Harry Potter e o Estigma da Serpente escrita por JMFlamel


Capítulo 11
UM MONSTRO ENTRE NÓS


Notas iniciais do capítulo

Então é isso que está acontecendo com alguns alunos de Hogwarts? Precisaremos de toda a ajuda possível para deter esse pervertido! Um jovem bruxo tem uma desilusão amorosa. E quanto a Shacklebolt? Até quando o Chefe da Seção de Aurores resistirá, antes de revelar a "Sombra", "Escuridão" e Mariana as preciosas informações em sua mente?



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CAPÍTULO 10


 


 


 


UM MONSTRO ENTRE NÓS


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


Gina concluiu o exame físico em Leonard Waltrich, dividida entre a repulsa e a indignação. Depois que o garoto vestiu-se, sentaram-se à escrivaninha da bruxa.


 


_E você está sentindo essas dores já há alguns dias, foi o que disse?


 


_Sim, Dra. Potter. _ respondeu o garoto.


 


_Você tem algum problema digestivo, principalmente constipação intestinal?


 


_Tinha, há alguns anos atrás. Mas tudo já se resolveu e hoje o “Nº 2” já não é mais um sacrifício para mim.


 


_Percebeu se mais alguém anda apresentando os mesmos sintomas que você, Sr. Waltrich?


 


_Bem, Dra. Potter, isso não é algo que se comente em qualquer conversa, não concorda? _ perguntou o aluno, com um sorriso meio sem jeito, acompanhado por Gina _ Mas, já que a senhora perguntou, eu posso lhe dizer. Gillespie, da Sonserina e mais Donegal e a Srta. Bassani, da Grifinória, parecem ter apresentado algo semelhante.


 


_Seria difícil pedir para que eles viessem me procurar (“Alunos do primeiro e segundo anos”, pensou Gina)? Acho que precisarão de mim.


 


_Falarei com eles, Dra. Potter.


 


_OK, Sr. Waltrich. Tome 10 ml desta poção, três vezes ao dia, durante uma semana. Ela possui propriedades analgésicas e antiinflamatórias. _ Gina deu um frasco a Waltrich e liberou o garoto.


 


O jovem Leonard Waltrich retirou-se e Gina sentou-se novamente à escrivaninha. Com um movimento de sua varinha, conjurou uma xícara de chá verde, bem quente. Tomou alguns goles e fechou os olhos, concentrando-se e usando seu elo telepático com o esposo.


 


_ “Harry, onde você está?


 


_ “Estou perto do hospital escolar.


 


_ “Venha aqui, então. Preciso falar com você.


 


_ “Aconteceu alguma coisa?


 


_ “Prefiro que falemos pessoalmente, querido. Estou te esperando.


 


 


 


 


 


Poucos minutos depois, Harry entrava no consultório. Conjurou uma xícara de Espresso forte, bem ao seu gosto e fez companhia à esposa.


 


_O que foi, Gina? Você parece muito preocupada. _ perguntou Harry, após tomar um gole do seu café.


 


_Tenho vários motivos para tanto, Harry. E todos eles importantes.


 


_Então, me conte tudo, por favor.


 


_OK, lá vai. _ e Gina contou ao esposo sobre os achados no exame de Leonard Waltrich e sobre o fato dele ter dito que haviam outros alunos com sinais e sintomas semelhantes. Ao término do relato, Harry estava espantado e indignado.


 


_Muito grave, Gina. Mas muito grave mesmo. Sabe, eu acho que deveríamos fazer uma reunião. _ disse o bruxo, esvaziando a xícara e colocando-a sobre a escrivaninha,


 


_Com todos os professores?


 


_Acho que de início não, Gina. O caso é extremamente delicado e se começarmos a fazer reuniões gerais podemos acabar alertando o responsável por isso. Além de que a coisa parece ter ramificações, batendo com algo que Tonks me falou. Vamos falar com Sirius, Snape, Ayesha, Mione, Jan, McGonnagall e Dumbledore. Além deles, vamos chamar Tonks e o Prof. Mason.


 


_Certo. Vamos atrás de Sirius, então. _ disse Gina, terminando seu chá e fazendo as xícaras desaparecerem, dizendo “Evanesco”. O casal saiu do hospital escolar, de mãos dadas, à procura do Diretor de Hogwarts.


 


 


 


 


 


Encontraram Sirius e Ayesha, quase na hora do jantar. Enquanto iam para o Salão Principal, Sirius perguntou:


 


_Está acontecendo alguma coisa, Harry? Conheço meu afilhado bem o bastante para saber quando algo vai errado com ele, só de olhar para a sua cara.


 


_Precisamos reunir algumas pessoas no Gabinete da Direção, ainda hoje. Teremos de chamar Mason e Tonks.


 


_OK, Harry. Pode usar a lareira do Gabinete, logo após o jantar.


 


 


 


Depois do jantar, Harry postou-se em frente à lareira e lançou um punhado de pó de Flu. Quando as chamas ficaram verdes, ele colocou a cabeça e disse : “Mansão Malfoy, Wiltshire”. Imediatamente, sua cabeça rodopiou e surgiu na biblioteca da mansão, onde estavam Draco, Marilise e Derek.


 


_Boa noite, Harry. A que devemos a visita? _ perguntou Marilise.


 


_Terei de roubar o Prof. Mason de vocês, por algumas horas. Precisamos do senhor, em Hogwarts. Tudo bem com vocês?


 


_Sim, Harry. Recebemos as corujas com as últimas notas das crianças e estamos satisfeitos. _ disse Draco _ Está acontecendo algo em Hogwarts?


 


_Está, Draco. E é por isso que precisamos da ajuda do Prof. Mason.


 


_Deve ser grave. _ disse Marilise.


 


_Realmente é, Marilise. Quando eu puder dizer algo, direi. Até.


 


_Até, Harry. _ a cabeça de Harry desapareceu da lareira e as chamas voltaram à cor normal. Com um beijo em Marilise e um aperto de mão em Draco, Derek Mason lançou um pouco de pó de Flu e disse “Hogwarts, Gabinete do Diretor”. Entrou na lareira e logo saiu, cumprimentando os amigos que esperavam por ele. Dali a pouco, as chamas voltaram a ficar verdes e Tonks saiu, com seus cabelos rosa-choque.


 


_Creio que estamos todos aqui. _ disse Harry _ Gina tem algo de muito importante para nos dizer.


 


_Fale, Gina. _ disse Sirius.


 


_OK. Hoje à tarde, fui procurada por um aluno do primeiro ano, Leonard Waltrich.


 


_Ah, sim, da Lufa-Lufa. _ comentou Snape _ Um garoto bastante promissor em Herbologia, me lembra um pouco o Longbottom, quando era aluno.


 


_Exato. Ele estava reclamando de dores e eu realizei um exame físico nele. Quando eu examinei o lugar onde ele dizia sentir as dores... _ e Gina não pôde continuar, pálida e nauseada. Harry completou por ela.


 


_Gina descobriu que o Sr. Waltrich apresentava pequenas lacerações e fissuras anais, algumas relativamente recentes e outras mais antigas.


 


_E quando eu perguntei a ele se ele havia sido forçado a fazer algo contra a vontade e ele negou, categoricamente. _ disse Gina _ E foi o que eu achei mais estranho.


 


_Bem, não se pode negar que alguns alunos acabam por serem bastante ousados em seus relacionamentos, sinal dos tempos. _ disse Dumbledore.


 


_E que alguns, agora, sentem-se mais à vontade para assumirem tendências que, antes, ficavam escondidas, com medo de preconceitos. _ comentou Derek Mason, tomando um gole de água _ Mas isso não torna ninguém melhor ou pior do que os outros.


 


_Realmente, pessoas muito boas. Basta lembrar que nossas amigas Milly e Blaise são empresárias de sucesso no Brasil e que Roger Davies e Michael Corner são dois dos melhores advogados bruxos não só da Inglaterra, mas de toda a Europa. Orientação sexual não deve servir de motivo para discriminação, violência ou deboche em relação a ninguém. _ disse Hermione.


 


_Mas o que eu vi não tinha nada a ver com relacionamento de qualquer tipo entre alunos. _ disse Gina, com os olhos brilhando de fúria _ Eram pura e simplesmente marcas de abuso, cometido por um adulto contra uma criança de onze anos.


 


_E isso nos leva a uma conclusão extremamente grave e nada agradável. _ disse Harry _ Há um grande problema e ele tem uma maior abrangência do que pensávamos. Por favor, Tonks, conte o resultado de suas investigações.


 


_Certo, Harry. _ disse Tonks _ Bem, há cerca de uns três meses, dei início a uma investigação sigilosa, desencadeada por uma denúncia que recebi. Como vocês sabem, um dos crimes mais hediondos é a pornografia infantil, ligada à prostituição de crianças e adolescentes. Com o advento da Internet, passamos a ter o mundo a um clique de nossos dedos, seja para o bem ou para o mal, principalmente para o último, fato comprovado pela proliferação de sites pornográficos, muitos deles explorando a pornografia infanto-juvenil. E a denúncia baseou-se no fato de que um bruxo, ao tentar acessar sites sobre paralisia infantil para uma pesquisa, foi erroneamente direcionado para um site sobre pornografia infantil, onde haviam fotos capazes de fazerem damas profissionais de um bordel ficarem coradas. Mas isso ainda não é o pior.


 


_E o que mais poderia haver? _ perguntou McGonnagall.


 


_Haviam fotos de crianças e pré-adolescentes em poses eróticas e outras mais ousadas, com simulações de atos sexuais, nas quais os modelos estavam nus ou seminus e as peças de roupa visíveis nas fotos foram identificadas como uniformes originais de Hogwarts. E eles não andam dando sopa por aí, só podem ser adquiridos no Beco Diagonal. E, como eles não eram de segunda mão, só podem ter saído dos dois lugares da Grã-Bretanha que possuem licença do Ministério da Magia para confeccionarem os uniformes oficiais de Hogwarts: O Atelier de Madame Malkin e a Alfaiataria Talhejusto e Janota, que somente confeccionam sob encomenda para os alunos. E um detalhe, eles não podem ser conjurados. O que nos leva a concluir que aqueles que os usavam deviam ser alunos e alunas desta escola.


 


_Como é que pode?! _ perguntou Ayesha, horrorizada.


 


_Infelizmente não pudemos identificar o remetente das fotos, pois ele as enviou de um computador público, cujo IP nós ainda não conseguimos rastrear. As fotos eram digitais, o que nos leva a crer que foram tiradas por uma câmera digital tecnomagizada de boa resolução, pelo menos uns 10 Megapixels. E seria extremamente fácil colocar o Memory Stick da câmera no estojo da perna de uma coruja e enviá-lo para Londres ou para qualquer outro lugar, carregado com aquela podridão, para alguém, este talvez ligado ao Círculo Sombrio, que somente teria o trabalho de fazer o Upload das fotos para o site pornô.


 


_Pode ter sido de qualquer um dos milhares de Cybercafés de Londres ou de qualquer outra cidade da Grã-Bretanha. _ disse Janine _ Você acha que pode ter alguma ligação com o Círculo, Tonks?


 


_Os sites pornográficos sim, Jan, porque o Círculo tem ramificações nessa área. Mas eu creio que o remetente não faça parte da organização, que seja apenas mais um pervertido. _ disse Tonks.


 


_E, como eu disse, a conclusão é extremamente grave, principalmente porque vários de nós têm filhos em idade vulnerável. _ Harry parecia emanar energia do seu corpo e uma taça na mesa quebrou-se, com a emissão mágica involuntária do bruxo, indignado pelos fatos _ Temos um pedófilo agindo aqui em Hogwarts.


 


 


 


 


 


Um pesado silêncio seguiu-se às palavras de Harry Potter.


 


 


 


 


 


_Em nome de Merlin! _ exclamou Minerva McGonnagall, indignada com aquela conclusão de Harry _ Jamais poderia imaginar que alguém fosse pervertido a esse ponto!


 


_Entre os trouxas a pedofilia é considerada um crime tão hediondo que, até entre os detentos de um presídio, o pedófilo é discriminado, bem como os estupradores e assassinos de crianças. _ disse Janine _ Quando um desses vai preso, não dura muito tempo, pois os próprios companheiros dão um jeito nele.


 


_Entre os bruxos não é muito diferente, Jan. Eu me lembro de que, quando estive preso em Azkaban, encarceraram um sujeito que havia estuprado uma bruxinha menor de idade, depois de uma festa e a garota morreu. Eu via Death Eaters, caras com uma dúzia de mortes nas costas, isolarem o recém-chegado como um pária e pedirem para os dementadores atormentarem o homem com requintes de crueldade. Um mês depois, o estuprador morreu. Enforcou-se com tiras de suas vestes, de tanto ser torturado pelos dementadores. _ disse Sirius.


 


_Uma história triste, mas o final deles é quase sempre o mesmo. Só que enfrentamos um problema. _ disse Tonks _ Como proceder à investigação deste caso, sem alertar o suspeito?


 


_Como assim, Tonks? _ perguntou Snape.


 


_Casos assim são recentes e raros na Bruxidade, Prof. Snape. Antigamente não haviam relatos de pedofilia em nosso povo, seja porque não ocorria mesmo ou porque aqueles que apresentavam esse tipo de transtorno permaneciam enrustidos, sem darem na vista. Mas agora, com a maior aproximação entre os dois mundos, alguns pervertidos aproveitam-se do anonimato gerado pelo mundo virtual para colocarem em prática suas fantasias. E o pior é que muitos setores da Bruxidade, que manifestam um conservadorismo mais radical, podem utilizar tais fatos como pretexto para manifestarem-se contra o restabelecimento da harmonia com os trouxas. Infelizmente nós, bruxos, somos despreparados para esse tipo de coisas, não sabemos investigar crimes de perfil tipicamente trouxa. E, embora a polícia trouxa inglesa, a Scotland Yard, seja muito eficiente e esse tipo de crime tenha prevalência mundial, a polícia dos EUA é mais experiente nessa área, principalmente em cidades como Nova York, Filadélfia, Chicago e Los Angeles. Precisaríamos fazer contato com alguém por lá, que tenha acesso ao mundo mágico, pelo menos de Nível 3.


 


_Quanto a isso, Tonks, creio que poderei dar uma boa ajuda. Se eu puder falar com minha prima, em Nova York... vejamos, agora são nove horas da noite. Devem ser quatro horas da tarde lá. _ disse Mason, consultando seu relógio e tirando um Smartphone tecnomagizado do bolso das vestes e procurando um número na agenda. Quando encontrou, acionou a chamada _ Evelyn, como vai, prima? Tudo bem? Vou colocar no viva-voz, espere... pronto. Ah, vou passar a imagem para a tela.


 


Um cabo USB conectou o telefone a um PC, a imagem de Evelyn Wigder, prima de Derek Mason, apareceu ne tela do computador tecnomagizado e sua voz ouviu-se na sala.


 


_Derek! Finalmente comprou um telefone com videochamada, hein?


 


_Pois é, garota. A gente tem de se modernizar. Olha, Evelyn, acho que o Richard deve ter mudado o número do telefone. Você tem o atual?


 


_Tenho sim, Derek. Aqui está. _ e Evelyn mostrou o número para Derek, que anotou em um pergaminho _ O que houve, primo? Para você pedir o telefone do Richard a coisa deve ser bem grave.


 


_E é mesmo, prima. O acesso dele ainda é Nível 4?


 


_Claro, eles continuam ajudando o Ministério dos EUA.


 


_E a lareira dele é ligada à Rede do Flu?


 


_Sempre que for necessário, mediante autorização do Ministério, pois ele é trouxa. Por sinal, tenho o número de identificação dela, bem aqui. Mas isso é fácil, pois estou vendo Gina Potter aí com vocês. E aí, Gina, tudo bem?


 


_Infelizmente, nem tudo está bem, Evelyn. Há uma situação aqui, na qual precisaremos de ajuda especializada. Ao que parece, terei de conversar com papai.


 


_Evelyn, muito obrigado. _ disse Mason _ Será bom ver Richard de novo, já não o vejo há algum tempo. Tchau.


 


_Tchau, Derek. Traga Marilise aos EUA, gosto muito dela.


 


_Levarei, pode deixar. _ a ligação foi encerrada e Derek Mason abriu um sorriso. _ Gina, você poderia pedir para seu pai eliminar alguma burocracia?


 


_Sem problemas, Prof. Mason. _ disse Gina, pegando o telefone e ligando para Arthur Weasley _ Vou ligar para ele, agora mesmo. Alô, papai?... Sim, sou eu, Gina... Estamos bem... Papai, o Prof. Mason tem um favor a pedir. Um contato direto com o Ministro da Magia dos EUA, eliminando alguns entraves burocráticos na autorização para ligar, temporariamente, a lareira de um colaborador trouxa à Rede do Flu. Vou passar para ele. Um beijo. Tchau, papai.


 


_Arthur, boa noite. Espero não tê-lo atrapalhado. Poderia pedir para o Ministro dos EUA ligar uma certa lareira? Aqui está o número dela _ e Derek Mason leu para Arthur Weasley o número de identificação da lareira _ Vai ligar para ele? Muito obrigado.


 


Desligou o telefone e devolveu-o a Gina. Cinco minutos depois, as chamas da lareira ficaram verdes e a cabeça de Arthur Weasley apareceu.


 


_Feito, gente. A lareira dele está autorizada. Gina, minha princesa, você está cada vez mais linda. Não concorda, Harry?


 


_Digo isso a ela todo dia, Sr. Weasley. _ disse Harry, sorrindo. Arthur despediu-se e as chamas voltaram ao normal.


 


_Bem, vou falar com ele, então. _ disse Mason _ Não vou usar a lareira direto, pois ele pode estar com alguém em casa... Alô, Richard? Aqui é Derek, Derek Mason, da Inglaterra. Há quanto tempo, cara! Diga-me, você está só?... Beleza. Vá até a lareira e aguarde as chamas ficarem verdes, como sempre. Até.


 


Mason desligou o telefone e lançou um pouco de pó de Flu na lareira, dizendo o número do destino. Então, colocou a cabeça entre as chamas verdes.


 


_Você não mudou nada, Richard.  _ disse Mason _ Estamos precisando de sua experiência aqui em Hogwarts. Não se preocupe com o que estiver fazendo, aí no 16º Distrito. Creio que o Ministro da Magia dos EUA já deve ter falado com seu Capitão e você será “emprestado” à Scotland Yard, para uma investigação na Inglaterra. Faça uma mala média, com roupas comuns e, quando estiver pronto, lance o pó de Flu deste envelope (e Mason deu-lhe um pequeno envelope, pela lareira). Aqui nós providenciaremos algo mais a caráter, pois eu sei o quanto você gosta de fazer “Cosplay” de trajes vitorianos. Diga ao seu pai que mandei um abraço. Estamos à sua espera. Tchau.


 


 


 


Mason tirou a cabeça de dentro da lareira e as chamas voltaram ao normal. Ele sorriu para os outros.


 


_Daqui a pouco ele estará aqui. Eu conheci o pai dele, um excelente policial de uma SVU em Manhattan, agora aposentado. Richard foi aluno de uma das academias da rede Dragão de Prata, juntamente com sua turma, tendo tido algumas aulas comigo. Seguiu os passos do pai e também entrou para o NYPD, especializando-se na mesma área. Se alguém pode nos dar um excelente apoio nessa investigação, com certeza é ele... ah, já está chegando, vejam a lareira.


 


As chamas da lareira do Gabinete do Diretor de Hogwarts aumentaram e ficaram verdes, dando passagem a um homem de cabelos curtos, alto e forte, trajando um terno cinza-escuro, camisa azul-clara e gravata regimental em tons de azul, por sob uma capa de gabardine azul-marinho, puxando uma mala média. Logo após sair da lareira, abraçou Derek Mason, que tratou de apresentá-lo aos outros.


 


_Amigos, permitam-me apresentar a todos vocês um amigo e filho de outro amigo, detetive sênior do 16º Distrito de Manhattan, na Unidade de Vítimas Especiais, que investiga crimes envolvendo violência sexual. Este é Richard Stabler.


 


_Podem me chamar de “Dickie”. _ disse o recém-chegado, com um sorriso alerta, bem semelhante ao de Mason _ Derek, meu pai também mandou um abraço e disse que jamais esquecerá do “Caso do Reencarnado”.


 


_???


 


_Há alguns anos, quando Elliot, o pai de Richard, ainda estava na ativa, um maníaco julgava ser a reencarnação de Jack, o Estripador. Ele agia nas áreas de meretrício, matando e mutilando prostitutas, exatamente como o Jack original fazia. Para pegá-lo, a SVU teve de solicitar acesso aos arquivos mais secretos da Scotland Yard, descobrindo detalhes que ligavam o Jack original à Ordem das Trevas, nos tempos de Grindelwald, na Era Vitoriana. Com as informações em mãos, o contato de Elliot com a Bruxidade foi inevitável, intermediado pela agência de Evelyn. Eu acabei me envolvendo, pois Evelyn sabia que eu sempre estudei muito os crimes de Jack, o Estripador. Ela entrou em contato comigo e passei algumas semanas nos EUA. No final, descobrimos que o tal “Reencarnado” era um rapaz esquizofrênico, que agia sob Maldição Imperius, reproduzindo o Modus operandi do Estripador.


 


_E até hoje nunca descobriram quem era o Estripador original. Aquele, realmente, parece ter virado fumaça. _ disse Ayesha.


 


_Mas o tal esquizofrênico foi capturado, bem como o bruxo que o mantinha sob Imperius. _ disse Richard _ Depois daquilo, Derek e meu pai tornaram-se grandes amigos e ele recebeu acesso Nível 4 do Ministério da Magia dos EUA. Quando eu estava na Narcóticos, acabei investigando um caso de tráfico em uma escola, no qual havia o envolvimento do Círculo Sombrio e foi quando meu pai apresentou-me a Derek. Depois que pegamos os caras, também acabei recebendo acesso Nível 4 e fui transferido para o 16º Distrito, na SVU, a antiga unidade do meu pai, que se aposentara alguns meses antes.


 


_E Dickie tem muita experiência nesse tipo de investigação, podem acreditar no que digo. _ disse Derek.


 


_Obrigado. Bem, quais os dados que temos para começar?


 


 


 


 


 


Depois de analisar os dados, Richard e os bruxos começaram a traçar o provável perfil do pedófilo.


 


_Para tentar capturar um pedófilo, deve-se saber como ele pensa. E, para isso, devemos saber o que é a Pedofilia. _ disse Richard.


 


_Bem, o próprio nome já significa “Amigo de Adolescentes” ou “Gostar de Adolescentes”. _ disse Hermione _ Vem do Grego “Pedos”, “Adolescente” e “Phyllos”, “Amigo” ou, por extensão, “Gostar”, embora este último tenha uma tradução mais exata como “Erastos”.


 


_De onde origina-se o termo “Pederasta”, para designar o homem de mais idade que sente atração por garotos. _ disse Gina, com uma expressão enojada no rosto.


 


_Exatamente. _ disse Richard _ Nem todos os pedófilos são abusadores contumazes e assassinos em série. Grande parte acaba guardando para si os seus desvios, não os manifestando. O problema é que, mais cedo ou mais tarde, eles tornam-se freqüentadores de sites de pornografia e de relacionamentos, onde dão vazão às suas fantasias e acabam por tornarem-se ativos e entrarem em jogos de sedução com menores. Lembro-me de um deles, que tornou-se amigo virtual de um garoto e acabou por encontrar-se com ele em um shopping, levando-o até seu apartamento, onde queria fotografá-lo. A SVU chegou lá, ainda a tempo de impedir que o tarado fosse adiante, mas ele conseguiu levar o garoto para o carro e houve uma perseguição, até que ele entregou-se. Como era primário, foi encaminhado para tratamento psiquiátrico. Outras cinco garotinhas não tiveram sorte e foram mortas por um maníaco que ficou conhecido como “Assassino do Terceiro Dia”, que selecionava as vítimas em sessões de fotos e as raptava, abusando delas e assassinando-as após três dias. Papai e a equipe da SVU conseguiram pegá-lo, depois que uma das vítimas conseguiu escapar.


 


_É importante, também, termos certeza de como essas fotos foram postadas no site. _ disse Sirius _ A hipótese mais provável é a levantada por Tonks, de que o Memory Stick da câmera tenha sido enviado por coruja e as fotos postadas em um computador público. Mas é certo que não foram postadas aqui.


 


_Por que, Diretor Black? _ perguntou Richard.


 


_Pode me chamar de Sirius. Bem, Hogwarts possui poucos computadores, todos eles registrados no Ministério como escolares, o que os torna rastreáveis, em caso de acesso a sites impróprios. E são poucos, porque a Tecnomagia ainda é algo de recente na Bruxidade, com menos de vinte anos de aparecimento. Em termos de avanços de Informática entre os trouxas, é um período em que podem surgir várias tecnologias e evoluções, o que assusta bastante os bruxos, acostumados com feitiços milenares. Por isso, ainda são poucos os especialistas nessa área, tendo havido um maior incremento desde que Arthur Weasley assumiu o Ministério. Bem, há um PC na Direção, dez na Biblioteca, para pesquisas e um outro na Secretaria, para organização dos arquivos, que também é o servidor, todos com filtros de acesso a certos sites. E alguns de nós têm seus Notebooks particulares, tipo eu, Harry, Gina, Hermione e Jan. Para uma escola do porte de Hogwarts, é pouco.


 


_E em Hogsmeade? _ perguntou Richard e Snape respondeu.


 


_Não há Cybercafés bruxos, em Hogsmeade. Poucos lugares têm PCs, tipo a Trapobelo, a Weasley, a joalheria Encantos Brilhantes e o Três Vassouras, pois Rosmerta utiliza-o na administração do Pub. Como disseram, os Potter têm cada um um Notebook e a Profª Weasley também. _ disse Snape _ E temos um em casa, mas quem mais o utiliza são Rosmerta e, durante as férias, Nereida. Eu não tenho tanta desenvoltura com esses aparelhos. E todos eles têm registro e podem ser localizados, caso acessem sites impróprios.


 


_O que equivale a dizer que não foi em Hogwarts e nem em Hogsmeade. _ disse Harry _ Mas mesmo um computador tecnomagizado pode ter o seu IP rastreado. A não ser que...


 


_... Tenha sido usado um forte Feitiço de Despistamento Tecnomágico, a fim de cobrir o rastro do aparelho utilizado. _ disse Hermione _ E a coisa complica-se, pois é difícil detectar os vestígios de um feitiço assim. Poucos são capazes disso, entre eles...


 


_FRED E JORGE!!! _ exclamaram todos, ao mesmo tempo.


 


_Claro, que cabeça a minha! _ disse Gina _ Como não fui me lembrar dos meus irmãos, dois dos pioneiros da Tecnomagia! Se alguém pode detectar um Feitiço de Despistamento Tecnomágico em um computador, são eles.


 


A ruiva pegou o telefone e estava pronta para chamar os gêmeos, quando as chamas da lareira ficaram verdes e as cabeças dos dois apareceram.


 


_Mas que coincidência. _ comentou Harry.


 


_Nem tanto, Harry. _ disse Jorge _ Estávamos na Toca, quando Gina ligou e o Prof. Mason falou com papai. Parece que vocês estão com problemas por aí.


 


_E vocês não imaginam o quanto. _ disse Sirius _ Vocês dois poderiam vir até aqui?


 


_Só se for agora. _ disse Fred, lançando um pouco mais de pó de Flu na lareira, fazendo com que as chamas levantassem e logo os gêmeos surgiram em Hogwarts, vindos diretamente de Ottery St. Catchpole.


 


 


 


 


 


Foram apresentados a Richard Stabler e inteirados da situação. Após refletir por alguns instantes, Jorge falou.


 


_É um caso bastante sério, gente. Eu e Fred já havíamos ouvido falar do surgimento de novas redes de pornografia infantil na Internet e, inclusive, participamos de uma ONG que as combate. Porém essas são novas. _ disse o bruxo, ao ver as fotos que Tonks lhe mostrou, enojado _ E vocês disseram que não conseguiram rastrear o IP do computador que fez o Upload daquela podridão para o site?


 


_Exatamente. _ disse Tonks _ E isso pode significar que tenha sido utilizado um Feitiço de Despistamento Tecnomágico.


 


_Com certeza, Tonks. _ disse Fred _ E existem alguns bem fortes, sem dúvida. Mas nenhum deles é impossível de ser descoberto, talvez haja um pouco de dificuldade, mas eu acho que somos capazes disso, não é, mano?


 


_Sim, Fred, pode apostar que sim. Para isso, teremos de retornar a Londres, onde temos os nossos computadores, devidamente preparados para rastrear um Upload feito de qualquer parte do mundo. Então, vamos indo.


 


_Já conhecemos suas habilidades de Hackers, desde quando vocês ajudaram Draco naquela investigação que desmascarou Venom (*Ler “Harry Potter e o Legado de Avalon”*). _ disse Ayesha _ E, desde então, soubemos que elas só se aprimoraram. Boa sorte, gêmeos Weasley. Se alguém pode descobrir de onde vem toda essa sujeira, são vocês.


 


Fred e Jorge Weasley lançaram pó de Flu na lareira e voltaram para a Toca. De lá, foram para Londres e logo começaram a trabalhar no rastreamento do Upload das fotografias.


 


 


 


 


 


Nesse meio tempo, as reuniões do grupo das Trevas, presididas pelo misterioso “Avatar das Trevas”, continuavam e os alunos que compartilhavam da ideologia maligna que ele professava iam progredindo em sua habilidade de executarem feitiços proibidos e manipularem substâncias maléficas. Um dos mais atentos era Albert Pettigrew que, embora não tivesse idade para participar das reuniões, assistia a elas escondido atrás das colunas da Câmara Secreta de Slytherin. Tudo o que ele aprendia observando, praticava sozinho, depois. Continuava sendo os olhos e ouvidos do Avatar entre os alunos, sondando potenciais membros para o grupo. Tudo parecia correr bem para o jovem roedor, menos em um aspecto. Ele ainda não havia criado coragem para falar com Narcisa (Pettigrew ainda não sabia sobre Tiago e ela), mas havia mandado uma nova carta.


 


 


 


Pobre Albert Trelawney Pettigrew. Ele não sabia, mas estava prestes a ter uma nova decepção e seu ódio por Tiago iria aumentar ainda mais.


 


 


 


 


 


Ao final da aula de Poções, Narcisa estava lavando seu material na pia, quando viu algo aproximando-se, com a forma de uma andorinha. Prestando mais atenção, percebeu que era uma andorinha de papel, daquelas que os alunos utilizavam para brincar, como se fosse uma pipa encantada. A andorinha pousou em seu ombro e a garota viu que era, na verdade, uma carta. Desdobrou o papel e leu o texto:


 


 


 


Srta. Malfoy, em minhas cartas anteriores eu disse que não tinha coragem de lhe falar pessoalmente. Porém, creio que é chegado o momento de dizer, olhando nos seus olhos azuis, aquilo que sinto pela senhorita. Sei que deve estar na sala de aula de Poções, então peço que me encontre no pórtico dos jardins, perto da ponte coberta. Não sei como a senhorita irá me responder, mas sonho com seus lábios formando um ‘sim’. Estou ansioso para vê-la e falar-lhe, depois desses dias de férias. Até.


 


 


 


Ainda com a carta nas mãos, a loirinha foi surpreendida com uma voz, sussurrando suavemente em seu ouvido.


 


_Estou com saudades. Já se vão cinco minutos que eu não te vejo.


 


_Oi, Ti. Estou apenas terminando de lavar meu material.


 


_O que é isso aí, na sua mão?


 


_Uma carta. Aliás, Ti, isso é o mais estranho.


 


_Por que, Ciça?


 


_Porque eu já estava recebendo essas cartas há algum tempo, desde antes das férias de Natal. Primeiro eu pensei que fossem suas, porque elas falavam sobre timidez e eu sei que se não fosse por aquele confronto com os viciados, lá em Garopaba, você ainda estaria até hoje sem se declarar (Tiago ficou sem jeito e desviou o olhar). Mas, depois disso, só posso concluir que trata-se de outra pessoa, que eu pretendo descobrir quem é, até para que ele não alimente ilusões.


 


_Não quer que eu vá com você, Ciça?


 


_Não, Ti. Em uma situação assim é melhor que eu vá sozinha.


 


_OK, vá ver quem é. Depois a gente se encontra, para o almoço.


 


_Certo, vou indo. _ disse Narcisa, dando um beijo em Tiago, após ver se Snape não estava por perto.


 


 


 


Chegando ao pórtico, viu que havia apenas um garoto ali, sentado e com um bloco de desenho no colo, que logo foi fechado quando ele viu a garota aproximando-se.


 


_Você? _ perguntou Narcisa _ Albert Pettigrew?


 


_Desculpe se, talvez, não seja a pessoa que esperava, Srta. Malfoy.


 


_Na verdade eu não esperava que fosse você, Pettigrew, ainda mais depois de eu ter te agredido daquela forma.


 


_Não guardo rancores, sei que mereci. _ disse Pettigrew, embora sentisse um involuntário calafrio surgindo entre as pernas, ao lembrar-se do que Narcisa fizera _ Eu não deveria ter dito aquilo.


 


_Realmente, não deveria. Mas era você quem mandava as cartas, Pettigrew?


 


_Sim, era. E pode me chamar de “Albert”.


 


_Obrigada, Albert. Sabe, eu também não guardo rancores, agi meio que por reflexo naquela hora. Só que você deu uma daqueles puros-sangues de antigamente, preconceituosos e arrogantes. Essa postura já não tem nada a ver, há muito tempo. Se fosse assim, meus pais nunca teriam se casado e muito menos uma Malfoy iria para a Grifinória. Na verdade, não há diferença alguma, ainda mais que a teoria de Dumbledore está se confirmando. Todos os seres humanos têm potencial para a magia. E pode me chamar de “Narcisa”. Eu acho estranho que você sinta-se atraído por mim.


 


_Quem manda nos sentimentos, Narcisa? _ perguntou Pettigrew, com um sorriso e um olhar _ Eu tinha medo de ser rejeitado, por isso mandava cartas. Mas eu tinha de dizer isso pessoalmente, mais dia menos dia. E tinha de ser hoje, antes que eu perdesse a coragem ou a inspiração. Não sou nenhum santinho, Narcisa. Você sabe que já aprontei algumas, inclusive tentei prejudicar o Potter e seus amigos, mas sou sincero quando digo que gosto de você. E o que eu disse na carta era sério, chego a sonhar com seus lábios dizendo “sim”. Não precisa responder agora, mas aguardo ansioso pela sua resposta.


 


_Albert, não precisa esperar. Sei que você é sincero nos sentimentos, por isso mesmo eu devo dizer tudo agora, para não criar ilusões e expectativas. Sinto muito, mas não posso corresponder ao que você sente por mim.


 


_Gosta de outro, então?


 


_Não devo mentir, Albert. Isso foi algo que meus pais me ensinaram, desde pequena. Sim, gosto de outra pessoa, já há muito tempo. E nós estamos juntos, namorando, desde as férias de Natal.


 


_Não me diga que é...


 


_Exatamente, Albert. É Tiago Potter.


 


_O pequeno ouriço, uma vez mais. É incrível como os nossos caminhos se cruzam e o “Filhote do Escolhido” sempre leva a melhor.


 


_Não me leve a mal, mas nem você e nem ninguém mais no mundo teria chance. Gosto de Tiago desde que éramos pouco mais do que bebês. Não sei se você sabe, mas nascemos no mesmo dia, no St. Mungus. Eu, ele, Lílian e Julius. E sempre estivemos juntos, estudando nas mesmas escolas e também já passamos por algumas aventuras, tipo aquela no México e, mais recentemente, em Garopaba.


 


_???


 


_Alguns viciados tentaram nos assaltar, na Véspera de Natal.


 


_E o que houve?


 


_Apanharam feio, Albert. Mas, quando um deles me apontou uma arma, Tiago virou bicho. Lançou uma bomba de fumaça e deu uma surra no cara que até eu fiquei com medo. Aquilo serviu para que ele se decidisse e acabasse por se declarar. Me desculpe, Albert. Sinto muito, mesmo.


 


_O que eu posso fazer? _ disse Albert, com um sorriso meio triste e levantando-se para sair _ Como eu mesmo disse, não se pode mandar nos sentimentos, não é? Bem, eu sobreviverei, Narcisa. E muito obrigado por ter sido tão gentil comigo. Acho que outra garota teria sido mais rude na resposta.


 


_Não se subestime, Albert. Logo alguém perceberá o que há de bom em você e acabarão por formar um belo casal.


 


_Talvez um dia, Narcisa. Mas, por enquanto, devo conviver com a tristeza de perdê-la, sem jamais tê-la tido. Até. _ e saiu, sem dar tempo a Narcisa de despedir-se. Pouco antes de virar em um corredor, destacou a primeira folha do bloco e, depois de olhá-la longamente, amassou-a e jogou-a no chão, afastando-se. Curiosa, Narcisa foi até o local e pegou a folha, desamassando-a e, ao ver o que havia nela, não pôde impedir que uma lágrima lhe escorresse pela face.


 


Na folha, havia um desenho dela, feito com qualidade profissional, assinado e com uma dedicatória : “Em nossas vidas há pessoas que nos marcam mais e pessoas que marcam menos. Você é uma daquelas que marcam para toda a vida. Albert Pettigrew.


 


 


 


Secando a lágrima, guardou o desenho na bolsa, ainda decidindo-se se iria mostrá-lo ou não a Tiago. Depois de alguns instantes, achou melhor mostrar, pois evitaria mal-entendidos. Consultou o relógio e viu que estava em cima da hora do almoço. Então, correu para o refeitório.


 


De trás de uma coluna, saiu uma garota bastante bonita, de cabelos castanhos curtos e pele cor de chocolate, cujos vivos e brilhantes olhos castanho-escuros umedeceram-se ao assistirem à cena que terminara e que vira desde o início. A jovem sonserina, aluna do segundo ano, atraíra-se por Albert Pettigrew desde que o vira, no Expresso de Hogwarts. E, mesmo que seus pais tivessem lhe contado sobre os de Albert, quem eram e o que haviam feito, Leilane McCorkindale Jordan segurava-se para não sair correndo atrás do garoto e dizer para que ele não ficasse triste, que a mágoa passaria e que ela estaria ali, à sua espera. Após uma pequena hesitação, resolveu ir.


 


 


 


Sem ver que Narcisa havia recolhido seu desenho, Albert Pettigrew continuou seguindo pelo corredor, a imaginar tudo de ruim para Tiago Potter (“Maldito ouriço. Desde a primeira vez que ele cruzou o meu caminho, eu nunca mais tive um instante de paz. Primeiro o metidinho me aprontou aquela no trem. Depois, não se sabe como, escapou daquela armação na Torre de Astronomia e ainda me fez pegar uma detenção, além de tingir meu cabelo de cor-de-rosa. Agora isso. E o pior é que eu não posso competir com ele, pois Narcisa tem razão. Não haveria rapaz no mundo capaz de ocupar o lugar de Tiago no coração dela, os dois possuem uma história juntos, a qual ninguém pode desfazer. Ah, Narcisa... por que é que você tinha de ser tão linda, querida e de personalidade forte? Vocês dois são tudo o que qualquer adolescente queria ser. Bonitos, poderosos, populares, reconhecidos heróis-mirins da Bruxidade e, nem por isso, deixam que o sucesso e a fama lhes subam à cabeça. Só que eu jamais conseguirei te engolir, Sr. Tiago Sirius Weasley Potter”, pensou o bruxinho). Distraído, trombou com outra pessoa, os dois quase caindo.


 


_Desculpe-me, eu estava distraído e não o vi. _ disse Pettigrew.


 


_Tudo bem, não foi nada. _ disse o outro _ Aliás, eu estava precisando lhe falar. Que tal conversarmos hoje...


 


Mas a sua frase foi interrompida, pois Leilane chegou e puxou Albert.


 


_Até que enfim te encontro, Pettigrew. Havíamos ficado de almoçarmos juntos, hoje, espero que não tenha esquecido. Agora vamos ou não conseguiremos lugares lado a lado, na mesa da Sonserina. _ e o “Mini-Rato” seguiu pelo coredor, meio que arrastado, rumo ao Salão Principal. Haviam dois lugares à mesa da Sonserina e eles logo sentaram-se.


 


_Jordan, muito obrigado por me tirar dali rapidamente. Aquele sujeito é um mala.


 


_Eu sei disso. Foi uma das razões que me fizeram trazê-lo. E pode me chamar de “Leilane”. Afinal, somos da mesma Casa e temos de ser próximos.


 


_OK. Então me chame de “Albert”. E quais as outras razões, Leilane?


 


_Olha, Albert, não posso dizer todas elas agora, mas saiba que a Malfoy não é a única garota no mundo. E não vou dizer mais nada, por enquanto.


 


_Espere aí, Leilane. Não me diga que você...


 


_Como eu lhe disse, não vou dizer mais nada, por enquanto. Vamos almoçar? A comida deve estar excelente.


 


_Certo, Leilane. Não vou mais te questionar. _ e os colegas começaram a saborear a comida, feita com esmero pelos elfos domésticos.


 


 


 


 


 


Albert Trelawney Pettigrew e Leilane McCorkindale Jordan jamais ficariam sabendo mas, por um triz, a garota o havia livrado de tornar-se mais uma vítima do pedófilo que ameaçava Hogwarts.


 


 


 


 


 


Em outra parte do mundo, ele não sabia onde estava e nem quanto tempo havia se passado, desde que aquele Inquisidor do Círculo começara a interrogá-lo, nas Ilhas Phi-Phi. A sua percepção de tempo e espaço já estava meio distorcida, devido à quantidade e variedade de drogas que o bandido lhe havia aplicado. Ele sabia que, além das substâncias, a privação de sono também estava contribuindo no “trabalho” do bandido, era o que eles esperavam (“E eles estão levando a sério o seu trabalho, é o que parece”, pensava o bruxo). Algumas das drogas deixavam-no em um sono profundo, quase comatoso. Outras faziam com que não conseguisse fechar os olhos. Por vezes, aplicavam-lhe substâncias que pareciam deixá-lo com a língua colada, sem que conseguisse falar, por mais que tentasse. Já outras, faziam com que soltasse a língua, tagarelando por horas. Mas a pior de todas era uma antiga droga que a KGB utilizara nos Anos 80, uma mistura de Thorazina com enxofre e óleo de sementes de pêssego, que parecia fazer com que ondas de lava ardente lhe subissem ao cérebro e, por vezes, forçava uma projeção astral. Infelizmente ele não podia sair em busca da ajuda de outros amigos que possuíam tal habilidade como Harry Potter, por exemplo, pois aquele era um estado projecional forçado por uma substância que lhe alterava a percepção, desorientando-o e tolhendo o controle do seu corpo astral. Mas de uma coisa Kingsley Shacklebolt tinha certeza absoluta: mesmo nos momentos em que tornara-se um quase insuportável tagarela, não revelara espécie alguma de segredo, nem mesmo os ingredientes especiais que Susan Irving utilizava no preparo das refeições do Ministério ou que o passatempo secreto de Dolores Umbridge era a Numismática trouxa, sendo a gorducha possuidora de uma das maiores coleções de cédulas e moedas trouxas do mundo. O diabo era não saber onde estava, só sabia que não estava mais na Tailândia, pois o local era diferente, um luxuoso apartamento triplex, no qual um potente condicionador de ar mantinha o ambiente com uma temperatura fresca e agradável, de onde Shacklebolt deduziu que o exterior devia ser bem quente. Não demorou muito e parte de suas dúvidas foi respondida, com a entrada na sala de “Escuridão” em pessoa.


 


O pérfido co-líder do Círculo Sombrio tirou os óculos de sol Montblanc que usava e também o paletó do terno Ermenegildo Zegna que ele vestia. Sentou-se em uma poltrona e cumprimentou Kingsley.


 


_Ora, Sr. Shacklebolt, devo admitir que o senhor confirma o que dizem sobre os Aurores, com sua capacidade de resistência aos interrogatórios. Mas esteja certo de que ela não irá durar indefinidamente, a qualquer momento o senhor irá ceder e nos revelará a informação de que necessitamos, a identidade dos “Camaleões-Fantasmas”. Creio que o senhor deve estar querendo saber onde estamos agora. Bem, eu lhe direi. Estamos nos Emirados Árabes, em uma cidade perto de Dubai, reconhecida como território autônomo pelos Sheiks e que tem, como principal finalidade, explorar o turismo e o jogo liberado, em seus luxuosos cassinos.


 


_Mas essa é apenas a versão oficial, não é mesmo, “Escuridão”? Estou certo de que a realidade é bem outra. _ disse Shacklebolt, com a voz meio vacilante e pastosa, resultado das drogas nele aplicadas.


 


_Me pegou, Sr. Shacklebolt. _ disse “Escuridão”, sorrindo _ A real situação deste lugar é ser um paraíso fiscal, tanto para trouxas quanto para bruxos. Além disso, tudo aqui é explorado pelo Círculo. O jogo, o turismo, o sexo e as drogas, essas em menor escala, graças aos esforços de Harry Potter, já que o maldito Testa Rachada inutilizou todos os nossos campos de papoulas de Myanmar e da Turquia, bem como as plantações de coca da Colômbia e Bolívia e as de Cannabis do Brasil, quando fingiu-se de morto e agia como “Homem-Névoa”. Agora temos de trabalhar com matéria-prima oriunda dos cartéis colombianos e da Tailândia, mais especificamente do Sr. Choo-Pak. Creio que você deve lembrar-se dele, lá nas ilhas Phi-Phi.


 


Shacklebolt lembrava-se do traficante e proprietário de campos de papoulas. Alto e forte, metia medo com seu visual: cabeça raspada, bigode, óculos de sol tipo aviador e uma cicatriz diagonal, que cruzava seu rosto de cima para baixo, da esquerda para a direita, produzida pela patada de um tigre, durante uma caçada. Bem, o couro da fera era agora um tapete que adornava o canto da lareira, na sala do chalé que Choo-Pak possuía na Suíça e eram visíveis as marcas os cortes do facão com o qual o traficante havia quase atorado o pescoço do animal.


 


_E eu aposto que há muitos elementos em posições-chaves, tanto entre os Sheiks quanto na ONU que devem ter recebido e estar recebendo boas quantidades de ouro para manterem olhos e bocas fechados.


 


_Exatamente, Sr. Shacklebolt. Citando Nietzsche, “Todo homem tem seu preço, diz o ditado. Não é verdade. Mas acontece que, para cada pessoa, há uma isca que é impossível de não ser abocanhada.” A corrupção sempre existirá, enquanto existirem aqueles dispostos a se deixarem corromper. Temos contatos que zelam por nossa tranqüilidade, em troca de somas atraentes. Bem, vamos ao que interessa. Já está considerando a possibilidade de nos revelar a lista dos “Camaleões-Fantasmas”?


 


_Você pode ir para o Inferno, maldito.


 


_Hmmm, vejo que ainda estamos relutantes. O Sr. Adams deve estar tendo bastante trabalho.


 


_Ele é mais resistente do que eu esperava, “Escuridão”. Mas eu estou quase conseguindo, embora para isso eu tenha de lançar mão de um composto experimental que passei as últimas semanas a desenvolver. Isto irá soltar a língua dele, espero.


 


Adams aspirou o conteúdo do frasco e preparou-se para injetá-lo em Kingsley. Assim que a substância começou a correr por suas veias, Shacklebolt sorriu para os bandidos e disse:


 


_Agora sim, vocês se ferraram. _ e fechou os olhos.


 


_Pare de injetar agora, Adams! _ gritou “Escuridão”, enquanto o Inquisidor removia a seringa do braço de Shacklebolt. Mas já era tarde. O Auror estava inconsciente, jogado no sofá _ Eu deveria ter imaginado. Sendo um Auror experiente, ele deve ter ocultado a informação sob Feitiço Fidelius e ainda utilizado uma proteção adicional, ensinada nas academias de Ninjutsu-Bruxo, provavelmente por Derek Mason, da qual eu ouvi falar há algum tempo. Chama-se “影忘却のアビス”, o Abismo das Brumas do Oblívio, um método que faz com que, se o interrogado estiver prestes a falar e o interrogador estiver chegando perto de obter a informação, um bloqueio de memória joga-a em uma espécie de limbo no qual, quanto mais se tenta acessar a informação, mais ela se oculta. E somente uma palavra chave pode desfazer a Barreira. Obviamente que a senha é de conhecimento de outra pessoa... mas quem seria?


 


_Exatamente, “Escuridão”. _ disse Shacklebolt, abrindo os olhos e falando com voz meio pastosa _ E isso quer dizer que, agora, sou totalmente inútil para vocês.


 


_Desgraçado! Agora, contamos apenas com o seu Doppelgänger, lá no Ministério. Joguem-no em uma cela e depois decidirei o que fazer com ele. Maldição! Se o Feitiço Doppelgänger não tivesse a limitação de que as memórias do original protegidas por Feitiço Fidelius não podem ser compartilhadas com o duplo, eu não teria trabalho nenhum. LEVEM-NO DAQUI!!!


 


 


 


Dois capangas do Círculo levaram Shacklebolt, semiconsciente, para uma cela, na qual ele ficou, estendido sobre um catre.


 


 


 


Escondida na penumbra, “π” aguardava o melhor momento para tentar facilitar a fuga de Kingsley Shacklebolt.


 


 


 


Enquanto isso, no Ministério da Magia, o duplo do mal de Shacklebolt trabalhava o mais que podia para tentar descobrir o segredo da identidade dos “Camaleões-Fantasmas”, com a ajuda da falsa Dara, Mariana Lugoma.


 


 


 


E, se ninguém fizesse nada, ele acabaria encontrando o que procurava. 


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