Harry Potter e o Estigma da Serpente escrita por JMFlamel


Capítulo 12
O Novo Elemento


Notas iniciais do capítulo

Com a ajuda de um amigo de Harry, Fred e Jorge descobrem quem é o pedófilo que está abusando de alunos de Hogwarts. Em Hogwarts, Harry, Sirius e Stabler também o fazem, ao mesmo tempo. Resta agora fechar o cerco. Um bruxo do Círculo muda de lado e fornece importantes informações. Por fim, um inesperado encontro na cidade natal do Conde Drácula, Sighisoara, na Romênia.



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CAPÍTULO 11

 

 

 

O NOVO ELEMENTO

 

 

 


Agradecimento: Este capítulo contou com a inestimável ajuda do meu amigo virtual, Claudiomir Canan, aoqual o personagem "Capitão Claudiomir" é dedicado.













No gabinete da sede da “Weasley & Musashi” em Londres, Fred e Jorge estavam em frente a um poderosíssimo computador tecnomagizado que, segundo eles, teria a capacidade de rastrear o IP do computador que enviava para o site pornô as fotos obtidas, sabe-se como, de alunos de Hogwarts em poses eróticas e explícitas.













—Bem, Fred, eu acho que já dá para iniciarmos o rastreamento da origem daquela sujeira toda. Para disfarçar, fizemos um cadastro no tal site para termos acesso aos setores restritos, que mostram as fotos mais escabrosas e bizarras, tipo as que procuramos, que envolvem os alunos de Hogwarts e, ao mesmo tempo, introduzimos o nosso pequeno “Cavalo-de-Tróia”, que implantou um rastreador reverso.

 

—Isso quer dizer, Jorge, que assim que alguém fizer Upload de fotos de alunos de Hogwarts para o site e realizar sua postagem...

 

—... O rastreador reverso será ativado e perseguirá o sinal por todo o mundo, quebrando as barreiras criadas por qualquer Feitiço de Despistamento Tecnomágico que tiverem colocado no computador de origem.

 

—Então, Jorge, faça as honras.

 

—Com todo o prazer, mano. _ e Jorge Weasley apertou o “Enter”, dando início à caçada ao tarado ou tarados.







—Talvez demore algum tempo, mano. Mas o nosso cão de caça nunca fica cansado. _ disse Fred, depois de alguns dias.







—Sem problemas. É questão de tempo.

 

—O que esse seu programa faz, querido? _ perguntou Angelina ao marido.

 

—Bem, nós implantamos um “Cavalo de Tróia” no site pornô e ele tem uma característica: Assim que alguém postar fotos pornográficas de alunos com uniformes de Hogwarts, um sinal de ativação irá acionar um programa especial que apelidamos de “Cão-de-Caça”, o qual irá rastrear a rota de Upload das fotos através do mundo, não importa quão grande seja a rede de despistamento. Por exemplo, o computador de origem pode estar na casa do vizinho mas, para chegar até ali, o sinal pode passar por vários países, em dezenas de outros computadores.

 

—E vocês acham que pode demorar? _ perguntou Alicia.

 

—Pode, mas quando começar, não haverá retorno. _ disse Fred.

 

—E eu acho que é agora, gente. _ disse Angelina _ O Mainframe de vocês está apitando.



Os dois casais de bruxos correram até o computador principal de Fred e Jorge, vendo que um mapa-mundi apareceu na tela.



—A caçada começou. _ disse Alicia _ Vejam, o sinal está em Cingapura, pulverizado em uma dúzia de computadores diferentes.

 

—Mas é apenas um engodo. _ disse Fred _ O verdadeiro computador da rede é aquele, que permaneceu oculto até agora. E vejam para onde o sinal vai.

 

—Langley. Eles estão escondidos até mesmo em computadores da CIA.

 

—Claro, eles possuem excelentes Firewalls, capazes de deter quase todo tipo de invasão.

 

—Exceto as dos gêmeos Weasley. _ disse Jorge, com orgulho _ Se nós resolvêssemos usar nossas habilidades para o mal, ninguém nos seguraria.

 

—Para a felicidade geral, somos do bem. _ brincou Fred _ Vejam, o sinal agora está em dez computadores da Sorbonne, na França.

 

—Já saiu. _ disse Angelina _ E agora está passando pelo Banco de Tóquio. Será que ninguém desconfia?

 

—São Hackers muito habilidosos e esses programas não têm a finalidade de roubar dados. São apenas iscas, disfarçadas de dados cadastrais de correntistas que sequer imaginam de que se trata ou então são de agentes do Círculo Sombrio. O problema é que ainda não dá para saber o que é o que. Agora já foi para outro banco, vejam. Está no “Deutsche Bank”.

 

—Já saiu de lá e foi para o Brasil.

 

—São Paulo, jornal “Folha de São Paulo”. E agora já saiu de lá e foi para Dubai.

 

—E está saindo de Dubai e ei, esperem! Vindo para Londres, passando pela Universidade de Cambridge, Banco de Londres e, finalmente, indo parar em um terminal de uma LAN-House, localizada em Whitechapel, próximo à estação do Metrô Aldgate East, e... vejam! Localizou o computador! O IP dele é...

 

—192.168.6.666? _ perguntou Cassandra.

 

—Como é que você sabe, filha?

 

—Por causa desta carta, que a coruja acabou de entregar.

 

—E de quem é? _ perguntou Fred.

 

—É do Tio Harry. _ disse Steve _ E nela há um número, que deve ser o IP do computador que está fazendo o Upload das tais fotos pornô.

 

—Como vocês sabem disso?

 

—E nós por acaso somos surdos? Ouvimos tudo e, mesmo se não tivéssemos ouvido, a carta anexa do amigo do Tio Harry explica tudo. Aliás, mas que boca suja tem esse cara.

 

—???

 

—Esse tal de Capitão Claudiomir.

 

—Claudiomir? _ perguntou Jorge, perdendo quase toda a a cor e passando a parecer-se com uma das velas do castiçal sobre a mesa.

 

—Capitão Claudiomir... do BOPE? _ perguntou Fred, ficando igual ao irmão.

 

—O próprio! _ disse Jorge, pegando a carta que Cassandra acabara de lhe entregar. Reconheceu a letra de Harry e mostrou a carta para Fred.



O texto da carta de Harry dizia o seguinte:





Fred, Jorge, as novidades sobre a rede de pedofilia progrediram. Um amigo do Rio de Janeiro veio para nos ajudar, pois a nossa investigação acabou cruzando com a dele. Acho que já falei dele para vocês, é o Capitão Claudiomir, do BOPE, que eu conheci quando ele era Tenente e nós subimos o morro, no Complexo do Alemão, atrás de pistas sobre Draco e Jan, daquela vez em que o Círculo os raptou. Tomem cuidado, pois o cara é radical, faz tudo o que é necessário para cumprir uma missão e, acreditem, ele cumpre. Mas tenho certeza de que vão gostar dele. Ele chegou à Inglaterra há pouco mais de uns dois dias e já avançou nas investigações de uma maneira que nós nem fazíamos idéia. Bem, é certo que os métodos dele são meio... “heterodoxos”. Em anexo, vai uma carta que ele me mandou, explicando como ele chegou ao IP do computador que procuramos. Estou certo de que, com os métodos radicais dele, aliados à esperteza e astúcia de vocês, logo pegaremos o safado. Vocês logo irão reconhecê-lo, não se preocupem.



Harry”.





—Tá, e a carta do tal Capitão Claudiomir? _ perguntou Fred.





—Aqui está, mano. Te prepara, porque o sujeito é casca-grossa.

 

—Não sei, mas acho que vamos gostar dele, como disse Harry. Olha só a carta que ele mandou. Cassandra, me dê a carta, por favor.

 

Com a carta na mão, Fred e Jorge viram o texto:





Saudações, Senhor Potter.





 

 

 

 

Venho por meio desta missiva informar que... Ah, mas que #$%&!!! Vamos esquecer as formalidades. Seguinte: Peguei uns %$&*! duns pedófilos aqui no Rio de Janeiro. Os ###$$%(?)! são uns {[(#$%¨&*)]}!! além de $#%#&*! Os filhos de uma $$$*&%#!! estavam usando a Internet para distribuir fotos de alunas de Ensino Fundamental e Médio sendo estupradas. A princípio eles não quiseram falar, mas você sabe que eu conheço... “técnicas especiais” para fazer alguns abrirem a boca. Graças a algumas noites insones, aprendi a duras penas, rastrear esses *&%#$!! pela net. Descobri que o IP destes #¨&*!*!, origina-se na Inglaterra. Na cidade de Londres, para ser mais exato. Estou de partida para lá, porque, se esses animais não respeitam fronteiras, eu também não.

 

Você deve estar se perguntando como eu consegui folga. Bem, a Polícia daqui me deve alguns ANOS de férias e eu acho que eles ficaram contentes em concedê-las, não faço idéia do motivo. Só que estou viajando sem armas. Uma coisa horrível, é claro. De qualquer forma, me contaram que você é... um... bruxo! Claro que ri horrores!! Achei que estavam tirando uma da minha cara, até me lembrar do que você fez durante aquela invasão ao morro no Complexo do Alemão, junto comigo e com o Nogata, conversando com um monte de cobras. Enfim, agora tenho um cartão todo bonitinho, com uma foto na qual a minha imagem se mexe, que diz que eu tenho acesso de Nível 4 no tal do mundo mágico! Me disseram que é o mais alto nível que um trouxa pode chegar. Inclusive, três caras da Divisão de Assuntos Bruxos (Nem sabia que tinha isso no BOPE) tiveram de me segurar, para que eu não saísse correndo atrás do bruxo que me chamou de “Trouxa”, até que me explicaram o que significava. Não pergunte como eu consegui isso. Ah, tudo bem. Eu chantageei o Ministro da Magia do Brasil!

 

Bem, estou lotado, temporariamente, na Interpol (Ah, a ironia da vida. Serei policial da Interpol! Um bando de mauricinhos metidos em roupas bonitinhas e carros chiques, parecendo uns...&*$! Deixa pra lá!). E virei Capitão, como você deve lembrar-se!!! A promoção veio logo depois de eu assumir o BOPE, quando o Nogata saiu Major. Estou indo para Londres. Chego logo para investigar esses %$&:^^^~~~*#!!. Gostaria de oferecer minha ajuda. Você sabe que sou ótimo para conseguir informações. A minha melhor pista é um endereço de IP de um computador, que consegui e que tem origem em uma LAN-House em Londres. Caso me peguem, o endereço IP que rastreei é: 192.168.6.666. Deveras interessante, não é mesmo? De qualquer forma, a única coisa que consegui arrancar deles, além dos dentes, foi a menção a um tal de “Círculo das Sombras” ou “Círculo Sombrio” e uma palavra “Hogwarts”. Acho que é na sua área! Parece ser aquelas coisas “tenebrosas” de magia.

 

Vou...”agitar” as coisas por aí, e ver se descubro algo mais. Basicamente vou chutar o balde e ver as coisas... se agitarem. Seria interessante ter apoio, por ai, apenas para o caso de eu não conseguir... “resolver” do meu jeito. Parece que a própria Interpol vai ficar de olho em mim. Acho que o chefe daqui mandou minha ficha para eles e eles ficaram... “apreensivos” com minha visita. Tenho certeza de que ouvi o cara do consulado olhando para meu passaporte e falando para o colega dele algo como... “O que diabos ele vai fazer na Inglaterra? O cara é praticamente um terrorista fardado!! Vou enrolar os papéis dele por um ano ou dois.”

 

Talvez eu tenha entendido errado. É que meu inglês continua... razoável. “The book is on the table.”! Bem, eu dei uma encarada nele e os meus papéis ficaram prontos na hora. Quem precisa saber falar, afinal? Como dizia meu amigo Gabriel, o IMPORTANTE É SABER ENCARAR! Acho que é isso!! É provável que eu preciso de apoio, por aí! E gostaria de conhecer a tal de “Hogwarts”. Descobri que vocês tem, na escola de vocês, uma casa chamada Sonserina? É isto? O nome vem de... “sonso”? Aff... cada coisa que descubro! Se eu puder ajudar, me avise. Posso, apesar das limitações do idioma, ajudar em algumas coisas. Você sabe que para entrevistar suspeitos eu só preciso de um saco plástico e uma vassoura. E alguns pneus, eventualmente. Você ainda tem uma vassoura, não tem?

 

 

 

 

 

Claudiomir





—Acho bom que vocês tratem de ir logo para aquela tal LAN-House, enquanto ela ainda está de pé. _ disse Angelina.





—Tem razão, meu amor. _ disse Jorge, beijando a esposa.

 

—Ele já está na Inglaterra há mais de dois dias? _ perguntou Alicia.

 

—É o que parece. _ disse Steve.

 

—Bem, é um milagre que a LAN-House ainda exista. E o Harry é um belo de um sacana.

 

—???

 

—Ele não nos passou nenhuma descrição do tal de Claudiomir.

 

—É verdade, mas ele disse que nós logo iríamos reconhecê-lo. Para mim o Harry está devolvendo algumas das brincadeiras que já fizemos com ele, antes.

 

—Então, vamos logo para lá. _ disse Fred _ Pelo que vimos, a tal da LAN-House funciona em um endereço discreto, na esquina da Old Castle Street com a Whitechapel High Street.

 

—É para já, mano. _ disse Jorge e os dois desaparataram, surgindo em frente à LAN-House. Entraram e logo fizeram um cadastro, recebendo suas senhas de acesso. Jogando “Ghost Recon” em um dos computadores, começaram a prestar atenção nos freqüentadores da casa, com certa dificuldade, devido à penumbra. Em sua maior parte, eram jovens jogando games on-line ou verificando suas páginas do Orkut. Ninguém parecia estar em atitude suspeita ou melhor, quase ninguém. Um sujeito no bar, tomava uma Coca-Cola Zero com limão e gelo, parecendo estar pouco à vontade em um terno Armani. Outro estava com a cara meio oculta pelas divisórias, entretido com o site que acessava. Foi então que um pequeno aparelho que Jorge inventara começou a dar um sinal. Ele o havia criado para reagir quando o computador com o IP selecionado fosse ativado para acessar o site pornô. O ruivo observou que, quanto mais aproximavam-se daquele computador, a freqüência do sinal aumentava. Mas, antes que pudessem chegar mais perto, o usuário encerrou sua sessão e saiu, sem que pudessem ver seu rosto.

 

—Era ele, Jorge? _ perguntou Fred.

 

—Sim, mano. Vamos atrás dele. _ e também saíram da LAN-House, atrás do suspeito. O sujeito do Armani também saiu.

 

Na rua, seguiram o cara até um beco, no qual perderam-no de vista.

 

—Praga! Cadê ele? _ perguntou Jorge.

 

—Sumiu! Tente sentir o Ki dele, mano.

 

—Deve estar rebaixado e o sem-vergonha sob Feitiço de Desilusão... espere! Vem vindo alguém!

 

Fred e Jorge esconderam-se, vendo que o cara do Armani havia entrado no beco, colocava óculos no rosto e verificava algo em um pequeno aparelho. Assim que ele passou pelos gêmeos, eles postaram-se atrás dele, empunhando as varinhas. Mas não ficaram muito tempo com elas, pois logo cada um sentiu uma dor aguda e rápida, vendo-as voarem de suas mãos. Em um instante, viram-se sob a mira de uma arma. Uma bela pistola semi-automática Mini-Glock, calibre .380.



—Muito bem, seus dois #$%*!! Se acham que vão me pegar com essa ###%&*+$! dessa emboscada tosca, estão F*#%#¨M&NTE enganados! Mesmo que tenham outras varinhas, lembrem-se de que feitiços não são mais rápidos do que balas, seus dois $%#&** de bruxos das Trevas!



—Nós, bruxos das Trevas? _ perguntou Jorge, esfregando a mão dolorida.

 

—Você é que vem atrás de nós, desse jeito furtivo! _ disse Fred, fazendo o mesmo que o irmão _ Parece um capanga do Círculo Sombrio!

 

—Qual é?! Eu estava atrás de uma #$%& de um pervertido, que acabou de postar fotos para um site de pedofilia!

 

—Nós também. Ele entrou neste beco e nós o perdemos.

 

—Vocês sim, mas eu não. _ sussurrou o recém-chegado, ainda com os óculos no rosto, colocando a mão no bolso e tirando-a, pondo-se a girar um objeto e arremessando-o, em direção à saída do beco, todos ouvindo um gemido abafado e o som de um corpo pesado caindo ao chão.

 

—Mas o que foi isso? _ perguntou Fred.

 

—É, o que você fez? _ perguntou Jorge.

 

—Vocês são bruxos, não são? _ perguntou o estranho, agora apontando a pistola para baixo _ Peguem suas varinhas de volta, vamos! Agora eu sei que vocês não são daqueles $%$#&* do Círculo e eu acho que nós estamos atrás da mesma coisa.

 

Fred e Jorge recuperaram suas varinhas e aproximaram-se.

 

—Tá, e agora?

 

—Apontem para aquele lugar e façam aquela coisa de quando vocês querem encerrar um feitiço.

 

—Ah, acho que já sei o que você quer. “Finite Incantatem”! Eu estou começando a sentir um Ki. _ disse Fred.

 

Com o feitiço de Fred Weasley, a aura de invisibilidade foi desfeita e eles viram o sujeito que estava na LAN-House, no computador que procuravam.

 

—Esse cara é o safado que vocês estavam procurando?

 

—Ele mesmo. Ei, você usou uma boleadeira! _ disse Fred.

 

—Igual ao Prof. Mason, quando capturou o cara que envenenou Karkaroff (*Ler o capítulo 3 da Fanfiction “Harry Potter e o Olho de Shiva”, intitulado “Entra em Cena Derek Mason”*). Espere aí, essa pistola que você está usando, não é uma Mini-Glock, calibre .380? _ perguntou Jorge.

 

—Sim. Foi a única arma com que aqueles #$%&*## daqueles mauricinhos da Interpol me deixaram ficar. E assim mesmo porque foi Harry quem me deu!

 

—Interpol? Harry? Harry Potter? _ perguntou Fred _ Mas eu logo deveria saber! Tomando Coca-Cola Zero com limão e gelo, bem ao gosto dos brasileiros, boca-suja e radical desse jeito, você deve ser o Capitão Claudiomir, do BOPE, acertei?

 

—Na mosca. E vocês... ruivos e gêmeos... Fred e Jorge Weasley? Os cunhados de Harry?

 

—Exato. Aposto que ele também te deu esses óculos, não foi? Assim você pôde ver o safado, escondido no fundo do beco, esperando uma oportunidade para fugir.

 

—Sim. Harry me disse que havia um feitiço bem útil nele, chamado...

 

—... “Infrarubra Thermosensora”, Feitiço de Visão Noturna. Permite que se possa ver em completa escuridão, detectando a emissão de calor dos objetos.

 

—Isso. E eu consegui, disfarçadamente, colocar um sinalizador nesse #$!!%&* desse capanga e estava seguindo o sinal dele. Mas que *&$%#!! Eram os meus contatos e por pouco que eu não atirei em vocês.

 

—No máximo ficaríamos inconscientes. As pistolas de Harry são enfeitiçadas para dispararem munição sedativa mágica. Dói para diabo, como se fosse uma bala de borracha, mas não mata. _ disse Fred _ Mas, como foi que você veio parar na Inglaterra, Claudiomir? E com o que foi que você nos acertou?

 

—Ah, a história é bem interessante. E acabou resultando em um morto, muitos machucados e alguns cabelos brancos em Harry, que eu acho que ele arrancou ou disfarçou com magia. O sacana do seu cunhado nos colocou como contatos uns dos outros, sem me dizer como vocês eram e vice-versa. E eu acertei vocês com isto aqui, dardos Shuriken, acondicionados em bainhas fechadas com velcro, nas mangas do paletó. É fácil de abrir, eles escorregam para as mãos e a gente arremessa. Aprendi com Nogata e, segundo eu sei, Harry também usa esse truque, de vez em quando.

 

—É bem como eu disse, Harry deve estar devolvendo algumas das brincadeiras que já fizemos com ele, no passado. Vamos levar esse sem-vergonha para os Aurores, a fim de ser interrogado e aí você nos conta a história.

 

—Melhor não irmos para o Ministério, Fred. _ disse Claudiomir, vendo que o bandido tentava fugir e frustrando suas intenções com um bem-aplicado chute entre as pernas dele _ Vai falar fino por, pelo menos, uma semana, seu ##$%&*!! Eu sei, por experiência própria, como é fácil haverem membros do Círculo infiltrados em organizações tais como a Interpol e os Ministérios da Magia.

 

—Sim, Harry já descobriu agentes infiltrados até mesmo na InterSec. Basta que nos lembremos de “Mantis”. _ disse Jorge _ Bem, há algumas salas desocupadas no prédio de nossas empresas, nas quais poderemos ficar bem à vontade, para interrogar esse bandido. Você precisa de alguma coisa em especial?

 

—Nada de mais, Jorge. Minhas técnicas de interrogatório são... “minimalistas”. Basta um saco plástico...

 

—... E uma vassoura, eu sei. Temos tudo isso lá. Se precisar de algo mais, providenciaremos. _ disse Fred, rindo _ Vamos indo, então.

 

—Como? _ perguntou Claudiomir.

 

—Segure no meu braço. _ disse Jorge _ E Fred levará aquele verme.

 

Em menos de um segundo, os quatro haviam desaparatado.



Mas quais foram os fatos que antecederam o encontro entre o Capitão Claudiomir e os gêmeos Weasley? Quais foram as aventuras do Capitão Claudiomir em Londres?





A história é forte. E começa quando Harry e Gina desfrutavam de alguns dias livres em Londres. Sirius acumularia a cadeira de Defesa Contra as Artes das Trevas com a direção. As aulas seriam sobre uso de armas de fogo, para o que Dickie Stabler estava servindo de professor auxiliar, em uma excelente cobertura para as investigações que, infelizmente, não estavam avançando tanto quanto eles gostariam.







Apartamento de Harry Potter. – 00:00 hs. – Hora dos fantasmas









Meia Noite. Harry relia a carta recebida no dia anterior, que o alcançara em Londres, quando Sirius lhe dera alguns dias de folga, para espairecer e refletir, tentando chegar a alguma conclusão, pois as investigações sobre o pedófilo não estavam progredindo como esperavam, mesmo com a ajuda de Dickie Stabler. Não conseguira dormir desde que recebera a carta. O Capitão Claudiomir tinha enviado a carta para o local errado. Tinha enviado para o Ministério da Magia da Irlanda.









Ele não costuma cometer erros assim. O que aquele cara estava pensando?” – pergunta-se Harry curioso. – “E se... se ele enviou a carta para o local errado de propósito? Mas por que? Ele deveria saber que a carta chegaria a mim da mesma forma, só levaria mais tempo. Mas o que será que... Ah! Sacana! Tempo! Ele ganhou dois dias a mais de tempo!”





Tornou a ler a carta pela décima oitava vez. Tentava entender ainda o que ele tinha escrito.

 

Vou...”agitar” as coisas por aí, e ver se descubro algo mais. Basicamente vou chutar o balde e ver as coisas... se agitarem. Seria interessante ter apoio, por ai, apenas para o caso de eu não conseguir... “resolver” do meu jeito!” – lê Harry mais preocupado ainda. – “Agitar as coisas, para ele significa bater de frente com os criminosos. Ele é... sutil como um machado sem fio!” – pensa Harry preocupado ao lembrar-se de quando invadiram o morro no Complexo do Alemão, atrás de pistas sobre Draco e Janine, tempos atrás. Daquela vez, por pouco sua customizada vassoura de corrida Firebolt Mk III não havia tornado-se um instrumento de tortura (*Ler a Fanfiction “Harry Potter e o Círculo Sombrio”, Capítulo 28, “Fúria e Convergência”*)

 

Ele é louco. Definitivamente!” – pensa Harry sério voltando a ler a carta. – “Seria interessante ter apoio, por aí, apenas para o caso de eu não conseguir... “resolver” do meu jeito. Parece que a própria Interpol vai ficar de olho em mim. Acho que o chefe daqui mandou minha ficha para eles e eles ficaram... “apreensivos” com minha visita!”

 

Suspirou cansado. As investigações sobre os pedófilos não avançavam. A tentativa de rastrear o IP que ele lhe enviara, batera na burocracia do Ministério e esperava ainda uma autorização para investigar a fundo aquela LAN-House.

 

É claro que a Interpol deve estar apreensiva com ele. EU estou apreensivo com a ‘visita’ dele. Imagine o pessoal da Interpol! Droga, Claudiomir! Onde diabos você está?!?!?!” – pergunta-se Harry e ouve seu celular tocar, com Megumi Hayashibara cantando “Sakura Saku”, tema de abertura do Anime “Love Hina” (“Aah, Lílian! Mais uma vez você trocou, de brincadeira, os toques do meu MP7, sua diabinha”).

 

Pegando seu aparelho, viu que tinha recebido uma mensagem do Ministério da Magia. Quando começou a ler, ficou curioso. Depois preocupado.

 

Comparecer Sede Interpol. Londres. Sua presença foi requerida. Urgente!”

 

Com uma breve explicação para Gina, desaparatou em direção ao centro de Londres.





Londres Trouxa. – Sede da Interpol. – Gabinete do Comandante.– 00:40 hs.









Harry chegou na sede da Interpol e foi conduzido por um assistente até a sala do Comandante.





—Sente-se, por gentileza, Sr. ahn... Potter. – fala o comandante (péssimo para nomes) Groover. – Obrigado. Pode se retirar. – fala o comandante para seu assistente, Halliwell, que parecia preocupado e nervoso.

 

—Obrigado. Desculpe, mas não entendi a urgência do chamado. – fala Harry serio.

 

—Bem... a coisa toda é complicada. Estamos a um passo de uma briga diplomática daquelas com o Brasil. – fala Groover.

 

—Motivo? – pergunta Harry curioso.

 

—Conhece um homem chamado Claudiomir? – pergunta o comandante sério.

 

—Conheço. Ele é Capitão do BOPE. Uma unidade de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Por que? – pergunta Harry sério.

 

—Ele está preso, neste edifício. – responde Groover.

 

—Por que motivo, especificamente? – pergunta Harry curioso.

 

—Por toda uma longa seqüências de crimes. – responde o comandante sério. – Mas comecemos do princípio. Não se importa, importa? – pergunta o comandante pegando uma grossa pasta de papéis.

 

—Por favor. – fala Harry sorrindo vendo o tamanho da pasta nas mãos do comandante. – Mas que diabos vem a ser isso? O livro “Ascensão e Queda do Império Romano”? – pergunta Harry curioso com o tamanho do mesmo.

 

—Não. É a relação dos crimes que o Capitão Claudiomir cometeu nas últimas 48 horas. – responde o comandante sério. – Ele é capaz de violar mais leis em uma hora que criminosos conseguem em uma vida. Vamos começar do princípio. Gostaria de um chá? – pergunta ele oferecendo uma térmica ao lado da mesa.

 

—Por favor. – fala Harry servindo-se de um chá.

 

—Ele chegou no vôo do Brasil. Desembarcou em Heathrow, legalmente, com passaporte de turista. Foi entrevistado, na chegada e alegou que estava de férias. Foi revistado e não encontraram arma alguma. Também descobriram que o inglês que ele fala é pavoroso. E quando o funcionário da alfândega tentou uma... “revista íntima”, bem... o funcionário está sem alguns dentes e com um braço quebrado, além de uma concussão cerebral. – fala o comandante sério. – Daí ele fugiu.

 

—Entendo. – fala Harry tomando o chá e imaginando o que o Capitão tinha feito ao tentarem baixarem suas calças. – Como ele conseguiu fugir?

 

—Daí ele saiu do aeroporto, sem ligar para as equipes de segurança que o perseguiam. Aparentemente ele se perdeu em meio a centenas de passageiros que desembarcavam. – fala o comandante irritado com a gritante incompetência dos subordinados. – Pegou um táxi e entregou uma folha escrita para o taxista.

 

—O que tinha escrito na folha? – pergunta Harry curioso e o comandante lhe entregou a folha. Olhou com cuidado e viu um texto em inglês, digitado num computador, obviamente. “Preciso dos seus serviços por 24 horas. Pago-lhe 500 dólares. Se concordar, balance a cabeça.”

 

—Entendo. – fala Harry sério.

 

—O taxista, é claro, aceitou. Daí ele lhe entregou uma segunda folha. – fala o comandante entregando a Harry outra folha impressa.

 

Harry olhou para a folha e sorriu cansado. – “Vá para o ponto de venda de drogas mais barra pesada que conhece. Pare perto e não se envolva em nada.” – Daí ele foi até lá? Comprar drogas?

 

—Não. – fala o comandante. – Ele foi até uma “boca de fumo” e agrediu os traficantes. Entrou desarmado e saiu de lá com várias armas. Deixou para trás quatro traficantes que ficarão semanas no hospital recuperando-se do acontecido.

 

—Ele foi lá para conseguir armas, é isso? – pergunta Harry curioso.

 

—Sim. Justamente isso! E, com as mãos limpas, bateu em quatro homens, armados, apenas para isso. – rosna o comandante.

 

—Entendo. – fala Harry lembrando do que tinha lido na carta que ele lhe enviara (“Só que estou viajando sem armas. Uma coisa horrível, é claro.”) – E depois disso?

 

—Voltou ao taxi e entregou uma terceira folha para o taxista. – fala o comandante entregando-a para Harry que a leu surpreso. – “Vá até a esquina da Old Castle Street com a Whitechapel High Street. Não faça perguntas. Pare perto e não se envolva.”

 

—E? – pergunta Harry reconhecendo o endereço escrito ali. Era o da LAN-House que ele queria investigar. – O que aconteceu?

 

—Ele entrou, armado, e colocou todo mundo para correr. Pegou o gerente da LAN-House e o levou para um canto. Fez perguntas sobre um cliente. Depois saiu. – fala o comandante.

 

—E? – pergunta Harry curioso com a atitude de Claudiomir. – Não foi só isso, foi?

 

—Claro que não! – reclama o comandante. – Ele bateu no gerente que estava se negando a responder as perguntas. Daí ele perguntou ao gerente onde tinha uma vassoura!!! O gerente disse que não tinha. Por fim, depois de algum tempo de conversa, O gerente lhe contou o que sabia. Quando chegamos lá, o gerente estava com boa parte do rosto roxa de tanto apanhar, além de ter os dois braços quebrados! Hospital! Por um mês!!! Por pura sorte a LAN-House ficou inteira!

 

—Entendo. – fala Harry sério mas imaginando a sorte do gerente da LAN-House em não ter uma vassoura na loja. – E? – pergunta Harry (“Se Claudiomir não arrebentou a LAN-House, deve ter tido uma boa razão”, pensou o bruxo).

 

—Ele voltou ao taxi. Levou algum tempo explicando, num inglês horrível, para o taxista, para onde queria ir. Por fim, por meio de mímica, conseguiu explicar. – fala o comandante seco. – Ele foi até uma tabacaria. Num bairro barra pesada.

 

—Comprar cigarros? – pergunta Harry curioso, pois sabia que Claudiomir não fumava.

 

—Atrás de um homem que fuma um charuto muito difícil de se conseguir encontrar. É importado. O dono da tabacaria informou onde ele poderia encontrar. Escreveu o endereço e ele saiu feliz de lá. – explica o comandante.

 

—O dono desta tabacaria... ele é brasileiro? – pergunta Harry curioso.

 

—Sim. Ele morava no Rio de Janeiro, por que? – pergunta o comandante. – Ah, sim. Entendo. Não houve agressão neste local. Ele se comportou de modo, digamos, quase civilizado.

 

—Entendo. – fala Harry imaginando que como ex-morador do Rio de Janeiro, o dono da tabacaria conhecia os métodos de trabalho do BOPE. – E depois?

 

—Daí, ele voltou ao taxista e lhe deu o novo endereço. Uma outra tabacaria. – fala o comandante entregando a Harry um novo bilhete. – Foram até lá e... bem, parece que não era só uma tabacaria que existia lá.

 

—O que mais existia lá? – pergunta Harry preocupado.

 

—Um antro para fumadores de ópio! – fala o comandante irritado, enquanto Harry lembrava-se do estrago que ele mesmo já fizera em uma casa de ópio em Xangai, procurando pistas que o levassem a Draco e Janine, quando os dois haviam sido raptados enquanto viajavam no Orient Express – Ele entrou e começou a bater em todo mundo! Tenho trinta e duas vítimas no hospital! A maioria delas com braços e pernas quebradas. Enfim, depois de meia hora ele colocou fogo no depósito e saiu de lá, todo contente. Rumou para o centro de Londres. Tinha descoberto um nome.

 

—E? – pergunta Harry curioso.

 

—O nome que ele descobriu é de um homem que foi preso por nós, no mesmo antro de ópio, dois dias atrás. – fala o comandante. – Foi preso como suspeito por tráfico de drogas.

 

—Entendo. – fala Harry curioso. – O que ele fez depois disso?

 

—Atacou outra... boca de fumo. Bateu em mais cinco traficantes. Pernas, braços, cabeças quebradas e muitos dentes arrancados a socos. Nenhuma morte, felizmente. Daí ele roubou 2 Kg de heroína e veio direto a nós. Pagou o taxista e depois veio até o balcão. Jogou a heroína na mesa e deu uma risada alta. Foi preso na hora. – fala o comandante sério – Claro que meus homens são bons e notamos o taxista parado. Bastou uma pequena conversa e o taxista nos contou tudo o que tinha acontecido, bem como entregou as folhas que tem em suas mãos.

 

—Entendi. Onde o prenderam? – pergunta Harry preocupado.

 

—Na mesma cela onde todos os traficantes de drogas são presos. – fala o comandante sério. – Tinha dezessete traficantes na cela. Todos barra pesadas. Ele quando chegou, sorriu e disse que era brasileiro e que estava preso por engano. Um dos traficantes disse que conhecia o Brasil. E que tinha passado um tempo no Rio de Janeiro. Daí ele falou algo que deixou o Capitão furioso.

 

—O que ele falou? – pergunta Harry preocupado pra valer agora.

 

—O traficante falou algo como: “O BOPE é uma merda!” – fala o comandante irritado. – Óbvio que ele foi o primeiro a perder os dentes da frente. Tenho dezessete traficantes no hospital!! Semanas para sararem! SEMANAS!!!

 

—E agora? – pergunta Harry curioso.

 

—Liguei para o Comandante dele, no Brasil. Questionei o que ele estava pensando em mandar um policial pra cá! – fala o comandante irritado. – Sabe o que ele me respondeu???

 

—Nem imagino. – fala Harry sincero.

 

—Pois eu te conto. – fala o comandante irritado. – “Ele matou alguém???”. Quando eu disse que não. Que ele só tinha agredido traficantes, o comandante dele me respondeu assim: “Tudo bem. Dê uma medalha pra ele e pague um jantar que ele te perdoa por tê-lo prendido. Caso contrário, aconselho a mudar de país!!!!” Veja se pode!!! Não sei de que maneira as coisas são feitas naquela República de Bananas, mas aqui seguimos as leis!!!

 

—Entendo. – fala Harry sério, mas gargalhando por dentro, em silêncio. Se ele risse como estava com vontade de fazer, com certeza o Comandante Groover ficaria bastante ofendido – O que aconteceu a seguir?

 

—Ele pediu para falar com você. Disse que só fala com você! – rosna o comandante, quase apoplético. – Por isso, eu lhe peço, vá até ele e tente descobrir o que aconteceu! Além disso, informe a ele, que ele ficará preso pelos próximos 400 anos!!!

 

—Vou... falar com ele. – promete Harry levantando-se e saindo da sala do comandante que estava a um passo de sofrer um infarte. Percebeu que Halliwell, o ajudante do comandante, entrou na sala rapidamente parecendo ainda mais preocupado que antes.





Londres Trouxa. – Sede da Interpol. – Centro de Detenção, Cela Nº 05.– 01:55 h – Diálogos em português.









—Hei, Potter. – cumprimenta o Capitão Claudiomir sorrindo abertamente. – Que bom falar com alguém que entenda o Português.





—Olá, Claudiomir. – fala Harry sorrindo e o cumprimentando, com um aperto de mãos, em meio as grades. – Você agitou bastante as coisas, hein?

 

—Só o básico. – fala o Capitão sorrindo. – Só o básico.

 

—O que estava pensando? – pergunta Harry de forma séria – Violou mais leis do que eu, e eu sou famoso por isso!

 

—Qual... não fiz nada demais. Preciso sair daqui. Tenho que encontrar um cara. – fala o capitão sorrindo.

 

—Escute... você está muito encrencado. – fala Harry sério – O Comandante está furioso com você!! Está literalmente, espumando de raiva.

 

—Ele se acalma. – fala o Capitão sorrindo – Preciso, realmente, sair daqui. Agora.

 

—Isso é impossível! – fala Harry sério – Não entendeu ainda que violou as leis?

 

—Potter, preste atenção. Deixe-me sair daqui por dez minutos e depois tudo ficará muito claro. Entendeu? – pergunta o Capitão sério – Dez minutos e pode me colocar aqui de volta.

 

—Dez minutos? – pergunta Harry curioso.

 

—Dez minutos. Pode marcar no relógio – fala o Capitão sorrindo de forma angelical.

 

Eu vou me arrepender disso. Tenho certeza.” – pensa Harry chamando o guarda e pedindo que o libertasse para levá-lo até o Comandante.

 

Com um resmungo, o guarda abriu a porta da cela e o Capitão saiu caminhando ao lado de Harry até o gabinete do comandante.





Londres Trouxa. – Sede da Interpol. – Gabinete do Comandante.– 02:07 hs.









—Mas o que ele está fazendo fora da cela? – pergunta o comandante levantando-se furioso de sua cadeira. – Quem foi que o soltou? Ele vai voltar pra lá agora!!! Chame a segurança!!! – fala para seu ajudante.





Mas quando seu ajudante quis sair da sala, o Capitão colocou-se á frente dele e sorriu.

 

Harry sentiu os pêlos dos braços se arrepiarem. Conhecia aquele sorriso, semelhante à sua própria “Cara-de-Guerra”, que surgia quando estava em combates contra bruxos das Trevas. Era o prenúncio de coisas no mínimo... horríveis.

 

—Harry, traduz pra mim? – pergunta o Capitão sorrindo ainda mais ao impedir o ajudante de sair da sala.

 

—Claudiomir, o que está fazendo? – pergunta Harry preocupado ao ver o ajudante colocar a mão no coldre para sacar sua arma.

 

—Traduza. Agora! – fala o Capitão segurando o pulso esquerdo do ajudante e o girando rapidamente, fazendo-o derrubar sua arma. Em seguida, jogou-o por sobre a mesa do comandante Groover, que parecia a um passo de ter o seu coração saindo todinho pela boca – Fale exatamente o que eu falar.

 

—Certo. – fala Harry com a mão direita dentro do bolso de seu casaco, pronto para pegar a varinha e estuporar o Capitão, caso fosse preciso.

 

—Depois de uma longa e tediosa viagem, cheguei nesta ilha. Odiei esse lugar. Mais do que odeio aviões e eu odeio aviões pra valer. Tentaram me atacar no aeroporto. Na hora eu entendi que estavam me esperando. Que eu tinha sido... “queimado” e que estavam preparados para me matarem logo. A questão é... como eles saberiam sobre mim? Só havia duas respostas possíveis. Vocês tinham um traidor na Interpol, ou o Potter estava me traindo. Como eu confio nele, sobrou para a Interpol! – fala o Capitão sério enquanto torcia o braço, imobilizando o ajudante que gemia de dor.

 

Enquanto isso, Harry ia traduzindo tudo, atento para que o Capitão não exagerasse no que estava fazendo.

 

—Depois de conseguir armas, visitei a LAN-House. – explica o Capitão, ainda torcendo o braço do ajudante – O dono sabia quem era o cara que eu procuro. Mas não sabia o nome. Só sabia que fumava um charuto fedorento. Pressionei um pouco e ele me contou como era o charuto. Procurei na tabacaria e descobri que só uma em Londres vendia essa porcaria mal-cheirosa. Traduziu até aqui, Harry? – pergunta o Capitão sério.

 

—Sim. Continue. – fala Harry vendo que o comandante estava levando a mão até o interfone – Comandante, não faça isso. – pede Harry e vê que o comandante pára e volta a escutar.

 

—Depois de uma criteriosa investigação, usando os métodos mais modernos de busca de suspeitos... – fala o Capitão sorrindo e vê que o comandante ficou vermelho - ... consegui descobrir quem era o idiota! E pior, ao visitar o local, contaram-me que ele tinha sido preso pela própria Interpol! Daí fiquei sem escolhas, a não ser...

 

—A não ser ficar preso no mesmo lugar. – fala Harry sorrindo enquanto traduz tudo. – Por isso atacou e roubou drogas e entregou-se aqui.

 

—Correto. Interessante que mesmo sabendo que eu era policial, fui colocado numa cela cheia de criminosos. Um deles era o que eu queria. – fala o capitão sorrindo enquanto aumenta o aperto no braço do ajudante. – Bastou uma conversa delicada e gentil que ele me contou tudo o que eu queria saber, inclusive o nome do chefe dele.

 

—Que é? – pergunta Harry, imaginando o teor da “conversa delicada e gentil”, traduzindo rapidamente e vendo o Capitão olhar dentro da sala obviamente a procura de algo (“uma vassoura, talvez?”, pensou o bruxo).

 

—Que é este babaca aqui. – fala o Capitão sorrindo divertido enquanto aumenta a pressão no braço e, como um bônus, comprimindo com força o nervo ulnar do ajudante que grita de dor. – Agora... Ele vai me contar tudo o que eu quero saber, não vai?? Por que você não é o chefão! Você não é o “manda-chuva”. Você é só a bosta de um traidor miserável que ajuda a postar as fotos. Mas quem dá ordens a você?? – pergunta o capitão dando um “pedala Robinho” na cabeça do ajudante.

 

VÁ SE F*|)&R!!— grita o ajudante em português. – Se eu contar eles me matam!

 

—Medo de morrer? – pergunta o Capitão sorrindo ironicamente. – Creia em mim, filho, existem coisas piores do que a morte!!! Potter, me arruma uma vassoura que ele quer... confessar tudo!!!

 

—Isso é brutalidade policial! – grita o ajudante Halliwell, ainda meio zonzo e com um filete de sangue a escorrer pelo canto de sua boca.

 

—Não. Ainda não é. – fala Harry sorrindo junto com o Capitão. – Mas assim que eu voltar do almoxarifado, com uma vassoura, pode ter certeza que você vai dar outra definição para o que vai te acontecer!!

 

—Eu conto. Conto tudo. Mas faz ele parar! – fala o ajudante apavorado.

 

—Então me diga, quem é que eu devo procurar. – fala Harry sorrindo friamente.

 

—Realmente, o cara que manda as fotos para o nosso outro elemento, que faz a postagem delas no site, está em Hogwarts. Ele é conhecido como... – fala o ajudante, mas em seguida estremece e pára.

 

—Praga!!! – grita o Capitão soltando o braço do ajudante e o colocando por sobre a mesa com o peito para cima. Checou seus sinais vitais, mas não havia nada a ser feito. Da sua boca, uma pequena espuma escorria. – Veneno! Este cretino sem mãe está morto!!!

 

—E nos deixou sem nada. – fala Harry irritado, tocando a espuma com o seu Identificador de Substâncias – Cianeto de Potássio. O desgraçado sequer teve tempo de dar um gemido.

 

—Não. Ele nos disse onde começar nossa próxima busca. – fala o Capitão sorrindo. – Se me permite, eu gostaria de conhecer esta tal de Hogwarts!!

 

—Você ainda tem problemas com a lei para resolver. – fala o comandante sério.

 

—Se você quiser me colocar em julgamento, coloque. – fala o Capitão sorrindo. – Acredito que os jornais daqui vão adorar quando eu contar para eles que seu ajudante era um elemento do Círculo Sombrio, infiltrado na própria Interpol e que estava comandando uma rede de tráfico de drogas e outra de pedofilia pela Internet! Talvez você acabe perdendo seu cargo!

 

—Você não faria isso! – fala o comandante sério, embora algo nos olhos do Capitão Claudiomir não deixasse dúvidas de que ele cumpriria o que havia dito.

 

—Se você acredita nisso, Comandante, mantenha-me preso. – fala o Capitão sorrindo. – Caso contrário, bem, eu vou sair por aquela porta, assim que você me indicar o restaurante onde vai pagar o meu jantar!!

 

Merlin! Será que terei coragem de levar o capitão para Hogwarts?” – pergunta-se Harry preocupado. – “E se ele bater de frente com Sírius? Ou com Snape?” – pensa Harry subitamente divertido ao imaginar o que ele faria nesses casos.

 

—Pensativo, Harry? Posso chamá-lo de “Harry”? Vocês britânicos são muito formais. _ pergunta Claudiomir, brincalhão.

 

—Pode, Claudiomir. _ responde Harry, sorrindo _ É, vamos ter de resolver essa encrenca toda e eu acho que o desfecho realmente será em Hogwarts. Mas, antes disso, teremos de podar a ramificação dessa rede de pedofilia aqui em Londres. Acho que você vai ter de voltar à LAN, se me prometer que vai deixá-la de pé e não vai arrebentar mais ninguém. É somente uma missão de observação.

 

—OK, Harry. E creio que entendo sua estratégia. O tal cara deve ter um acervo e tanto, em algum lugar, além de um sistema de aprimoramento das fotos. Pegando esse cara e deixando-o inteiro, colocaremos as mãos no equipamento e poderemos espremer dele o nome do #&$*%!!! do pervertido que está abusando das crianças e fotografando-as em Hogwarts.

 

—Isso, Claudiomir. Você é realmente um policial padrão.

 

—Sei a hora de pensar com os músculos e a hora de pensar com a cabeça. Se não fosse assim, não seria cria do Nogata. Aliás, ele mandou um abraço. Está como assessor do Secretário de Segurança do Rio de Janeiro.

 

—Quem é bom cresce na profissão. Ah, você vai encontrar-se com dois caras que são umas feras em Informática e, por que não dizer, em “Informágica”.

 

—São de confiança?

 

—Membros da Ordem da Fênix e meus cunhados. São pioneiros em uma especialidade mágica chamada “Tecnomagia”.

 

—Melhorar aparelhos eletroeletrônicos com magia, não é? Fizeram isso com meu celular, quando recebi o acesso Nível 4. Disseram que era para que ele não pifasse em lugares com grande concentração de energia mágica.

 

—Pode crer. Sem isso, quando você fosse a Hogwarts, ele poderia até derreter no seu bolso.

 

—Certo, vou então à Lan-House e você entra em contato com os seus cunhados.

 

—Você irá reconhecê-los com certa facilidade, não se preocupe. Depois disso, iremos a Hogwarts e pegaremos esse pedófilo. Gosta de trens?

 

—Muito mais do que de aviões, pode estar certo disso. Por que?

 

—Depois de pegarem esse desgraçado, meus cunhados irão levá-lo para tomar um trem até Hogwarts. E contra barcos, você não tem nada?

 

—Não, inclusive gosto de pescar no Pantanal do Mato Grosso, sempre que posso.

 

—Ótimo. Então, a gente se vê em Hogwarts, para dar o golpe final naquele pervertido. Terá de usar trajes vitorianos, pois esse seu VR iria chamar muito a atenção, seria considerado moderno demais.

 

—Qualquer coisa, eu também trouxe um Armani na bagagem.

 

—Não, melhor os trajes vitorianos, mesmo. Vou avisá-los de que você irá encontrá-los na LAN-House. Até. _ e, como estavam em um local mais vazio, Harry desaparatou.

 

—Ainda não me acostumei com essa coisa de aparatar e desaparatar que eles fazem com a maior facilidade. _ murmurou Claudiomir para si mesmo.





Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts (Escócia, localização desconhecida)









Harry e Gina já haviam retornado e ele reassumira suas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas, tendo Richard Stabler como seu auxiliar. Estavam terminando as aulas sobre manejo de armas de fogo e agora estavam em um estande, do lado de fora do castelo. À frente deles, uma bancada com várias armas,de diferentes calibres. Grandes barras de sabão também estavam ali. Todos eles tinham abafadores, dependurados no pescoço, aguardando a solicitação para colocá-los. Stabler, vestido em trajes vitorianos, iniciou a aula.





—Bem, hoje teremos uma aula mais prática. Vocês verão a diferença entre os calibres e também o efeito do impacto de cada um deles. Sim, Srta. Nero?

 

—O que designa um calibre, Prof. Stabler? Quando se diz, por exemplo, “9 mm”, ao que deve-se a denominação? _ perguntou Mirela.

 

—Bem, Srta. Nero, o calibre de uma munição é a bitola ou diâmetro do projétil utilizado em uma arma de fogo que normalmente é expressa em centésimos de polegadas. Então quando dizemos calibre 38, estamos informando que o projétil desta munição possui 0,38 (na verdade .358 , o pescoço do estojo é que tem .379) polegadas de diâmetro ou seja, aproximadamente 9,6 mm. Seu diâmetro em mm é também outra forma muito utilizada para especificar o calibre de uma munição. Por exemplo: uma pistola 765 significa que seu projétil possui 7,65 mm; uma pistola 635 possui projétil de 6,35 mm. O calibre do cano raiado é dado pelo diâmetro entre os baixos relevos das raias, isto é o maior diâmetro interno desse cano. Isto é devido ao fato de que o projétil deve adentrar no cano, sendo provido o giro do mesmo, através dos altos relevos, ocorrendo com isto, as impressões mecânicas, utilizadas, por exemplo, para fins de perícia forense. Estes conceitos são válidos para a maioria das munições/armas de fogo, porém para as espingardas (armas de canos longos e lisos), o conceito de calibre é diferente. Para estas armas, o calibre corresponde ao número de esferas de chumbo, conseguidas, com uma libra de peso, sendo de diâmetro igual ao do diâmetro interno cano. Por exemplo: com 453,8 gramas (1 libra) de chumbo, faz-se esferas com o diâmetro do cano, obtendo com isto, 12 esferas, no caso. Neste, então, o calibre é o 12 gauge, ou seja calibre 12. E há as correspondências. Por exemplo, um dos calibres mais utilizados nos fuzis de assalto, atualmente, é o 5,56 mm, também denominado “5,56 NATO” ou então .223. O “NATO” deve-se ao fato de ser a munição de fuzil padronizada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte, da qual a Grã-Bretanha faz parte.

 

—E qual é a arma de porte mais potente? _ perguntou Grant.

 

—Pela minha experiência, Sr. Grant, e olha que a gente vê coisas de arrepiar os cabelos no trabalho policial, creio que, se for uma munição para revólver, deve ser a .454 Casull. As armas que calçam essa munição podem não chamar a atenção, mas o impacto pode derrubar um urso pardo. Se for uma pistola semi-automática, com certeza será a Wildey .475 Magnum. Alguém aqui já viu o filme “Death Wish III”, com o falecido ator de filmes de ação, Charles Bronson? _ vendo que algumas cabeças balançaram-se afirmativamente, Stabler continuou _ Naquele filme, o arquiteto Paul Kersey atinge, pelas costas, um membro de uma gangue que aterrorizava um bairro, com um disparo daquela pistola. Era um filme, mas o efeito do impacto foi bastante fiel à realidade, pois o cara voou mais de três metros para a frente. Agora, vamos à parte prática da aula. Coloquem os abafadores, por favor.

 

Os alunos e mais Harry e Stabler colocaram os abafadores e ele deu sequência à aula.

 

—Iniciaremos pelo calibre 22. Este pequeno projétil, considerado “anêmico” por muitos, causa estragos terríveis quando atinge o local certo. Já vi casos de vítimas atingidas na coxa morrerem, antes de poderem ser levadas a um hospital, devido à lesão da artéria femoral, que mata por choque hipovolêmico. Em uma outra ocasião, um projétil ricocheteou no chão e atingiu um rapaz, entre as costelas, penetrando câmaras cardíacas. Morte instantânea. E, ainda, essa munição é apelidada “Terror dos Cirurgiões”, porque ricocheteia e rasga vísceras, quando atinge o abdome, dando muito trabalho a eles para remendar os intestinos. Vamos ver o que ela causa. _ e, fazendo pontaria, atirou em uma barra de sabão. O impacto provocou um pequeno orifício de entrada e não saiu.

 

—Prof. Stabler, por que o sabão? _ perguntou Pettigrew.

 

—O sabão extrusado, quando novo, possui densidade, textura e consistência iguais à da plastilina, conhecida como “Gelatina Balística”. Esta, por sua vez, apresenta-as bem semelhantes à do corpo humano, sendo excelente para demonstrar os efeitos. Além disso, é bem mais barato do que a plastilina (risos). Agora vejamos. Um tiro de 22 causou esse pequeno efeito. Mas, quando são cem disparos, a conversa é outra.

 

Stabler pegou uma arma na bancada, que parecia saída de um filme de ficção científica, regulou uma chaveta, apontou para o sabão e atirou. A barra de sabão estilhaçou-se.

 

—Uau! _ espantou-se Randolph _ Que arma é essa?

 

—Fuzil de assalto Calico M-100, calibre 22, disparando uma rajada em automático total. Cem cargas, acondicionadas em um carregador helicoidal. O que uma não faz, cem fazem. Agora, o 38. Ele é o calibre mais usado por civis. Vejam. _ Stabler pegou um Rossi com cano de duas polegadas e cinco tiros, municiado com balas de ponta oca +P e atirou na barra de sabão. Abriu-se um furo do tamanho de uma moeda à entrada e um rombo do tamanho de uma maçã à saída do projétil _ A munição +P possui uma pólvora de queima mais lenta, gerando maior pressão e maior velocidade. O projétil de ponta oca transfere mais energia cinética ao alvo, causando o estrago que vocês estão vendo.

 

Ele foi demonstrando um a um o efeito dos vários calibres nas barras de sabão, até que pegou uma enorme pistola, apontando-a e atirando. A barra de sabão desintegrou-se, ao ser atingida pela bala da pistola.

 

—O que foi isso, Prof. Stabler? _ perguntou Tiago, espantado com o estrondo do disparo e com o recuo da arma _ Um canhão em miniatura?

 

—Esta é a Wildey 475 Magnum, Tiago. E esta outra, parecida com ela, é a Automag 44 Magnum, de efeito semelhante. _ Stabler apontou a Automag e atirou no sabão, que também arrebentou-se. A arma de Mack Bolan. _ disse ele, explicando sobre a associação entre a arma e um certo herói de livros de aventura.

 

—Ah, sim. Já li as histórias do Executor. _ disse Narcisa _ Papai gosta de livros de aventura trouxas.



A aula prosseguiu e, após seu término, Stabler e Harry conversavam.



—Está difícil de descobrir esse tarado, Dickie. _ disse Harry.

 

—Sim, Harry. Sabe, estou com a impressão de que estamos deixando passar alguma coisa. Precisamos examinar aquelas fotos, novamente. E você disse que há um policial do Brasil, investigando em Londres?

 

—Sim, o Capitão Claudiomir, do BOPE.

 

—BOPE? Eles são casca-grossa, mais durões do que os de Nova York. Bem, o trabalho deles é uma guerra constante, eles estão sempre na mira dos bandidos. Aliás, tivemos um intercâmbio com a SWAT e o BOPE, certa vez. O instrutor era um Major, recém-promovido, que iria para a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro.

 

—Nogata?

 

—Sim. Você o conhece?

 

—Claro. Certa vez subimos o morro juntos, no Complexo do Alemão. Janine e Draco haviam sido seqüestrados pelo Círculo e uma das pistas levou a um “aparelho”, em uma das favelas do Complexo do Alemão. Para encurtar, tive de chamar umas cobras e usá-las para conseguir informações de um bandido, um tal de “Zezinho Microondas”.

 

—Um psicopata, que gostava de matar as vítimas queimadas em pneus? Nogata me falou dele. Então, foi a sua vassoura que quase foi parar dentro dele?

 

—Foi. _ disse Harry, rindo _ E, para que ela não virasse instrumento de interrogatório, acabei usando a Ofidioglossia e chamando as cobras. Então, vamos rever as fotos, para tentarmos encontrar algum detalhe que tenhamos deixado passar.



E, juntos, o bruxo e o policial subiram de volta para o castelo.







Londres, edifício das Empresas Reunidas Gemialidades Weasley/Honra & Amizade – dois dias depois, 02:00h.







Em uma sala desocupada do nível de depósitos subterrâneos, o bruxo do Círculo Sombrio encontrava-se sentado à mesa, tendo acabado de fazer um pequeno lanche. Estranhava por que os que o haviam capturado tratavam-no tão bem (“Talvez seja um truque. Bem, se estão tentando drogar minha comida, será perda de tempo. As poções que tomei sepultaram tão fundo quaisquer informações, que eles acabarão desistindo”, pensou ele). O máximo que haviam feito, havia sido colocarem um bracelete inibidor de magia no seu pulso direito, do tipo que os Aurores usavam. Ele reconhecera os dois gêmeos, eram Fred e Jorge Weasley, sócios da empresa de logros onde ele encontrava-se. Eram filhos do Ministro da Magia da Inglaterra, Arthur Weasley e cunhados de Harry Potter. Aquela última parte era a que mais o preocupava, pois era lógico que o veterano Auror licenciado estava investigando algo sobre as fotos pedófilas, envolvendo alunos de Hogwarts (“Maldição! Se a coisa vazar, toda a nossa rede de sites pornô vai acabar dançando, sem contar a tentativa do Círculo Sombrio em retornar ao mercado das drogas. Mas que %#$*!! Eu bem que disse que seria perigoso fazer isso, envolvendo alunos de Hogwarts, eu disse a ele, praga! Mas não, ele disse que era seguro, usaria poções, hipnose e até mesmo Maldição Imperius para deixar as crianças em situação de fazer as fotos. O problema é que o desgraçado é um pervertido, que abusava das crianças, antes de dar a elas Poções Analgésicas e de submetê-las a Feitiços de Memória. Merlin! Posso ser um bandido do Círculo Sombrio, com algumas mortes nas costas, mas certas coisas têm limite. Confesso que, a cada vez que eu retocava as fotos no Photoshop para disfarçar os rostos das crianças, me dava vontade de vomitar. Estou com a impressão de que a coisa vai babar. Mas da minha boca não ouvirão nada. Nada! Afinal de contas, meu treinamento e a Poção Obnubilata deverão ser suficientes, espero”, pensou o bruxo). Mas o trouxa era quem lhe dava mais medo. Apesar de estar vestindo um Armani, nada tirava de sua cabeça que ele combinava mais com uma farda de policial. E farda preta, ainda mais que ele ouvira as palavras “BOPE” e “Vassoura”, na conversa. E ele sabia o que aquilo significava, pois já assistira “Tropa de Elite” e sabia que os métodos do BOPE na vida real não diferiam quase nada dos da ficção. Por uma estranha razão, toda vez que os gêmeos mencionavam o nome dele, “Claudiomir”, um desagradável arrepio percorria toda a extensão de sua espinha, de cima a baixo.



A porta abriu-se e deu passagem ao trio de interrogadores.

 

—Que tal o lanche, Sr. Pendergast? _ perguntou Fred.

 

—Como descobriram meu nome?

 

—Ora, somos filhos do Ministro da Magia da Inglaterra, temos ótimas relações com os Aurores, pertencemos à Ordem da Fênix..., será que eu me esqueci de alguma coisa? _ perguntou Jorge.

 

—Claro, também somos, modéstia à parte, os mais habilidosos Hackers da Bruxidade. _ disse Fred _ Descobrir o nome de Hyeronimus Pendergast foi a coisa mais fácil do mundo, depois que soubemos como era seu rosto. O senhor não tem nada para nos dizer, Sr. Pendergast?

 

—Nadinha, Sr. Weasley. E vocês não conseguirão me fazer confessar.

 

—Tomou alguma coisa, tipo Poção Obnubilata? _ perguntou Jorge.

 

—Sim.

 

—O que faz essa poção... ah, já me lembrei. Ela faz com que quanto mais a gente tentar obter informações, mais elas irão ocultar-se no subconsciente dele, não é assim que funciona? _ perguntou Claudiomir.

 

—Exato, Claudiomir.

 

—Então, quer dizer que somente poderemos obter informações se você nos der de forma espontânea?

 

—Exato. _ disse Pendergast.

 

—Isso significa que não existe jeito. _ Claudiomir fez uma cara desanimada.

 

—É o que parece. _ disse Pendergast _ Sabem, chego a ficar com pena de vocês.

 

Foi quando aconteceu uma coisa estranha. Um grande furúnculo aflorou na ponta do nariz de Pendergast, rompendo-se, logo em seguida e deixando escorrer gotas de pus.

 

—Eca, que nojento! _ disse Fred, com um sorriso malvado.

 

—Mas quer dizer que deu certo. _ disse Claudiomir, com um sorriso idêntico no rosto.

 

—Com certeza. _ disse Fred, também abrindo um sorriso malvado, igual ao dos outros dois.

 

—O que foi que vocês fizeram? _ perguntou Pendergast, começando a sentir dores no local do furúnculo.

 

—Nada de mais. _ respondeu Claudiomir _ Apenas garantimos que você nos dará as informações de que necessitamos de livre e espontânea vontade.

 

—Tá, e eu sou a reencarnação de Lucius Malfoy. _ disse Pendergast.

 

Imediatamente, outro furúnculo brotou, desta vez na testa de Pendergast, logo rompendo-se.

 

—Sabe, nós não somos maus a ponto de te envenenar... _ disse Fred.

 

—...Fale por si. _ disse Claudiomir.

 

—Ou mesmo de te drogar. _ disse Jorge.

 

—Por mim, não garanto nada. _ disse Claudiomir, novamente.

 

—Mas nada nos impede de testar em você alguns protótipos dos nossos logros e brincadeiras, principalmente... _ disse Fred.

 

—... Alguns que a equipe de pesquisas julga que ainda são meio... “perigosos” para serem lançados no mercado.

 

—Tipo esse, que já está fazendo efeito. _ disse Claudiomir.

 

—O que essa porcaria está fazendo comigo?

 

—Apenas funcionando como um detector de mentiras. _ disse Fred.

 

—Sabemos que, por você ter tomado Poção Obnubilata, mesmo o Veritaserum não tem garantias de arrancar alguma informação sua. _ disse Jorge.

 

—Mas os gêmeos são umas feras e descobriram que dois dos ingredientes do Veritaserum podem ser adicionados ao Febricolate, inibindo seu efeito colateral de causar o aparecimento de furúnculos. _ disse Claudiomir.

 

—Pelo menos, até que a pessoa conte uma mentira. _ disse Jorge.

 

—O que significa que, a cada mentira contada... _ disse Fred.

 

—... Um lindo e doloroso furúnculo cheio de pus irá brotar em um local aleatório do seu corpo, Sr. Pendergast. _ disse Claudiomir _ Portanto, a não ser que você queira transformar-se em uma {[($%&*##!!)]}!! de uma massa de furúnculos, é bom abrir o bico.

 

—Se eu falar, o Círculo me mata. _ disse Pendergast, em voz baixa. Nenhum furúnculo apareceu.

 

—Já estamos começando bem. _ disse Claudiomir _ Sabe, Sr. Pendergast, sua situação conosco também não é nada boa. Não podemos usar Maldição Cruciatus, embora o senhor mereça. Mas podemos fazê-lo passar por coisas que farão com que uma Maldição Cruciatus pareça-se com suaves cócegas.

 

—Vocês não teriam coragem... _ Pendergast nem acabou de falar e saltou da cadeira, como que impulsionado por uma mola. Outro furúnculo havia acabado de romper-se, agora em suas nádegas.

 

—Mais uma mentira, vejam só. _ disse Fred _ E eu posso até adivinhar onde foi que esse último rebentou.

 

—Eu não vou dizer mais nada, seus desgraçados! _ exclamou Pendergast, vermelho de raiva. Imediatamente, suas orelhas cresceram e transformaram-se em orelhas de burro, sob os risos dos inquisidores.

 

—Ah, esqueci de dizer. _ disse Jorge _ Seu sanduíche tinha um logro experimental cujo efeito é que, a cada vez em que você ficar nervoso, uma parte sua irá transformar-se na de um animal diferente. Qual será a próxima?

 

—Seus ##$%$&*!!! Vocês não podem fazer isso comigo!

 

—Xiii, agora foi o nariz dele que virou uma tromba e ele está parecendo uma anta, vejam só. _ disse Fred, franzindo a testa _ E aí, Pendergast, como está?

 

—Poderia estar melhor, se não fosse por vocês.

 

—Ora, só depende de você. _ disse Claudiomir.

 

—No Círculo nós somos treinados para resistir a torturas, Capitão. Suportamos a pressão física e psicológica.

 

—Para mim isso não é novidade, anta! Eu poderia te dar aulas de como resistir à pressão física e psicológica. Não sei se você percebeu, mas...

 

—Você é oficial do BOPE, eu já sei. _ disse Pendergast _ E vai me dizer que o seu dia-a-dia já é pressão e blá, blá, blá...

 

—Não, seu $$%#!! _ disse Claudiomir, colocando a mão no ombro de Pendergast, pressionando um feixe nervoso e fazendo o bruxo soltar um ganido de pura dor, com a pressão exercida _ Eu ia lhe dizer que, na verdade, EU sou a pressão física e psicológica, pois sou instrutor das turmas de formação do BOPE. Já ouviu falar dos Spetsnaz, a força militar de elite da Rússia, desde os tempos da antiga União Soviética? Pois um grupo de dez deles foi fazer um estágio no BOPE, há alguns anos e eu era Tenente, encarregado da instrução. Cinco desistiram na primeira semana, dois ficaram aleijados, dois foram desligados por roubarem comida e só um deles formou-se. E, mesmo aquele, acabou borrando as calças no penúltimo dia, de tanto que eu fiquei em cima dele. Depois da formatura, tomamos um porre de Vodka e hoje, somos bons amigos. Ou seja, se os Spetsnaz cederam, um embusteiro como você não vai dar nem para o cafezinho. Conselho de amigo, vai abrindo o jogo e terá uma chance de sair inteiro dessa.

 

—Está blefando, tira. Vocês só estão esperando para me entregarem aos Aurores. E eu também não direi nada e eles! _ as mãos de Pendergast transformaram-se em patas de macaco.

 

—Acho que você não entendeu nada, monte de estrume de dragão. NÓS somos a única chance que você tem de sair vivo. _ disse Jorge _ Ou você acha que não há espiões do Círculo Sombrio infiltrados no Ministério?

 

—Você não duraria um dia sequer, Pendergast. Eles iriam realizar uma bela queima de arquivo. _ disse Fred.

 

—Ainda assim, não direi nada! _ e os pés de Pendergast tornaram-se cascos de bode.

 

—Nem nós perguntaremos. _ disse Jorge _ Afinal, não queremos que seu conhecimento da informação que queremos fique oculto pela poção. Ainda esperamos que você fale espontaneamente.

 

—É ruim, hein? Mas não falo de jeito nenhum! _ exclamou Pendergast, enquanto um úbere de vaca, com quatro tetas, surgia no seu tronco.

 

—Eu temia que fosse ser desse jeito. _ disse Claudiomir _ Fred, Jorge, dêem os antídotos para os logros. Agora EU vou me entender com Pendergast.

 

Depois que os gêmeos deram os antídotos ao bruxo das Trevas, Claudiomir sentou-se em uma cadeira à frente dele e calçou um par de luvas de couro pretas.

 

—Pendergast, eu estou começando a me encher de bancar o bom moço, isso definitivamente não combina comigo, como você já deve ter visto. Pelo que eu sei, o efeito da Poção Obnubilata só entra em ação se alguém fizer perguntas sobre o que deseja saber. Como Jorge disse, não perguntarei nada. Mas você iria desejar que eu perguntasse, cara.

 

E, ato contínuo, Claudiomir deu uma fortíssima bofetada com o dorso da mão direita no rosto de Pendergast. Imediatamente seus lábios incharam e um filete de sangue escorreu do canto de sua boca.

 

—Acho que as próximas cenas serão impróprias para menores, não concorda comigo, mano? _ perguntou Fred.

 

—Concordo plenamente, mano. _ disse Jorge _ E digo mais, serão impróprias até para maiores.

 

Como que sublinhando as palavras de Jorge, um soco de Claudiomir extraiu, com as respectivas raízes, dois dentes da boca de Pendergast.

 

—Será que eu devo dar um cartão do consultório do pai da Mione para esse sujeito? _ perguntou Jorge.

 

—Se ele sobreviver, com certeza irá necessitar de alguns implantes ósteo-integrados. _ disse Fred.

 

—E o Dr. Edward Granger certamente é um dos melhores especialistas na área. _ disse Jorge, enquanto outro dente saltava para fora da boca de Pendergast, com mais um soco de Claudiomir _ É, acho que vou dar um cartão do Dr. Granger para ele, sim.

 

—O que pensa que está fazendo, cara? _ perguntou Pendergast, após cuspir um pouco de sangue _ Isto é crueldade demais! Tem certeza de que você é policial?

 

—Não, Pendergast. Crueldade seria se eu tivesse arrancado todos os seus dentes no primeiro soco. Mas não adiantaria, pois então você não conseguiria falar. E eu sou policial, sim. Daqueles que sempre cumprem sua missão.

 

—Já disse, se eu falar eles me matam.

 

—Bem, acho que está na hora de passarmos para o segundo estágio. Você é bem resistente, Pendergast. Não sei se merece minha admiração ou minha pena.

 

—???

 

—Admiro sua resistência, mas tenho pena de você, porque terei de passar para métodos mais... contundentes.

 

—Como assim?

 

—Está quente aqui. Fred, Jorge, poderiam providenciar algo refrescante?

 

—É para já, Claudiomir. _ E, em seguida, Fred e Jorge conjuraram um tanque, cheio de água. Então, Claudiomir aproximou-se da borda do tanque, segurando a cabeça de Pendergast pelos cabelos da nuca.

 

—Seu rosto está meio sujo de sangue. _ disse Claudiomir _ Acho que é melhor lavá-lo.

 

Antes que Pendergast pudesse esboçar qualquer reação, sua cabeça foi enfiada dentro da água e mantida lá, pelo braço de ferro do oficial do BOPE. Quando sua reserva de oxigênio estava terminando, Claudiomir puxou-a para fora e olhou para ele, sorrindo de um modo bastante significativo.

 

—Não! _ exclamou Pendergast.

 

—Lá vamos nós de novo. _ e Claudiomir novamente enfiou a cabeça do bruxo no tanque. Quando ele estava a ponto de afogar-se, sua cabeça foi novamente puxada para fora.

 

—Fred, Jorge, querem experimentar? É bem divertido. Só tomem cuidado para não ficarem tempo demais com ele debaixo dágua.

 

—Ahn, não. Muito obrigado, Claudiomir. Ser espectador já é diversão suficiente. _ disse Jorge.

 

VÃO SE F#|)&R!!! SEU TRIO DE SÁDICOS! NEM LORD VOLDEMORT AGIRIA DESSA MANEIRA! EU JÁ DISSE QUE NÃO VOU DIZER NADA, OUVIRAM?! NADA, ABSOLUTAMENTE NADA, SEUS $%&*##!!! DE %$%&*##$!! DE UMA #$#$¨&*%%%!!!!!!

 

—Credo, ele está ficando histérico. _ disse Fred.

 

—Nossa, alguns desses palavrões nem eu conhecia. Esse cara é mais desbocado do que eu. _ disse Claudiomir.

 

—E agora? _ perguntou Jorge.

 

—Eu tinha medo de que chegássemos a esse ponto. Fred, Jorge, acredito que teremos de passar para o terceiro estágio.

 

—Isso quer dizer... _ disse Jorge.

 

—... Que vai ser preciso usar... _ disse Fred.

 

—... Exatamente. Por favor, tragam uma vassoura.



Ao ouvir aquilo, Pendergast começou a reconsiderar sua posição e suas chances. À menção da palavra “vassoura”, dita por um oficial do BOPE, o bruxo novamente sentiu aquele arrepio, que percorreu sua espinha de cima a baixo, detendo-se bem em baixo, de uma maneira bastante incômoda. Quando Fred retornou do almoxarifado, tendo em mãos uma vassoura não-mágica, porém de cabo longo e grosso, ele raciocinou bem e chegou à conclusão de que seria melhor confessar tudo o que eles quisessem saber e, se necessário fosse, até mesmo um pouco mais.



—OK, OK. Eu digo tudo o que vocês precisam saber. Só levem essa maldita vassoura para bem longe daqui. _ disse Pendergast, desesperado.

 

—Sábias palavras, Sr. Pendergast. _ disse Claudiomir, sorrindo e dando um tapinha nas costas do bruxo.

 

—Jorge, traga alguns Cristais de Armazenagem. _ disse Fred _ Eu acho que a conversa vai ser bastante longa.








"Mas esse #$%&*!! não quer colaborar?! Fred, Jorge, vocês poderiam, por favor, trazer uma vassoura?"


Depois de algumas horas...





Reunidos à volta de uma mesa, os quatro saboreavam fumegantes doses de uísque de fogo. Os quatro? Sim, os quatro, pois Pendergast também encontrava-se sentado, com um copo na mão. Seus lábios inchados, os olhos roxos e o nariz quebrado haviam sido consertados por Fred e Jorge. Quanto aos dentes, não houve jeito, pois a habilidade dos gêmeos em feitiços de cura não era tanta. Hyeronimus Pendergast havia contado tudo o que sabia sobre a rede de pedofilia na Internet, administrada pelo Círculo Sombrio. Além disso, o bruxo havia dado informações preciosas sobre as tentativas do Círculo em retornar às atividades de tráfico de drogas.





—Pendergast, isso é de dar náuseas. _ disse Claudiomir, depois de tomar um gole de sua bebida _ Colaborar em uma rede de pedofilia pela Internet é demais, até mesmo para bruxos das Trevas. Confesso que estou me segurando para não continuar o que comecei.

 

—Capitão Claudiomir, você não precisa acreditar no que eu digo pois, afinal de contas, não sou exemplo para ninguém. A última coisa para a qual eu sirvo é para santo, eu sei. Meu pai era um Death Eater da velha guarda, nos Dias Negros e na Segunda Ascenção de Lord Voldemort e eu aprendi a lançar Maldições Imperdoáveis antes mesmo de ir para Durmstrang e lá eu aprimorei as técnicas, sobre a direção do finado Karkaroff. Sob as ordens do Círculo Sombrio eu cumpria as missões que “Sombra & Escuridão” me passavam. Já matei, chantageei, menti, roubei, mas há limites. Acontece que existem coisas que ultrapassam o limiar de tolerância até mesmo de um assassino. Minha função era, ao receber as fotos do Memory Stick, retocá-las com o Photoshop, para disfarçar os rostos das crianças e melhorar a parte gráfica, antes de fazer o Upload delas para o site pornô. Não tenho esposa nem filhos, mas ficava imaginando se eu tivesse um e fosse ele naquela nojeira toda. A cada vez em que eu postava as fotos, me dava vontade de vomitar. Posso dizer que era a muito contragosto que eu fazia a postagem de toda aquela podridão.

 

—E não dava para recusar esse tipo de tarefa? _ perguntou Fred.

 

—Parece que vocês não conhecem direito o Círculo, gêmeos Weasley. “Escuridão” não deixa nada barato e recusar uma missão é um convite para receber, no mínimo, uma “Cruciatus” e eu já vi o suficiente dos efeitos dela nos outros para não querê-los em mim. Se bem que a surra que levei do Capitão Claudiomir chega bem perto.

 

—Sempre à disposição. _ brincou Claudiomir.

 

—Dispenso, obrigado. _ disse Pendergast _ Uma vez foi o bastante para não querer nem pensar em outra. E, só para saber, você iria mesmo usar aquela vassoura?

 

—Pendergast, eu não sou um brutamontes que adora ficar dando porradas nos outros e também não faço isso o tempo todo, só quando é preciso, se eu estiver em missão. O problema é que, no BOPE, estamos quase que constantemente em missão, nossa guera é permanente e, acredite, mesmo a Inglaterra sendo um potencial alvo de atentados terroristas, eu caminho mais tranqüilo pelas ruas de Londres do que no Rio. Lá, a bala pode vir de qualquer lugar. Quando você sobe um morro, os olhares que você identifica são de medo ou de hostilidade. Aquele que não quer te dar um tiro, encolhe-se de medo, tanto de você, quanto dos bandidos, pois não faz muita diferença para eles, que ficam como mariscos, prensados entre o rochedo e o mar. Em missão, usamos toucas Ninja, pois não podemos sequer mostrar o rosto. O BOPE é igualmente odiado e admirado, além de constantemente questionado. Mas somos conhecidos por cumprirmos nossas missões, o que nos torna até mesmo invejados por outros setores policiais que podem até tentar, mas NUNCA SERÃO iguais. E isso também me lembra que o meu finado avô, no Mato Grosso, costumava sempre citar um ditado que me marcou muito.

 

—E qual era? _ perguntou Pendergast.

 

—Era “Em baile de cobra, nunca se vai fantasiado de rato”. Quer dizer que você tem de adaptar-se ao meio em que está. E eu levo a interpretação do ditado ainda além, acreditando que, se você está em missão, deve utilizar de todos os meios ao seu alcance para atingir os objetivos e cumpri-la. Isso equivale a dizer que, embora eu tenha percebido que você iria ceder apenas olhando para a vassoura, caso você continuasse resistente eu a utilizaria, sim. Estou sendo sincero com você, porque você também foi sincero e nos disse o que precisávamos saber. Agora, resta uma dúvida. O que faremos com você, Pendergast?

 

—É verdade. _ disse Fred _ Se nós simplesmente o deixarmos ir, ele poderá melar a operação para pegar o tarado.

 

—Negativo, Weasley. _ disse Pendergast _ O simples fato de eu ter aberto o jogo já me queimou com o Círculo e eu posso considerar-me marcado para morrer. O que me resta agora é passar minha vida fugindo. Pelo menos eu não tenho uma família para o Círculo ameaçar. Minha vida agora será a de um nômade, nunca passando mais do que duas noites no mesmo lugar e olhe lá.

 

—Mas podem haver alternativas, Sr. Pendergast. Ainda mais se o senhor estiver disposto a continuar a nos dar informações sobre as operações do Círculo, das quais o senhor tiver conhecimento. _ disse Jorge.

 

—Que remédio... _ disse Pendergast, com um suspiro _ Qualquer coisa para continuar vivo. E quanto aos meus dentes?

 

—Daremos um jeito. _ disseram os gêmeos, juntos.





Hogwarts, Gabinete do Diretor – 02:00 h







—Meus olhos já estão ardendo. _ disse Harry, tirando os óculos e esfregando levemente os olhos.



—O pior é que não sabemos, com exatidão, o que estamos procurando. E já reviramos essas fotos nojentas dezenas de vezes. _ disse Sirius.

 

—Mas algo me diz que estamos deixando passar o detalhe mais importante. _ disse Stabler.

 

—Como será que os gêmeos estão se saindo? _ perguntou Sirius.

 

—Combinamos silêncio de comunicações, embora nossas linhas sejam seguras, a não ser que houvesse algo de muito importante, tipo eles terem obtido a informação com o tal bruxo. E eu acho que está demorando um pouco, o que me deixa bastante preocupado. _ disse Harry.

 

—Com o quê? _ perguntou Sirius.

 

—Acho que sei, Sirius. _ disse Stabler _ O Capitão Claudiomir pode querer usar a vassoura.

 

—O cara não faria isso... _ e, depois de ver os olhares que Harry Potter e Richard Stabler deram, Sirius retificou _ Faria, sim. Vejo na cara de vocês. Bem, vamos rever essas fotos. Olhem, há algumas que foram postadas nesta semana.

 

—Essas eu ainda não vi. _ disse Stabler.

 

—Parece que há um detalhe do ambiente. Vamos ver se dá para ampliá-lo. Sirius, este computador está com aquele Software de ampliação que os gêmeos aprimoraram?

 

—Sim, está.

 

—Muito bem. Vamos ver, ampliando a foto três vezes... ah, ficou bom.

 

—As imagens são em bitmap ou vetorizadas? _ perguntou Stabler.

 

—Vetorizadas. Se não fosse assim, perderiam qualidade com a ampliação, mesmo com o programa dos gêmeos. _ disse Harry _ Parece que estou conseguindo alguma coisa, naquele canto. Parece haver uma vasilha ali. Vamos centralizar ali e ampliar mais um pouco.

 

Harry ampliou a imagem e a tal vasilha revelou ser um cinzeiro.

 

—Tabagismo não é visto com bons olhos aqui em Hogwarts mas, mesmo assim, há alunos e professores que fumam, mais ou menos escondidos.Lembram-se da professora Grubbly-Plank? Ela gosta de dar umas cachimbadas. _ disse Sirius.

 

—E também haviam alunos do meu tempo, tipo Lorraine Smollett e Valérie Malfoy. _ disse Harry.

 

—Ela não era um envenenador, a serviço de Voldemort? _ perguntou Stabler.

 

—Ela mesma. _ disse Harry _ Usava o codinome “Venom” e morreu em Azkaban, uns três anos depois da minha formatura. Se não me engano, ela fumava Gauloises. Falando em cigarros, há algumas guimbas no cinzeiro, inclusive uma bem grande. Acho que, se eu ampliar mais, dará para ler a marca.

 

Uma nova ampliação e a guimba aumentou de tamanho na tela, deixando ver o nome da marca do cigarro e uma outra coisa mais.

 

—Avrupa. Pensei que não fabricassem mais. _ disse Harry _ Um cigarro egípcio, de fumo forte e cheiro inconfundível, bastante raro e caro e eu já senti seu cheiro em alguém, aqui em Hogwarts, só não me lembro de quem era. Mas, se não me engano, há uma tabacaria em Londres que os importa. Creio que nosso pedófilo encomenda-os, embora os pacotes acabem ficando meio pesados para uma só coruja.

 

—O problema é que há várias agências de correio-coruja em Londres e o intermediário pode usar nomes falsos. _ disse Stabler _ Mas parece haver outra coisa ali. Vejam, está debaixo do cinzeiro.

 

—Revista “Playbruxo”, último número. Isso reforça a teoria de que as fotos são recentes. _ disse Sirius.

 

—Sim, e há um detalhe: a etiqueta do assinante está visível. Gente, acho que o nosso pedófilo cometeu um erro fatal. _ disse Harry _ Vou centralizar na etiqueta e ampliar sucessivamente.

 

Harry o fez e, a partir de certo ponto, foi possível ver o nome do assinante.

 

—Não acredito que possa ser ele! _ exclamou Sirius.

 

—Geralmente é alguém de quem ninguém suspeitaria. _ disse Stabler.

 

—Assim como os espiões. _ disse Harry _ Quem suspeitaria, por exemplo, que o espião de Voldemort, quando eu estava no sexto ano, era Sibila Trelawney? Mas tudo se encaixa, gente. Agora eu me lembro de quem eu até já vi fumando cigarros egípcios Avrupa. Acho que já temos o nosso pedófilo. Precisamos é fechar o cerco em torno dele para, então, apanhá-lo.

 

—E quem é ele, Harry? _ perguntou Sirius. Harry ia dizer, quando seu telefone tocou. “Spacer”, de Sheila And The B. Devotion. Era o toque de sua linha segura.

 

—Alô?... Claudiomir?... Então pegaram o cara?... Certo, e ele confessou?... Sim, coincide com o que acabamos de descobrir... Hein? Ele tem mais coisas para contar?... Certo, concordo com vocês. Ele é um cara marcado para morrer e precisamos dele vivo. Não há lugar mais seguro do que Hogwarts, para mantê-lo assim... Não, não aparatem em Hogsmeade. Nem usem a Rede do Flu, pode haver monitoração por parte de espiões do Círculo. Não usem o Nôitibus, estamos mantendo vigilância sobre Lalau, ele é suspeito de espionar para o Círculo... Isso, só resta o Expresso de Hogwarts. Mas transfigurem-se, viajem disfarçados. E Pendergast deve ser mantido vivo. Principalmente se o que você me disse for verdade. Aguardamos vocês, amanhã à noite. Até lá, então. _ e Harry desligou o telefone, guardando-o no bolso das vestes. _ Gente, eu tenho boas notícias. Claudiomir acabou de ligar, dizendo que o tal sujeito, Pendergast, confessou. Eles estão vindo para cá, amanhã, no Expresso de Hogwarts. A caçada começou.





Londres, Empresas Reunidas Gemialidades Weasley/Honra & Amizade – trinta minutos antes.









—Como eu lhe disse, Sr. Pendergast, poderemos resolver o seu caso, principalmente se o senhor continuar a colaborar conosco. _ disse Fred _ E poderemos começar pelos seus dentes.





—E o que vão fazer?

 

—Eles já estavam meio prejudicados, mesmo antes do Capitão Claudiomir “extraí-los”. Então, não vai dar para reimplantá-los com magia.

 

—Vamos passar pelo consultório de um especialista, que poderá providenciar os implantes. _ disse Jorge _ Um dentista trouxa.

 

—Edward Granger? _ perguntou Pendergast _ O pai da Profª Weasley é conhecido por toda a Bruxidade, por resolver os casos nos quais a magia não dá jeito.

 

—Ele mesmo. Para bruxos, ele tem implantes melhorados com magia, que integram-se imediatamente ao osso, não precisando do período de integração.







Uma rápida visita ao consultório de Edward Granger, na madrugada e logo o problema dos dentes de Pendergast estava resolvido. Enquanto aguardavam a hora de irem para a estação de King’s Cross, discutiam sobre como manter o novo informante a salvo do Círculo Sombrio.













—Bem, poderemos providenciar seu “desaparecimento”. Forjar sua morte e passar o senhor por uma Reformatação Facial Mágica, a chefe desse setor do St. Mungus, Martinette Thomas é nossa amiga...







—...Isso porque Gina desistiu de extrair os órgãos internos dela, sem anestesia, aos quinze anos...

 

—... Graças ao Harry, pois foi naquele ano que os dois começaram a namorar e ela resolveu deixá-la em paz...

 

—... Caso contrário, não haveriam mais Martinette nem Dean Thomas...

 

—... Porque Rony também desistiu de arrancar uma certa parte do corpo dele.

 

—Ô, família de gênio forte... _ comentou Claudiomir _ E, com isso, poderemos mudar a cara de Pendergast?

 

—Completamente. E poderemos continuar a contar com sua colaboração, naquilo que ele sabe, pois seria providenciada sua realocação, através de um programa de proteção a testemunhas e informantes, que foi implantado pela Seção de Aurores... _ disse Fred, no que foi interrompido por Pendergast.

 

—... E esse tal programa de proteção por acaso está sob a chefia de Kingsley Shacklebolt? _ perguntou o bruxo do Círculo.

 

—Sim. Por que? _ perguntou Jorge.

 

—Então eu acho melhor que vocês me lancem logo uma “Avada Kedavra”.

 

—Não estou entendendo. O que há de errado com Shacklebolt?

 

—Fred, Jorge e Capitão Claudiomir, vocês são a minha única chance de permanecer vivo, portanto vou lhes dar mais uma informação: Kingsley Shacklebolt não é bem o que vocês pensam.

 

—Algo aconteceu com ele? _ perguntou Fred.

 

—Mais do que vocês possam imaginar. Mas é melhor que falemos disso em Hogwarts, pois farei um relatório completo para Harry Potter. Mas eu tenho uma reclamação a fazer.

 

—Qual? _ perguntou Jorge.

 

—Por que é que, nessa transfiguração que teremos de fazer para nos disfarçarmos, até chegarmos a Hogwarts, justamente eu tenho de me transfigurar de mulher?

 

—Não reclame, Pendergast. _ disse Claudiomir _ Eu também não estou nada contente em ter de representar o papel de seu marido.



Todos riram e serviram-se de mais uma dose de uísque de fogo, antes de saírem para King’s Cross.







Sighisoara, Romênia – Naquele exato momento









Sighişoara (em húngaro: Segesvár, alemão: Schäßburg, latim: Castrum Sex) é uma cidade da Roménia, situada na região da Transilvânia a 175 quilômetros de Bucareste. É a terra natal de Vlad Tepes, o Drácula e seu centro histórico é Patrimônio Mundial da UNESCO, desde 1999. Situada no Condado de Mureş, encontra-se a 380 metros de altitude, em relação ao nível do mar. Sua situação estratégica no cruzamento de várias rotas comerciais foi um fator preponderante no desenvolvimento da cidade.







Em um beco, próximo à Strada Tarnavei, a certa distância do Mercado, havia uma entrada mágica para uma chácara, em cuja casa a fumaça evolava-se da chaminé. O casal desfrutava de uma pequena folga de suas atividades e recebia a visita de seu filho, estudante de Durmstrang. Saindo em direção a uma estufa, onde colheria alguns cogumelos frescos, a fim de refogá-los para o almoço, a mulher reparou em algo que parecia-se com uma pilha de trapos, só que ela se mexia. Chegando mais perto, ela viu que era um homem e então dirigiu-se a ele.



— “Bună dimineaţa, domnule. Tu faci bine? Orice probleme? Cum ai ajuns aici?” (“Bom dia, senhor. Está passando bem? Algum problema? Como conseguiu entrar aqui?”)

 

Quando o homem virou-se, fitando-a com olhos cansados e doentes, ela deu um grito e chamou pelo marido.

 

— “Viktor, vino aici, repede!” (“Viktor, venha aqui, rápido!”).



Ele correu para fora, com a varinha em punho e respondeu ao chamado da esposa.



— “Sunt aici, Elisabeta. Ce se intampla?” (“Estou aqui, Elisabeta. O que está acontecendo?”).

 

— “Tocmai am găsi, situată lângă sobă, draga. Uite cine este!” (“Acabei de encontrá-lo, caído perto da estufa, querido. Veja só quem é ele!”).

 

Estupefato ao reconhecer o homem caído, ele exclamou, não em romeno, mas no seu idioma natal.

 

— “Господи, Елизабета! Трябва незабавно да предупредим Хари Потър!” (“Meu Deus, Elisabeta! Temos de avisar Harry Potter, imediatamente!”).



Debilitado, desnutrido e algo seqüelado pelas drogas recebidas no cativeiro, trajando vestes esfarrapadas e com uma varinha meio trincada em uma das mãos, caído em frente a Elisabeta e Viktor Krum, estava o Chefe do Departamento de Aurores, Kingsley Shacklebolt.




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