua sensação, ou seja, a vítima morre pensando que está com a pele cheia de bolhas, com edema pulmonar, etc, sem que realmente os apresente. Morte por indução neurossensorial, com uma mais rápida dissipação do gás, que é de base aquosa, não deixando vestígios. Mata em cerca de trinta segundos e se dissipa completamente entre quarenta e cinco e cinquenta.

Neville mudou o slide da apresentação Power Point, mostrando um gráfico de decaimento do gás.

—E vocês conseguiram criar um antídoto? _ perguntou Ferris.

—Sim, Ferris. _ respondeu Neville _ Mas há uma grande limitação, que poderá ser um inconveniente. O antídoto pode ser ingerido ou inalado, mas não conseguiríamos “imunizar” todo mundo. Adicioná-lo a um refresco e oferecê-lo como cortesia aos visitantes dos parques daria um resultado parcial, pois não cobriria a população de Bay Lake ou mesmo a de Orlando, supondo que a detonação espargiria o gás por uma grande área, levando-se em consideração a altitude que, logicamente, seria a menor capaz de proporcionar o maior raio de ação.

—Um considerável raio de efeitos, supondo que o “Ponto Alpha” seja sobre o Magic Kingdom e o Epcot. _ disse Rony _ O “Ponto Zulu” poderia ser na área de outros parques, tais como o Animal Kingdom, Blizzard Beach, Universal Studios ou mesmo no perímetro urbano de Orlando, ainda mais porque o “Leviathan” poderia lançar vários mísseis, cada um deles com várias ogivas.

—Pulverizar o antídoto em forma de aerossol poderia levantar suspeitas por parte de eventuais espiões do Círculo, pois não seria comum um ou mais aviões de pulverização em área urbana. _ disse Harry _ Caso desconfiassem de alguma atitude de nossa parte, poderiam abortar o atentado, mudando aleatoriamente a data e o lugar.

—Creio que o mais adequado seria “dobrarmos os meios”, Harry. Você se lembra de algo sobre chuvas artificialmente provocadas? _ perguntou Claudiomir.

—Claro, inclusive a iniciativa pioneira possui tecnologia brasileira. Bombardeamento de nuvens com cloreto de sódio, iodeto de prata ou mesmo água potável, a fim de precipitar a agregação de gotículas de vapor de água, formando gotas de chuva. Mas é preciso que as nuvens tenham uma concentração satisfatória de vapor ou não ocorrerá precipitação alguma. _ disse Harry _ E acho que sei aonde você quer chegar.

—Exato. _ disse Claudiomir, abrindo um sorriso _ O clima da Flórida até ajuda, pois não há grandes períodos de estiagem, nesta época do ano.

—Realmente, Claudiomir. _ disse Ferris, acessando a previsão do tempo e constatando que haveria formação de nuvens nos próximos dias.

—Excelente, Ferris. _ disse Claudiomir _ Neville, seu antídoto é bem concentrado? Ele manteria sua eficácia mesmo em uma diluição muito grande?

—Acredito que sim, Claudiomir. A quantidade a ser produzida dependeria da extensão da área que queremos cobrir. _ Neville pegou uma calculadora científica, uma lapiseira e uma folha. Seus cálculos traduziam-se em fórmulas e ele finalmente chegou a um resultado _ Eis a área e eis a concentração do antídoto in natura. Bem, para abranger essa área, mantendo uma concentração eficaz o suficiente para promover o efeito desejado, precisaremos de uns quarenta mil litros, mais ou menos.

—O volume aproximado de duas piscinas residenciais pequenas. E com quantos BAR teríamos de comprimi-lo? _ perguntou Hermione.

—Creio que uns duzentos BAR, o mesmo que um cilindro de mergulho autônomo. _ disse Neville _ Sua ideia é fazer algo semelhante ao que Newton Scamander fez para apagar a memória da população de Nova York, em 1926, Claudiomir?

—_Isso mesmo, Neville. _ disse Claudiomir _ Fred, Jorge, vocês podem entrar no monitoramento meteorológico por satélite? E como eu sugeri para “dobrarmos os meios”, creio que precisaremos de uns cinquenta ou sessenta mil litros, mais ou menos uns dois caminhões-pipa grandes.

—É para já, Claudiomir. _ disse Fred, ligando seu computador e entrando na rede do Serviço de Meteorologia _ Parece haver uma satisfatória massa de nuvens aqui na região.

—Então a sua ideia é bombardear, ou melhor, pulverizar as nuvens por cima com o antídoto sob pressão, a fim de provocar uma chuva imunizante? Excelente, Claudiomir. _ disse Harry _ Mas teríamos que iniciar a produção rapidamente, para podermos pulverizar logo.

—Tem razão, Harry. _ disse Neville _ Ainda mais porque teremos que monitorar a rota do “Galactic”, para sabermos qual o provável ponto de liberação do “Leviathan”, para o lançamento dos mísseis.

—E por quanto tempo o antídoto permaneceria ativo no organismo humano, Neville? _ perguntou Jorge.

—Por cerca de quatro ou cinco dias. Depois disso, ele começa a ser metabolizado e a concentração vai diminuindo até deixar de ser eficaz. Precisaremos de uma instalação alquímica de porte industrial, para começar a produzir. E seria melhor que não fosse ligada ao MACUSA.

—Entendo, Neville. _ disse Ferris _ Uma instalação ligada ao MACUSA poderia ter elementos do Círculo infiltrados.

—Exatamente. _ concordou Harry _ Vejamos aqui, na “MagiWeb”... há uma de excelente porte, em Daytona Beach.

—Mas justamente essa pertence ao Círculo Sombrio. _ disse Ferris, localizando a instalação no mapa _ E quem a dirige é exatamente Van Leer.

Harry começou a rir e os outros quiseram saber a razão.

—Pois isso vem muito a calhar. O Círculo jamais imaginaria que uma unidade de produção deles seria usada contra eles mesmos. Deixem comigo, já estou pensando em como vou fazê-los de bobos. _ disse o bruxo de óculos, já com um plano em andamento _ Só preciso acertar um pequeno detalhe.

—Como você vai enganá-los? _ perguntou Ferris.

—Do mesmo jeito que enganei Lord Voldemort e Lucius Malfoy, quando tinha dezesseis anos de idade. _ disse Harry, mudando de aparência e transformando-se em...

—... Draco Malfoy! _ exclamou Ferris, admirado. Harry estava idêntico ao loiro inclusive com o uso de bigode e cavanhaque, como Draco Malfoy se apresentava atualmente _ Mas para isso, você precisará saber exatamente do paradeiro dele.

—Não se preocupe com isso, Ferris. _ disse Harry Potter, retornando à sua verdadeira aparência _ Agora terei de dar um jeito de entrar em contato com...

—... Comigo, mestre Harry Potter? _ uma voz se fez ouvir, pouco abaixo de sua cintura. Olhando para baixo, ele viu a quem pertencia.

—Pooka. Você sempre está onde é mais necessário, que bom.

—Pooka fica feliz em ajudar, mestre Harry Potter. _ disse o elfo doméstico, piscando seus olhos azuis e sorrindo com dentes alvíssimos.

—Certo, certo. Preciso falar com você, a sós. Gente, Pooka é um dos nossos informantes no Círculo. _ Harry não queria falar na frente de Ferris ou de outros membros do MACUSA. Eles não podiam saber que Draco não estava realmente do lado do Círculo.

—Eu nunca tinha reparado em você, Pooka. _ disse Ferris.

—É a vantagem de ser um elfo doméstico, mestre Ferris. Todos nos acham parecidos uns com os outros e acabamos sendo virtualmente invisíveis, porque ninguém repara em nós. Com licença, mestre Ferris.

Harry e Pooka retiraram-se para uma sala ao lado e o bruxo disse ao elfo do que precisava.

—Pooka, foi muito bom você ter aparecido. Eu preciso que você entre em contato com Draco e diga a ele para inventar uma missão externa e sair da “Cidadela de Bóreas”, por alguns dias. Detalhe: parte da missão terá de ser em Daytona Beach, pelo menos nominalmente.

—Entendi, mestre Harry Potter. Inclusive, Pooka está aqui para trazer uma informação do mestre Draco Malfoy. Esta pen-drive deve ser entregue aos mestres Fred e Jorge Weasley. Com isso, eles poderão determinar as coordenadas nas quais o “Galactic” irá liberar o “Leviathan”.

—Fantástico, Pooka. Muito obrigado. A nossa missão será bem mais fácil assim.

—Pooka fica feliz em poder ajudar, mestre Harry Potter. Agora Pooka precisa ir, mas sempre estará disponível. Até a próxima, mestre Harry Potter.

Pooka saiu da sala e virou em uma curva do corredor. Quando Harry foi ver, o elfo já havia desaparecido.

Enquanto isso, em Hogwarts, a turminha sinistra das Trevas cofabulava em um ponto mais discreto do pórtico.

—Então está próximo o dia. _ disse Portman.

—Até que enfim. _ Waverly sorriu, com uma expressão satisfeita no rosto e um brilho no olhar _ Realizaremos a cabeça-de-ponte e o Círculo tomará a escola. Só quero ver a cara dos idiotinhas dos Novos Marotos.

—Sei como se sentem. _ disse Daphne Cornwall _ Eles são uma pedra no sapato, principalmente o “filhote do Escolhido”, Tiago Potter. Ele e aquele traidor do Albert Pettigrew. Uma vergonha para a Sonserina. Mas todos levarão o deles, não se preocupem.

Um esquilo estava roendo sua noz, ali perto dos jovens conspiradores e o fato chamou a atenção de Antonella Furlani, colega de Daphne na Lufa-Lufa.

—Olha, Daphne, aquele esquilo está por aqui de novo. _ disse ela.

—Deixe comigo. _ disse Portman _ Eu já dou um jeito nele.

—Negativo, Portman. Deixe o bichinho em paz. Eu já notei que ele sempre aparece perto de onde estamos.

—Ele gosta de você, Daphne. _ disse Waverly.

—Pois é. Acho que vou levá-lo como animal de estimação. _ disse ela.

—Não seria bom, Daphne. _ disse Portman _ Ele é um animal silvestre, não iria se dar bem em espaços fechados.

—Você tem razão, Portman. Mas nada me impede de adotá-lo, informalmente. _ com bastante cuidado e gestos suaves, Daphne Cornwall conseguiu trazer o esquilo até ela e o pegou no colo _ Vejam, ele parece gostar de mim. Vou trazer algumas nozes e frutas para ele, mas não com muita frequência.

—Será bom, assim ele não perderá o instinto coletor. _ disse Antonella, fazendo um carinho na cabeça do esquilo, que semicerrou os olhos _ Vai dar um nome para ele?

—Claro que sim. Acho que vou chamá-lo de... “Chip” (nome original do “Tico”, de Disney). Acho que ele tem a carinha do “Chip”, embora seja um esquilo e não uma tâmia de cauda curta.

—É verdade. _ disse Waverly _ Todos pensam que eles são esquilos e não tâmias. Daphne, temos que fazer mais um “trabalhinho” de arte.

—É mesmo. _ disse ela, com “Chip” ainda no colo _ Vamos lá.

Foram até uma parede e fizeram a grafitagem mágica, deixando na parede o rosto viperino de Lord Voldemort, com a legenda “ELE VOLTARÁ”. Em seguida completaram com os Feitiços de Retardo e Despistamento, que fizeram com que a imagem desaparecesse e seu autor não pudesse ser rastreado. Depois daquilo, ela deixou “Chip” ir embora e cada um foi para seu lado. “Chip” desapareceu atrás das moitas e, dali a pouco, surgiu Randolph Lupin.

—Então quer dizer que são esses os feitiços que eles usam para fazer a grafitagem, que bom saber. _ disse Randolph, baixinho, para si mesmo _ E que bom que Daphne preferiu me chamar de “Chip”. Sempre achei que o “Dale” tinha cara de bobo. Agora preciso contar isso para Tiago e os outros Novos Marotos. Se pensarmos, certamente surgirá um plano para desmontarmos essa tentativa de insurreição.

Transformando-se novamente em esquilo, Randolph correu para os lados da Biblioteca. Os Novos Marotos estavam esperando por suas notícias e ficariam bem contentes com aquilo que ele tinha a revelar.

Em Daytona Beach, uma Land Rover Evoque preta saiu da Mason Avenue e estacionou em frente à Daytona Beverages, dela saindo um homem alto e loiro, com cabelos um pouco longos e usando bigode e cavanhaque, todo vestido de preto, que adentrou a recepção, procurando pela mesa de um dos funcionários e logo o encontrando.

—Rhodesius Beekman, eu presumo? _ perguntou o loiro.

—Sim, sou eu... _ disse o negro musculoso de terno, interrompendo a frase e ficando cinzento, somente conseguindo sussurrar _ ... “Viper”! Por que o senhor está aqui?

—Para uma importante missão do Círculo, é claro. Me leve às instalações, agora. _ disse o loiro, de maneira altiva.

Beekman providenciou um crachá para seu acompanhante e o conduziu até a unidade de distribuição, indo até um canto no qual uma coluna formada por dezenas de packs de Budweiser e apertando uma determinada lata. A coluna se abriu e os dois atravessaram a barreira mágica, chegando a uma instalação industrial de produção alquímica, habilmente disfarçada no interior da distribuidora de bebidas.

—Uma cerveja, “Viper”? _ perguntou Beekman.

—Gosto da Budweiser, mas pode ficar para mais tarde. Van Leer está aqui?

—Sim. Logo ali. _ e Beekman conduziu seu convidado para o interior da instalação.

— “Viper”? _ Van Leer também estava surpreso _ O que o traz aqui?

—Missões do Círculo, como sempre. _ disse o loiro _ Van Leer, preciso que vocês produzam sessenta mil litros deste composto.

Ele apresentou uma fórmula e van Leer a examinou, estranhando o conteúdo.

—Mas isso é um antídoto para aquele gás de nervos! O que está acontecendo, Sr. Malfoy?

—Isto é um plano paralelo, que sugeri a “Escuridão” e ele gostou, pedindo que eu o colocasse em prática: Produzir um antídoto e promover o seu leilão.

—É, parece uma boa ideia. _ disse van Leer _ Mas eu acho que preciso contactar “Escuridão”.

—E por quê? _ perguntou “Viper”.

—É um volume muito grande, “Viper”. Será preciso desviar toda a linha para a sua produção.

—Noto um ar de insubordinação nas suas palavras, van Leer. Será que terei que deixar claro quem é que dá as ordens?

—Não, só estou dizendo que como é uma grande encomenda, eu preciso dar ciência diss...

— “Dar ciência”, van Leer? Perguntou o loiro, agora assumindo um ar orgulhoso e severo _ Preciso lembrá-lo de que o plano é meu e que “Escuridão” já deu o seu aval? Ou você se atreve a continuar questionando o Prior do Conselho dos Sete?

Aquelas palavras fizeram com que van Leer mudasse de cor. O Conselho dos Sete, a mais alta hierarquia do Círculo Sombrio, abaixo apenas de “Sombra” e “Escuridão” e respondendo diretamente só a eles. E “Viper” era o Prior, o líder dos responsáveis pelas decisões administrativas, estratégicas e logísticas da organização.

—Não, “Viper”. De forma alguma. Darei ordens para que a produção seja iniciada imediatamente. Terá os sessenta mil litros em setenta e duas horas.

—Você tem sessenta horas e nem um minuto a mais. Não se atrase.

Viper” saiu da instalação, deixando um van Leer suando frio e em quantidade. Embarcou na Land Rover e saiu. Distante dali, o bruxo desfez sua transfiguração e voltou à aparência de Harry Potter, enquanto Hermione Weasley, que fingia ser o motorista, fazia o mesmo.

—E aí, como foi? _ perguntou Hermione.

—Melhor impossível. _ disse Harry, rindo e abrindo uma garrafa de água mineral, tomando um gole _ Você deveria ter visto a cara de van Leer, Mione. Eu acho que ele só não se borrou porque não devia ter material pronto.

—Eu pagava para ter visto essa cena, Harry. _ disse a amiga, rindo tanto quanto ele _ Como foi que você conseguiu assustá-lo tanto?

—Já esqueceu que eu conheço tanto o Draco do bem quanto o antigo Draco “do mal” e sei imitá-lo perfeitamente? _ Harry sorriu de uma forma que lembrava o loiro, quando ainda fingia ser trevoso. Só tive que deixar bem claro que não é seguro questionar o Prior do Conselho dos Sete.

—É verdade. _ disse Hermione _ Nosso tempo não é muito longo, Harry. Pelas informações da pen-drive que Pooka entregou, o “Galactic” chegará àquelas coordenadas geográficas em uns quatro dias.

—Eu sei, Mione. Por isso eu apertei van Leer para que ele terminasse a produção em sessenta horas, pois ainda teremos que acondicionar, comprimir e pulverizar o antídoto nas nuvens. Isso tudo antes do provável momento do “Leviathan” lançar seus mísseis.

—Ainda bem que Fred e Jorge já estão rastreando a rota do “Galactic”. O bloqueio de nível de segurança “SPX-25” do Círculo já foi quebrado e eles poderão interferir nos mísseis.

Sessenta horas depois, três caminhões-pipa estavam no estacionamento da Daytona Beverages, completamente carregados com o antídoto produzido pela instalação alquímica industrial. No auditório van Leer estava ocupando o estrado, tendo ao seu lado “Viper” (ou pelo menos quem ele pensava ser “Viper”). Após a apresentação,o loiro tomou do microfone e falou aos funcionários, que estavam todos ali.

—Obrigado, senhores, pela dedicação e lealdade ao Círculo Sombrio. O fato de vocês desviarem todo o esforço desta fábrica para a produção dessa grande quantidade do composto solicitado. Eu já o testei e confirmei que atende a todos os requisitos solicitados, o que irá valer uma referência elogiosa junto à cúpula de nossa organização. Por essa razão, para comunicar isso a vocês, solicitei que todos estivessem aqui reunidos. Por último, o que tenho a dizer é... “OBLIVIATE!!!” Isto nunca aconteceu e eu jamais estive aqui.

Os poderes de Magid de Harry Potter permitiram a ele apagar as memórias de todos os funcionários ao mesmo tempo. Após implantar os comandos, criando em todos eles a ilusão de que os eventos não haviam ocorrido, o bruxo saiu do auditório e embarcou na boleia de um dos caminhões, reassumindo sua própria aparência.

—Tudo certo, Claudiomir. Podemos levar todo esse material para a compressão.

—Não todos os sessenta mil litros, Harry. Lembra-se de que eu disse para “dobrarmos os meios”? Pois vamos fazer o seguinte...

E o Capitão Claudiomir explicou seu plano a Harry Potter, que ficou satisfeito. Todos os envolvidos sabiam o que fazer e o plano tinha tudo para dar certo.

E seria preciso que desse certo, se realmente quisessem salvar a magia do reino.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Harry Potter e o Estigma da Serpente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.