Harry Potter e o Estigma da Serpente escrita por JMFlamel


Capítulo 19
O Segredo DO Lobinho


Notas iniciais do capítulo

As suspeitas sobre o que poderia ter acontecido com o espírito de Voldemort começam a convergir. Enquanto isso, os alunos do primeiro ano aprendem a enfrentar um bicho-papão e Albert Pettigrew está cada vez mais envolvido com Leilane Jordan e com o misterioso "Avatar das Trevas", com quem firmou um laço de simpatia mútua.



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CAPÍTULO 18

 

O SEGREDO DO LOBINHO

Depois do desmascaramento do “Doppelgänger” e do fim de Umbridge, Harry Potter retornou a Hogwarts, pronto para reportar a Sirius e a Dumbledore os últimos acontecimentos, principalmente sobre as manifestações de magia em Victoria e Archie, os dois filhos do Príncipe Harry. Claudiomir havia retornado para o Rio de Janeiro e Pendergast já havia saído de Hogwarts, tomando destino ignorado, embora tivesse combinado um canal de comunicação, caso fosse preciso fornecer informações a Harry e aos outros, quando eles viessem a necessitar. Shacklebolt reassumira suas funções no Ministério e tudo parecia ter voltado, aparentemente, ao normal.

Na hora do café, Argonauta veio voando e deixou cair uma carta na mesa, à frente de Harry. Este fez um afago em sua coruja e deu a ela algumas aparas de bacon. A ave retornou ao Corujal e Harry abriu a carta, que estava escrita em Russo:

"Дорогой Гарри, все произошло, как мы ожидали, и теперь глава Choo-Пак, правильно сохранены в смоле, связи компания делает виселицы на мост, который дает доступ к Roanapur. маковых полей были перераспределены и жизнь здесь возвращается к "нормальной". Я надеюсь, наши пути никогда не крестились, как враги, как "Отель Москва" все еще у вас в долгу.

 

С уважением;

 

"Императрица"

P. С. : Roanapur предлагает больше места для рыбалки и дайвинга. Оператор Мендес хорошую скидку, если вы говорите, что были переданы нам. Приезжайте в любое время.”. (“Dorogoĭ Garri, vse proizoshlo, kak my ozhidali, i teperʹ glava Choo-Pak, pravilʹno sohraneny v smole, svyazi kompaniya delaet viselitsy na most, kotoryĭ daet dostup k Roanapur. Makovyh polyeĭ byli pereraspredeleny i zhiznʹ zdesʹ vozvrashchaet·sya k "normalʹnoĭ". YA nadyeyusʹ, nashi puti nikogda ne krestilisʹ, kak vragi, kak "Otelʹ Moskva" vse yeshche u vas v dolgu.

 

S uvazheniem;

 

"Imperatritsa"

P. S. : Roanapur predlagaet bolʹshe mesta dlya rybalki i daĭvinga. Operator Mendes horoshuyu skidku, yesli vy govorite, chto byli peredany nam. Priezzhaĭte v lyuboe vremya”, “Caro Harry, tudo aconteceu como havíamos previsto e agora a cabeça de Choo-Pak, devidamente conservada em resina, está fazendo companhia ao laço da forca, na ponte que dá acesso a Roanapur. Os campos de papoulas foram redistribuídos e a vida aqui está voltando ao 'normal'. Espero que os nossos caminhos jamais tenham de cruzar-se como inimigos, pois a 'Hotel Moscow' continua lhe devendo uma.

 

Cordialmente;

 

A 'Czarina'

P. S. : Roanapur possui ótimos locais para pesca e para mergulho autônomo. A Operadora do Mendez fará um bom desconto, se você disser que foi indicado por nós. Venha quando quiser.”).

—De quem é a carta, Harry? _ perguntou Gina _ Não me diga que é da tal loira mafiosa da Tailândia?

—Dela mesma. Veja, ela até mandou uma fotografia... não, é melhor que vocês não vejam o que está aqui. Não é a imagem mais adequada para se olhar no café da manhã. _ via-se na foto a cabeça do traficante Choo-Pak, ao lado do laço de forca, na ponte.

—Agora é tarde, Harry. Já vimos a foto. _ disse Sirius _ realmente, a sua amiga fez um bom serviço.

—Tétrico, mas eficiente. _ disse Janine _ O recado é bem explícito.

—É de dar pesadelos. _ disse Ayesha.

—Qual a razão do laço da forca na ponte? _ perguntou Snape.

—Eu andei lendo sobre o assunto, depois que Harry foi contactado por ela, Prof. Snape. _ disse Hermione _ Roanapur é uma cidade portuária da Tailândia, hoje um importante polo de importação e exportação, mas claro que como uma fachada para as operações ocultas que lá ocorrem. Era um vilarejo,um antigo porto militar japonês do tempo da II Guerra Mundial, no qual um ex-soldado sul-vietnamita abriu um bar, com alguns quartos, a fim de hospedar desertores, viajantes e pessoas que não quisessem ou não pudessem voltar aos seus países, depois da Guerra do Vietnã. A partir dali, devido à sua situação geográfica privilegiada, tornou-se uma espécie de cidade aberta para várias facções criminosas internacionais, tais como a Tríade Chinesa, a Krasnaya Mafiya da Rússia, cartéis latino-americanos, etc. Mas eles operam com certa autonomia em relação às suas lideranças centrais e ocupam-se mais em manter um equilíbrio de poder na cidade. Roanapur não acolhe somente criminosos internacionais, mas também aqueles que deram seu sangue ou mancharam as mãos de sangue por seus países e depois esses mesmos países viraram-lhes as costas. Aquilo lá é como Harry disse, certa vez: uma “Tortuga Contemporânea”.

—E o laço? _ perguntou Sirius, também curioso.

—Roanapur tem dois acessos: pelo mar, através de um porto bem protegido e que tem uma bela e enorme estátua de Buda em uma ilhota e também por terra, através de uma estrada que liga a cidade até Bangkok. Na entrada da cidade, há uma ponte de arcos, na qual existe um laço de forca dependurado, significando que quem entrar em Roanapur o está fazendo de vontade própria e por sua conta e risco, arcando com quaisquer conseqüências de suas decisões.

—E agora a cabeça de Choo-Pak está fazendo companhia ao laço, conservada em resina. _ disse Janine _ É, eles não brincam quando mandam um recado. Mas os serviços de segurança têm observadores no local, não têm?

—Sim. _ respondeu Harry _ A CIA, a NSA, a InterSec, o MI-6 e várias outras agências têm elementos em Roanapur e os relatórios são sempre os mesmos. Nenhuma operação de grande vulto, o tráfico é em pequena e média escala, se comparado a outros lugares e eles parecem estar mais preocupados em manter o equilíbrio de poder no lugar. Quase todo mundo lá anda armado e ninguém é louco de querer quebrar a “paz” que eles conseguem manter. Inclusive, existe lá uma clínica muito bem aparelhada, que presta atendimento a elementos de todas as facções e também à população civil local, sendo conhecida como “A Zona Neutra de Roanapur”. Todos são igualmente bem atendidos e mesmo membros de facções rivais respeitam o compromisso de neutralidade. O Diretor da Clínica é um cara misterioso, conhecido apenas como “Doc”, que ninguém sabe de onde veio, mas que muitos pensam ser sul-americano, pelo sotaque. Parece que só mesmo a Czarina é quem conhece todo o seu passado, os dois são grandes amigos. Bem, vamos dar início às atividades do dia. O primeiro ano tem aula comigo, daqui a pouco. Até mais.

Um beijo em Gina, um aceno para os amigos e Harry foi para sua aula.

Na sala, os alunos do primeiro ano agrupavam-se, à volta de um grande armário no centro da sala. Harry entrou e não pôde deixar de ter uma sensação de “Déja-vú”.

—Bom dia, classe. _ disse Harry _ A aula de hoje será totalmente prática, somente precisarão das varinhas. Coincidentemente, as circunstâncias fizeram com que esta aula seja igual à primeira que tive no terceiro ano, quando o pai do Sr. Lupin foi nosso professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Aquele foi um ano bem interessante e movimentado.

—Foi quando descobriram que meu pai ainda estava vivo, não foi?

—Sim, Sr. Pettigrew. _ confirmou Harry _ O passado de Peter Pettigrew não vem ao caso, já é de conhecimento geral. Mas naquele ano, o Diretor Black conseguiu fugir de Azkaban, onde havia sido injustamente aprisionado por doze anos. Toda a Bruxidade, inclusive eu, pensava que ele vinha me matar. Na verdade, seu alvo era Peter Pettigrew, a quem ele pretendia matar ou levar à justiça, o que ele conseguisse fazer primeiro. Acabamos descobrindo a verdade e também a condição de Remus Lupin, que também não é segredo para ninguém, na época ainda não haviam desenvolvido a Vacina-Anti-Licantropia. Inclusive, a Poção Mata-Cão foi aperfeiçoada e as vítimas da Licantropia podem manter-se tranqüilas, durante a Lua Cheia. No final, depois de algum tempo, o nome de Sirius Black foi reabilitado e os acontecimentos tiveram o rumo que sabemos. Bem, quanto à nossa aula, hoje será ensinado sobre como derrotar um bicho-papão, já que há um dentro desse armário.

Os alunos recuaram, meio receosos, até que Tiago quebrou o gelo com seu comentário:

—Então antes de mais nada ele terá de “sair do armário”, não é?

—Tudo vai depender dele e da tendência que ele tiver. Afinal, é coisa dele e ninguém tem nada a ver com isso. _ respondeu Narcisa, de mãos dadas com ele. Todos riram.

—Engraçadinhos. _ disse Harry, rindo _ Não negam que são os Novos Marotos, sem dúvida alguma. Quem sabe as características de um bicho-papão?

—Ele é um monstro-transmorfo, capaz de mudar sua aparência para aquilo que mais assustar a vítima, de acordo com o que ele puder perceber dos seus medos interiores. _ disse Albert, levantando a mão _ E ninguém sabe até hoje qual é a aparência original deles.

—Exato, Sr. Pettigrew. Certa vez o Departamento de Mistérios tentou observar um bicho-papão em uma sala fechada e escura, com uma câmera de vídeo. Mas os danados sempre sabem quando há um meio de vigilância e nunca assumem sua verdadeira forma. A pergunta seguinte é: qual a vantagem que teremos, nesta aula?

—Estamos em grande número. _ disse Simone _ Ele vai hesitar antes de mudar de forma, pois terá de decidir a quem irá assustar primeiro.

—Muito bem. E isso nos dará tempo de pensar no contra-ataque. O que é que derrota um bicho-papão?

—O riso. Teremos de usar o Feitiço Riddikulus. _ disse Randolph.

—Assim não vale, Sr. Lupin. _ disse Harry _ seu pai nos fez essa mesma pergunta. Então, me responda. Qual a dificuldade em derrotar um bicho-papão, mesmo conhecendo o feitiço?

—Já que ele irá transformar-se naquilo que mais assustar a vítima, será preciso muita concentração dela para fazer com que seu maior terror fique com uma aparência engraçada ou delicada e fofa. _ respondeu Randolph.

—Muito bem, Sr. Lupin. E, assim como seu pai nos ensinou, quero pedir que concentrem-se e pensem em como tornar engraçados ou delicados os seus maiores terrores. Neville, o pai do Sr. Longbottom, tinha muito medo do Prof. Snape. Então...

—Deixe que eu mesmo termino, Potter. _ ouviu-se a voz de Severo Snape, que entrava na sala _ Eu estava passando e não pude deixar de ouvir. Fui motivo de risadas por mais de uma semana pois, quando o bicho-papão assumiu a minha aparência, Neville Longbottom imaginou a minha figura, vestindo as roupas de sua avó, a minha velha amiga Augusta. O resultado foi que, no meio da turma, apareceu um bicho-papão com a minha aparência, trajando um vestido verde, calçando sapatos de salto alto, sobraçando uma bolsa vermelha e usando aquele seu famoso chapéu com um urubu empalhado, que ela costumava usar. Acho que vou acompanhar sua aula, Potter. Tenho algum tempo livre e queria ver como seus alunos estão se saindo, embora eu já saiba do talento de vários deles.

—Inclusive Nereida, não é, Prof. Snape? _ perguntou Harry.

—As aventuras dos Novos Marotos em Teotihuacan já dizem tudo, Potter.

—OK, classe, vamos fazer uma boa apresentação para o Prof. Snape. Podem começar.

O primeiro a enfrentar o bicho-papão foi Albert Pettigrew. Primeiro ele lembrou-se do que mais o amedrontava e que ele sabia também ser o maior medo de muitos outros. Mas ele tinha razões especiais para temê-lo e não podia dizer a ninguém. No fundo, era por causa dele que seus pais estavam mortos, já que resolveram segui-lo e alistaram-se entre os Death Eaters e também era por causa dele que a Bruxidade atravessara dois tristes períodos de guerra. O garoto tinha fortíssimas suspeitas sobre a natureza do espírito do “Avatar das Trevas”, portanto o maior medo de Albert Pettigrew era o de um retorno de Lord Voldemort, com uma reedição dos Dias Negros e, o que era pior, sob o comando dos bandidos do Círculo Sombrio. Quando Harry Potter abriu magicamente o armário, uma mão pálida e de dedos longos e ossudos apareceu, seguida pelo restante da figura de Lord Voldemort. Quando o bruxo com cara de serpente ergueu a varinha para lançar a Maldição Cruciatus, Albert atacou.

— “RIDDIKULUS”!! _ No instante seguinte, Lord Voldemort estava vestindo um macacão amarelo com detalhes em vermelho, sobre ceroulas listradas de vermelho e branco. Calçava sapatos largos vermelhos, tinha um círculo vermelho onde deveria estar o nariz, pintura vermelha à volta de sua boca e usava uma peruca ruiva, cobrindo sua cabeça calva. Albert Pettigrew travestira Lord Voldemort em ninguém menos do que... Ronald McDonald.

O riso foi geral e até mesmo Snape, naturalmente sisudo, sorriu. Os alunos postaram-se, em seqüência, para enfrentarem o bicho-papão. O seguinte foi Waverly para quem, depois de um giro, o assustador profissional transformou-se em um grande escorpião amarelo, uma versão gigantesca do peçonhento Tityus serrulatus, cuja picada quase o matara aos cinco anos de idade, tendo deixado o garoto internado no St. Mungus durante três dias, com febre altíssima. Quando a cauda do escorpião elevou-se e o mortífero ferrão apontou para o sonserino ele, rapidamente, concentrou-se e lançou o feitiço.

— “RIDDIKULUS”!! _ em um dos palpos do escorpião surgiu uma bengala e no outro um chapéu-palheta. Cada uma das oito patas do artrópode calçava um sapato social com chapinhas de metal na sola e, ao som de “Putting On The Ritz”, tocando em um gramofone que surgira ao seu lado, ele começou a sapatear. Os risos e palmas seguiram-se àquela cena, até que Portman sucedeu ao colega. Quando o escorpião dançarino transformou-se em uma água-viva, semelhante à que certa vez o queimara durante um banho de mar, ele também reagiu.

— “RIDDIKULUS”!! _ a água-viva transformou-se em um colorido balão, que ficou flutuando pela sala.

Um a um, os alunos foram enfrentando o bicho-papão e transformando-o em coisas engraçadas e divertidas, até que chegou a vez dos Novos Marotos. Com eles, o bicho-papão hesitava um pouco, pois eles sabiam manter a mente fechada, dificultando que a criatura descobrisse seus medos. E Harry ainda desconfiava que os pequenos Ninjas apenas deixavam o bicho-papão perceber somente o que eles queriam que ele percebesse. Para Simone Brown Dursley, a criatura assumiu a forma de uma enorme barata que fugiu, assustada, quando um gigantesco chinelo surgiu assim que a garota lançou o feitiço. Quando Fernanda Parkinson Sheldrake aproximou-se, a barata parou de fugir, rodopiou e transformou-se em um Vampiro, que avançou em direção a ela, abrindo a boca e expondo as presas sedentas de sangue.

— “RIDDIKULUS”!! _ dentes de alho surgiram nas pontas dos caninos do vampiro, queimando sua boca e impedindo que ele mordesse qualquer coisa. Julius avançou e o bicho-papão transformou-se em uma gigantesca planta carnívora.

— “RIDDIKULUS”!! _ uma enorme mariposa envolveu a planta com suas asas e, quando ela afastou-se, o que ficou no lugar foi uma Árvore de Natal, cheia de presentes debaixo dela. E assim os Novos Marotos foram transformando o assustador bicho-papão em coisas engraçadas e fofas, atraindo o riso e os aplausos dos colegas.

Os últimos foram Tiago, Narcisa e Randolph. Na vez do filho de Harry Potter, o bicho-papão rodopiou e transformou-se em um... Dementador. Assim como seu pai, um dos grandes temores de Tiago era o de sentir medo quando precisasse agir.

— “RIDDIKULUS”!! _ com o feitiço de Tiago, a esvoaçante e pavorosa figura negra foi sugada para uma grande máquina de lavar, de onde o que saiu foi um alvo lençol. Os presentes prorromperam em risos e aplausos. Narcisa aproximou-se e o lençol, após um rodopio, transformou-se na figura de seu avô paterno, Lucius Malfoy, a quem ela não conhecera pessoalmente mas sobre o qual Draco e Janine haviam falado, principalmente na ocasião em que tentara matá-los e atingira a própria esposa, sua avó, de quem a loirinha herdara o nome. Com um sorriso maligno, o bruxo loiro preparou-se para amaldiçoar a neta, mas ela não hesitou.

— “RIDDIKULUS” _ com o feitiço da jovem Narcisa Virgínia Vargas Sandoval Malfoy, os habituais trajes pretos de Lucius foram substituídos por botas brancas de cano alto, uma mini-saia branca, uma jaqueta curta tipo dólmã em vermelho, com botões e dragonas dourados, uma barretina com um penacho e, em sua mão, no lugar da varinha que Lucius costumava levar oculta em sua famosa bengala com cabo de prata em forma de cabeça de serpente, havia um bastão de baliza.

Narcisa transformara a figura de seu avô, um dos mais malignos bruxos das Trevas dos últimos tempos em... uma Paquita, que dançava ao som de “Ilariê”.

Aquilo foi simplesmente demais e todos na sala começaram a gargalhar com o ridículo da cena. Até mesmo Severo Snape, geralmente carrancudo, pediu licença e abandonou a sisudez, rindo ao ponto das lágrimas e sentindo-se vingado por várias coisas que Lucius fizera para tentar prejudicá-lo junto a Voldemort nos tempos de Death Eaters, por pura inveja da estima do Lorde pela família Snape. Somente uma coisa jamais poderia ser compensada: o fato de Lucius tê-lo feito, no calor da batalha, lançar uma “Avada Kedavra” em sua própria irmã, Nereida, que era Auror.

A intensidade dos risos começava a fazer com que o bicho-papão fosse ficando mais fraco e diáfano. Narcisa foi sucedida por Mafalda e a criatura rodopiou, transformando-se em uma enorme acromântula. Assim como seu pai, Rony Weasley, a garota também não gostava de aranhas.

— “RIDDIKULUS”!! _ o corpo da grande aranha fixou-se no chão e começou a girar em torno do seu eixo, lentamente. As oito patas articuladas elevaram-se e surgiram cadeirinhas em suas extremidades. Uma musiquinha de parque de diversões começou a tocar e, ao seu ritmo, as patas elevavam-se e abaixavam-se. Uma decoração de diáfanas teias completava a estrutura. A acromântula transformara-se em um carrossel aracnídeo, sob os risos e aplausos de todos. Por fim, chegou a vez de Randolph Lupin. Só que o que aconteceu foi diferente de tudo o que esperavam.

O bicho-papão não mudou de forma.

O carrossel-aranha criado por Mafalda permaneceu no lugar, girando lentamente. Randolph Lupin ficou à frente dele, somente empunhando a varinha e mantendo um olhar firme. Harry achou melhor dar por encerradas as atividades daquela aula e, com um feitiço, fez com que o bicho-papão retornasse para dentro do armário.

—OK, gente, por hoje é só. Dez pontos para cada um de vocês.

—E mais dez pontos, por minha conta, independente das Casas às quais pertencerem. _ disse Snape _ Fiquei contente com o desempenho de todos. Enfrentar um bicho-papão não significa somente lutar contra uma criatura das Trevas, mas também é uma forma de conhecer-se, olhar para dentro de si mesmo e encarar seus maiores medos. A partir do momento que vocês enfrentam-no e vencem, ele deixa de ser um medo. Parabéns a todos e ao professor. Ah, não esqueçam que vocês têm aula de Poções, à tarde.

Snape saiu e Harry dispensou os alunos, mas...

—Sr. Lupin, poderia permanecer na sala, por favor?

—Sim, Prof. Potter. _ respondeu o garoto. Então, Harry fechou a porta e colocou um Feitiço de Impertutbabilidade.

—O que houve, Randy? Percebi que você bloqueou sua mente de forma completa.

—Exatamente, Tio Harry. _ disse Randolph. Como estavam somente os dois na sala, poderiam tratar-se de maneira mais informal _ Bloqueei minha mente de forma completa, não deixei uma brecha para o bicho-papão sondá-la, pois não queria arriscar que os outros descobrissem o que mais me amedronta. Como sabe, meu pai é um Lobisomem e não havia cura para a Licantropia, na época em que Fenrir Wolf Greyback o mordeu. Hoje ela já existe, mas uma coisa me preocupa e não sai da minha mente. Normalmente, os Lobisomens evitam ter filhos, por medo de que algum possa manifestar Licantropia mesmo existindo a cura, como eu já disse.

—Mas eu me lembro de que você foi exaustivamente examinado no St. Mungus por uma junta de especialistas logo que nasceu, tendo recebido a Vacina Anti-Licantropia, como precaução, mesmo que não tenha apresentado nenhuma evidência de contaminação lupina.

—Sim, Tio Harry, mas mesmo assim eu notei que desenvolvi olfato e audição apuradíssimos, não só pelo treinamento Ninja, mas creio que como herança do meu pai. Sei que filhos de Lobisomens podem apresentar sentidos com intensidade lupina e que isso não representa risco de Licantropia, mas não consigo tirar da mente o medo quase irracional de que, um dia, possa acabar transformando-me em um Lobisomem e sofrer todas as consequências da maldição, ter todas aquelas limitações que, por mais que meu pai diga que convive bem com elas, sei que tiraram e tiram muito de sua alegria de viver, principalmente a segregação, o medo e o preconceito. Acho que eu não iria querer viver se aqueles de quem eu gosto não me aceitassem.

—Esse risco não existe e não existiria, mesmo que você fosse um Lobisomem, Randy. Todos nós gostaríamos de você, não importando a condição que você apresentasse. Afinal de contas, seu pai foi meu professor, é um dos meus mais queridos amigos e, quando aluno, houveram três colegas que transformaram-se em Animagos, apenas para que ele não se sentisse sozinho nas noites de Lua Cheia, quando transformava-se e não podemos nos esquecer de que um deles era meu pai. Vamos vencer juntos esse medo, Sr. Randolph Harry Tonks Lupin.

—OK, Tio Harry. E há um outro segredo que eu queria compartilhar com o senhor. É algo que nem meus pais sabem.

E, antes que Harry pudesse dizer qualquer coisa, Randolph abriu o armário do bicho-papão com um feitiço. Quando a criatura aproximou-se, estava com a aparência do garoto, transformando-se em Lobisomem. Aquela era a tradução em imagens do seu medo de não ser aceito pelos amigos, caso viesse a manifestar Licantropia. O bicho-papão viera já transformado, pois Randolph abrira sua mente, deixando-o perceber o que o amedrontava. Só que em vez de utilizar um Feitiço Riddikulus para transformá-lo em alguma coisa fofa ou engraçada, o que o garoto fez foi completamente diferente.

Randolph Harry Tonks Lupin avançou em direção ao bicho-papão e mudou sua própria aparência, sem o auxílio da varinha, transformando-se em nada mais nada menos que... um Dementador. Aquilo foi tão repentino, que fez com que o bicho-papão recuasse e tentasse entrar no armário, enquanto até Harry sentia arrepios, ao lembrar-se de suas experiências anteriores com eles. A figura do Dementador assustava até mesmo a aterrorizante criatura transformista. Rapidamente, Randolph retornou à sua verdadeira aparência e lançou seu feitiço.

— “RIDDIKULUS”!! _ imediatamente, o bicho-papão com aparência de Lobisomem transformou-se em uma cachorrinha Chihuahua branca, com lacinhos cor-de rosa, sapatinhos e uma coleira de brilhantes. Aquilo fez com que os dois bruxos começassem a rir e o bicho-papão, já bastante debilitado pelos feitiços anteriormente recebidos, desfez-se em fiapos de fumaça.

—Então era este o seu outro segredo, Randy? _ perguntou Harry.

—Sim, Tio Harry. Assim como minha mãe, eu sou um Metamorfomago. Descobri quando estivemos na Argélia, naquela época em que vocês lutaram contra o Círculo Sombrio, em Teotihuacan. Não contei nem mesmo a meus pais, pois acho que é melhor manter isso em segredo.

—E não é muito comum que a Metamorfomagia manifeste-se em duas gerações seguidas. _ comentou Harry _ Normalmente ela, quando manifesta-se em uma família, pula umas três ou quatro gerações, antes de repetir-se. Pode deixar que guardarei seus segredos, Randy. Além disso, posso afirmar que seu medo não tem razão de ser. Como eu disse, não há nenhuma possibilidade de você manifestar Licantropia, inclusive você foi imunizado. E mesmo que houvesse, você não seria excluído pois tem verdadeiros amigos, que jamais o abandonariam. Confie mais neles e confie mais em si mesmo. Vamos vencer juntos os seus temores, eu estarei à disposição sempre que precisar de mim, entendeu? _ perguntou Harry, abraçando o afilhado _ Vinte pontos para a Grifinória, pelo seu desempenho. Dez meus e dez que, certamente, o Prof. Snape concederia. Agora, vamos indo porque você tem mais aulas.

—Obrigado, Tio Harry. _ Randolph agradeceu o padrinho e saiu, em direção à sala de sua próxima aula.

Harry deixou-se ficar por mais algum tempo, digerindo o que Randolph lhe dissera (“Metamorfomago igual à mãe, quem diria. E é um garoto que vale ouro, seu maior medo é o de sofrer discriminação pela Licantropia do pai. Bem, vamos deixar claro que ele não está sozinho. Pelo menos teve coragem de abrir-se, hoje”, pensou o bruxo, recolhendo seu material e indo para a Sala dos Professores).

Distante dali, na sala da Presidência de uma empresa de fachada do Círculo Sombrio, em um alto prédio na cidade de Cingapura, na Malásia, o homem de traços orientais e olhos verdes relia o capítulo do livro que tinha sobre a mesa e revisava as anotações feitas (“Excelente. Eles estarão preparados para qualquer coisa moderna, hipertecnológica e mirabolante ou então para magias avançadas. Mas jamais estarão preparados para algo considerado arcaico. E é aí que vou pegá-los”, pensou ele).

Satisfeito, recolheu suas anotações e guardou-as, marcando a página do volume do Necronomicon. Os resultados daquele plano abririam as portas para que o Círculo Sombrio estendesse seus tentáculos no coração dos Ministérios da Magia de diversos países. Aquilo excitou “Escuridão” de tal forma que ele viu-se obrigado a pegar um comprimido antianginoso e colocá-lo sob a língua, aliviando a dor no seu peito, vendo que não lhe restavam muitos comprimidos. Teria de ir a Londres procurar o Dr. Vesalius, novamente disfarçando-se como Alexei Koslov, cliente do Medi-Bruxo Cardiologista, a fim de obter a prescrição para repor o medicamento para sua rara malformação coronariana. Um medicamento também raro, resultado de pesquisas conjuntas de trouxas e bruxos, entre eles aquele odioso Inseparável, Neville Longbottom. “Escuridão” jurara para si mesmo que não morreria sem proporcionar uma morte horrível para aqueles que haviam frustrado os planos da Ordem das Trevas, já desde os tempos de Lord Voldemort. O casal Weasley, o casal Longbottom e, especialmente, o casal Potter e o casal Malfoy, o renegado e a “Trouxa-Que-Virou-Bruxa”. Os remanescentes mais radicais da Ordem das Trevas que não haviam sido mortos ou presos, incluindo o próprio “Escuridão”, jamais perdoariam Draco Malfoy por sua dissidência, ocorrida aos dezesseis anos de idade, principalmente por amor a Janine. O jovem aparentemente promissor, que o próprio Lorde das Trevas queria como seu sucessor, na verdade já não queria nada com a Ordem, desde criança, tendo disfarçado por anos sua repulsa, rompendo abertamente com aquele lado aos dezesseis anos, apaixonando-se por uma garota trouxa e juntando-se à turma de Harry Potter. O fim dele teria de ser especialmente cruel e doloroso. E para iniciar o movimento, a partir de Hogwarts, ele contava com o grupo pioneiro, orientado pelo misterioso “Avatar das Trevas”, ninguém mais do que o espírito do próprio Lorde, transmigrado para um corpo e sob o seu comando. O próprio “Avatar” pensava que a iniciativa de doutrinar alunos estava sendo realizada em várias escolas de magia ao mesmo tempo mas, na verdade, Hogwarts seria a precursora, em breve várias outras iriam segui-la, como Durmstrang, Beuxbatons, Desert Stone e outras mais, ao redor do mundo.

Transfigurando-se na aparência de Alexei Koslov, guardou no cofre o volume do Necronomicon contendo suas anotações, tirando de dentro de uma gaveta uma Chave de Portal que o levaria para Londres. Fechou o cofre e acionou a Chave, desaparecendo da sala.

Assim que “Escuridão” desapareceu, rumo a Londres, a porta abriu-se e uma pessoa entrou, recolhendo um Cristal de Armazenagem que havia ficado escondido em um lustre e acionando-o, vendo as informações que ele continha. Descobrindo a combinação do cofre e o meio para desativar o Feitiço de Segurança, inclusive tudo o que o bruxo fizera na sala, principalmente o ato de pegar um vidro do bolso, tirar algo dele, colocar na boca e guardar o vidro, rapidamente. Abriu-o e pegou o volume do Necronomicon, vendo as anotações de “Escuridão” (“O que será que ele está pretendendo com isso? Eu disse a Harry que ele andava pesquisando aparelhos e tecnologias que seriam futurísticas quando o Necronomicon foi escrito, mas que hoje em dia seriam ultrapassadas. Aquele bruxo perverso nunca faz nada sem que tivesse uma razão muito forte por trás, portanto aquelas anotações, por mais vagas e rudimentares que pudessem ser, têm alguma importância se não agora, talvez mais tarde. Então, será melhor me prevenir”, pensou).

Então, depois de tirar do bolso das vestes uma pequena câmera digital, “p” fotografou as anotações de “Escuridão” e guardou tudo de volta no cofre, reativando o Feitiço de Segurança e saindo da sala, também perguntando-se o que era aquilo que “Escuridão” havia colocado na boca e guardado rapidamente o vidro no bolso das vestes. Por enquanto aquilo parecia não significar nada, mas assim que tomasse forma, informaria Harry.

Hogwarts, à noite

Uma vez mais o grupo de jovens adeptos das Trevas, liderado pelo misterioso “Avatar”, havia terminado sua reunião, onde treinavam feitiços proibidos e discutiam estratégias de implantação e disseminação da doutrina trevosa. Pettigrew observava tudo de uma posição escondida, como sempre. Depois da liberação dos alunos, ele viu que o “Avatar” fechara-se em uma Bolha de Estase, permanecendo ali por algum tempo e desfazendo-a, depois. Sua mão direita segurava o Pentagrama de ouro que trazia em uma corrente no pescoço, agora em posição correta, não mais invertida como quando o recebera de “Escuridão”, através de um Feitiço de Transporte. Guardou também uma pena e um tinteiro em um estojo e, por fim chamou o garoto.

—Jovem Pettigrew, pode aparecer. Sei que você está aí.

—Como sempre, “Avatar”. Só não compreendo a razão do senhor ter fechado-se em uma Bolha de Estase, ao final da sessão.

—É algo que não posso dizer, por enquanto. Também sei que você viu outras coisas, tipo quando recebi o Pentagrama.

—Sim, só não entendi a razão de sua felicidade, embora tenha visto o Pentagrama mudar de posição.

—Cada coisa a seu tempo, jovem Pettigrew. No momento, basta saber que muitas coisas irão acontecer e você poderá ter uma importante participação nos fatos. Agora, vá para sua Sala Comunal. Já está bem tarde e o jovem Sr. Malfoy é bastante dedicado às suas funções de Monitor, assim como a jovem Srta. Snape.

—Tem razão, “Avatar”. Boa noite.

—Boa noite, jovem Pettigrew. _ e, depois que Albert saiu, o “Avatar das Trevas” revisou o que havia escrito no pergaminho, dando-se por satisfeito para o momento. Então, também saiu da Câmara Secreta de Slytherin, tomando um caminho que só a ele interessava.

Na Sala Comunal da Sonserina, Albert Pettigrew estava sentado em uma poltrona, em frente à lareira, revisando anotações para os testes da semana, embora sua mente estivesse ocupada com outros pensamentos, envolvendo o “Avatar das Trevas” e seus planos. Percebera que o “Avatar”, mesmo sendo o espírito do Lorde das Trevas ocupando um corpo, sabe-se lá de quem, estava doutrinando os alunos não porque quisesse, mas por imposição do líder do Círculo Sombrio e que, muito provavelmente, o corpo por ele ocupado pertencia a um descendente, um parente de sangue. Mas quem seria? Não houveram notícias sobre Voldemort ter deixado descendentes legítimos, principalmente porque ele já devia estar com seus cerca de oitenta anos quando cometeu seu Seppuku em Avalon. Dificilmente alguém seria capaz de prover descendência com tal idade, embora tratando-se de Lord Voldemort tudo fosse possível. Quando ele retornou fisicamente, durante aquele Torneio Tribruxo, havia sido posteriormente descrito por Harry Potter como aparentando estar na faixa dos quarenta, embora fosse meio difícil de definir com exatidão, devido ao seu aspecto ofídico e às Artes das Trevas que praticou no decorrer da vida. Mesmo assim, qualquer descendente, mesmo que nascido no último ano de vida dele, teria de estar com, no mínimo, dezesseis ou dezessete anos, um bruxo adulto ou quase.

Foi tirado de seus devaneios pelas vozes de Mariel e Mirela, os gêmeos Nero. Os dois eram bastante populares dentro e fora da Sonserina, devido ao seu jeito diferente dos sonserinos do passado.

—Ei, acorde. Lugar de dormir é na cama. _ disse Mirela.

—Sem contar que já está na hora de nos recolhermos. _ disse Mariel.

—Ah, desculpem. Estava estudando para os próximos testes e comecei a devanear.

—Aposto que sonhando com um belo anjo. _ comentou Mirela.

—De pele cor de chocolate. _ disse Mariel.

—Além de ter mãos macias e usar perfume de Nina Ricci, como estou sentindo agora. _ disse Pettigrew, assim que sentiu as mãos de Leilane cobrindo seus olhos.

—Assim não vale. _ disse Leilane _ Não consigo surpreendê-lo.

—Eu sempre serei capaz de perceber sua presença. _ disse Albert, enquanto a garota dividia com ele a larga poltrona de espaldar alto _ Ainda mais com o perfume delicioso que você usa.

—Quem muito elogia... _ disse Mirela, com um olhar maroto.

—... Alguma coisa quer. _ completou Mariel, com o mesmo olhar de sua irmã gêmea.

—Que tal isto, para começar? _ perguntou Leilane, dando um beijo no rosto de Albert.

—É o que faz a vida valer a pena. _ disse Pettigrew, abraçando Leilane.

—Está levando os estudos bem a sério, Albert.

—Preciso, pois quero garantir boas notas. E os exames estão batendo na nossa porta.

—Nem fale. _ disse Mirela _ Mas acho que vamos nos dar bem.

—Principalmente você, Albert, que não tem mais nenhuma obsessão enchendo sua cabeça. _ ouviu-se uma voz por trás deles, assustando-os _ Mas já está na hora de irmos todos para a cama.

—Tinha de ser o Monitor Ninja, Adriano Malfoy. _ brincou Leilane.

—Você é mais silencioso do que um pensamento. _ disse Mariel.

—E quase tão rápido quanto um. _ disse Nereida, chegando pelo outro lado e abraçando o namorado.

—Completou-se o casal. _ disse Albert _ Os dois Novos Marotos. Mas você está certo, Eu só iria arrumar problemas se ficasse pensando na sua irmã, sem contar que aquilo me impedia de perceber a pessoa maravilhosa que sempre esteve perto de mim.

—Vou ficar mal-acostumada. _ disse Leilane.

—Estou sendo sincero, Leilane. Você me abriu os olhos para a realidade.

—Sem contar que ajudou a preservar sua descendência. _ comentou Waverly, sentado em outra poltrona.

—Nem queira sentir aquilo, Waverly. _ disse Pettigrew _ Foi uma invenção do Prof. Potter, no seu sétimo ano e é bastante eficaz. Mas Adriano tem razão, está na hora de nos recolhermos. Boa noite a todos.

Albert Pettigrew foi para seu dormitório, ainda pensando em quem poderia ser o desconhecido descendente do Lorde das Trevas e como ele conseguia entrar em Hogwarts. Até que, vencido pelo sono, seus olhos fecharam-se e ele preocupou-se apenas com o que os sonhos lhe traziam.

Na biblioteca, Murta movia com telecinese as decrépitas páginas de um antiqüíssimo livro sobre Metempsicose, que encontrara em um canto esquecido da Seção Reservada, tendo o maior cuidado para não danificar as frágeis folhas, detendo-se em um capítulo sobre Compartilhamento. Após ler um trecho, seu rosto prateou-se de surpresa.

—O que aconteceu, querida? _ perguntou Cedric, que estava com ela na Biblioteca. Como fantasmas, os dois podiam entrar e sair facilmente, mesmo que o recinto estivesse fechado _ Algo nesse livro te impressionou? Você está toda prateada.

—Acho que encontrei algo importante, Cedric. _ disse Murta, mostrando ao namorado o parágrafo _ Como você sabe, estou ajudando Harry em uma investigação meio sobrenatural, pensando na possibilidade de um espírito estar compartilhando um corpo com outro.

—Metempsicose Compartilhada? Se for espontânea, até que não há problema, mas se for forçada, mais cedo ou mais tarde os dois espíritos poderão entrar em conflito. _ comentou Cedric.

—Há aqui um relato de que, na época da Peste Negra, um bruxo das Trevas chamado Sibelius, o Ardiloso, realizou uma experiência nesse sentido, a fim de tentar trazer de volta o espírito de um grande feiticeiro Cananeu chamado Mellak, sacerdote de Baal, embora não hajam relatos de que tenha sido bem sucedido. Para isso, foi necessário realizar um complexo ritual, herdado do Egito, denominado “Contrato de Seth e Anúbis”. Esse ritual foi proibido, por envolver aspectos de grande crueldade e oferendas consideradas muito tétricas e os livros que continham as instruções para sua realização foram destruídos. Aliás, nem sei como consegui encontrar a referência neste livro.

—Mas como foi que Sibelius tentou o ritual? _ perguntou Cedric.

—Ao que parece, ele conseguiu colocar as mãos em um livro lendário, que foi escrito em sete volumes, hoje desaparecido e que muitos não crêem que seja real.

—O Necronomicon? _ perguntou Cedric _ Realmente, mesmo entre a Bruxidade, a maioria crê que ele seja somente uma lenda. Mas o que é que Harry está investigando?

—O Necronomicon é real, querido. _ disse Murta _ Harry me disse que o Círculo também quer todos os volumes. Mas isso é muito mais sério do que imaginamos, pois envolve uma possibilidade terrível, que Harry levantou e pediu minha ajuda para investigar.

—E qual seria? _ perguntou Cedric.

—Ele me perguntou se seria possível que Voldemort já estivesse pronto para reencarnar. Eu disse a ele que seria difícil, principalmente depois do que Jan contou de sua experiência em um dos Sítios de Passagem do Além.

—Estou lembrado. Os espíritos dos pais de Harry disseram que Voldemort e Bellatrix ainda estavam no Umbral ou seja, não haveria como Voldemort reencarnar com tempo para ser adulto agora.

—Então foi levantada a possibilidade de Metempsicose, uma Transmigração do espírito dele para um corpo já vivo.

—Metempsicose Compartilhada? Dois espíritos no mesmo corpo? Mas isso não seria comum.

—Não em forma espontânea mas, se for de maneira forçada, seria possível. Mesmo com os riscos envolvidos, do possível conflito do espírito transmigrado com o espírito próprio do hospedeiro, o que poderia ser minimizado caso houvesse um laço familiar. E é aí que entra o “Contrato de Seth e Anúbis”. Seth, o Deus-Serpente, subtraindo uma alma da tutela de seu irmão, Osíris, senhor da vida no Além. Para isso, torna-se necessário que Seth pague a Anúbis, o Deus-Chacal, guia dos mortos e responsável pela pesagem dos seus corações, colocando-os em um dos pratos da balança e, no outro, a Pena da Verdade, que pertencia à consorte de Anúbis, Maat.

—Sim. Caso o coração pesasse mais do que a pena, significando que haviam muitas culpas, o espírito do morto era devorado por uma criatura com cabeça de crocodilo, possivelmente o próprio Sobek ou um de seus servos. Caso o coração fosse mais leve do que a pena, o espírito teria acesso ao Paraíso ou poderia reencarnar. Quer dizer que através de uma oferenda a Anúbis o bruxo poderia pedir a Seth para subtrair da tutela de Osíris a alma de sua escolha? Com isso, havendo um hospedeiro, preferencialmente com um laço familiar, a Transmigração Compartilhada poderia ser forçada e...

—... E teríamos Lord Voldemort de volta. _ completou Murta.

—Pensar em uma possível volta dele me dá uma sensação esquisita na altura do peito, mesmo que eu já esteja morto. _ disse Cedric.

—É, eu também me sinto meio diferente, quando penso nisso.

—Sim, você foi morta pelo basilisco de Slytherin, que servia a Tom Riddle quando vocês eram estudantes.

—E você foi morto pela varinha de Voldemort, empunhada por Peter Pettigrew. Foi durante o Torneio Tribruxo, quando você estava no sétimo ano e Harry no quarto.

—Merlin! _ exclamou Cedric _ Parece que foi ontem, mas já passaram quase vinte anos. Então você acha que, de alguma forma, o espírito de Voldemort possa ter transmigrado?

—Sim, Cedric. E digo mais: forçado a transmigrar, talvez para alguém com quem Tom Riddle pudesse ter laços de sangue.

—Difícil imaginar, pois não há evidência de descendentes conhecidos de Lord Voldemort. De qualquer forma, Harry tem de ser avisado.

—Assim que eu tiver algo mais concreto, querido. Bem, vamos guardar o livro, pois já terminamos por hoje. _ disse Murta, usando Telecinese para devolver o livro ao local de onde o havia retirado. Em seguida saiu da Biblioteca, atravessando a porta, de braço dado com Cedric.

As investigações e suposições de Harry, Murta e também do jovem Albert Pettigrew começavam a convergir para um ponto em comum.

E o resultado surpreenderia a todos.

Mas, no momento, havia assuntos menos sérios e perigosos, porém não menos importantes, para ocupar a atenção de todos.

Aproximava-se a Páscoa e também o terceiro jogo de Quadribol da temporada, Grifinória x Lufa-Lufa. A Casa dos Leões tinha a vantagem de ter vindo de duas vitórias, sendo franca favorita para o título daquele ano.

Ao menos algo para distrair o pensamento das maquinações de “Sombra & Escuridão”, além da amante de “Escuridão”, Mariana Lugoma.

E o Círculo Sombrio apenas aguardava a oportunidade para mais uma investida.

"Cenas que gostaríamos de ver: Voldemort descarregando a adrenalina em cima de Lucius Malfoy"


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