Fogo e Gelo escrita por Reira


Capítulo 31
Tua ausência fazendo silêncio em todo lugar.


Notas iniciais do capítulo

"...And wouldn't it be nice to live together
In the kind of world where we belong...
You know it's gonna make it that much better
When we can say goodnight and stay together...
Wouldn't it be nice if we could wake up
In the morning when the day is new
And after having spent the day together
Hold each other close the whole night through
Happy times together we've been spending
I wish that every kiss was never ending
Wouldn't it be nice ?
Maybe if we think and wish and hope and pray
It might come true..."
(Wouldn't be nice, The Beach Boys)



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Cheguei em casa pensativa. O que eu havia descoberto naquele fim de tarde não era uma coisa pequena, de jeito nenhum. Eu podia imaginar o tamanho da dor de Castiel, em pensar na situação de Elena. Mas não havia o que fazer e isso era o pior...

Por sorte, Castiel tinha dinheiro e pagou um táxi pra eu voltar pra casa. Seria constrangedor demais voltar com Nathaniel.

Enchi a banheira e tomei um banho demorado, perdida em pensamentos. Fiquei olhando para o teto iluminado do banheiro, fazendo bolhas de sabão ou ondinhas na água cheia de espuma, mas com a mente longe, pensando em como seria quando ela acordasse.

Me lembrei daquele show no Midnight Club. No olhar triste de Castiel enquanto tocava wish you were here. Agora eu entendo o porque... senti meus olhos encherem de lágrimas ao me lembrar de ver tanto sofrimento naquele olhar. Mas a pior parte é que, se ela acordar, eu vou ter de lutar por ele apesar de tudo que aconteceu com ela. Nunca se sabe o que pode acontecer, foi o primeiro amor e isso é difícil esquecer... me sentia egoísta, mas não poderia deixá-lo assim. Tentei relaxar e pensar em outra coisa, mas era difícil....

E a amizade deles ? Será que um dia se reconstituiria ? Me senti culpada por ter sido mais um motivo para aumentar a rixa entre eles. Mas eu nem sonhava que tinha sido algo tão grave... e me senti mais mal ainda por Nathaniel. Perder para o Castiel duas vezes... mas haviam tantas garotas que morreriam por ele naquela escola, se ele não fosse tão seletivo...

Só percebi que passei um tempão ali quando vi que a espuma já tinha se desmanchado. Depois de me secar, vesti um robe e fui procurar alguma coisa para comer. Quando cheguei na cozinha, minha mãe estava sentada na mesa, com seu notebook aberto, concentrada em algo mais importante que tudo, como sempre. A ignorei e fui direto para a geladeira.

Desde que eu saí de casa correndo até a casa do Cast, não nos falamos. Quando eu voltei de lá ela não estava aqui e saí perto do horário de ela chegar. Que mãe preocupada... bastou eu atender uma das suas insistentes ligações para ela se acalmar. Qualquer mãe normal daria um sermão, ficaria desesperada. Mas ela não, mesmo ao me ver, parecia calma e despreocupada. Podia sentir ela me observar, e o som dos dedos batendo nas teclas cessou. Ela estava prestando atenção em mim, certeza. Peguei um iogurte e um pacote de bolachas no armário e me apressei em voltar para o quarto, mas sua voz me parou logo na porta. Não me virei.

–- Filha, precisamos conversar. - Então agora ela resolveu desempenhar seu papel de mãe. Suspirei fundo e fui até a mesa, me sentando sem vontade. Ela fechou o notebook e me olhou nos olhos. - Me desculpe por não ter te dado atenção ontem. E todas as outras vezes. Eu tenho tanta sorte de ter uma filha como você, mesmo sendo tão negligente. Me perdoa ? - Seu olhar era suplicante e marejado. Me senti amolecer e assenti, mas minha expressão ainda era um pouco dura. Não era uma coisa que só palavras bastariam, eu precisava de atitudes. - Eu pensei muito sobre isso hoje. Nem consegui trabalhar direito, e decidi parar de trabalhar. Isso consome demais meu tempo. E eu nem gosto tanto. Vivo estressada, nunca tenho tempo pra mim, pra você ou seu pai. A última vez que tivemos um tempo juntos foi quando chegamos aqui e ficamos dançando na sala... - Ela riu e eu também. - É muito ruim se dar conta de um erro tão grande e longo... mas me sinto feliz por ter percebido. Eu sempre gostei de flores, né... acho que vou fazer um orquidário em casa, fazer aquele jardim que planejo á tempos. Me sinto tão burra... trabalhando feito doida por tanto tempo, e pra nada ! Seu pai arranja alguém para fazer o que eu fazia na empresa, e nosso estilo de vida continuará o mesmo. Sou tão burra, burra ! - Algumas lágrimas escorreram e ela enterrou o rosto entre as mãos. Desabei na hora, deixando algumas lágrimas caírem também. Apesar de tudo, ela é minha mãe, e eu também já errei demais. Me levantei e a abracei. Ela retribuiu o abraço e ficamos assim durante alguns minutos. Tão bom sentir o abraço dela de novo, aquele cheio de carinho, sem pressa ou obrigação. Depois rimos e secamos as lágrimas, e ficamos conversando enquanto eu comia. Desenterrando todas as coisas não ditas. E fiquei pensando como seria bom se todas as pessoas fossem como ela, que mesmo errando, deixassem de lado o orgulho e se redimissem.






Ambre POV





Eu não posso ficar aqui pra sempre.

Me levantei com dificuldade e procurei dinheiro na bolsa, estava sem nada. Liguei para o Nath e pedi pra ele me buscar, e esperei, encostada na parede, quase sem forças. Devia estar com uma aparência horrível.

Quando ele chegou, me perguntou o que tinha acontecido e eu disse que não queria falar sobre agora. Ele suspirou e deu partida no carro. Tinha o olhar cansado igual ao meu.

No caminho, passamos por um outdoor com a minha foto estampada, tão linda. Mas aquela não era eu... era uma garota perfeita, sem problemas, sem tristezas. A partir de hoje, nunca mais verei minhas fotos reinando em outdoors, revistas, nada. Mas não me importei tanto. O que mais me inquietava era o que eu iria fazer a partir de agora. Não tenho nenhum talento, sou apenas um rostinho bonito. Só sirvo para isso... quando cheguei em casa, fui direto para o meu quarto. Me olhei no espelho e estava realmente horrível, com o cabelo bagunçado, olheiras, maquiagem borrada. Lavei meu rosto e me encarei no espelho de novo, vendo minha face sem nenhum traço de maquiagem. Tão comum.

Eu sempre fui tão superficial que criar uma criança era praticamente impossível. Como vou educá-la ? Que valores vou dar pra ela ? Impaciente como eu sou, como vou lidar com as birras ? E os choros á noite ?

Um arrepio me passou pela espinha quando me lembrei de um comentário que ouvi de uma amiga da minha mãe: “quando se tem filhos, você abre mão da sua vida por eles...”

Sou tão nova, e já tenho minha vida feita. Acariciei minha barriga, sentindo mais pela criança que teria uma mãe tão descabeçada como eu. Mas prometi, á mim mesma, que iria me esforçar. Eu já amava aquela coisinha pequena, eu sentia que poderia morrer por ela. Sentia que daria tudo, uma parte de mim que eu protegeria com todas as minhas forças. Então isso é que chamam de amor de mãe ? Eu o subestimei. Já gritei, desrespeitei, xinguei e humilhei minha mãe. Agora entendo que ela só queria me proteger. Agora eu entendo tudo, e me sinto tão mal...

É um contraste tão grande com a velha Ambre... fiquei pensando se essa criança um dia souber tudo que eu fiz, e senti uma enorme vergonha. Finalmente enxerguei minha alma no espelho e o que vi foi horrível. Sou superficial, ardilosa, burra e desonesta. Me envolvi com um homem como Lysandre... e por mais estúpido que fosse, eu sentia falta dele. Porque no fundo, bem no fundo, eu sentia que poderia mudá-lo. Que poderia fazê-lo gostar de mim. Eu não queria admitir isso á mim mesma, mas quero ele por perto. Eu tinha esperanças de que pudesse despertar o melhor dele...

Já passei por cima de outras garotas para conseguir desfilar, já humilhei a Shizuka, a Iris... e depois fui traída por Charlotte, a única amiga que eu achava que tinha, e agora isso. E ainda fui humilhada pelo Lysandre. Estou só pagando o preço, isso é justo. É difícil admitir o quanto estou errada. É difícil suportar a vergonha. Ela acaba se convertendo em revolta e ao invés de melhorar, só piora. Vamos nos tornando pessoas ainda piores. Percebi isso porque comecei a ficar mais estressada, afiada e impaciente. Eu quero mudar, mas parece tão difícil... será que algum dia alguém vai ser capaz de amar alguém que carrega tantos defeitos, tantos erros ?







Dake POV






–- É HOJEEEEEEEEEE ! - A ouvi gritar enquanto saía de casa, vindo correndo na minha direção. Ela estava pegando meu jeito doido de ser, e isso a deixava melhor ainda. Minha menina vai fazer um teste pra entrar em uma escola de balé da Inglaterra, mas os testes são em Chicago. Combinamos de eu vir buscar pra irmos juntos. Fomos até o aeroporto, com ela contando, ansiosa, como era a escola. Ela perguntou se eu pesquisei na internet, mas eu esqueci porque fiquei procurando artigos de surf.

Nunca vi os olhos dela brilharem tanto quanto hoje... e me senti feliz por isso, ela havia se esforçado demais, até deixamos de sair algumas vezes por causa dos ensaios dela. Eu ficava meio chateado, mas fazer o quê, é o sonho dela.

Fomos ouvindo Beach Boys até chegar no aeroporto, e cantamos juntos, mais rindo do que cantando. Sentia muito orgulho dela, já imaginava ver suas apresentações nos maiores balés do mundo, e dizer: “aquela dançando é minha garota”.

Quando chegamos, sentia suas mãos tremerem enquanto segurava a minha. Tentei acalmá-la, mas era muito nervosismo pra pouco tamanho ! Dei um beijo demorado nela antes de soltar a sua mão e ir sentar, enquanto ela ia para o camarim se arrumar.

Balé não é muito minha praia. É interessante, mas quase dormi vendo as bailarinas se apresentaram. Então chegou a vez dela. Era alguma música clássica tocando, sei lá, Beethoven acho. Só conheço ele, pra mim tudo que é clássico é Beethoven, e eu só lembro do nome porque vi todos os filmes do cachorro.

Mas ela dançando era diferente. Os movimentos eram envolventes, intensos, ela praticamente flutuava no palco. Fiquei hipnotizado, muita brisa sério, nem piscava.

Isso me deixou ainda mais encantando por ela. Ela ficava tão linda dançando, parecia um anjo. Uma criatura tão delicada que um mero toque poderia quebrar... quando acabou, bati palmas atrasado, de tão encantado que fiquei. Até gritei que ela foi perfeita. Ela olhou pra mim e sorriu. Alguns minutos depois de deixar o palco, ela voltou, junto com todas as outras. Já iriam ser selecionadas. Entre vinte concorrentes, apenas cinco seriam selecionadas. E o nome dela estava entre as cinco. Ao ouvir, começou a sorrir e chorar, e eu corri abraçá-la, lá em cima mesmo. Nem liguei para os jurados me olhando. A ergui no ar e fiquei olhando para aquele rosto perfeito e meu, e me senti feliz de poder compartilhar com ela algo que a deixa tão feliz.

–- Nem acredito... - Ela disse, quando estávamos indo embora.

–- Nem eu, minha namorada vai ser famosa.

–- Você também. - É verdade, sou o baterista seduction da Winged Skull. Mas, de repente, me dei conta de que a fama tira nosso tempo, privacidade, nos pressiona... será que nós dois vamos sobreviver nesse meio ? Um longe do outro ?

–- Eu vou ir pra Liverpool daqui um mês – ela disse, com o olhar triste. Acho que ela estava com os mesmos pensamentos que eu. Eu queria ir com ela. Eu quero mais que tudo. Mas eu não poderia deixar a banda agora. Eu não poderia deixar meu sonho e o de meus amigos. Isso é tão difícil... a imaginei longe de mim, com outro. Nunca senti meu coração apertar assim. Isso que é dor de amor ? Eu quebrei o braço uma vez, eu acho que dói menos.

–- A gente vai conseguir Iris – Eu disse, a abraçando pela cintura. - A gente não vai deixar a maré nos levar. - No fundo, nós dois sabíamos que isso era quase impossível. Vi seus olhos se encherem de lágrimas, e os meus se encheram também. Eu nunca senti algo por nenhuma outra garota como sinto por ela.

–- Nós somos algo pra sempre minha menina – E dei um beijo em sua testa. Ela não respondeu, porque nós dois sabemos que não existe pra sempre. Mas não podemos ser uma exceção ? A Abracei e comecei a dançar e a cantar, fazendo ela rir. Eu queria guardar aquela risada, aquela risada tão gostosa que me fazia sentir feliz, completo. -- Woudn't be nice to live togheter, In the kind of world where we belong...








Castiel POV






Não consigo me concentrar em nada, que droga. Preciso ensaiar tanta coisa, mas não consigo me concentrar. Deixei a guitarra de lado e sai do meu refúgio particular – o porão de casa – peguei um refrigerante na geladeira e fui para o quarto.

Shizuka me surpreendeu. Eu achei que ela ficaria com ciúmes, que me acharia um idiota, que ficaria com medo. Mas ela foi tão compreensiva, que tive mais certeza de que escolhi a garota certa. Mas com certeza, no fundo, ela deveria estar com medo. Eu também estou, com certeza vai ser assustador para a Helena acordar e ver tudo que ela conhecia ter mudado, vê-la de novo... como será que eu vou reagir ? É estranho, mas tenho medo de mim mesmo, do que pode acontecer. E de tanto que pensava nisso, não conseguia me concentrar em nada.

As garotas pensam que nós, garotos, não pensamos em sentimentos ou não sofremos. Bom, uns são assim. Mas tem aqueles que só disfarçam. Não é legal demonstrar emoções, e nós precisamos fazer as garotas se sentirem seguras. No caso da Shizuka, preciso demonstrar que estou seguro de toda a situação, pra evitar que ela sofra por antecipação ou coisa do tipo. E preciso começar parando de pensar tanto nisso. Liguei o som e deixei tocando Pink Floyd, a única banda que consegue me fazer relaxar. Depois de um banho demorado, já menos ansioso, consegui ensaiar algumas músicas. Quando terminei, enquanto passava pela sala, vi meu pai e minha mãe conversando e rindo no sofá. Me aproximei discretamente por detrás e vi que eles estavam vendo alguns álbuns de fotos. Quanto tempo faz que não vejo eles rindo assim ? Depois que eles voltaram de viagem – pro enterro do meu avô – meu pai ficou meio... diferente. Não sei foi a morte do meu avô, mas espero que essa mudança seja permanente. Até mesmo uma foto dele ele colocou na estante. Talvez ele tenha se arrependido de um dia ter sentido vergonha de seu pai... e de todas as vezes que maltratou minha mãe. Fiquei imaginando como foi pra ele ver seu pai morto, sendo enterrado. Talvez ele tenha tido um choque de realidade. Espero que sim... meu avô tinha esse dom. Ele cativava e despertava o melhor nas pessoas. Tavez por culpa e vergonha meu pai tenha agido assim por tanto tempo. É difícil entender tudo isso, mas vê-los rindo me fez sentir um alívio enorme.

De repente, quando estava indo dormir, depois de algum tempo conversando com Shizuka pelo telefone, me lembrei do Nathaniel. Acho que ver meus pais vendo aquelas fotos velhas me fez lembrar das fotos que nós temos juntos. Não consigo pensar nele sem sentir raiva. Acho que nossa amizade nunca mais vai voltar a ser como era... eu sou orgulhoso demais para correr atrás e ele... não diria orgulhoso, mas sem jeito. Acho que ele simplesmente não sabe lidar com isso. Ou vergonha, culpa, não sei, mas orgulho não. Eu sou o orgulhoso da história, mas ao mesmo tempo, fui eu que sofri a perda maior. Fui que levei a culpa por tanto tempo. E ainda levo...

A semana passou devagar. Ensaiamos, agendamos um show, demos umas voltas pela cidade e fui com a Shizuka ver Os Miseráveis na Broadway na sexta, depois de muita insistência dela. Nunca gostei de musicais, uma vez fui ver Miss Saigon e dormi, mas esse foi bom, admito. Me envolvi na história de Jean, Fantine e Cosette. Até me identifiquei um pouco com ele, não por ele ser um filantropo, mas por me lembrar da época que eu me sentia vazio, das minhas habilidades em disfarçar e ocultar emoções, mas por dentro ser emotivo. Mas não consegui não rir quando vi Shizuka se acabando de chorar, e acabei levando tapa de graça.

Apesar da culpa e das inquietações, tudo estava indo bem. O ruim seria o clima pesado entre eu, e ela e Nathaniel na escola mas isso dá pra relevar. E estava indo tão bem que me dava até medo. Aquele medo de alguma coisa estragar do nada...

Enfim as aulas recomeçaram na segunda. Shizuka ainda estava em uma sala separada da minha, e quando a encontrei no refeitório, no intervalo, fui buscar ela pra comermos lá em cima, em uma sacada que eu descobri o acesso á algum tempo. Quase ninguém sabe, então lá dá pra ter privacidade e tranquilidade. Era engraçado ver as garotas cochichando entre si enquanto nos viam andar de mãos dadas. E como eu não gosto de provocar, puxei ela e a beijei ali mesmo. Ela não se aguentava de rir depois de nos separarmos e ver a cara de indignação das patricinhas.

Quando estávamos quase saindo do refeitório, um vídeo apareceu no telão de informações. Se eles estão passando alguma coisa aqui é porque é importante mesmo, mas eu não me importo mesmo assim. Já ia desviar a atenção quando percebi que não era algo da escola, era dos alunos. Era de uma festa, e Ambre apareceu no vídeo, e em seguida, ela focalizou um casal se beijando.

E a garota era a Shizuka. Ou melhor, uma Shizuka que eu não conheço, completamente desnorteada. Franzi o cenho e olhei para ela, que encarava o telão com os olhos arregalados. Quando olhei de volta, no vídeo ela estava dançando em cima do balcão. Nessa parte, os professores apareceram e alguns foram relatar para o pessoal que cuida das transmissões. Antes do vídeo ser cortado, a última cena que apareceu foi dela com Nathaniel. Ouvi cochichos, risos, todos nos encaravam. E Charlotte estava logo ao lado do telão, com um sorriso malicioso. Se não era obra da Ambre, com certeza era obra dela. Tava demorando pra ela fazer alguma coisa.

Mas isso é o de menos... porque a Shizuka tá agindo assim ? Por um momento pensei que não a conheço de verdade. Soltei da mão dela e a encarei, e ela me encarou com o olhar repleto de indignação e remorso.






Ellen POV





Voltar pra escola iria ser uma tortura. Eu vou ver meus amigos, tá, mas com certeza o Alexy vai vir me enxer e tudo isso vai me lembrar do Johnny. Foi difícil superar a morte dele, ainda mais por todos os sentimentos que nutri naqueles poucos dias. Pensar que eu nunca o veria de novo acabava comigo. Mas eu tenho que seguir em frente...

Era estranho imaginar o quanto a morte de alguém que convivi por menos de uma semana me afetou... sempre fui uma pessoa meio fria, não que eu não me importe, mas só algo relacionado com alguém que eu ame demais me afeta tanto. Ele era realmente alguém especial.

E, como previsto, a primeira pessoa que vi na entrada foi Alexy. Ele veio com aquela pose de quem se acha o tal me convidar pra ir áum show dele. Revirei os olhos e estava pronta para recusar, mas percebi que ele desviou os olhos de mim para algo que estava atrás. Seu olhar era surpreso, distante, eu podia jurar que havia até mesmo dor naquele olhar, era até estranho, parece que viu algo que o assustou, sei lá. Franzi o cenho e me virei, e ali estava uma garota de cabelos roxos, que retribuía o olhar dele na mesma intensidade. Mas ela o olhava com arrependimento, com uma certa nostalgia, com afeto. Fiquei naquele meio me perguntando o que estava acontecendo. Eles se conheciam ? O clima começou a ficar pesado... alguém pode me explicar o que está acontecendo ?








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Notas finais do capítulo

Aeeee *-* não sei o que dizer aqui gente @_@
Fiquei muito feliz com as reviews de vocês *-* esse capítulo ficou mais parado, mas são necessários para o andamento da história né ? :B
Espero reviews õ/
O motivo do título desse capítulo é porque, em todo POV, fala, de alguma forma, sobre ausência. Então achei que poderia ficar bom, eu amo essa parte da música O anjo mais velho do Teatro Mágico e também tava sem ideias ;-;''