Harry Potter e o Estigma da Serpente escrita por JMFlamel


Capítulo 17
... UMA BOA ARAPUCA


Notas iniciais do capítulo

Um plano espantosamente simples para pegar o "Doppelgänger" e sua cúmplice. As crianças resolvem suas questões e Albert Pettigrew faz uma importante descoberta.



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CAPÍTULO 16

...UMA BOA ARAPUCA








Mais um animado final de semana, com um passeio a Hogsmeade. Passeando pelas ruas do povoado, os Inseparáveis recordavam-se dos tempos de alunos.
_Vejam, a livraria “MAGIA DAS LETRAS”. Lembram-se de quando ela foi inaugurada? _ perguntou Janine.
_Sim, foi quando estávamos no sétimo ano e ficamos conhecendo Ayesha. Vejam, ali está ela. _ disse Hermione, acenando.
Muita coisa aconteceu, desde aqueles dias. _ disse Harry _ Voldemort foi derrotado...
_... Formamo-nos, seguimos nossos rumos... _ continuou Draco.
_... Mas uma coisa nunca mudou. _ disse Gina _ Nossa amizade é cada vez mais forte e jamais deixamos de estar unidos.
_É verdade. _ disse Harry _ Passamos por muitas coisas e continuamos firmes e juntos.
_Belos óculos, Harry. _ comentou Draco, notando que o bruxo usava óculos de sol com lentes azuis espelhadas.
_Não me diga que ainda são aqueles?! _ espantou-se Hermione.
_Os próprios, Mione. _ confirmou Harry _ Continuam tão bons quanto no dia em que os ganhei de você.
_Por que o espanto, Mione? _ perguntou Janine _ Oakley é para sempre.
_Eu os dei para Harry no aniversário de dezesseis anos. Este A-Wire com armação em metal e mais um Minute, com armação em “O-Matter” para corrida.
_Uau! _ espantou-se Draco _ Conhecemos a qualidade do material da Oakley, mas não adianta nada se a pessoa não souber cuidar.
_Ainda mais se for colocado um feitiço “Impervius permanens” nas lentes, como o Valve que Duda me deu no ano seguinte. _ disse Harry.
_E pensar que tudo isso, essa marca que tornou-se uma grife, uma potência, verdadeiro império de moda esportiva, começou com um investimento de meros US$300 para desenvolver uma manopla para guidão de moto. _ disse Janine.
_Como é? _ espantou-se Gina _ Tão pouco assim?
_Desta vez eu é que li bastante sobre o assunto e posso dar uma de Hermione, sem medo. _ disse Janine, piscando para a amiga _ Em 1975, um fotógrafo e físico americano, chamado Jim Jannard, desenvolveu uma espécie de borracha para manoplas de guidão de moto, mas com um diferencial: a borracha era hidrofílica ou seja, as mãos não escorregavam quando suadas, pelo contrário, a aderência melhorava. Ele batizou essa borracha de “Unobtainium” e a manopla de “Oakley Grip”, em homenagem ao seu cão, um Setter Inglês chamado “Oakley”. Aquilo serviu de ponto de partida para que criassem, em 1980, de um modelo de óculos para motociclistas, chamado “O-Frame”, que tinha o logotipo que ficaria famoso. Em 1984, lançaram os “EyeShade”, feitos em plástico e com lentes removíveis, popularizados por ciclistas profissionais, inclusive Greg LeMond, vencedor da “Tour de France”. Dali para diante, desenvolveram óculos com tecnologias, materiais e aparências que mais pareciam saídos de filmes de ficção científica, tipo o “O-Matter”, que dobra-se sem partir, ligas de magnésio e cerâmica, utilizadas pela NASA e pela indústria aeronáutica, na fuselagem dos aviões de caça americanos, oxidação microplasmática, lentes que resistem a projeção de cascalho, feitas em “Plutonite”, etc. A sede da empresa fica em Foothill Ranch, na Califórnia. É um lugar que eu gostaria de rever, pois já estive lá uma vez, quando papai era Adido Militar na Embaixada do Brasil nos EUA.
_Já que você falou na “Tour de France”, Jan, lembro-me de que Lance Armstrong, sete vezes campeão daquela prova, tinha uma linha de óculos da Oakley assinada por ele, se não me engano. _ comentou Gina.
_Sim, era a linha “Livestrong”. _ disse Hermione, lembrando-se do lançamento mundial daquela linha _ E, depois, uma série dos “Jawbone”, com a característica de serem sempre em amarelo e preto.
_Isso mesmo, Mione. _ disse Janine _ Vejam, a Dedosdemel está lotada. Acho que se quisermos doces, teremos de esperar um pouco mais.
_Que tal irmos ao Três Vassouras, enquanto isso? _ sugeriu Draco.
_Excelente idéia. _ concordou Harry.

Chegando ao Pub, cumprimentaram Madame Rosmerta e logo foram chamados por Milena Kersey e Claudiomir, para juntarem-se a eles à mesa.
_Nem parece trouxa, Claudiomir. _ disse Harry _ Está perfeitamente ambientado.
_Graças a vocês e Milena._ disse Claudiomir, abraçando a enfermeira.
_O amor é lindo... _ brincou Janine.
_Com certeza. _ disse Milena _ Além disso, Claudiomir ainda deu um jeito nos calhordas do Círculo que estavam ameaçando minha mãe.
_Foi fácil, pois eles achavam que ninguém teria coragem de atacá-los e eu só provei que estavam errados. _ disse Claudiomir _ A arrogância de um bandido é uma das principais causas de sua ruína.
_Espero que seja assim com “Escuridão”. _ disse Draco _ Aquele desgraçado já causou mal a muita gente.
_Inclusive para nós. _ disse Hermione _ As ameaças, o assassinato de Anya, o “Eser Ha-Makot”, a chantagem biológica...
_... A tentativa de incriminar Draco, meu falso seqüestro, com aquele plano deles de tentarem me viciar em heroína, como fizeram com Anya... _ Harry continuou.
_... A morte da pequena Molly (Uma lágrima desceu pelo rosto de Gina, quando Janine mencionou sua filha, assassinada dentro do útero por um feitiço de “Escuridão”), nosso seqüestro do Orient Express... _ Janine lembrou-se dos acontecimentos mais recentes.
_... Tudo culminando com aquela batalha em Teotihuacan. _ disse Dumbledore, que acabara de chegar, com Minerva _ Na qual todos vocês saíram-se muito bem.
_Mas qual será o próximo passo deles, principalmente agora, com o fracasso em obterem o Velocino de Ouro na Abkhazia e sabendo que Shacklebolt fugiu? Será que já sabem que temos conhecimento do “Doppelgänger”? _ perguntou Claudiomir.
_Se não sabem, devem desconfiar. _ disse Harry _ O fato de não terem encontrado Shacklebolt deve levá-los a crer que já deve estar conosco, o que nos obriga a sermos rápidos no plano de desmascaramento.
_E eu já estou tendo algumas idéias. _ Draco sorria, enquanto sua mente trabalhava sem cessar _ Vamos a uma sala mais reservada, para que eu possa contar a vocês sobre o esboço do plano...
_... No qual acredito que posso ser útil. _ ouviu-se uma voz, na mesa ao lado.

_Arabella! _ exclamou Dumbledore.
_Tia Maud! _ Rosmerta ficou surpresa _ Pensei que tivesse morrido!
_??? _ na mesa dos Inseparáveis ninguém entendia mais nada.
_Calma, gente. Vamos seguir a sugestão do Sr. Malfoy e ocupar uma sala reservada. Lá eu explicarei tudo.

Na frente deles, trajando vestes bruxas cor de ameixa e uma capa preta, com forro de cetim vermelho, encontrava-se Arabella Figg, a vizinha dos Dursley, bruxa abortada que, de alguma forma, conseguira adquirir habilidades mágicas. Passara anos cuidando veladamente da segurança de Harry, durante a infância daquele e quase morrera ao levar as picadas das abelhas, quando fora vítima da Terceira Praga do “Eser Ha-Makot”, juntamente com Mundungus Fletcher, que não sobrevivera (*Ler o Capítulo 12 da Fic “Harry Potter e o Círculo Sombrio”, intitulado “TRÊS EM UM”*). Porém havia algo de diferente, alguns traços do rosto estavam mudados, a cor do cabelo era mais acastanhada e a bruxa não apresentava mais aquela expressão de velha caduca da qual Harry lembrava-se até seus quinze anos. Aliás, já quando tinha dezesseis, notara que ela parecia menos distraída, mais focada (*Ler a Fic “Harry Potter e o Olho de Shiva”*).

Na sala reservada, todos sentaram-se e Harry fez uma pergunta que, desde seus dezesseis anos, queimava-lhe a língua.
_Sra. Figg, a senhora apresentou progressos com o tal “Feiticexpresso” desde o início do ano em que Janine manifestou magia, não é? E, coincidentemente, foi a única pessoa com quem aquele tal curso picareta e de caráter meio duvidoso deu certo.
_Sim. _ respondeu a bruxa, a sorrir.
_Então, já que bruxos abortados são equiparados a trouxas, por que é que Janine foi quem ficou sendo conhecida como “A-Trouxa-Que-Virou-Bruxa”? A não ser que tudo não passasse de armação e a senhora...
_... Acertou, Harry. Foi muito bom que esse detalhe tivesse passado despercebido durante anos, para que eu pudesse continuar cumprindo meu papel de sua protetora, exercendo uma vigilância discreta não somente pela sua segurança, mas também pela dos Dursley. Na verdade, Arabella Dora Figg jamais existiu, foi uma personagem criada por mim e eu nunca fui uma bruxa abortada. Nem mesmo Dumbledore sabia disso.
_Realmente, está sendo uma novidade para mim. _ disse Dumbledore, de maneira sincera _ Eu também pensava que você tivesse morrido, em um confronto contra Death Eaters.
_Permitam-me explicar. Meu verdadeiro nome é Maud McTaggert e sou, realmente, tia de Rosmerta, irmã de Angus McTaggert. Obtive minha graduação em Hogwarts no ano de 1955 e, logo em seguida, fui para a Academia Européia de Aurores, formando-me em 1958. Atuei como Auror e membro da Ordem da Fênix até que, durante os Dias Negros, tomei conhecimento da profecia que envolvia Harry e Voldemort, quando procurei pensar em maneiras de protegê-lo, de forma velada. Na tarde em que Pettigrew violou seu papel de Fiel do Segredo, quebrando o Feitiço Fidelius, a lembrança de que os Potter estavam em Godric’s Hollow retornou às nossas mentes mas, como todos pensavam que o Fiel fosse Sirius, as buscas empreendidas foram por ele que, por sua vez, procurava por Pettigrew. Infelizmente, ninguém conseguiu chegar a Godric’s Hollow a tempo de tentar evitar a morte de Tiago e Lílian. Quando soube do assassinato dos Potter, imaginei que Dumbledore fosse deixá-lo com parentes de sangue, para que pudesse ser ativada a Proteção do Elo de Sangue. Como tanto Norman quanto Tiago eram filhos únicos, só restavam os parentes do lado materno de Harry, a irmã de sua mãe, Petúnia e o marido dela, Valter Dursley. “Inexplicavelmente”, no dia seguinte uma casa na Rua dos Alfeneiros, perto da dos Dursley, ficou vaga e foi comprada por uma senhora que adorava gatos, chamada Arabella Dora Figg, uma bruxa abortada meio parecida comigo, que eu mesma indicara a Dumbledore como guardiã discreta de Harry Potter e seus parentes. Foi quando Maud McTaggert “morreu”, em um confronto contra três Death Eaters em Bethnal Green, resultando em uma enorme explosão. Os corpos jamais foram encontrados e, depois daquilo, eu pude ser apenas Arabella Figg durante todos esses anos. Agora que você está crescido, casado e pai de família, posso revelar minha verdadeira identidade a vocês, embora deva manter meu disfarce para os trouxas e assim poder continuar a proteger os seus tios de alguma ameaça.
_Sem contar que eles já acostumaram-se de tal forma com Arabella Figg que Maud McTaggert seria um choque. _ comentou Harry.
_Se a senhora graduou-se na Academia Européia de Aurores em 1958, certamente foi colega de... _ disse Janine e Arabella completou.
_... Renata e Hiram Mason. Sim, fui colega dos pais de Derek. Ao término da II Guerra Mundial, os dois desapareceram por dez anos, retornando sem mostras de envelhecimento. Soubemos, depois, que haviam passado aquele tempo em Shamballah, aperfeiçoando-se em artes marciais e disciplinas da mente. Em 1955, entraram para a Academia e, em 1958, formamo-nos e continuamos a fazer parte da Ordem da Fênix, combatendo em várias frentes, nos Dias Negros. Quando Derek tinha cinco anos, eles foram mortos por Voldemort e o garoto foi criado por Ryusaku Komori, no Japão, como todos sabemos. Bem, vamos ver quais são as idéias do Sr. Malfoy. Eu estarei no Ministério, de olho no falso Shacklebolt, para que tudo possa transcorrer conforme o que vocês planejarem.
_Mas como a senhora estará lá sem ser percebida? _ perguntou Hermione.
_Não será difícil para alguém que já fez parte dos “Camaleões-Fantasmas”. Apenas saibam que estarei lá, no momento certo.


Enquanto os Inseparáveis começavam a discutir o plano, que seria detalhado naquela noite, na Biblioteca do castelo, as crianças também tinham suas próprias questões para serem resolvidas.

Narcisa Virgínia Vargas Sandoval Malfoy. Era esse o nome da loirinha que, resolutamente, seguia pelos corredores da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, com seu namorado, Tiago Sirius Weasley Potter, esforçando-se para acompanhar o ritmo dos passos da garota até que, finalmente, ela pareceu ter encontrado o que procurava.
_Narcisa Malfoy... _ foi tudo o que Albert Pettigrew conseguiu dizer, antes de ser jogado uns três metros para trás, com a força do Ki da garota, aterrissando nos braços da estátua de Elladora Ketteridge, a descobridora das propriedades do Guelricho.
_Ciça! _ exclamou Tiago _ O que é que você está fazendo?
_Haja o que houver, não interfira, Ti. _ disse Narcisa _ Esse cabeça-dura está precisando de alguém que lhe enfie um pouco de juízo e parece que terei de ser eu!

Albert desceu da estátua de Elladora Ketteridge, apenas para ser erguido e encostado em uma parede, com os pés suspensos no ar, sem que a garota sequer o tocasse. Pegando a varinha, repetia sem parar: “Finite... Finite... Finite...”, mas nada acontecia.
_Por que não consigo reverter seu feitiço, Malfoy? _ perguntou Pettigrew.
_Porque estou usando Telecinese e não magia, seu lesado! _ respondeu a loirinha, os olhos fuzilando _ E não perturbe minha concentração ou você vai cair, de um jeito bem ridículo. Para começar, você bem que mereceu o “C” de “Covarde” que Tiago pintou na sua testa e que bem poderia significar “Cabeça-Dura”, pois você parece estar pedindo para que eu te derrube e sua cabeça rache, para entrar algum juízo nela!
_M-mas, Malfoy...
_Eu já disse, pode continuar me chamando de “Narcisa”, como eu já lhe disse antes. Se bem que parece que, com você, as palavras entram por uma orelha e saem pela outra.

Pettigrew apenas olhava para Narcisa, sem entender de onde a garota tirava tanta energia. Tiago também estava admirado, pois a namorada mostrava um nível de poder maior do que ele imaginava. Então, Narcisa continuou a repreender Pettigrew.
_E espero que você entenda, de uma vez por todas, que não vai adiantar nada continuar com essas armações idiotas. Eu gosto do Tiago e nada nem ninguém vai mudar isso. Eu já deixei bem claro que eu não desgosto nem sinto nada negativo por você, mas o máximo que poderá resultar será amizade e nada mais do que isso. Então, pare de ficar preso a uma obsessão que só serve para te fazer pagar micos e te cegar, impedindo que enxergue à sua volta e que veja que há pessoas que gostam de você e, entre elas, há quem goste mais do que simplesmente como amigo. Se você não der atenção ao que eu estou te dizendo agora e continuar tentando aprontar para cima do Tiago por conta de besteiras, pode estar certo de que, além da resposta que ele te der, também vai ter de agüentar uma volta de minha autoria e pode acreditar que eu posso ser cruel o bastante para que a lição fique bem gravada, inclusive podendo tomar providências para que até mesmo para executar o “Número 1” você precise sentar-se, entendeu?! Farei isso sem o menor remorso. Palavra de Narcisa Virgínia Vargas Sandoval Malfoy! _ depois de fazer um movimento de corte com os dedos, para mostrar do que falava, Narcisa fez com que Pettigrew baixasse devagar até o chão , enquanto outros colegas aproximavam-se, inclusive Mirela e Mariel, de mãos dadas com Lílian, além de Leilane Jordan _ E, para provar o que eu disse e deixar claro que estou falando sério, tome isto! “Reducio Indumentaria Intima”!

Assim que Narcisa apontou a varinha e disparou seu feitiço, Albert Pettigrew correu para o banheiro a fim de retirar as cuecas antes que elas encolhessem demais, pois já estavam a apertá-lo, de uma forma bem incômoda. Quando retornou, Narcisa e Tiago já estavam longe no corredor, de mãos dadas.

_Pegou pesado com ele, Ciça. _ disse Tiago _ Eu não esperava que você o intimidasse daquela forma.
_Lembra-se de Maquiavel, Ti? _ perguntou Narcisa _ “O bem se faz aos poucos e o mal de uma vez só”. Tendo sido dura o suficiente com Pettigrew, ele pensará duas vezes antes de fazer besteira de novo. E se fizer, paciência. Passarinho que come pedra...
_O problema é que vamos acabar escutando um monte. _ disse Tiago.
_É mesmo. Mamãe, Tio Harry e Tia Gina vão acabar sabendo. Não sei como, mas eles sempre descobrem.
_Pois é, por que será? _ perguntou Tiago, brincando _ Talvez por sermos os filhos de quem somos...
_... Os Novos Marotos, herdeiros dos Inseparáveis...
_... Mais do que o bastante para que mamãe, papai e Tia Jan estejam sempre atentos para nossos aprontos. Sem contar a Tia Mione, todos de olho em nós.

Após sair do banheiro, com expressão mais aliviada, Pettigrew encontrou-se com os colegas.
_Espero que desta vez você tenha entendido o recado e ponha um pouco de juízo na cabeça, Albert. _ disse Mariel _ Da próxima vez ela poderá fazer pior.
_Aprendi minha lição, Mariel. Não vou mais incomodar o Potter por causa dela. Mas você percebeu que é quase impossível não se atrair por Narcisa Malfoy, não é?
_Tem gente que gosta de sofrer. _ comentou Lílian _ Você teve sorte, Pettigrew. Ela poderia ter te triturado em um piscar de olhos, se quisesse. E considerando que ela por duas vezes quase te castrou, seria melhor não arriscar, pois da terceira vez ela pode conseguir.
_É, você está certa. Porém, “o coração tem razões que a própria razão desconhece”, Srta. Potter. Preciso me conformar com o fato de que ela sempre esteve fora do meu alcance e seguir seus conselhos. Vai doer por um bom tempo, mas eu terei de superar. Feliz do seu irmão.
_Opa, então eu ainda posso ter alguma esperança? _ perguntou Leilane, abraçando Pettigrew por trás, tentando animá-lo.
_Só o futuro dirá, Leilane. _ disse Pettigrew, segurando e beijando respeitosamente a mão da colega _ Mas poderia ser bem pior. Se ela tivesse me atingido com um “Colon Exonera” em vez de um “Reducio Indumentaria Intima”, eu não teria tido tempo de chegar ao banheiro e o mico teria sido bem maior. Bem, acho que vou voltar para a Sala Comunal. O pessoal deve estar chegando de Hogsmeade e eu terei de receber minhas encomendas. Até mais.
_Vou com você, Albert. _ disse Leilane _ Também fiz uma encomenda.

Os dois saíram, em direção às masmorras, onde ficava a Sala Comunal da Sonserina. Logo mais estavam chegando os colegas do terceiro na para diante, que retornavam do passeio a Hogsmeade e traziam as encomendas dos alunos do primeiro e segundo anos. Mas havia outra coisa que Albert Pettigrew aguardava e que aconteceria naquela noite.

A reunião do grupo do Avatar das Trevas, que ele sempre assistia às escondidas.

Na Biblioteca, um grupo de professores e convidados reunia-se, dando os acertos finais em um plano para, finalmente, desmascarar o “Doppelgänger” que espionava o Ministério, passando-se por Kingsley Shacklebolt, bem como a falsa Dara Mahoney, fosse quem fosse o elemento do Círculo Sombrio que a estivesse substituindo.
_Então, o que acharam? _ perguntou Draco.
_Ótimo, Draco. _ disse Harry _ Nada muito complicado e bastante eficaz.
_Ele nem vai desconfiar de nada. _ comentou Dumbledore.
_É a essência mais pura do “Conto-do-Vigário”. _ disse Claudiomir.
_Como assim? _ perguntou Arabella.
_Bem, todos sabem o que é o Conto-do-Vigário, o nome popular do Estelionato, Artigo Nº 171 do Código Penal Brasileiro. Vai desde pequenos golpes de bilhete de Loteria até armações complicadas, tipo Newman & Redford, em “Golpe de Mestre”. Mas a essência de um golpe, de uma vigarice, é a mesma. Na verdade, o que há são dois malandros, um deles que julga-se mais esperto e que acha que vai levar vantagem, mas não desconfia que está sendo fisgado. Esse é a vítima ou “Pato”. E há o que arma o golpe, lançando a isca, contando principalmente com sua maior arma, que é a ganância do pato. Esta deixa-o cego o bastante para não desconfiar de que é um golpe, mesmo depois da fisgado. Esse é o “Pescador”. Tudo o que é preciso é saber a isca certa. Quem assistiu ao filme, lembra-se de que Gondorff e Hooker fisgaram Donnie Lonnegan utilizando sua ganância, visando obter lucro fácil em corridas de cavalos e vingar-se de quem o limpou no pôquer, tudo de uma vez só. Ora, era a oportunidade perfeita, ainda mais com as falsas confirmações. Tudo isso prova o que dizia Nietzsche.
_ “Todo homem tem seu preço, diz o ditado. Não é verdade, mas o fato é que, para cada pessoa, há uma isca que é impossível deixar de ser abocanhada”. _ disse Hermione, citando o filósofo alemão.
_E ele vai mordê-la direitinho. _ disse Gina _ Ofereça a alguém aquilo que ele procura, no momento que ele precisa...
_... Que ele ficará cego para todo o resto e nem vai desconfiar que é uma bela de uma arapuca. _ disse Janine, sorrindo e imaginando a situação _ Mais um plano de “Escuridão” que irá por água abaixo, amanhã mesmo.
_Com isso, podemos dar por encerrada a reunião. _ disse Harry, tomando um gole de água e levantando-se, ajeitando a cadeira de Gina, para que a esposa também pudesse levantar-se dali _ Sra. Figg... digo, Maud... quer dizer...
_Sempre fui Arabella Figg para você, Harry. Creio que é melhor continuar sendo. Bem, vou pegar uma lareira de volta para Little Whinging. Preciso continuar cuidando dos Dursley, afinal de contas eles já não são jovens.
_É verdade. Mas Tio Valter não duraria muito se não tivesse mudado os hábitos de vida e tratado-se para hipertensão e colesterol, quando eu estava para me formar.
_Quem te viu e quem te vê. _ comentou Sirius _ Eu não via Valter Dursley havia anos e jamais me lembrei dele a não ser gordo. Quase cai de costas quando o vi, na sua formatura. Pode usar a lareira da Direção, Arabella.

Todos saíram da Biblioteca e tomaram seus destinos. Ao passar pelo banheiro do segundo andar, Harry teve uma sensação meio estranha, mas atribuiu ao sono e a uma certa ansiedade em pegar logo o “Doppelgänger”.

Além disso, o Avatar das Trevas havia utilizado fortes feitiços para confundir quem quer que passasse por ali, para que ninguém desconfiasse que a Câmara Secreta de Slytherin estava sendo novamente utilizada para o mal.

Assistindo à reunião escondido atrás das colunas, como sempre fazia, Albert Pettigrew admirava-se de como os discípulos assimilavam os feitiços e técnicas proibidos, como seus parentes lhe haviam dito que outros o faziam, nos Dias Negros. Quando a reunião terminou e os membros do grupo foram saindo da Câmara e subindo para o banheiro do segundo andar, ocultando-se sob Capas de Invisibilidade e Feitiços de Desilusão, ele saiu de onde estava, assim que o Avatar das Trevas o chamou.
_Então, jovem Pettigrew, o que achou do progresso deste meu pequeno grupo?
_Aprendem rápido, mestre. Creio que, se o senhor quiser, em um futuro próximo eles poderiam tomar a escola de assalto.
_Isso é algo que está nos meus planos, tanto que sei da formação de grupos semelhantes em diversas escolas de magia ao redor do mundo. Durmstrang, Beauxbatons, Desert Stone, Shinobi e mesmo as escolas do Brasil, onde as Trevas não possuem muita força. Mãe Dágua, Sepé Tiaraju, Bênção de Oxalá... Um dia, quem sabe, a um sinal da liderança das Trevas, esses grupos poderão levantar-se. Para isso estamos contando com a ajuda do Círculo Sombrio.
_Por que me conta tantos segredos, mestre? Sou um mero aluno do primeiro ano...
_... Que eu vejo que tem um grande potencial. Acha que não sei que você treina os feitiços e técnicas que me vê ensinar aos outros? Só que não o quero participando abertamente das operações. Preciso que você continue a ser meus olhos e ouvidos entre os alunos. Além disso, é bom ter alguém para contar algumas coisas. Coisas de um passado distante, da época do Lorde das Trevas.
_Como assim? Que relação há entre o senhor e Voldemort?
_Por enquanto é melhor que você saiba apenas que eu sei de muitas coisas sobre Lord Voldemort. Principalmente sobre alguns equívocos que ele, involuntariamente, cometia. O Lorde das Trevas era muito centralizador e excessivamente individualista. Embora parecesse confiar em alguns, na verdade confiava em outros, bem poucos. Creio que somente em Bellatrix e em Lucius Malfoy. Mas quanto a outros que todos pensavam que o Lorde menosprezava, aqueles tinham seu valor reconhecido.
_O senhor quer dizer...
_Seus pais, jovem Pettigrew. Lord Voldemort até que gostava deles, à sua maneira, ainda que todos os outros Death Eaters, incluindo Bellatrix, os julgassem um casal de inúteis. Peter Pettigrew não era um gorduchinho covarde, como as pessoas lembram-se. Ele tinha talentos e provou isso, mais de uma vez. Sem contar que era leal a Voldemort, tanto que cuidou dele, ao encontrá-lo semimorto nas florestas da Albânia, até que estivesse suficientemente recuperado. E foi quando o Lorde arquitetou o plano que culminou no seu retorno físico. Pettigrew também era o detentor do segredo da localização da varinha de Voldemort, que ficou escondida por treze anos, até que seu pai a retirou do esconderijo e entregou ao Lorde, antes de retornarem para Little Hangleton. E, quanto à sua mãe, os óculos enormes e o jeito atrapalhado de Sibila Trelawney escondia uma mente brilhante e uma mulher bastante esperta, ainda que não fosse uma boa vidente.
_Parece que ela fez apenas três profecias verdadeiras durante toda a sua vida. E a terceira é um mistério.
_Sim. Ela foi uma boa espiã em Hogwarts, ainda que tenha cometido alguns deslizes, como quando ordenou a Cho Chang que tentasse usar Poção Kathaleptikós na garrafa térmica que Harry Potter usava para hidratar-se durante seus exercícios. Ela não podia imaginar que a garrafa teria um Feitiço de Segurança que expeliu o conteúdo. Um pouco acabou entrando pela boca de Cho Chang e ela ficou paralisada. Com aquilo, descobriram que Sibila a estava dominando com Extrato de Servidão e ele teve de fugir de Hogwarts. Eles tinham eu valor, ainda que o Lorde precisasse usar Maldição Cruciatus neles, vez por outra.
_Hein?
_No ano seguinte, seu pai estava de guarda a um prisioneiro e acabou abandonando o posto antes de terminar seu turno, para encontrar-se com sua mãe. Com aquilo, Horatio Slughorn conseguiu fugir e revelou informações importantes a Dumbledore. Como castigo, os dois receberam uma dose de Cruciatus, na época em que Lord Voldemort aliou-se a Osama Bin Laden e à Al-Qaeda. Bem, falando de outras coisas, parece que a jovem Srta. Malfoy deu-lhe um recado hoje, de uma forma bem... “incisiva”. _ disse o Avatar das Trevas, sua risada baixa fazendo um som estranho por debaixo da máscara de prata que usava, esculpida com as feições ofídicas de Lord Voldemort.
_Incisiva é pouco, mestre. Creio que, se ela quisesse, eu estaria falando fino a esta altura. Mas aprendi minha lição e não irei mais importuná-la.
_Faz bem em superar essa obsessão, jovem Pettigrew. Uma decepção amorosa não superada pode constituir-se em um obstáculo para manter a mente focada em seus objetivos, perturbando a capacidade de julgamento.
_O senhor fala como se nos conhecesse no dia-a-dia, mas sinto-o de maneira totalmente estranha a nós.
_Ora, então Harry Potter ensinou-o a sentir o Ki?
_Sim, bem como aos outros membros do Clube de Artes Marciais. Mas vejo que o senhor o mantém bastante rebaixado, impedindo sua identificação.
_É melhor que fique assim, jovem Pettigrew. O senhor ficará em segurança se souber o menos possível sobre quem sou, de onde eu venho e para onde eu vou depois destas reuniões. Basta saber que sua companhia me agrada e que vejo em você um bruxo que poderá ascender a altos escalões na Nova Ordem das Trevas, ao meu lado. Outros percebem seu potencial, mas não sabem interpretá-lo. Por exemplo, sabia que você escapou, por pouco, de tornar-se vítima de um abusador de menores, um pedófilo?
_Quem seria ele?
_O Prof. Vandross, de Estudo dos Trouxas.
_Por isso ele vivia atrás de mim. Ele matou-se no dia em que fui chamado à Direção. Mas pensei que ele tivesse se matado devido a um quadro de depressão, pelo seu câncer pulmonar.
_Este também foi um motivo, jovem Pettigrew. E o fato dele ser um pedófilo foi mantido em segredo, para preservar a escola de um escândalo. Acho que já dividi com o senhor conhecimentos suficientes para esta noite. Pode subir, eu fecharei a Câmara. Será mais seguro que saiamos separados.

Pettigrew afastou-se como de costume, em direção à passagem pelas cavernas, que levava até o banheiro da Murta que Geme, onde localizava-se a entrada para a Câmara, supostamente lacrada por Dumbledore, depois que Harry Potter derrotara Voldemort, no seu segundo ano. Mas daquela vez não foi embora, curioso com as palavras do Avatar das Trevas. Escondido atrás de uma coluna, com o Ki rebaixado, viu algo de incrível.
O Avatar das Trevas desenhou um símbolo no ar, com o movimento do indicador de sua mão direita, que ficou suspenso, em linhas verdes brilhantes. Um pentagrama.

Só que havia algo de diferente.

Por mais que o Avatar tentasse mantê-lo em posição correta, com uma ponta para cima, a estrutura insistia em manter-se invertida (“Estranho, um pentagrama invertido simboliza o predomínio da matéria sobre o espírito, representando a invocação de energias negativas, a Goécia, sendo associado aos piores tipos de Magia Negra, a própria Magia Demoníaca. Pelo que eu soube, nem mesmo Lord Voldemort utilizava esse tipo de magia, o preço pode ser bem alto. Mas por que o Avatar estaria invocando aquele pentagrama e também por que é que o pentagrama forçava-se a ficar na posição invertida? Acho que vou ficar por aqui um pouco mais, para tentar descobrir”, pensou Albert).

As linhas verdes do pentagrama brilharam com mais intensidade e o pentágono existente no seu centro começou a mostrar uma aparência semelhante à de uma TV fora de sintonia, até que a imagem estabilizou-se e surgiu um rosto de traços orientais e olhos verdes, que a Bruxidade somente passou a conhecer há pouco tempo. O rosto do líder do Círculo Sombrio, “Escuridão”.

_Salve, “Escuridão”. Reunimo-nos aqui, por mais uma noite.
_Perfeito, Avatar das Trevas. E o que tem a me reportar?
_Os alunos estão cada vez mais adiantados. Mas tenho meus questionamentos quanto a isso, acho que ainda não estão preparados.
_Com todo o respeito, mestre, sou eu quem decide isso. O senhor deverá agregar os seguidores ao seu redor, como era o plano original.
_Que você fez questão de deturpar, mesmo sabendo que eu já havia desistido dele.
_Ora, mestre, mas que rebeldia. Lembro-me de que o plano foi uma idéia urdida há anos, entre Voldemort, Bellatrix e outros Death Eaters de altos escalões. E deu certo, mesmo sem o Necronomicon.
_Aquilo perdeu o sentido, maldito! _ exclamou o Avatar, com voz sibilante, em direção à imagem de “Escuridão”, no centro do pentagrama _ Eu disse que não queria mais, mas você está fazendo questão de impedir que eu progrida!
_Não perderia essa oportunidade, mestre. Era o único modo de reerguer a Ordem das Trevas.
_E distorcendo o plano original, desgraçado! Um plano do qual eu já havia desistido!
_Era outra oportunidade que não podia ser desperdiçada, garantir a sua lealdade. _ disse “Escuridão”, com uma risada sacana _ Com a inclusão da Cláusula de Submissão, isso foi conseguido.
_Como se eu não soubesse qual a sua verdadeira intenção, seu bandido! E eu sei quem você é! _ exclamou o Avatar.
_Mas, como eu já lhe disse, não poderá dizer a ninguém, tanto pelo meu Feitiço Fidelius quanto pela Cláusula de Submissão. Aliás, creio que devo lembrá-lo de quem realmente detém o poder.

A um gesto de “Escuridão”, o corpo do Avatar das Trevas brilhou com uma luminosodade esverdeada, semelhante à do pentagrama, enquanto ele ajoelhava-se, gemendo de dor.

_Desgraçado. _ disse o Avatar das Trevas, depois de “Escuridão” haver feito com que as dores cessassem _ Você está brincando com forças além da sua compreensão.
_Sei o que estou fazendo e até onde posso ir. Por enquanto, apenas lembre-se de que sou eu quem realmente dá as ordens. E tenho aqui algo de que você poderá precisar, para garantir um pouco mais de sorte nas missões. _ e um pequeno objeto foi transportado, saindo da tela pentagonal e indo parar nas mãos do Avatar das Trevas: uma corrente de ouro, com um pingente representando um pentagrama, invertido _ O pingente é especial, um amuleto fundido a partir de um chumaço de fios do Velocino de Ouro, que consegui arrancar antes que Ares e Apolo o levassem de volta para o Olimpo.
_Mas invertido? Torno a dizer que está brincando com coisas alem de sua capacidade, aliás, além da capacidade de qualquer um. Ninguém invoca forças demoníacas sem pagar o preço. O que chamamos de Artes das Trevas é o uso das energias mágicas do Universo para fins malignos, mas isso é demais, nem mesmo nos Dias Negros isso foi feito.
_Preocupe-se apenas com o seu papel nos acontecimentos, eu já lhe disse, meu caro Avatar das Trevas. _ disse “Escuridão”, sorrindo de forma maligna _ O resto é comigo.

A imagem de “Escuridão” desapareceu da tela pentagonal e o pentagrama invertido se desfez. Inexplicavelmente, o Avatar deu uma risada baixa, por detrás da máscara.
_Você acha que está por cima, maldito. Mas está, aos poucos, me dando munição para que eu possa contra-atacar. Devo aproveitar os instantes que me restam, com algo que você mesmo me ensinou, do Necronomicon.

Rapidamente, o Avatar das Trevas murmurou uma invocação em Lemuriano, que criou uma bolha iridescente, a qual logo escureceu e o deixou separado do resto do mundo e dentro da qual o tempo transcorria de forma diferente. Uma Bolha de Estase.
Dentro da bolha, o Avatar entoou um mantra em Sânscrito, enquanto impunha as mãos por sobre o pingente. Até que, com um estalido, a Bolha de Estase rompeu-se e Pettigrew viu que o Avatar das Trevas ria baixo e quase dançava de contentamento no mesmo lugar, pois seus esforços não haviam sido em vão. O pentagrama do pingente, que “Escuridão” lhe enviara invertido, com o furo pelo qual passava o aro do cordão em posição tal que a estrela ficava de cabeça para baixo, agora estava de um modo que a estrela ficava de cabeça para cima, não mais um foco de energias negativas, não mais um instrumento da Goécia. Era, agora, um canalizador de energias positivas e elevadas, com o espírito predominando sobre a matéria, a mente comandando o corpo, um instrumento da Teurgia.
Achando que já havia visto o suficiente, Pettigrew esgueirou-se dali, saindo da Câmara Secreta e subindo pela passagem para o banheiro do segundo andar, utilizando um Wingardium leviosa. De lá, foi direto para as masmorras, usando todos os truques que conhecia para evitar o zelador Halsted, mais perigoso do que Filch havia sido, pois era bruxo. Antes de sair da Câmara Secreta e trancá-la, o Avatar das Trevas novamente sorriu, pois sabia que Albert Pettigrew estivera a espiá-lo. Era muito bom que fosse assim, pois o garoto seria importante para o que ele tinha em mente. Então, também subiu para o banheiro, fechou a passagem da pia central e seguiu seu próprio rumo.

Deitado em sua cama, no dormitório masculino do primeiro ano da Sonserina, Albert Pettigrew estava com dificuldades para conciliar o sono. Os fatos que presenciara há pouco, na Câmara Secreta de Slytherin, estavam fazendo com que o garoto começasse a refletir seriamente sobre muitas coisas e a conclusão à qual estava chegando era de que nada era bem o que parecia (“Então, pelo que pude ver, o Avatar das Trevas não será o verdadeiro líder, haverá um outro poder por trás do trono. E será, justamente, o de uma organização criminosa. O Círculo Sombrio. Eu já havia ouvido falar sobre sua influência, mas não imaginava que seriam eles o poder por trás do ressurgimento da Ordem das Trevas. Isso muda praticamente tudo, pois o movimento deixa de possuir cunho ideológico e passa a ser, pura e simplesmente, a conquista da Bruxidade por um sindicato criminoso. Mesmo quando, no passado, Lord Voldemort aliou-se a Osama Bin Laden e à Al-Qaeda, buscando o tesouro dos Templários, a motivação não era somente a pilhagem, pois o tesouro seria usado para financiar o movimento. Isso me parecia ser diferente de apenas apropriar-se para lucro pessoal. E, tendo o Círculo Sombrio como verdadeiro detentor do poder, o que poderemos esperar? A institucionalização do crime, da corrupção e de toda e qualquer atividade ilícita. Estou certo de que não era o que Lord Voldemort queria, quando lutava para que a Ordem das Trevas assumisse o poder e também não chegaria ao ponto de utilizar invocações demoníacas. O Lorde não era tolo e sabia que não poderia fazer isso sem pagar o preço de sua própria alma, o que ele jamais admitiria, já que não aceitaria submeter-se a ninguém e, como o Prof. Potter disse uma vez, Lord Voldemort possuía um senso de honra que seria ferido caso ele agisse de tal maneira. Mas resta uma pergunta: Quem é o Avatar das Trevas? Qual sua verdadeira identidade? Só dá para deduzir que é alguém que está sendo forçado a fazer algo. E por que ele mencionou o fato de estar progredindo? Isso significa evolução espiritual, que ‘Escuridão’ está interrompendo, de algum modo. A teoria é meio louca, mas não dá para não pensar que o Avatar é, na verdade, um espírito, sendo obrigado a ser o aparente líder de uma futura Ordem das Trevas. E, mais louco ainda, é pensar que seria o espírito do próprio Lorde, preso a alguma espécie de contrato. Pela data de sua morte, ele não poderia ter tido tempo suficiente para reencarnar e estar em idade adulta, sem contar que a reencarnação não poderia ser forçada, pelo que andei lendo em alguns livros sobre o assunto. Mas resta uma opção, assustadora pelo fato de que, em breve, os espíritos entrarão em conflito. Uma Transmigração ou Metempsicose Forçada”, pensou ele, revirando-se na cama).

Sem querer, Albert Trelawney Pettigrew seguia a mesma linha de raciocínio da investigação que Harry e Murta estavam levando a cabo e chegando às mesmas conclusões. Aquilo teria uma grande importância, no futuro. Porém seus pensamentos foram interrompidos por uma voz sonolenta.
_Albert, pare de se mexer tanto, cara. Sua cama fica rangendo e não deixa ninguém dormir.
_Foi mal, Mariel. Desculpe. Amanhã vou pedir para apertarem os parafusos.
_Tudo bem. Agora vê se dorme, pô!
_OK. Boa noite, Mariel.
_Boa noite, Albert. _ disse Mariel, bocejando e virando-se para o outro lado, dormindo logo em seguida.

Sentia que precisava falar sobre aquilo com alguém. Mas teria de ser com alguém em quem ele pudesse confiar, que não abrisse o assunto para mais ninguém, enquanto fosse preciso. E alguém que, até onde ele pudesse deduzir, não tivesse inclinação trevosa. Quanto a Waverly e Portman, nem pensar. Além dos dois serem duas bestas quadradas, incapazes de perceberem a dimensão do quadro, eram também filhos de Death Eaters radicais, que só pensavam no ressurgimento da Ordem das Trevas, independente de ser o Círculo Sombrio a dar as cartas. Mas ele, Albert Trelawney Pettigrew, pensava de forma diferente. Uma coisa era o movimento pela Ordem das Trevas, a ideologia de Lord Voldemort, deflagrando uma revolução na Bruxidade, enquanto que criminosos comuns dando as ordens era algo indigno. Com os partidários da Ordem da Fênix também não poderia falar, pois já estava muito envolvido com as atividades do Avatar. (“Pense, Albert, pense! Em quem você pode confiar?”, sua mente funcionava sem cessar). Então, fez-se a luz e Albert Pettigrew, sorrindo, virou-se para o canto, rapidamente pegando no sono. Já sabia com quem falaria, no dia seguinte.


Londres, manhã seguinte - 07:00 h.


Eles pararam em frente a uma cabine telefônica meio depredada. Harry abriu a porta e eles entraram.
_Finalmente colocaram aquele Feitiço de Ampliação Interna, que eu havia sugerido. Imaginem, só porque é a entrada de visitantes, não haviam pensado nisso, por anos.

Draco teclou “6-2-4-4-2” e anunciou seus nomes e a razão da visita. Então, recolheu os crachás prateados e entregou-os aos seus respectivos donos.
_Realmente é uma vantagem ser genro do Ministro da Magia, Harry. Fica fácil de obter uma audiência, quando é preciso. _ disse Draco.
_E hoje é o dia mais apropriado. _ disse Harry _ Finalmente chegaremos ao fundo de tudo isso.

Na recepção, Harry e Draco entregaram suas varinhas ao guarda e o grupo seguiu em direção ao Gabinete do Ministro. No corredor, encontraram-se com Rony.
_Rony, este é o Capitão Claudiomir, de quem eu lhe falei outro dia. Claudiomir, este é Rony Weasley, meu amigo e cunhado, irmão de Gina.
_Muito prazer. Já conheço Fred e Jorge, passamos momentos bem divertidos, juntos.
_Parece que os momentos só não foram divertidos para Hyeronimus Pendergast. Eles me contaram que o coitado foi cobaia de vários logros experimentais, alguns deles bem fortes. _ disse Rony.


Gabinete do Ministro da Magia – 09:00 h.


_Pronto, Arthur. Vim assim que recebi o seu memorando.
_Obrigado, Kingsley. Acho que mandaram as duas cartas para mim, por engano. Uma delas deveria ser para você.
_Que cartas?
_Uma correspondência oficial do QG da Corporação Internacional dos Aurores.
_Cartas de Munique? De que se trata?
_Vieram assinadas por Wilhelm von Ribbentrop, em pessoa. O Diretor da Corporação está anunciando uma reestruturação dos bancos de dados.
_Parece que eles, finalmente, renderam-se à informatização. Graças a você, um dos pioneiros da regulamentação da Tecnomagia.
_E, com isso, estão promovendo um recadastramento dos Aurores. Veja aqui.
_Ora, ele está pedindo que enviemos a relação dos Aurores da ativa e da reserva, para inserirem nos bancos de dados.
Inclusive dos “Camaleões-Fantasmas”. _ o “Doppelgänger” quase ficou branco de susto. Como é que ele iria sair daquele aperto? Ele não tinha conhecimento da relação dos “Camaleões-Fantasmas”, aquele era justamente o motivo de sua criação, substituir o verdadeiro Shacklebolt, que ninguém sabia onde estava, para tentar descobrir a identidade dos Aurores da Inteligência.
_Entendo. Mas como enviaremos a relação, de uma forma segura? É um documento de alto grau de sigilo. _ disse ele, tentando disfarçar uma crescente ansiedade.
_Fique tranqüilo. Pedi a Harry para que fizesse essa entrega. Acho que não há ninguém mais confiável do que ele, não acha?
_Com certeza, Arthur. _ disse o falso Kingsley, cada vez mais nervoso.
_E eu não posso esquecer de passar a ele a minha via da lista dos “Camaleões-Fantasmas”, para trocar pela atualizada, que von Ribbentrop irá providenciar. _ disse Arthur, de modo casual.
O falso Kingsley Shacklebolt sentiu uma onda de alívio ao tomar conhecimento daquela informação. Ora, ele não sabia que o Ministro da Magia também possuía uma relação dos “Camaleões-Fantasmas”, aquilo iria facilitar as coisas para ele, que poderia colocar as mãos naquele documento e, finalmente, fazer com que chegassem às mãos de “Escuridão”. Imagine só, o líder do Círculo Sombrio ter nas mãos não só a identidade de “Hawkeye”, “Banshee” e “Tigershark”, mas a de TODOS os “Camaleões-Fantasmas”, ao redor do mundo. Era uma oportunidade que não poderia ser perdida, de forma alguma.
Arthur dirigiu-se ao cofre, abrindo-o e retirando de dentro dele um envelope lacrado, ostentando o sinete da Corporação Internacional dos Aurores, que foi colocado sobre a mesa.
_Bem, aí está a minha via. Agora é só você trazer a sua e eu entrarei em contato com Harry. Oh, bom dia, Dara. _ Arthur Weasley cumprimentou a bruxa, que entrou em seu gabinete e abraçou “Kingsley” _ Trouxe aqueles relatórios que lhe pedi?
_Sim, Ministro. Aqui estão eles.
_Agora, Arthur, eu ficarei com este envelope. _ disse o “Doppelgänger”, encostando uma garra metálica no pescoço de Arthur _ Não reaja, a garra está impregnada de Tetrodotoxina.
_Toxina de Baiacu? Mas o que significa isso, Kingsley? _ perguntou Arthur.
_Significa que a relação dos “Camaleões-Fantasmas” de todo o mundo, com suas reais identidades, irá para as mãos de quem há muito tempo espera por ela.
_Vendeu-se ao Círculo Sombrio, Kingsley? Desde quando?
_A coisa é meio diferente do que você pensa, Arthur. Abra o envelope, Dara. Vamos conferir alguns nomes. _ disse o falso Shacklebolt, afrouxando um pouco a pressão no pescoço de Arthur, enquanto “Dara” quebrava o lacre e abria o envelope _ E não tente nada, nem mesmo chamar alguém. Um arranhão e você morre. Não há tempo suficiente, Arthur, para procurar por uma cápsula de Antídoto Universal Granger/Snape... O que houve, Dara?
_O documento... está em branco! São apenas folhas de pergaminho, sem nada escrito nelas! _ disse a falsa Dara Mahoney, enquanto Arthur sorria e afastava-se do “Doppelgänger”, recebendo um pequeno arranhão no pescoço.
_Os furos do teu plano, sua besta, são os seguintes: primeiro, faz tempo que sabemos que você não é o verdadeiro Shacklebolt. _ disse Arthur, enquanto sua aparência ia mudando, aos poucos _ Segundo, eu já havia tomado uma cápsula de Antídoto Universal Granger/Snape, pouco antes de convocá-lo ao Gabinete. Terceiro, eu não sou e nem nunca fui Arthur Sinclair Weasley.
_FUJA, DARA!!! _ gritou o falso Kingsley Shacklebolt, meio segundo antes de um punho atingir seu nariz com a força de um coice de cavalo, fraturando-o e lançando o espião na inconsciência, o sangue espirrando.
As últimas coisas que ele viu, antes de desmaiar, foram várias pessoas saindo de baixo de Capas de Invisibilidade e desfazendo Feitiços de Desilusão: Harry Potter, Rony Weasley, Draco Malfoy, Alastor Moody, Arthur Weasley e o verdadeiro Kingsley Shacklebolt. Voltando os olhos para cima, enquanto mergulhava em uma agradável obscuridade, viu a verdadeira face daquele que o havia atingido. Um rosto de traços fortes, forjado no combate urbano, com um par de olhos azuis e o sorriso mais cruel e sacana que ele jamais havia visto na vida, nem mesmo em “Escuridão”.
_Capitão Claudiomir, do BOPE. Muito prazer. _ disse o estranho, limpando com um lenço o sangue do “Doppelgänger”, que manchava sua mão.

E, logo após aquelas palavras, tudo ficou escuro.

A falsa Dara Mahoney também não teve muita sorte. No corredor, foi barrada por duas senhoras de meia-idade, que tentavam imobilizá-la. Sacou um punhal e avançou, disposta a qualquer coisa para chegar às lareiras do Átrio e escapar, pois vira que havia um Bloqueio de Desaparatação no local. O pé esquerdo de uma delas fez o punhal voar longe. O cotovelo direito da outra atingiu seu diafragma em um Empi perfeitamente executado, tirando-lhe o ar e deixando-a indefesa e pronta para ser manietada com algemas inibidoras de magia.
_Excelente trabalho, Dora. _ disse uma delas.
_Não conseguiria sem você, Arabella. Estarmos em duas serviu para confundi-la e neutralizar a vantagem daquele punhal, certamente envenenado. _ disse a outra, enquanto suas aparências mudavam e no seu lugar surgiam Arabella Figg e Nymphadora Tonks. A falsa Dara foi conduzida ao Gabinete do Ministro, onde o falso Shacklebolt estava sendo reanimado, com o nariz inchado.
_Bem, agora vamos ver quem é essa que está passando-se por Dara Mahoney. Infelizmente, é certo que não é Mariana Lugoma. _ disse Harry _ Aquela víbora não está mais expondo-se. “Revertere ad forma tua”!
Ao comando do bruxo, o Feitiço de Transfiguração Pessoal Completa começou a desfazer-se e a aparência da falsa Dara Mahoney foi voltando à de sua verdadeira dona, uma bruxa baixinha, idosa e gorducha, usando vestes cor-de-rosa e com um colar no pescoço, cujo pingente representava a figura estilizada de um gato. Aquela visão fez as costas de sua mão direita formigarem, pois à sua frente estava alguém que ele não via desde o julgamento de Draco Malfoy, quando o loiro fora declarado inocente e “Mantis”, o espião do Círculo Sombrio e assassino da Auror Anastasia Ivánovna Artamonov fora desmascarado. Alguém que chegara ao ponto de mandar dois Dementadores atrás dele e que depois fizera de tudo para desacreditá-lo, quando Lord Voldemort recuperara seus poderes.

Ali estava Dolores Jane Umbridge, a aposentada ex-Subsecretária Sênior do Ministro, depois rebaixada para chefe da Seção de Serviços Gerais do Ministério da Magia.


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