Harry Potter e o Estigma da Serpente escrita por JMFlamel


Capítulo 33
Peixes-no-barril - parte 1: preparação


Notas iniciais do capítulo

Albert Pettigrew revela a Harry Potter o que sabe. Hsiao e Pendergast retornam ao circuito. Finalmente o novo golpe de "Escuridão" mostra seus contornos.



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CAPÍTULO 18

PEIXES-NO-BARRIL – PARTE 1: PREPARAÇÃO

Dizem que a confissão deixa a alma mais leve. Albert Trelawney Pettigrew estava sentindo isso na pele pois, após contar a Harry Potter todos os fatos dos quais tinha conhecimento sobre o “Avatar das Trevas”, sentia que seu coração poderia ser colocado na balança de Anúbis sem medo algum, já estaria mais leve do que a pluma utilizada como contrapeso. A decisão de dizer tudo a Harry já havia sido tomada, mas o momento ainda estava sendo aguardado. Porém a descoberta da câmara na qual o “Avatar” ocultava seu disfarce havia precipitado os acontecimentos. Por sorte, eles haviam conversado algum tempo antes, logo após uma das sessões de instrução daquele grupo de alunos de Hogwarts que, teoricamente, deveriam constituir uma cabeça-de-ponte do Círculo Sombrio na escola mas que, na verdade, o “Avatar” estava poreparando aos poucos para serem exatamente o oposto, defenderem Hogwarts de um eventual ataque da maligna organização.

—Jovem Pettigrew, creio ser chegada a hora de você revelar a Harry Potter os planos de “Escuridão” para a escola. _ disse o “Avatar” _ E também de revelar a ele qual a minha identidade.

—Como? _ perguntou Pettigrew.

—Ora, meu jovem, pensa que não sei que você conhece minha real identidade? Você me viu certa noite e isso muito me ajuda, pois possibilitará que Harry Potter saiba de tudo mas não por mim, impedido que estou pelas artimanhas de “Escuridão”. Fale com ele e diga o que sabe. Estou seguro de que Harry Potter saberá como e quando agir. Os Novos Marotos também serão um trunfo preciosíssimo, você fez muito bem em esquecer as animosidades contra Tiago Potter e tornar-se amigo deles.

—É verdade. E você está conseguindo resistir cada vez mais ao domínio de “Escuridão”?

—Sim, graças ao pentagrama que aquele tolo arrogante me deu e que consegui modificar.O tempo que ele me protege da influência do “Contrato de Seth e Anúbis” está cada vez maior, embora seja limitado. Aliás, sinto que ele está se esgotando. Procure Harry Potter e entregue isto a ele e somente a ele. _ disse o “Avatar”, entregando um pergaminho a Albert _ Se cada um de nós fizer direito a sua parte, o dia da liberdade logo chegará. Boa noite, jovem Pettigrew.

Albert Pettigrew saiu do local, enquanto o “Avatar” dolorosamente retornava ao seu tamanho e aparência normais. Pouco tempo depois daquilo, a câmara que guardava o disfarce do “Avatar das Trevas” havia sido descoberta e, devido ao fato, ele logo correu à procura de Harry Potter e entregou a ele o bilhete, confessando ter conhecimento de quase todos os fatos, inclusive do grupo de alunos que, inicialmente, seria uma vanguarda das Trevas.

—Então, Albert, você já conhecia o “Avatar das Trevas” e descobriu sua identidade?. _ perguntou Harry, servindo duas xícaras de chá e entregando uma ao garoto, depois dele dizer quem era o “Avatar” _ Eu já havia descoberto que era um dos filhos de Voldemort, mas ainda não sabia qual. Essa informação define todo o curso das investigações e a linha de ação.

—Sim, Prof. Potter. _ respondeu Albert _ Foi por acaso, no ano passado, quando eu, Portman e Waverly cumprimos aquela detenção, limpando o entulho do banheiro da Murta, que estava em reformas. Descobri que ele estava treinando um grupo de alunos em Artes das Trevas, utilizando o espaço da antiga Câmara Secreta de Salazar Slytherin.

—Claro, sendo o hospedeiro do espírito de Lord Voldemort ele teria poder para desfazer os lacres que Dumbledore deixou e saberia como abrir a porta com a ordem em Ofidiano. Também poderia executar Feitiços de Ocultamento e Segurança, para impedir que alguém a encontrasse.

—Mas ele foi mudando o foco das instruções, com o passar do tempo. O grupo passou a ser doutrinado para, em caso de uma invasão, defender Hogwarts, não para facilitá-la.

—Eu imaginava que ele faria algo assim. Lord Voldemort não concordaria em se submeter a quem quer que fosse, ainda mais um bandido sem honra como “Escuridão”. Ele já havia pedido a minha ajuda, há algum tempo, quando Vandross se matou e eu me comprometi a libertá-lo. Em vida, Lord Voldemort foi o meu maior inimigo. Assassino, cruel e impiedoso, porém honrado, diferente daquele bandido do “Escuridão”, capaz de quaisquer meios para atingir seus objetivos, inclusive mexer com forças demoníacas, como prova o pentagrama invertido. O máximo que Voldemort fez no passado foi formar uma aliança entre a Ordem das Trevas e a Al-Qaeda, quando eu estava no sétimo ano. Ainda bem que o “Avatar” conseguiu reverter o pentagrama à orientação correta, tornando-o um foco de energias positivas.

—Soubemos da história da Al-Qaeda e o senhor também mencionou que ele morreu, naquele ano. E agora, o que terá de ser feito?

—Cada um de nós terá um papel a representar nessa situação. As pedras estão dispostas no tabuleiro e “Escuridão” pensa que poderá sair deste Seki e realizar seu Shicho. Caberá a nós descobrir o meio de realizar o Shicho antes dele. _ disse Harry, levantando-se e mostrando a Albert Pettigrew um tabuleiro de Go, com as pedras dispostas _ Tenho comparado as operações do Círculo e as nossas contra-ofensivas como um jogo de Go. Este é um tabuleiro padrão 19x19, com as pedras dispostas nele. Cada passo do Círculo Sombrio é representado por uma pedra preta e cada contra-ofensiva que lançamos para neutralizá-los é representada por uma pedra branca.

—Não entendo quase nada do jogo de Go, Prof. Potter. _ disse Albert _ Mas me parece que há um equilíbrio na disposição das pedras, quase um impasse. No momento parecem estar empatados.

—Sim, Albert. _ concordou Harry _ Em uma partida de Go, seria a fase chamada Seki, praticamente um impasse. Para sair dele, seria preciso ou desfechar um Shicho, um ataque decisivo que poderia ou não ser precedido de uma jogada de sacrifício, um gambito.

—Um Uttegae. _ disse Pettigrew, lembrando-se do que vira das partidas de Go dos Novos Marotos _ Acha que “Escuridão” faria um Uttegae?

—Ele não se disporia a isso, não faz parte do seu perfil, pelo que sei dele. Creio que ele preferirá tentar desfechar o Shicho sem fazer um Uttegae. Resta saber onde, quando e como.

—Uma boa rede de informações ajudaria bastante. _ disse Albert.

—Já a temos, é só o que posso dizer, por enquanto. _ disse Harry, tomando um gole de chá e fazendo anotações em um caderno _ Esta nossa conversa foi muito importante, Albert. Sabe, seu pai não era uma má pessoa, no princípio. Depois de todos esses anos eu sei um pouco mais sobre os motivos que o levaram a passar para o lado dos Death Eaters e se, talvez, não possa perdoá-lo pela traição a meus pais, ao menos posso compreendê-lo. Creio que está na hora de você retornar à Sala Comunal da Sonserina. Precisará de um passe de corredor.

—Já tenho um, obrigado. Adriano me deu.

—Ótimo. De qualquer forma, vou com você até a entrada das masmorras, já que fica no caminho para a ala residencial.

Terminaram o chá e saíram. Logo em seguida, imperceptivelmente, Dobby entrou na sala e recolheu o bule e as xícaras. Na entrada para as masmorras, Harry e Albert se despediram e o bruxinho foi para a Sala Comunal da Sonserina. Indo para a ala residencial, Harry Potter pensava na conversa que tiveram. Só que ele sabia qual seria a tentativa de Shicho do Círculo Sombrio, onde e quando seria desfechada. Realmente ele estava certo, “Escuridão” não tinha perfil para fazer um Uttegae, àquela altura.

Mas alguma coisa lhe dava a certeza de que um Uttegae já havia sido realizado, como o espírito de Lord Voldemort já o havia alertado e que não fora por parte da organização criminosa. Harry não poderia se esquecer de posicionar uma nova pedra branca no tabuleiro de Go.

Rio de Janeiro, Alemão.

No Rio de Janeiro, mais precisamente na casa que havia pertencido a um traficante e que Pendergast estava utilizando como esconderijo, ele e Hsiao estavam deitados na cama da suíte principal, sob a mira das varinhas de alguns bruxos do Círculo.

—Vistam-se e venham conosco. _ disse um dos bruxos _ Como eu já disse, nem tentem pegar as varinhas. Estariam mortos antes que conseguissem.

—O que pretendem fazer conosco? _ perguntou Hsiao.

—Você está na mira do Círculo, garota. Aquela enganação com o corpo queimado não me convenceu nem por um instante. Vamos levá-los para “Escuridão” e vocês podem optar por irem por bem ou serem sedados. Tanto você quanto esse outro buxo aí, que resolveu te ajudar.

—Há uma terceira opção. _ disse Pendergast, satisfeito por não ter sido reconhecido pelos bandidos, provando que sua falsa morte havia sido bem forjada.

—E qual é ela? _ perguntou o bruxo das Trevas.

—Matamos vocês e quem mais estiver fora da suíte, damos sumiço nos seus corpos e ninguém do Círculo Sombrio virá nos encher o saco.

—Boa piada, cara. _ disse o bruxo, rindo _ Posso saber como você pretende fazer isso?

—Assim. RESPIRE FUNDO E PRENDA O FÔLEGO, HSIAO!

Enquanto Hsiao obedecia, Pendergast apertou um botão na cabeceira da cama. Imediatamente, as portas e janelas da suíte fecharam-se hermeticamente e uma bolha de Plexiglas preparada para resistir a feitiços desceu, cobrindo a cama e isolando-a do restante do quarto, com um sistema de suprimento de ar totalmente estanque do exterior. No mesmo instante, o sistema de ar-condicionado foi lacrado e tubos surgiram do chão. Os bruxos do Círculo Sombrio começaram a tossir e levar as mãos à garganta, asfixiados com o gás que se infiltrou no quarto através dos tubos, sem ao menos terem tido tempo de realizarem Feitiços Cabeça-de-Bolha ou coisa parecida. Em seguida caíram ao chão, todos eles já mortos.

Um forte sistema de exaustão dissipou o gás e, menos de um minuto após aquilo, Pendergast conferiu que o ar do quarto estava limpo e fresco, sem o menor vestígio do gás venenoso que havia sido liberado. A bolha de Plexiglas subiu e o bruxo pediu desculpas a Hsiao pelo susto.

—Tive de pedir para você prender a respiração, pois não tinha certeza de que a vedação da bolha seria tão eficiente ou que o suprimento de ar funcionaria, embora tenha funcionado perfeitamente. O dono da casa bolou esse sistema para matar quem viesse tentar prendê-lo e eu só dei uma melhorada nele. Com cianureto não se brinca.

—É, eu vi os efeitos. _ disse Hsiao, enquanto os dois se vestiam e pegavam as varinhas.

—Há mais três na sala. _ disse Pendergast, olhando pela câmera _ Teremos de atraí-los para dentro.

—Deixe isso comigo. _ disse Hsiao, afrouxando suas roupas em pontos estratégicos, o bastante para distrair quem quer que olhasse para ela. Em seguida saiu pela porta gritando, fingindo-se apavorada. Os bandidos distraíram-se com a visão das pernas e dos seios à mostra e nem perceberam que ela trazia a varinha pronta em uma das mãos. Quando notaram, era tarde demais.

— “Diffindo”! _ o feitiço de Hsiao transformou em tiras as roupas dos bandidos e lhes provocou profundos e dolorosos cortes. Quando tentaram reagir, foi a vez de Pendergast.

— “Crucio”! _ a Maldição Cruciatus fez com que caíssem ao chão, contorcendo-se em dores, até que fosse suspensa pelo bruxo _ Talvez não seja preciso matá-los. De repente, um bom Feitiço de Memória poderá fazê-los esquecerem até mesmo quem são.

—Por mim tudo bem. “Obliviate”! _ disse Hsiao, apontando a varinha para os bandidos, ao mesmo tempo que Pendergast.

— “Obliviate”! _ Pendergast reforçou o Feitiço de Memória de Hsiao, deixando os bandidos no meio da sala, caídos e com o olhar vago _ Acho que podemos implantar umas memórias falsas neles.

Fizeram com que os bandidos pensassem que o casal havia sido totalmente desintegrado depois de matar os outros. Em seguida, colocaram os operativos do Círculo para dormir com Feitiços Morpheus.

—Vão dormir até amanhã e acordarão sem que se lembrem de praticamente nada do que se passou. _ disse Pendergast.

—Ótimo. _ disse Hsiao, terminando de se vestir _ E agora?

—A segurança do local está comprometida. Precisamos sair daqui agora mesmo. V vamos utilizar uma rota de fuga que o traficante havia preparado e acho que vamos ter de usá-la agora.

—Por quê?

—Veja a câmera de vigilância. _ disse Pendergast, apontando para a tela do monitor, que mostrava a entrada da casa _ Tem mais encrenca vindo aí. Vamos voltar para o quarto e testar a rota de fuga que o traficante havia mandado construir e na qual eu dei uma “melhoradinha”.

Voltaram para o quarto e deitaram-se na cama. Pendergast acionou outro botão e o colchão se inclinou. Uma parte do chão se abriu, revelando um túnel inclinado, formando um tobogã, pelo qual os dois deslizaram deitados no colchão até uma garagem, um pouco distante da casa, enquanto o terceiro contingente de bandidos do Círculo Sombrio entrava pela porta da frente. O casal embarcou em uma SUV Honda CR-V preta e saiu pela porta da garagem. Um pouco distantes da casa, mas com boa visão, Pendergast parou.

—É uma pena, mas teremos de dizer adeus a eles. Se não tivesse surgido esse terceiro grupo, isto não seria preciso. _ o bruxo apertou um botão e, logo em seguida, uma grande e estrondosa explosão mandou pelos ares a casa e quem estava dentro _ Brutal, porém necessário. Era outra das medidas de segurança do traficante. Para todos os efeitos, nós dois explodimos junto com eles e agora teremos tempo para procurar Pestana e garantir uma Chave de Portal segura para a Inglaterra. Quanto à polícia trouxa, pensará que foi mais um evento nas guerras pelo retorno do tráfico ao Alemão.

—Claudiomir vai ficar surpreso. _ disse Hsiao.

—Ah, sim, você sabe dele. Eu o conheci em Londres e o nosso primeiro contato não foi nada agradável. Hoje a gente se entende bem.

Pendergast dirigiu a CR-V pela Linha Amarela, até a Avenida Brasil. De lá, rumaram para o centro da cidade e para o escritório de Ademar Pestana. Lá chegando, deram de cara com ele, preocupado.

—Hsiao! Mas o que houve, garota? Fui ao apartamento em Copacabana e você havia desaparecido. Depois, vejo a notícia da garota queimada e agora você me surge aqui com... quem é você?

—Hyeronimus Pendergast, ex-operativo do Círculo Sombrio e informante de Harry Potter. Pode confirmar com o Capitão Claudiomir.

—Você conhece Claudiomir? _ perguntou Pestana, desconfiado.

—Sim. Ele e Hagrid salvaram minha vida, no Lago Negro.

—Então você é o cara que entregou as informações sobre a rede de pedofilia e pornografia infantil. Pensava que estivesse morto.

—É melhor que todos pensem assim. Inclusive, espero que o Círculo pense que viramos patê na explosão que houve no Alemão, agora há pouco.

—Caraca! Foram vocês, então? O que houve?

—Explodimos a casa que um traficante abandonou e que eu usava como esconderijo. A esta altura, o Inferno já deverá contar com mais uns dez ou doze novos habitantes.

—Que o Capeta os leve e que tenha um lugar especial preparado para “Sombra”, “Escuridão” e Mariana Lugoma. _ disse Pestana _ do que precisam?

—Uma Chave de Portal não-monitorada e um lugar seguro na Inglaterra, de onde possamos contactar Harry Potter.

—Tenho exatamente o que vocês precisam. _ disse Pestana, sorrindo satisfeito e pegando um grampeador em uma prateleira _ Esta Chave de Portal não está monitorada por nenhum dos Ministérios, pertence à Ordem da Fênix e levará vocês a um lugar de onde será facílimo entrar em contato com Harry Potter.

—E qual é o lugar? _ perguntou Hsiao, curiosa.

—Uma fazenda no Condado de Devon, mais especificamente localizada em Ottery-St. Catchpole.

—E a quem pertence? _ perguntou ela, novamente.

—Ao sogro de Harry Potter e Ministro da Magia da Inglaterra, Arthur Weasley.

“Cidadela de Bóreas”, 21:00 h

—Então, meus caros, a data de executarmos a Operação “Peixes-No-Barril” está cada vez mais próxima. _ disse “Escuridão”, durante uma reunião com o Conselho dos Sete, para finalizar os detalhes do próximo golpe _ Cada um de vocês sabe de suas atribuições. Mariana.

—Sim, querido. Caberá a mim receber os associados e conduzi-los ao local onde tomarão o antídoto. De lá, seguirão para o local designado.

—Perfeito, minha linda. _ disse “Escuridão”, pois aquela reunião era presidida por ninguém menos do que ele _ E você, “Sombra”?

—Cuidar para quer ninguém deixe o recinto ou abra as portas. É fundamental que esteja tudo fechado.

—Exatamente. E quanto a você, “Viper”?

—Devo comandar um esquadrão de assalto, para deter qualquer tentativa de ação por parte dos Aurores ou da Ordem da Fênix. _ disse Draco, vestido de preto e com uma agenda à sua frente _ Acredita que eles possam saber de algo?

—Tivemos vazamentos de informações que comprometeram golpes importantíssimos. Não podemos nos descuidar e nem admitir possibilidades de erro, por menores que possam parecer. _ disse “Escuridão” _ Seu papel é muito importante, “Viper”.

—Entendo. _ disse Draco _ Conte comigo.

—OK. Agora, preciso conversar com “Sombra”, Mariana e “Viper”. O restante de vocês está liberado. _ e saíram da sala.

No gabinete particular de “Escuridão”, os volumes do Necronomicon que estavam em poder do Círculo Sombrio encontravam-se sobre a mesa.

—Então esses são os volumes do lendário Necronomicon? _ perguntou Draco.

—Sim, “Viper”. _ respondeu “Escuridão” _ São os que estão em nosso poder. Há outros, mas estão em poder da Ordem da Fênix, muito provavelmente em Hogwarts. Os tomos que possuem os capítulos que descrevem a invocação dos Antigods estão com eles. Tentamos recuperar as anotações da serviçal de Aleister Crowley, que estavam na Biblioteca Secreta da Miskatonic University, em Arkham, mas o operativo que enviamos, Jansen, não conseguiu.

—Mas ele trouxe a peça que faltava para a Operação “Peixes-no-Barril”, não é verdade, “Escuridão”? _ perguntou “Sombra”.

—Sim, era esse o seu objetivo principal. As anotações seriam um bônus embora, depois de pensar bem, concluí que seria muito perigoso. Já pensou, Cthulhu, Nyharlathotep e os outros Ancient Ones circulando por aí?

—É, não seria nada bom. _ disse Draco _ Mas há outros conhecimentos muito importantes aí, não é?

—Sim, muitos. Foi de lá que tiramos o “Eser Ha-Makot”, o “Contrato de Seth e Anúbis” e outras operações do Círculo. E o golpe seguinte à “Peixes-no-Barril” também está neles.

—E quanto ao tráfico do “Gelo Lilás”? Soube que aquele “Caveira” está detonando com as operações e que analisaram uma amostra. Parece que já produziram algo que o neutraliza. O maldito Longbottom é um ás nessa área e rapidamente conseguiu inutilizar todo o nosso projeto de fazer o Círculo retornar ao tráfico de drogas. _ comentou Mariana.

—Pois é. Mais uma razão para manter o planejamento e o conhecimento das futuras operações do Círculo restritos à cúpula ou seja, nós. _ disse “Escuridão” _ Assim evitaremos vazamentos que possam comprometer o sucesso de nossos planos. Aliás, estou desconfiado de que alguém anda tomando conhecimento de nossas reuniões e informando ao meldito Testa Rachada. Sei que não é nenhum de nós, pois conheço a convicção de todos vocês. Então, eliminada a possibilidade do informante estar no escalão de planejamento, poderá estar nos escalões de gerenciamento e/ou de execução. Vamos manter os responsáveis por esses escalões sob vigilância, a fim de tentar identificar onde está o vazamento. Para isso, conto com vocês.

—Sem problemas. _ disse Draco _ E, enquanto não chega o momento de desfechar a Operação “Peixes-no Barril”, poderemos executar alguns pequenos e médios golpes, apenas para fustigar e minar o moral da Ordem da Fênix.

—Excelente ideia, “Viper”. _ disse “Escuridão” _ Fique aqui, estude os volumes do Necronomicon e tente encontrar algo que nos sirva. Vamos indo, então.

—Assim será feito, “Escuridão”. _ disse Draco, enquanto os outros saíam do gabinete e ele se punha a estudar os volumes.

Certa hora, um elfo doméstico lhe trouxe um lanche, retirando-se com uma reverência após ver a concentração do loiro e a pilha de anotações à sua frente.

p” saiu a se perguntar o que é que Draco estava pesquisando, exatamente. E também estava satisfeita ao saber que havia encontrado um jeito de ter acesso aos volumes do Necronomicon.

A diferença era que “p” sabia exatamente o que devia procurar, pois já havia visto antes, de relance.

Naquele momento, Draco Malfoy sorriu, pois encontrara o que estava procurando e sabia que teria sucesso em sua tarefa.

Mas ele não imaginava o choque que teria ao completá-la.

Hogwarts, Biblioteca

—Contou tudo ao Tio Harry, Albert?

—Contei, Soraya. _ confirmou Albert Pettigrew _ Sabe, o próprio “Avatar” me pediu para fazê-lo, só não disse o momento.

—Termos encontrado aquela câmara precipitou tudo.

—Sim. E você, com suas habilidades psicométricas, agora sabe de toda a verdade. Por Merlin! Eles não merecem o que foi feito. Mirela e Mariel são dois excelentes colegas, grandes amigos e me dá nos nervos ter de guardar esse segredo.

—Como o próprio “Avatar” lhe disse, ainda não é a hora de todos saberem. Causaria um tumulto e poderia precipitar um golpe, já que ainda há alunos fiéis às Trevas naquele grupo.

—Sei bem a quem você está se referindo. E o próprio “Avatar” foi quem acabou provocando isso, porque agora ela está obcecada em se provar. Teremos de tomar cuidado com a Srta. Cornwall. Os outros estão vindo para estudar, finalmente.

Esse diálogo entre Soraya Black e Albert Pettigrew traduzia a cumplicidade existente entre os dois. Com a Psicometria, Soraya descobrira a identidade do “Avatar das Trevas” ao tocar seus objetos. Pettigrew já havia descoberto há algum tempo. Só estavam aguardando o momento certo de dizerem tudo aos outros Novos Marotos.

—Oi, Albert. _ disse Leilane, beijando o namorado e falando baixinho ao seu ouvido _ Sei que você e Soraya sabem mais do que contaram e espero que logo possamos saber.

—Logo, Leilane. Antes do que vocês imaginam. _ disse Albert.

—Notaram como aquela garota da Lufa-Lufa, Daphne Cornwall, está sempre prestando atenção em nós? _ perguntou Tiago.

—Além de que Waverly e Portman deram para acompanhá-la, como faziam antes com Albert. _ comentou Larissa _ Eles dizem que ela os está orientando nas matérias, mas sabemos bem que não deve ser só isso.

—Aí tem coisa. _ disse Randolph _ Albert mencionou que ela faz parte do tal grupo do “Avatar”.

—E ela chegou a receber uma Cruciatus porque o “Avatar” achou que ela estava demonstrando tibieza como você chegou a mencionar, Albert. _ disse Narcisa _ E é aí que mora o perigo.

Caminhando pelos corredores, os Novos Marotos seguiam para as salas de aula, naquela manhã. Ao virarem em uma curva dos corredores, algo lhes chamou a atenção.

Cerca de uns cinqüenta alunos aglomeravam-se em frente a um ponto da parede, onde havia uma figura aterradora.

—Parece que alguns dos maus costumes das escolas trouxas chegaram a Hogwarts, minha gente. _ disse Sun-Li.

—E é bem pior do que lá. _ disse Sabrina _ Vejam só o que está na parede.

Pichada na parede, havia uma Marca Negra, mas havia algo diferente nela. Na testa da caveira, um círculo, de cor preta.

O símbolo do Círculo Sombrio.

—Isso me lembra algo de quando eu estava no segundo ano. _ ouviu-se uma voz por trás deles.

—Papai? _ assustou-se Lílian,de mãos dadas com Mariel, que perguntou:

—Foi quando Lord Voldemort possuiu a Dra. Potter, não foi?

—Sim, Mariel. _ respondeu Gina, que acabara de chegar _ naquele ano, deixei uma frase pichada na parede, com sangue de galos. Mas isso é mais grave e nem precisa de palavras.

—Significa que partidários do Círculo Sombrio estão infiltrados em Hogwarts e estão ficando cada vez mais ousados. _ disse Sirius, que também havia chegado ao local, com Ayesha ao seu lado _ Será difícil saber quem foi o responsável.

—Sim. Há um Feitiço de Despistamento. _ disse Ayesha _ E é muito forte, chega a confundir minhas habilidades.

Em um ponto meio distante dali, três alunos conversavam sobre a pichação e riam.

—O Feitiço de Retardo funcionou perfeitamente. _ disse Portman.

—Não tinha como não funcionar. _ disse Waverly _ Nós o treinamos durante muito tempo.

—As pichações vão começar a aparecer, cada uma no seu momento, aumentando a sensação de insegurança. _ disse Daphne Cornwall _ Mantenham-se sob sigilo, nem mesmo o “Avatar das Trevas” sabe que vocês dois estão me ajudando. Ele acha que alunos do primeiro e segundo anos ainda são muito novos para se envolverem com o grupo, mas eu não concordo. Convicção vem desde cedo.

—Não imaginava que alguém da Lufa-Lufa tivesse uma convicção tão forte como a sua, Cornwall. _ disse Waverly.

—Podem me chamar de “Daphne”, rapazes. _ disse ela _ Para vocês, sonserinos de tradição e descendentes de Death Eaters, a convicção vem de berço. Mas em outras Casas a gente a desenvolve e assume, mais cedo ou mais tarde. Outras Casas chegam a desprezar a Lufa-Lufa, mas lembrem-se de que foi de lá que saiu Sibila Trelawney, espiã do Lorde.

—É, nem todo Death Eater de destaque saiu da Sonserina. _ disse Portman.

—Sim, é verdade. Concordou Waverly _ O pai de Albert, Wormtail, era um grifinório.

—E Albert parece ter fugido à tradição. _ disse Daphne _ Grudou na turma de Tiago Potter, ele e aquela namoradinha dele, Leilane Jordan. Bem, vamos continuar a nosa operação de criar medo na escola.

Os três foram cada um para um lado, sem prestarem atenção em um esquilo que roía uma noz, aparentemente alheio a tudo. Saindo dali, o esquilo foi para trás de uma moita e de lá saiu... Randolph Lupin.

—Achavam que eu não descobriria, não é? Foi muito bom seguir aqueles dois idiotas, acabei identificando mais um membro do grupinho das Trevas. _ disse Randolph, baixinho, para si mesmo _ Acho bom dizer para Tiago e os outros.

Nos dias que se seguiram, várias pichações foram surgindo pelas paredes de Hogwarts, algumas bem artísticas. O auge foi quando surgiu, em frente à gárgula que dava acesso ao Gabinete do Diretor, uma pintura representando Lord Voldemort com a legenda: “ELE VOLTARÁ”.

—Isso está ficando sério, Harry. _ disse Sirius.

—Com certeza, Sirius. _ concordou Harry _ E esse desenho está perfeito, se eu não soubesse que Albert Pettigrew está do nosso lado, pensaria que era obra dele.

—É, eu sei que o garoto desenha muito bem. _ disse Sirius _ Já vi alguns dos trabalhos dele. Agora, falando de outras coisas, e para quando é que vai ser... aquilo?

—Vamos conversar no seu gabinete, Sirius. _ disse Harry _ Faltam apenas um ou dois detalhes.

A gárgula se afastou e os dois subiram pela escada em espiral. Ainda bem que “aquilo” não atrapalharia o início da temporada de Quadribol e vice-versa.

O segundo jogo da temporada, contra a Sonserina, seguiu o que se esperava. Uma partida bastante disputada, contra uma equipe forte. Foi preciso que Tiago executasse uma “Manobra de Weasley” para fintar Grant e posteriormente um “Giro-da-Preguiça” para inverter a posição de montaria na vassoura e capturar o pomo de cabeça para baixo sobre a arquibancada dos professores, a poucos centímetros da cabeça do Prof. Snape. Resultado final, Grifinória 250 pontos e Sonserina 120.

—Seu filho está cada vez mais criativo, Potter. _ disse Snape _ A cada partida ele captura o pomo de um jeito diferente.

—Não tem como não ser, Snape. _ disse Sirius _ Lembra-se de que Tiago sempre inovava as capturas?

—Sem contar que eu, em minha primeira captura, quase engoli o pomo. Mas garanti a vitória. _ disse Harry _ E com uma grande ajuda do senhor, Prof. Snape, que estava neutralizando a azaração de Quirrell.

—Vitória merecida, Potter. Disse Snape _ Tenho de reconhecer isso, mesmo que tenha sido contra a minha Casa.

—Mas Grant deu bastante trabalho, é um excelente Apanhador. _ disse Harry, reconhecendo o valor do garoto _ Se ele quiser seguir uma carreira no Quadribol, não fará feio. Bem, vamos descer e cumprimentar o time, antes que vão para a festa da vitória.

O Tâmisa já não era mais o rio poluído de antes, um rigoroso e eficiente esquema de recuperação acabara por limpar um dos cartões-postais de Londres. Algumas coisas, porém, não haviam mudado. Existiam túneis subterrâneos que eram os mesmos desde o Século XIX e que cortavam o subsolo da capital, entrecruzando-se com trajetos abandonados do Metrô e com saídas para as margens do Tâmisa, algumas fechadas, outras apenas gradeadas.

Em um ponto dos subterrâneos da cidade, uma cerimônia encontrava-se em andamento, com vários bruxos encapuzados ajoelhados diante de um altar. Presidindo a cerimônia, estava ninguém menos do que “Escuridão”. Após entoar um cântico em um idioma extinto, dirigiu-se aos sete bruxos que ali estavam, alguns ainda meio apreensivos.

—Então, senhores, agora vamos ao ponto alto de nossa celebração. Comunguemos desta taça, que simboliza nossa união e o futuro dos senhores, agora aliados ao Círculo Sombrio. _ disse “Escuridão”, erguendo uma taça e tomando um gole, passando-a depois para “Sombra”, “Viper” e Mariana, que passaram-na aos bruxos _ Com isso, nossa invencibilidade frente aos simpatizantes da causa do finado Dumbledore deu o primeiro passo. Agora, para selar definitivamente nossa aliança, exponham o antebraço esquerdo.

Todos eles fizeram o que “Escuridão” mandou, alguns de forma ainda meio relutante. O líder do Círculo Sombrio sacou sua varinha e fez seu feitiço.

— “MORSMORDRE, SEPTEMDIVIDERE”! _ uma Marca Negra materializou-se no ar, com um círculo negro na testa do crânio, em seguida dividindo-se em sete cópias que foram ficando menores e dirigindo-se aos antebraços expostos dos bruxos, fixando-se neles como tatuagens e queimando-os como brasas, arrancando gritos de dor deles. Logo em seguida, a dor passou _ Senhores, assim como nos tempos de Lord Voldemort, esta marca nos torna irmãos, unidos em torno da causa das Trevas. Agora, vamos colocar em execução o plano que preparamos. Em breve, senhores, poderemos devolver à Bruxidade o seu lugar de direito e os trouxas que não partilharem de nossa visão serão obrigados a se submeterem a nós.

Saíram do local, permanecendo apenas aqueles que tinham tarefas a desempenhar ali. Seguiram cada um para um lado, aguardando o momento de se reunirem para a execução de mais um maléfico plano do Círculo Sombrio.

O que não sabiam era que Harry Potter já tinha conhecimento dos seus planos e a contra-ofensiva estava preparada.

Harry sabia que, de qualquer forma, a luta seria dura e nenhum engano poderia ser cometido, sob pena de permitirem ao Círculo Sombrio assumir a vantagem.

Mais um grupo de pedras brancas e pretas seria posicionado naquele tabuleiro. Teria chegado o momento do Shicho, como “Escuridão” acreditava?

Somente duas pessoas sabiam.


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