Harry Potter e o Estigma da Serpente escrita por JMFlamel


Capítulo 24
Linhagens


Notas iniciais do capítulo

Após saber quem são Mariel e Mirela, Harry recebe uma visita que traz grandes revelações.



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CAPÍTULO 23

 

LINHAGENS







—Prof. Dumbledore?! _ espantou-se Harry _ Pensei que estivesse no Chile, esquiando. Não quer entrar e tomar um chá com aqueles biscoitos especiais da Gina?

—Não, Harry. _ respondeu Dumbledore _ Vamos dar uma volta pela cidade, há muitas coisas que preciso lhe dizer e tem de ser esta noite. Eu e Minerva temos um compromisso ao qual não podemos deixar de comparecer.

—OK, professor. Vamos indo, então. _ Harry saiu, fechou a porta e então notou que estava de pijama e robe _ “Indumentaria cambio”. Agora sim. As pessoas que nos vissem iriam estranhar.

Dumbledore estava com roupas discretas e utilizara o Feitiço para Reduzir Cabelos e Barba. Os dois seguiram pelo caminho até o portão e saíram para a rua. Havia poucas pessoas, mas as que conheciam Harry e Dumbledore cumprimentavam-nos.

 

—Parece que você resolveu o enigma que o espírito de Voldemort lhe passou, lá no Limbo. _ disse Dumbledore _ Eu também resolvi os anagramas. Parece incrível que alguém como Voldemort tenha sido pai.

—Eu acabei me lembrando de como o próprio nome de Voldemort era um anagrama de “Tom Marvolo Riddle”. _ disse Harry _ Então, comecei a transpor letras e vi que “Mirela Dort Moldov” e “Mariel Dort Moldov” também eram anagramas. E Bellatrix acrescentou “Nero”, que é o equivalente em Italiano para seu nome de solteira, “Black”.

—E eu realizei outras investigações, tomando como base uma informação que foi passada por Sirius. _ disse Dumbledore _ Sabendo que as últimas informações sobre o paradeiro dela vieram de Chisinau, fiz contato com agentes da Ordem da Fênix na Moldávia e descobri algumas coisas, tipo que duas crianças nascidas em Londres foram levadas para Chisinau, logo no dia em que nasceram e foram criadas por uma família adotiva, supostamente de amigos do pai dela.

—Aposto que na verdade eram bruxos das Trevas, já orientados para criá-los, até que fosse o momento. _ disse Harry _ E o momento chegou, neste último ano.

—Depois segui o caminho inverso e acabei descobrindo que os gêmeos Nero nasceram no mesmo dia em que Tiago, Lílian, Julius e Narcisa. _ disse Dumbledore _ O feitiço para retardar magicamente uma gravidez é antigo, pouco conhecido e muitíssimo perigoso.

—Por que, Prof. Dumbledore?

—Ele drena muito da energia mágica da pessoa e quando usado por um tempo muito prolongado, como Bellatrix fez, drena a própria energia vital da bruxa. Continuando, descobri que uma mulher havia dado a luz a gêmeos no St. Mary’s Hospital, falecendo logo depois. Ela dissera ser italiana, filha de pai italiano e mãe austríaca e que o pai das crianças era filho de mãe italiana e pai bucovino. Ela registrou-se com o nome de Beatrice Nero.

— “Beatrice Nero”... “Bellatrix Black”! _ exclamou Harry _ E as crianças foram levadas para a Moldávia e criadas lá. Será que sabem para o quê foram destinadas?

—Acho que as crianças sabiam que teriam de passar por alguma espécie de ritual, mas não sua finalidade. E não sabemos qual dos dois foi submetido ao “Contrato de Seth e Anúbis”, se Mariel ou Mirela. _ disse Dumbledore _ É importante que descubramos, para podermos libertar o hospedeiro e devolver o espírito de Voldemort ao caminho da evolução.

—E Mariel é namorado de minha filha... chega a ser irônico, o filho de Lord Voldemort e a filha de Harry Potter. _ disse Harry _ Bem, eles são eles, nós somos nós.

—Além disso, Harry, eu creio que o namoro de Mariel e Lílian é a melhor coisa que pode acontecer, tanto para a Bruxidade quanto para os trouxas.

—Como assim, Prof. Dumbledore? _ perguntou Harry, enquanto caminhavam pela calçada, chegando a um lugar conhecido.

—Estamos em frente ao cemitério de Godric’s Hollow. É um lugar onde será fácil dar muitas respostas, inclusive para perguntas que você já tem há tempos. Vamos entrar que eu explico melhor, Harry. _ disse Dumbledore.

—OK, professor. _ disse Harry, enquanto entravam.

 

Passaram pelo memorial de guerra que, aos olhos bruxos, assumia a aparência da estátua em homenagem aos Potter e sentaram-se no banco, em frente ao mausoléu da família Potter, quando Dumbledore suspirou e começou a falar.

—Todas as peças se encaixaram, Harry. Você sabe por que Godric’s Hollow tem esse nome, não sabe?

—Sim, porque Godric Gryffindor nasceu aqui e, depois que se aposentou da direção conjunta de Hogwarts voltou para cá, onde viveu até seus últimos dias. Mas ninguém sabe onde ele está sepultado.

—É um dos maiores segredos da Bruxidade e eu tenho conhecimento dele, no momento oportuno eu lhe direi. Lembra-se de que eu lhe prometi que daria esclarecimentos sobre uma dúvida que te atormentava, desde o sétimo ano?

—Sim, lembro. Eu me senti estranho durante a Batalha de Avalon, depois que Voldemort atingiu Gina com um Magnum impacto. Só me lembro de depois ter visto o senhor imobilizá-lo com as algemas inibidoras de magia.

—Você sofreu uma transformação física temporária que eu, na hora, não consegui explicar mas agora já tenho os elementos. Bem, passei bastante tempo pesquisando a linhagem Potter e consegui, até certo ponto do qual parecia que eu não conseguiria passar, pois a genealogia estava interrompida. Somente há poucas semanas consegui encaixar as peças que faltavam e prosseguir a pesquisa, até descobrir o mais antigo ancestral conhecido dos Potter. A aparência que você assumiu em Avalon me fez começar a desconfiar e iniciar as pesquisas. O cabelo, ficando castanho-avermelhado, a cor dos seus olhos mudando de verde-esmeralda para castanho-esverdeado, sua voz ficando trovejante... Tudo levava a crer que ele só podia ser...

—... Quem, Prof. Dumbledore? _ perguntou Harry.

—Godric Gryffindor. Você é descendente em linha direta de um dos Quatro Grandes de Hogwarts. O ancestral que estava perdido era o elo entre os Gryffindor e os Potter.

—Merlin! _ exclamou Harry admirado _ Por isso a mudança de aparência, eram os genes latentes de Gryffindor aflorando. E eu tive outra transformação, depois que a pequena Molly morreu, ao que parece. Se bem que eu só me lembro de ter acordado umas doze horas depois do senhor ter me estuporado.

—Tive de fazer aquilo, antes que você colocasse a cafeteria do St. Mungus abaixo, com sua emissão mágica involuntária. _ disse Dumbledore _ Talvez o próprio hospital não resistisse, caso você liberasse todo o seu poder Magid. Aliás, é outra herança de Godric Gryffindor, ele também era um Magid, assim como Salazar Slytherin. E, falando de Salazar Slytherin...

—... O senhor estava dizendo que o namoro de Mariel e Lílian seria o melhor que poderia acontecer. Fala da profecia que Sibila Trelawney fez em Avalon?

—Sim, a união do sangue de Slytherin com o de Gryffindor. Sendo filho de Voldemort, Mariel é descendente de Slytherin e, sendo sua filha...

—... Lílian é descendente de Gryffindor. Sabe, eu também vejo com bons olhos o namoro dos dois, já via antes. Mariel é um bom garoto, ninguém diria que é filho de Voldemort. E, mesmo se ele for o “Avatar das Trevas”, não tem culpa alguma. Seja quem for ele, quer seja Mariel, quer seja Mirela, temos de tirar dessa criança o papel de hospedeiro.

—Certíssimo, Harry. Bem, eu prometi esclarecer muitas outras dúvidas hoje e cumprirei a promessa. Eu lhe disse e mostrei que minha família também está sepultada aqui e agora é a hora de contar a história. Como você sabe, morávamos em Mould-On-The-Wold e viemos para cá depois que meu pai acabou sendo mandado para Azkaban por lançar a Maldição Cruciatus em um bando de garotos trouxas. Mas isso foi porque eles estavam drogados e... e... _ a voz de Dumbledore ficou embargada _ ... Violentaram minha irmã, Ariana. Ela estava com seis para sete anos e se assustou com a algazarra deles, tendo uma emissão mágica involuntária e ferindo um deles, sem querer. Eles a levaram para um beco, bateram nela e abusaram dela. Depois daquilo, mudamo-nos para Godric’s Hollow, minha mãe, eu, Aberforth e Ariana, que ficara emocionalmente instável e perdera o controle sobre sua magia, precisando sempre de alguém com ela. Um dia, chegou o momento de eu e Aberforth irmos para Hogwarts e, relutantemente, deixamos Ariana somente com nossa mãe. Graças a Deus e a Merlin que ela pôde contar com a ajuda e a discrição de uma excelente pessoa, Bathilda Bagshot.

—A autora do livro “História da Magia”, pelo qual estudamos em Hogwarts. Então ela também morava aqui.

—Sim. E ajudou bastante a cuidar de Ariana. Eu e Aberforth fomos para Hogwarts e lá tivemos um colega de turma, embora de outra Casa. Um garoto austríaco, muitíssimo inteligente e com idéias especiais que, se postas em prática, revolucionariam a Bruxidade. Confesso que até eu cheguei a filosofar sobre os pensamentos dele, que acreditava que os trouxas precisavam ser dominados para seu próprio bem. Então, ao formular meus pensamentos, eu disse que não era de domínio que os trouxas precisavam, mas de uma discreta tutela, até estarem suficientemente amadurecidos para que houvesse o retorno da harmonia entre os dois mundos.

—E ele?

—Divergia energicamente de mim e essa foi uma divergência que carregamos por toda a vida. Ele não deu o braço a torcer nem quando se matou, na minha frente.

—Adolf Gellert Grindelwald? Ele foi seu contemporâneo em Hogwarts?

—Foi, Harry. E tive de fazer muita, muita força para não me deixar seduzir por suas idéias. E ele, por muito pouco, não conseguiu realizar suas pretensões. Principalmente porque ele quase conseguiu obter as Relíquias da Morte.

—As Relíquias da Morte? _ espantou-se Harry _ Mas como seria possível?

—Você conhece a história, não conhece, Harry?

—Sim, o senhor deu de presente para Lílian e Tiago, em seu quarto aniversário, o seu exemplar original dos “Contos de Beedle, o Bardo”, autografado pelo autor. Uma obra raríssima. Mas as Relíquias são somente uma lenda, não são?

—Temo que não, Harry. Elas são reais e Grindelwald passou boa parte da vida à procura delas e, por sorte, não as encontrou. Eu me encarreguei disso.

—O senhor? _ perguntou Harry _ Mas como?

—As Relíquias da Morte são três, como diz o “Conto dos Três Irmãos”. A Pedra da Ressurreição, a Varinha Suprema e a Verdadeira Capa de Invisibilidade. Aquele que possuir as três, torna-se o senhor da Morte. Cada uma delas possui uma propriedade em especial, mas não exatamente como dois dos irmãos pediram à Morte. A Pedra traz de volta quem já faleceu, mas não fisicamente, apenas sua forma espectral e permite comunicar-se, falar com eles, mas não tocá-los ou interagir de modo físico. Isso levou o primeiro dos irmãos à depressão e ao suicídio, para poder unir-se à sua amada. A Varinha suprema é invencível em duelos, mas não protege seu dono de ser morto por outros meios e foi assim que ela mudou de mãos até que seu dono atual a encontrou, perdida. A única das Relíquias que serviu ao seu dono como ele queria, foi a terceira, a Capa de Invisibilidade. O terceiro dos irmãos fez o pedido de maneira correta, solicitando que a Morte não pudesse encontrá-lo a não ser que ele assim o permitisse. Então a Morte deu a ele uma capa feita com uma parte do seu próprio manto Assim, ele pôde viver sem medo da Morte, escondendo-se dela debaixo da capa, sempre que ela ia à sua procura. Quando julgou que já havia vivido bastante, legou a Capa de Invisibilidade ao seu filho e acolheu a Morte como uma amiga. A Capa foi sendo legada aos herdeiros, até que um deles estudou o princípio de seu funcionamento e conseguiu reproduzi-lo, quase com a mesma eficiência da original.

—Espere, não foi ele quem patenteou as Capas?

—Exatamente. Foi um de seus ancestrais, creio que o pai de Odisseus Potter, quem patenteou as capas. Mas o primeiro dono da Capa original não foi um Potter, seu sobrenome era outro. Com o tempo, sua linhagem perdeu o nome, já que começaram a nascer apenas meninas, que incorporavam o sobrenome dos maridos quando se casavam e foi uma delas que se casou com um Potter, pai daquele que patenteou as Capas de Invisibilidade. Aliás, quero lhe mostrar outros três túmulos aqui, veja.

 

Os túmulos que Dumbledore lhe mostrara tinham os nomes “Antiochus Peverell”, “Cadmus Peverell” e “Ignotus Peverell”.

—Esse sobrenome, creio que já o ouvi, quando pesquisei sobre a família de Voldemort. Sei que ele era descendente em linha direta de Salazar Slytherin, pela família de sua mãe, Merope Gaunt.E que seu avô materno, Marvolo Gaunt, afirmava que sua família tinha parentesco com os Peverell, inclusive possuía um anel com o brasão engastado em uma pedra de ônix.

—E você não faz ideia de que pedra era essa? _ perguntou Dumbledore.

—Não, Prof. Dumbledore. Não vá me dizer que seria...

—Exatamente, Harry. Era a própria Pedra da Ressurreição. Esse anel chegou a passar pelas mãos de Voldemort, que não percebeu o que era, creio que por não ter interesse em contactar ninguém do Mundo do Além e por não ter tido uma infância bruxa, razão pela qual jamais ouviu falar dos “Contos de Beedle, o Bardo” quando era criança e, quando adulto, não esperava que as Relíquias fossem algo mais do que um tolo conto infantil. Mas a pedra não existe mais, eu a destruí para que ninguém mais pusesse as mãos nela e também para evitar quaisquer tentações. A Varinha Suprema, oferecida pela Morte a um dos três irmãos, também estava comigo, mas eu tomei providências para que não caísse em mãos erradas.

—Resta a Capa de Invisibilidade. _ disse Harry.

—Sim. Como eu disse, ela foi feita de parte do manto da própria Morte, não perdendo seu poder com o tempo, ao contrário das que foram fabricadas com base nos seus princípios de funcionamento, que precisam recarregar periodicamente sua capacidade. E a Capa Original foi passando de pai para filho, até chegar ao seu detentor atual ou seja, você.

—Minha capa é a Capa Original? Até que não é de todo absurdo pensar assim, pois ela é diferente de todas as outras que já vi, tanto em mãos de outros bruxos quanto na própria fábrica. Resumindo, isso significa que a linhagem Peverell, que não mais existe, é entrelaçada com a dos Potter e sou descendente de...

—... De Ignotus Peverell, o irmão agraciado com a Capa de Invisibilidade Original pela Morte. _ disse Dumbledore, enquanto Harry começava a rir _ E acho que você também percebeu a ironia da coisa toda.

—Sim, Prof. Dumbledore. Se eu sou descendente de Ignotus Peverell e a linhagem Peverell é entrelaçada com a dos Gaunt, isso me coloca como tendo um grau de parentesco, embora distante, com o próprio Voldemort. _ comentou Harry _ O mundo dá cada volta...

—Sem dúvida, Harry. Eu lhe disse que destruí a Pedra da Ressurreição, mas antes daquilo esclareci a dúvida que atormentou toda a minha vida.

—Como assim, Prof. Dumbledore?

—Lembra-se do seu primeiro ano em Hogwarts, quando você me perguntou, em frente ao Espelho de Ojesed, o que é que eu via?

—Sim, o senhor me respondeu que via boas meias de lã. Mas havia mais do que aquilo.

—É verdade. Teremos, então, de retornar aos meus tempos de aluno. Como eu lhe disse, eu e Grindelwald tínhamos sérias divergências quanto às relações com os trouxas, ele queria dominá-los e eu queria orientá-los em segredo. Mas nosso relacionamento ainda era de cavalheiros, até que, pouco tempo depois de nos formarmos, minha mãe morreu e eu tive de cuidar de Ariana, junto com Aberforth. Foi quando Grindelwald veio me chamar para uma expedição em busca das Relíquias, mas eu disse a ele que não iria, minha família vinha em primeiro lugar. Ele me chamou de tolo e de fraco. Lutamos, eu ele e Aberforth, até que ouvimos um grito. Ariana tinha saído do quarto, atraída pelo barulho e fora até o jardim, onde estávamos lutando. Um fortíssimo feitiço a atingiu e, embora não fosse mortal, a energia foi suficiente para fazer com que seu fraco coração tivesse uma parada. Nós três paramos de lutar e tentamos reanimá-la, mas já estava morta.

—Por Merlin! E vocês nunca souberam quem disparou o feitiço?

—Não. Esta foi a dúvida que me torturou por todos esses anos, doendo muito mais do que o soco que levei de Aberforth e que fraturou meu nariz. _ disse Dumbledore, apontando para seu nariz torto _ Jamais o consertei, pois queria que isto me lembrasse de como deveria evitar a tentação do poder, como Aberforth me disse. Eu e meu irmão ficamos anos sem nos falar, até que um dia fui chamado por Nicolau Flamel para o projeto de aperfeiçoamento da Pedra Filosofal e a produção do Elixir vitae. Fiz questão de que Aberforth fosse incluído nas pesquisas, pois era um habilidoso Alquimista, além de um bruxo poderoso. Ele aceitou, mas insistiu em ficar anônimo. Quando soube que Flamel também havia convocado Grindelwald, eu o preveni quanto à ambição desmedida de Adolf Gellert Grindelwald, mas Nicolau disse que os conhecimentos dele seriam importantes, como realmente o foram.

—Mas Grindelwald tinha seus próprios planos, como sabemos. _ disse Harry.

—Exatamente. Quando o Elixir vitae estava completamente desenvolvido, começamos a produzi-lo e, nesse meio tempo, Grindelwald ia contrabandeando significativas quantidades e estocando em local ignorado. Hoje sabemos que pelo menos alguns containers estão em poder daquela chefona da Bratva, na Tailândia. Grindelwald tentou inclusive roubar a Pedra Filosofal, mas eu e Aberforth o impedimos e ele fugiu. Só tivemos notícias dele tempos depois, alguns rumores no Afeganistão e depois durante a I Guerra Mundial, já como um poderoso e perigoso bruxo das Trevas, comandando uma formidável facção e ainda buscando as Relíquias da Morte. Eu e Aberforth sempre tivemos a felicidade de impedi-lo, até que ele desapareceu, por volta de 1929, durante o período da queda de Wall Street. Aberforth foi para Hogsmeade, levando uma vida simples como dono do Pub Cabeça de Javali e eu aceitei o convite de Armando Dippett, para ser professor de Transfiguração.

—E foi durante aquele período que houve a abertura da Câmara Secreta.

—Sim. Tom Riddle foi o responsável, em seu último ano, 1943. Já sabíamos que Grindelwald era conselheiro de Hitler, desde os tempos da Guerra Civil Espanhola e que dava apoio mágico aos Nazistas, tendo o quartel de seu exército das Trevas no seu castelo dos Alpes, a fortaleza de Nurmengard.

—Depois ela foi convertida em prisão, pelos Ministérios da Magia da Alemanha e da Áustria. _ disse Harry.

—Exato. Desde que Grindelwald colaborou na ascenção de Hitler, a Ordem da Fênix esteve em alerta, observando seus passos. Quando a Inglaterra declarou guerra à Alemanha, depois da invasão da Polônia, colocamo-nos a serviço dos Aliados, pois éramos os únicos capazes de fazer frente ao exército das Trevas de Grindelwald. Depois da II Guerra, com a morte de Grindelwald, procurei me dedicar somente ao magistério e à Direção da escola, sempre apoiando o Ministério e aconselhando Cornelius. Eu já tinha a Varinha Suprema. A Pedra da Ressurreição foi obtida anos depois, quando um feitiço sofrido em uma batalha partiu o anel de Voldemort e a pedra se perdeu. Eu acabei por encontrá-la, muitos anos depois, quando você estava no quinto ano, no período em que estive escondido. A Capa de Invisibilidade estava em poder de Tiago, que me emprestou para que eu pudesse estudá-la e confirmar se era ou não a Capa Original. Confirmando aquilo, eu ia devolvê-la a ele, mas não consegui chegar a tempo, foi quando Voldemort os matou.

—E o senhor ficou com a Capa de Invisibilidade por dez anos, até dá-la para mim, no meu primeiro ano. _ disse Harry _ E quanto à dúvida, o senhor disse que conseguiu esclarecê-la. Como foi?

—Depois de encontrar a Pedra da Ressurreição, eu a utilizei para fazer contato com Ariana, que me disse ter visto que o feitiço que a atingiu havia partido da varinha de Grindelwald. Foi como se um peso incalculável tivesse sido retirado das minhas costas, aliviando décadas de remorso por pensar que o feitiço pudese ter sido o meu. _ disse Dumbledore, com um visível ar de alívio no rosto _ E olhe que passei anos relutando para contactá-la, com medo de qual poderia ser a resposta. Ela sorriu para mim e disse que, mesmo que tivesse sido eu, ela jamais me culparia. Tentei abraçá-la e não consegui tocá-la, então compreendendo o que sentiu o primeiro detentor da Pedra e como aquilo poderia fazer alguém entrar em depressão. Para evitar a tentação, logo em seguida eu destruí a Pedra da Ressurreição e espalhei seus restos. Com aquilo, também acabei por evitar que qualquer um reunisse as três Relíquias. Restaram então a Varinha Suprema, que está comigo e a Capa de Invisibilidade original, que é sua.

—Então jamais alguém poderá tentar ser o Senhor da Morte. _ comentou Harry, enquanto caminhavam até pararem em frente ao mausoléu dos Dumbledore _ E aqui está sua família, professor.

—Sim. Percival Dumbledore, meu pai. Kendra Dumbledore, minha mãe e Ariana Dumbledore, minha irmã. E um dia chegará a minha vez, porque ninguém é eterno. Ah, quanto ao segredo sobre o local de sepultamento de Godric Gryffindor, eu vou revelá-lo a você, agora. Venha comigo. _ disse Dumbledore, enquanto voltavam até o mausoléu dos Potter, novamente sentando-se no banco _ Aqui estão os restos de muitos dos Potter, suas cinzas em urnas. Além disso, seus avós maternos, Harold Algernon Evans e Eglentine Falworth Evans, também estão sepultados aqui. Foi o desejo deles, atendendo ao pedido de seu avô paterno, Norman Potter. E o que quase ninguém sabe é que, na mais profunda cripta do mausoléu dos Potter, encontra-se a urna com as cinzas de Godric Gryffindor, o mais remoto ancestral conhecido dos Potter.

—É um segredo importantíssimo, Prof. Dumbledore. E eu irei guardá-lo, como o senhor me recomendou. Estou preocupado com Draco, estando lá no Brasil. O espírito de Voldemort disse que “Escuridão” tentaria atingi-lo, de alguma forma.

—Mas ele também disse que “π” está sempre de olho na situação. E ela nunca nos decepcionou, até hoje. Conserve a ligação com “π”, Harry. Ela poderá ser fundamental para a derrota final do Círculo Sombrio. Uma coisa muitíssimo importante será evitar que “Escuridão” ponha as mãos nas anotações que estão na Miskatonic University, em Arkham. Com elas, aquele insano terá possibilidade de invocar os Ancient Ones, os Grandes Antigos, embora eu creia que nem mesmo ele seria tão louco a ponto de fazê-lo.

—Os rituais estão em um dos volumes do Necronomicon em nosso poder. Mas há essas tais anotações, feitas pela criada de Aleister Crowley. Então, será preciso ir à Miskatonic University, para removê-los de lá, antes que “Escuridão” saiba de sua existência. Creio que será uma missão para “Banshee”. _ disse Harry, enquanto retornavam para a propriedade Potter, parando em frente ao portão de entrada _ Tem certeza de que não quer entrar para tomar um chá, professor?

—Não, Harry. _ respondeu Dumbledore _ Devo retornar ao Chile. Eu e Minerva temos um compromisso muito importante, ao qual não podemos faltar de forma alguma, como eu já lhe disse. Tenho certeza de que vocês conseguirão cumprir essas missões e libertar o hospedeiro do “Contrato de Seth e Anúbis”. Adeus, Harry.

 

Dumbledore desapareceu instantaneamente da frente de Harry, que atravessou o portão e tomou o caminho em direção à casa, estranhando o fato de Dumbledore ter dito “adeus” e ter desaparecido como se simplesmente se dissolvesse no ar, sem o característico estalido da desaparatação.

 

—Onde você esteve, Harry? _ perguntou Gina, assim que o bruxo entrou na sala.

Alguma coisa estava estranha, pois Gina e as crianças estavam na sala, esperando por ele e estavam acompanhados. Sirius, Ayesha e Soraya estavam com eles e havia um detalhe, Fawkes estava pousada no ombro de Sirius, que tinha uma caixa nas mãos.

 

—Dando uma volta pela cidade, para clarear as idéias, com... o que estão todos fazendo aqui, a esta hora da madrugada? Afinal o sol nem nasceu ainda. E por que Fawkes está com Sirius?

—Harry, prepare-se. _ disse Sirius.

—Para o quê? _ perguntou Harry.

—Está dando a toda hora, em plantões da WBC, papai. _ disse Tiago.

—Me expliquem melhor. _ Harry não estava entendendo.

—Vamos ligar a TV, assim você verá por si mesmo, Tio Harry. _ disse Soraya.

 

Soraya ligou a TV e, dali a pouco, Arianne Skeeter apareceu, com as últimas notícias.

 

— “Confirmado pelas equipes de resgate. Foram retirados os últimos corpos das vítimas de uma misteriosa avalanche, ocorrida em uma das pistas de esqui de Valle Nevado, há dois dias atrás. Ao todo foram cinquenta vítimas, tendo sido as últimas cinco identificadas há pouco. Entre elas, estão Alvo Percival Wulfric Brian Dumbledore e Minerva McGonnagall, ambos ex-diretores da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. O local não era um ponto de risco prioritário para avalanches , mas uma súbita tempestade vinda dos mais altos cumes dos Andes precipitou uma grande massa de neve, cujo peso ultrapassou a capacidade de sustentação e causou essa rara avalanche. Minerva McGonnagall deixa sobrinhos e sobrinhos-netos e Alvo Dumbledore deixa seu irmão gêmeo, Aberforth, proprietário do Pub Cabeça de Javali, em Hogsmeade. Do Chile, ao vivo para a WBC, Arianne Skeeter.

 

—Merlin! Não pode ser! _ exclamou Harry.

—Por que não pode ser, Harry? _ perguntou Ayesha, estremecendo de leve com um “flash” de seus poderes _ Você... você esteve com ele ainda há pouco?

—Sim, Ayesha. Ele esteve aqui e nós passamos horas conversando, nas ruas e no cemitério, onde ele me esclareceu várias dúvidas e disse algumas coisas que deveríamos fazer.

—Mas a avalanche foi há dois dias atrás, Harry. _ disse Gina.

—Só pode haver uma explicação. _ disse Sirius _ O espírito de Alvo Dumbledore veio cumprir uma última missão, antes de prosseguir. Ontem à noite, recebi a visita de Fawkes, que trazia esta caixa e uma carta, recomendando que fosse aberta quando todos nós estivéssemos reunidos.

 

A carta dizia:

 

Meus amigos, é ao mesmo tempo triste e reconfortante saber que não durarei para sempre e Minerva pensa do mesmo modo. Triste, por não poder estar com vocês e acompanhar os progressos e a evolução da humanidade, não podendo ver o dia em que a Bruxidade e os trouxas viverão em harmonia. E reconfortante por saber que, um dia, estaremos junto aos nossos entes queridos que já se foram. Recentemente Voldemort foi vencido, Harry e seus amigos tornaram-se adultos e excelentes bruxos, guerreiros da Luz e creio ser o momento de me aposentar da Direção de Hogwarts, passando-a para Minerva, a quem sempre amei em silêncio e para quem agora posso declarar meus sentimentos. O fim de Voldemort e da Ordem das Trevas não representa o fim dos perigos, pois sempre haverá alguém para reivindicar o título de novo Lorde das Trevas. Além disso, há outra organização criminosa bruxa, chamada Círculo Sombrio, que certamente causará muitos problemas no futuro. Estou certo de que enfrentarão e vencerão esses perigos com toda a classe e estilo que sempre caracterizaram a todos vocês. Sei que, um dia, Minerva também terá de passar o cargo de Diretora de Hogwarts para alguém e creio que as melhores escolhas recairão entre Severo e Sirius, mas creio que Sirius seria uma escolha mais jovial e apropriada para aproximar-se dos trouxas. Quando chegar o momento, Fawkes passará a pertencer a Sirius, com as instruções que já lhe foram dadas, principalmente a de entregar a Harry a caixinha com outras, específicas para ele. Um dia é certo que todos iremos nos reencontrar, cada um a seu tempo, é claro. Até lá, vivam bem e batalhem pela Luz, restabelecendo o equilíbrio e a harmonia entre bruxos e trouxas.

 

Alvo Percival Wulfric Brian Dumbledore

 

—Ele... ele estava prevendo os acontecimentos! _ disse Harry _ A carta foi escrita pouco depois de nos formarmos e ele já antecipava a possibilidade de algum perigo mortal.

—Eu recebi uma carta, com instruções específicas para mim e que foi entregue por Fawkes, que a partir de agora passa a ser minha companheira, assim como foi de Dumbledore. Aqui está, Harry, a caixa que ele pediu que lhe fosse entregue.

 

Harry abriu a caixa. Dentro dela, uma carta e uma varinha. A varinha de Alvo Dumbledore.

—Vamos ver o que diz a carta. _ disse Harry.

 

Harry, um dia teremos de ter uma conversa bastante séria sobre sua linhagem, as suas transformações e as Relíquias da Morte, que não são apenas um conto infantil. Pretendo falar com você assim que Minerva e eu retornarmos do Chile. De qualquer modo, Fawkes deverá entregar a você a minha varinha, pois estou certo de que você saberá o que fazer com ela, independente do que houver e eu darei um jeito de entrar em contato com você, pois as informações são por demais importantes para que não sejam compartilhadas, não importa o compromisso que eu tenha. Certamente iremos nos ver.

 

Alvo Dumbledore

 

—Você esteve com ele esta noite, Harry? _ perguntou Sirius, enquanto Harry balançava a cabeça, afirmativamente _ Então é certo que foi o espírito dele que veio, através de sua força de vontade, para lhe dizer o que era preciso.

—Bem que eu estranhei que quando ele desapareceu foi como se ele se evanescesse, em vez do característico estalido da desaparatação. Além disso, ele não quis entrar para tomar chá, mesmo quando eu disse que seria com os biscoitos especiais da Gina.

—É, ele nunca recusou meus biscoitos. _ disse Gina _ Mas por que ele mandaria a varinha dele para você, Harry?

—E por que ele disse que você saberia o que fazer, papai? _ perguntou Lílian.

—Vou dizer, assim que fizer o que deve ser feito. _ disse Harry, enquanto pegava a varinha de Dumbledore de dentro da caixa.

 

O bruxo pegou a varinha e a partiu, removendo o seu cerne mágico. Em seguida, com um “Evanesco”, fez com que o cerne desaparecesse. Depois, com um “Reparo”, fez com que as metades da varinha se unissem. Agora a Varinha Suprema era somente uma varinha de sabugueiro decorativa, sem poder algum.

 

—Por que você fez isso, querido? _ perguntou Gina.

—Vocês podem achar que é meio estranho, mas acabei de inutilizar mais uma das Relíquias da Morte.

—Não era um conto infantil? _ perguntou Soraya.

—Elas são reais. A Pedra da Ressurreição foi destruída e, agora, a Varinha Suprema foi inutilizada.

—Então, se seguirmos o “Conto dos Três Bruxos”, resta apenas... _ e Tiago deixou a frase incompleta.

—... A Capa de Invisibilidade Original. _ completou Ayesha _ Merlin! É a sua, Harry! Sua capa é a Capa Original, feita com um pedaço da capa da própria Morte!

—É impossível enganar uma Vidente. _ disse Harry _ Sim, é verdade. A manifestação espiritual de Dumbledore que veio me visitar confirmou isso. E também me disse outras coisas que... ah, crianças, já para cima. E nem pensem em plantar Orelhas Remotas.

—Já vi que a parte mais importante não é para o nosso bico. _ resmungou Tiago, meio contrariado _ Vamos subir, galera. Acabaremos sabendo de tudo, quando for a hora certa, não é, papai?

—Potter é Potter, não adianta. _ brincou Sirius _ OK, Soraya, Tiago e Lílian, nos deem licença, por favor.

—Certo, papai. _ disse Soraya, enquanto as crianças subiam as escadas e os adultos, por segurança, desciam para o Centro Subterrâneo de Treinamento, onde ficaram estarrecidos com as revelações de Harry.

 

—Se isso for certo, Harry, alguém terá de ir até Arkham, remover aquelas anotações da Miskatonic University e destruí-las, antes que “Escuridão” ponha as mãos nelas. E terá de ser logo. _ disse Sirius.

—Vou mandar Argonauta para Shacklebolt, com uma mensagem. _ disse Harry, enquanto a coruja pousava ao seu lado, aguardando o momento de seguir para Londres. Quando a coruja saiu, as crianças foram chamadas.

—Agora teremos de providenciar o traslado dos corpos de Valle Nevado para Londres, a fim de que tenham os funerais que merecem. _ disse Sirius _ Vou fazer contato com o Ministério da Magia do Chile e logo eles serão trazidos. Vou precisar de uma coruja.

—Pode usar a coruja de Lílian, Yamabushi. Yojimbo está meio contundido e não estará voando por alguns dias. _ disse Gina.

—Obrigado, Gina. _ disse Sirius, escrevendo a mensagem e prendendo-a à perna de Yamabushi— Assim logo poderemos realizar os funerais.

—Dumbledore me disse que ele e Minerva tinham um compromisso ao qual não poderiam de forma alguma deixar de comparecer. _ disse Harry _ Então era a isso que ele estava se referindo.

—E comparecerão com a certeza da missão cumprida. _ disse Gina, trazendo uma garrafa de Hidromel e alguns cálices, que logo foram cheios e levantados em um brinde.

 

—A Alvo Dumbledore. A Minerva McGonnagall. Que progridam em sua jornada espiritual e que Deus e Merlin os tenham em bom lugar. _ disse Harry.

 

A ALVO DUMBLEDORE! A MINERVA MCGONNAGALL!— os outros levantaram seus cálices e acompanharam Harry no brinde em homenagem a dois ex-Diretores e grandes amigos.

 

Longe dali, “Escuridão” dava os retoques nos contornos de seu mais recente plano.


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