Fogo e Gelo escrita por Reira


Capítulo 28
Até mesmo as flores podem machucar.


Notas iniciais do capítulo

"Dear God, the only thing I ask of you is
To hold her when I'm not around,
When I'm much too far away..."
(Dear God, Avenged Sevenfold)



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De início eu fiquei um pouco constrangida. Eu não pensei enquanto estava a caminho pra lá, e agora tudo isso parecia estranho. Ele me olhou, preocupado.

–- Você é louca ? - Perguntou, de cenho franzido. - Está tudo bem ? - Balancei a cabeça negativamente. E sim, eu sou louca.

–- Eu só não aguentei...

–- Tudo bem, tudo está bem agora. - E me abraçou. Depois de alguns segundos, me soltou e me levou até o quarto dele.

–- Eu não acordei seus pais ?

–- Não, eles não estão aqui. Toma – Ele pegou uma toalha e me deu, para que eu enxugasse os cabelos molhados, e voltou ao guarda roupa, acho que procurar uma roupa para mim. E eu estava precisando, estava toda molhada. Ele me trouxe uma camiseta enorme, preta, e depois de colocar no meu colo junto com a toalha, me olhou nos olhos e suspirou.

–- Desculpe. Você não veio aqui por nada, eu estou meio atortoado por uma discussão que eu tive com meus pais quando cheguei em casa. Mas o que aconteceu ?

–- A Nina, ela está tão diferente... e descobri que sou uma fraca. Passei minhas férias inteiras tentando ser forte e me virar sozinha. Mas tudo isso foi abaixo. Eu sou tão fraca... - Deixei mais algumas lágrimas escorrerem e Castiel as secou com a ponta dos dedos.

–- Shizuka, isso não é nenhum problema. Você não é fraca. Todo mundo precisa de alguém, embora ninguém dependa de ninguém. Mas confesso que estou feliz por ter vindo aqui. - Ele sorriu e eu sorri também. - Tem um banheiro logo ali, vai se secar e se trocar. Eu vou fazer o mesmo e vou trazer alguma bebida quente pra você. - Assenti e fui para o banheiro e ele saiu do quarto. Quando me olhei no espelho, notei meus olhos inchados. Tudo parecia estranho, mas ao mesmo tempo natural.... reparei também no quanto meu cabelo tinha crescido. Quando cheguei aqui, ele era chanel com ponta e agora, estava nos ombros, e um pouco mais comprido na frente por causa do corte. Preciso tirar isso... olhei a blusa que ele me emprestou, era enorme e tinha o slogan do Jack Daniel's desenhado nela. A camiseta dele serviu como um vestido que chegou quase no meu joelho, devido a meu tamanho e meu corpo mignon. Saí do banheiro um pouco constrangida, e ele estava sentado na cama, bebendo alguma coisa. Quando ele me viu, arqueou as sobrancelhas.

–- Eu quero provar desse whisky – Ele brincou e eu semicerrei os olhos pra ele, que riu. Ele pegou um copo de cima do criado-mudo ao lado da cama e trouxe pra mim.

–- É leite quente com mel. Minha mãe fazia pra mim, é gostoso. - Eu tomei um gole e era realmente delicioso.

–- Obrigada. - Ele passou uma das mãos pelo meu cabelo.

–- Não se preocupe. As coisas vão se ajeitar. A Nina vai acordar, eu tenho certeza disso. Eu queria poder fazer alguma coisa...

–- Você já está fazendo.

–- Eu vou escrever uma música em homenagem ao Johnny.... o que acha ?

–- Acho ótimo ! - Eu disse, depois de terminar de beber o leite. Ele pegou o copo e colocou em cima do criado-mudo junto com o dele.

–- Você se lembra de como tudo isso começou ? - Ele perguntou, enquanto caminhava na minha direção. Confesso que minha respiração ficou pesada enquanto eu o via se aproximar, com seu braços fortes e seu sorriso. Como alguém pode ser tão suave e tão agressivo ao mesmo tempo ?

–- Nós dançamos - Eu respondi.

–- Isso – E ele me puxou, e saímos dançando pelo quarto igual na noite do baile. Eu ri. A única pessoa que conseguia me fazer rir, com toda a tristeza que eu tinha por dentro... Ele se aproximou ainda mais de mim, me segurando pela cintura, e começou a sussurrar trechos da música que ele havia escrito pra mim.

–- “In this hell, there's a piece of heaven... is you. You, you are the beauty... you, you are the calm breeze... you, you are the hapiness... you, you are the fire inside me...” - Eu me sentia tão calma e tão bem. Não havia música pra guiar nossos passos mas isso pouco importava. Tudo vai ficar bem, tem que ficar. E como ele disse na música, nesse inferno existem pedaços de paraíso. Um deles é ele. O dele sou eu. E existem muitos outros. Infelizmente nem todos resistem ao mal, como a Nina. Infelizmente tudo nessa vida nos é tirado. Mas enquanto estivermos vivos, temos que lutar até o fim pra fazer valer a pena. E é isso que eu peço todos os dias, ser forte. E nunca me render. Eu me lembro até hoje de quando eu era criança, e eu gostava de uma personagem de filme. Ela era boa e por isso eu gostava dela. Mas uma amiga minha amava a vilã. E eu perguntei o porque disso e ela respondeu: “a maldade é mais atraente”. Até hoje quebro a cabeça para entender isso. Mas agora, enquanto estou dançando com o Castiel, sinto que não preciso entender essas coisas. Basta eu me esforçar em ser a melhor que eu posso. Depois de algum tempo dançando, ele se separou um pouco para poder olhar nos meus olhos. E sem dizer palavra, se aproximou de mim e me beijou. É como se ele me tirasse de um poço enorme no qual estive confinada durante semanas. Algo maior que eu controlava minhas ações, e quando dei por mim, nós estávamos deitados na cama. Quando ele se separou de mim, recuperei a razão e mordi meu lábio inferior. Não queria estragar aquela noite fazendo algo por impulso. Eu nem sabia se estava preparada. Eu fui lá para me recuperar, e isso estava parecendo forçado demais. Ele percebeu, e afastou alguns fios de cabelo do meu rosto.

–- Tudo bem ? - Eu o encarei, receosa, com medo de decepcioná-lo. -- Isso está rápido demais, não é ? - Concordei com a cabeça. Ele suspirou e se deitou.

–- Me desculpa – Eu disse, com a voz entrecortada. Ele riu.

–- Porque está pedindo desculpas ?

–- Eu devo ser muito boba pra você.

–- Não... eu devo admitir que é difícil, porque você sabe, eu sou humano e sou homem. - Eu ri e ele também. - Mas essa de que homem não consegue se controlar é a maior mentira do universo. Principalmente se gostar da menina. É preciso ter a mente fraca pra se deixar dominar por desejos... os dois precisam consentir em algo assim. Senão, ao invés de ser bom, pode até acabar com o namoro. Eu me lembro de todas as garotas que eu tive, foram poucas, mas na maioria das vezes foi mais para provar algo para os outros que eu tinha alguma coisa com elas. Com a maioria é assim. - Ele suspirou novamente e depois continuou. - Eu não quero que você faça nada que não queira. Espero o tempo que for necessário, só não me torture mais vestindo minhas camisetas. - Eu ri.

–- Você que me deu ! - Ele riu e me puxou pra perto dele, e eu deitei em seu peitoral. Claro que nesse momento esquentei ao máximo possível e com certeza fiquei vermelha.

–- Não tem outro travesseiro – ele disse – Vai ter que dormir assim. - E é claro que eu não contestei.

–- As aparências enganam... quando te conheci, achei que fosse o oposto do que é.

–- Eu achei que fosse uma menina insuportável, agora tenho certeza.

–- Besta. Era mais por você ser roqueiro e tudo o mais... sempre achei que todos eram brutos. E só pensavam em... é. - Ele deu uma gargalhada.

–- Sério ? Bom, ás vezes eu sou frio e um pouco egoísta. Mas a vida vai te ensinando a colocar as coisas no seu devido lugar. O rock realmente tem uma pegada rebelde, principalmente nas letras. E é nisso que nós focamos, melodias com movimento, letras com conteúdo, e muita energia no palco. Já o que somos na vida pessoal é problema nosso. Não preciso quebrar quartos de hotel pra provar alguma coisa.

–- Garrafas de Jack Daniel's na estante parecem rebeldes pra mim... - Comentei, rindo.

–- Bom, isso é outra história...

–- Mudando um pouco de assunto, tem muitas coisas que eu quero fazer e tenho certeza que você vai topar. Eu sempre quis viajar sem destino, viajar por viajar, sabe. Também quero conhecer o Central Park, mas não quero passear como pessoas normais, quero fazer algo interessante, não sei o que é, mas que seja interessante. Enfim, eu gosto muito de sair por aí...

–- Vamos fazer muito isso. É por isso que eu gosto de você... não é uma pessoa fácil de desvendar. Não é certinha, mas é prudente e consciente. Não pensa demais, nem de menos. Eu queria ser equilibrado como você.

–- Vai aprender comigo então. - Continuamos conversando e rindo por um tempão. Falamos de coisas idiotas, de nossos amigos, de nossos planos, de nossas ideias. Era incrível como o assunto com ele nunca acabava. Conversávamos até das coisas mais triviais do nosso dia. Ele resolveu que queria compor uma música comigo, e sentamos na cama e começamos a escrever. Eu sou péssima nisso, e ele tirava sarro de tudo que eu escrevia. Depois de meia hora tentando escrever alguma coisa que preste, eu olhei para ele, que estava lendo a folha procurando por ideias. Ele me olhou e sorriu de canto.

–- O que foi ?

–- Parece perfeito demais – Eu comentei, receosa. Ele franziu o cenho.

–- No começo todos os relacionamentos são perfeitos. Primeiros as pétadas da rosa, depois os espinhos. Mas nós vamos conseguir, Shizuka. Nós vamos aprender a lidar com os defeitos, com as brigas. - Ele sorriu e depois colocou o papel e a caneta em cima da cama. - Estou com fome – Eu ri da mudança repentina de assunto e ri mais ainda quando ele desceu da cama e abriu uma gaveta no guarda roupa e tirou um pacote de bolachas de lá. - Eu guardo aqui algumas coisas porque tenho preguiça de descer até a cozinha – Eu balancei a cabeça.

–- É uma boa ideia... - Eu fiquei observando enquanto ele voltava para a cama comendo uma bolacha e me lembrei da Mel, e meu pensamento viajou até a noite na praia em que Castiel estava cantando pra mim e ela comentou sobre a garota que ele gostava. Eu queria tanto saber sobre isso... será que eu deveria perguntar ? Mordi o lábio e tomei coragem.

–- Cast...

–- Hm ?

–- Eu ouvi uns comentários a seu respeito...

–- Isso não falta. - Revirei os olhos.

–- Sobre o motivo da sua briga com o Nathaniel... - Ele mudou de expressão na hora. Engoli em seco e continuei. - Tinha uma garota, não tinha ?

–- Sim, tinha. - Essa resposta veio curta e grossa, e até me encolhi. Castiel estava realmente incomodado e eu tinha medo de deixá-lo nervoso. Não por temer que ele fizesse algo, mas que ele ficasse chateado comigo. - Mas eu não quero falar sobre isso agora.

–- Você não confia em mim ?

–- Não é isso Shizuka, é só que eu não quero falar disso... por favor, não faz isso. - Eu olhava suplicante para ele, que nem sequer olhava nos meus olhos.

–- Porque fica escondendo coisas de mim.... - Eu sussurrei, mas ele pode ouvir. Ele se levantou e respirou fundo, enquanto mexia no cabelo, inquieto.

–- Não é nada disso, eu não estou escondendo nada, é só que... eu quero esquecer, entende ? Não é nem esquecer, é seguir em frente. E trazer isso á tona agora...

–- Ela te fez tão mal assim ?

–- Não foi ela... porque você é tão insistente ?

–- Porque você guarda tudo pra si mesmo ?

–- Eu já te contei tanto sobre mim... - Senti uma ponta de culpa. Falei sem pensar e ele estava certo. Ele só não queria dizer agora, só isso. Me acalmei e ia pedir desculpas mas ele me cortou.

–- Falando em Nathaniel, você já terminou com ele ? - Eu olhei para o lado, me sentindo mais culpada ainda.

–- Não oficialmente, eu...

–- Não oficialmente ? - Ele riu com um requinte de sarcasmo - Você quer ter os dois, é isso ?

–- É claro que não ! É que eu ainda não tive a oportunidade...

–- É claro que teve ! - O clima estava ficando tenso e eu extremamente nervosa. Realmente, o que eu estava fazendo aqui ? Eu não sou tão equilibrada como ele disse... algumas lágrimas brotaram e eu eu as sequei antes que ele visse e me levantei da cama. Fui em direção a porta mas ele me segurou antes de eu tocar a maçaneta.

–- Onde você vai ?

–- Embora. Cometi um erro vindo aqui.

–- Vai embora como, vestindo uma camiseta que te serve de pijama e sem dinheiro nenhum ? - Ele tem razão, e isso me fez sentir uma completa idiota. O encarei com raiva e ele passou uma das mãos pelo rosto, depois me encarou com a expressão mais amena.

–- Acho que esses são os primeiros espinhos – Eu comentei. Ele assentiu.

–- Me desculpe por isso. Vamos esquecer tudo isso por enquanto, tudo bem ?

–- Prometo que vou resolver as coisas com Nathaniel o mais rápido possível. Amanhã mesmo.

–- Tudo bem. - Eu esperava que ele fosse dizer algo sobre a garota, ou ao menos que diria um outro dia, mas nada. Mas seria besteira insistir nisso agora. Preciso dar tempo ao tempo, com calma ele vai conseguir falar. Ele me levou pela mão de volta até a cama, e nos deitamos do mesmo jeito que estávamos antes de começarmos a discutir. Ficamos um tempo em silêncio, e fiquei pensando em tudo que viria. Nós com certeza teríamos brigas piores do que essa, e isso me deu um aperto... vejo tantos casais desfeitos por brigas. Mas como se ele lesse meus pensamentos, ele disse:

–- Vai dar tudo certo. Quando quebrar, a gente conserta.

–- Promete que a gente nunca vai desistir, mesmo estando no limite. Que nunca vamos deixar esfriar...

–- Eu prometo. E nunca vai esfriar... - Eu sorri, sentindo sua pele quente em contraste com a minha, fria... como eu senti falta disso. Ficamos novamente em silêncio, apenas sentindo a presença um do outro. O silêncio pode ser tão expressivo quanto as palavras. O silêncio é bonito, quando compartilhado com alguém especial. Eu já estava caindo no sono quando senti ele acariciando meu cabelo, e antes de dormir pude ouvi-lo sussurrar algumas palavras de uma música.

–- Dear God, the only thing I ask of you is to hold her when I'm not around...









Nina POV









Porque eu estou fazendo isso ?

Me perguntei enquanto estava deitada de lado, enquanto ele estava sentado na cama acendendo um cigarro.

Eu não sentia nada com ele. Só não me sentia mais culpada porque o primeiro foi o Ken, quando namoramos da primeira vez. Mas foi apenas uma vez, porque decidimos que era cedo demais para manter um relacionamento assim. E agora estou estregando tudo de mim á um homem sem escrúpulos. Mas e daí ? Somos iguais... minha mente já estava preparada para bloquear qualquer acusação de estar traindo Ken. Eu estava fazendo bem para ele.

–- Não sabia que você fumava... - Comentei.

–- Na maioria das vezes só quando estou sozinho. Está sem sono ? - O ouvi perguntar. Eu me virei e tossi ao sentir o cheiro adocicado do cigarro. - É com aroma de cereja. - Ele sorriu e eu revirei os olhos. - Quer provar ? - Eu juntei as sobrancelhas, hesitante. Eu sei que aquilo faz mal, mas recusar parecia fraquejar. E na situação que estou, o que tenho a perder ? Peguei da mão dele e dei uma tragada. Tossi na hora e devolvi. Ele riu.

–- Isso é horrível ! Porque as pessoas fumam ? - Eu perguntei, me sentando na cama também. Ele deu de ombros.

–- É viciante e acalma. Mas tem muitas coisas que acalmam e não fazem mal. Talvez chamar atenção, ou pra dizer que não respeita o sistema.

–- Bela porcaria...

–- Mas tem pessoas que não conseguem largar.

–- E no seu caso ? Aliás, porque você é desse jeito ? - Ele ficou olhando para o nada por um instante antes de responder.

–- É uma longa história que não estou a fim de contar. Mas a parte de fumar é curta... simplesmente porque sinto que estou fazendo mal á mim mesmo e isso parece compensar o mal que eu fiz para algumas pessoas. A Shizuka, por exemplo. - Eu o encarei incrédula. Afinal, ele se importava ou não com o que ele fazia ? Eu iria surtar se ficasse pensando nisso. Que homem complexo... irritada, me deitei novamente. E sonhei com Ken. O mais duro foi acordar e de repente me lembrar do pesadelo que estou vivendo.










Castiel POV









No dia seguinte, eu tinha ensaio. Deixei um bilhete para ela e as roupas já secas em cima do criado-mudo, e a mesa do café posta. Sentindo não poder estar com ela quando ela acordasse. E quando eu estava saindo do quarto, pra dar uma última olhada nela dormindo, ela acordou. Eu já estava ficando atrasado mas não resisti á ficar mais um pouco. Ela insistiu em arrumar o quarto e quando foi guardar o edredon, se deparou com outro travesseiro guardado. Olhou pra mim com um sorriso e um olhar acusador, e nessa hora que eu saí, com um sorriso travesso. É lógico que eu não iria dar outro travesseiro pra ela, eu queria que ela dormisse o mais perto de mim possível.

Mas quando estava saindo de casa, me lembrei da noite anterior, de quando ela perguntou sobre Helena. Ela estava sempre subjacente nos meus pensamentos, mas há dias não pensava nela, apenas nela, e me senti mal. Eu não queria que Shizuka soubesse, não sabia como isso iria afetá-la... talvez muito, talvez quase nada. E a culpa, eu ainda sentia a culpa, pesada e impiedosa. Mas eu preciso seguir a minha vida... de repente me lembrei que precisava comprar cordar para a guitarra. Vou chegar atrasado... mas estourei uma das cordas e chegar sem é pior. Parei em uma loja no meio do caminho e entrei. Enquanto procurava as cordas, encontrei Hoshine. Quando ela me viu, acenou.

–- Que coicidência ! - Ela disse, sorrindo.

–- Pois é... faz o que por aqui, cedo assim ?

–- O Armin pediu pra eu comprar baquetas novas para o Dake, ele perdeu na viagem, acredita ? E eles precisam pra agora, porque vão ensaiar... eu inventei de ir ver o ensaio e sobrou pra mim. E você ? Não tinha que estar lá ?

–- Lembrei que tinha que comprar cordas pra guitarra – Ela riu e me levou até onde estavam as cordas.

–- Você está bem ? - Ela perguntou.

–- Porque ?

–- Não sei, parece meio inquieto... - Fiquei pensando enquanto escolhia qual marca levar. Hoshine é amiga da Shizuka e muito confiável, além de saber de tudo que aconteceu no passado. Talvez perguntar pra ela...

–- É, tem uma coisa. A Shizuka quer saber sobre a Helena... - Ela ergueu as sobrancelhas. - E não sei se digo ou não.

–- Eu acho que deve dizer, a Shizu vai ser compreensiva. Cedo ou tarde vai ter que dizer, Castiel.

–- Isso pode afetar muito, você sabe... ela pode deixar de gostar de mim ou pensar que eu posso querer voltar pra ela.

–- Não, ela com certeza não vai deixar de gostar de você. - Ela disse, enquanto andávamos até o caixa. - Conte pra ela, sim. - Assenti. Mas a Shizuka passou por tanta coisa... e mais isso. Mas ela queria muito saber, e Hoshine tem razão, eu devo contar. Amanhã mesmo vou dizer tudo. Agradeci a Hoshine e ofereci carona, e ela aceitou. Por sorte eu estava com o capacete reserva guardado dentro do banco.

–- A sua jaqueta com tachas fica me pinicando – Eu disse quando ela sentiu na moto e se segurou em mim. Ela riu.

–- Eu ia dizer pra se acostumar, mas o estilo da Shizu é o oposto do meu, então... - Coloquei o capacete e dei partida na moto. Até me esqueci de que Hoshi estava junto comigo, meus pensamentos voltaram para Shizuka. Foi tão bom ela ter ido lá ontem. Tanto eu quanto ela precisávamos um do outro, no mesmo momento. Ela já devia estar indo embora agora, e com certeza a mãe dela iria dizer um monte... mas que diga, quem mandou ser negligente. Tenho certeza que é, senão a filha não teria feito isso. Teria o apoio que precisa em casa. Ela me procuraria sim, mas não no meio da noite. Como eu ela somos parecidos... vivemos no mesmo ambiente. Mas talvez isso mude, agora que meu avô morreu. Meus pais correram para a casa dele, onde ele morava com uma enfermeira particular, ao receber a notícia, uma hora antes de Shizuka chegar, e meia hora depois da discussão por eu ter chegado tarde e por não me importar com estudos e toda aquela idiotice do meu pai. Isso começou desde que repeti o segundo ano, mas tudo isso tem um motivo. Motivo esse que ele ignora, e prefere me julgar á me ajudar. Mas ele estava descontanto em mim, porque não conseguia enfrentar seus próprios tormentos, sua própria culpa. Eu não quero ser assim. E Shizuka me inspira a ser uma pessoa cada vez melhor. Eu não quero perder isso, nunca.










Ken POV










Durante noites e noites, me esforçando em dar tempo ao tempo, eu ouvia Dear God e desejava que Deus cuidasse dela, me sentindo culpado por essa distância emocional entre nós. Ás vezes eu sentia um pouco de raiva de Johnny, mas isso era infundado. Depois ficava com remorso, ele não tinha culpa. Era uma ótima pessoa, e sua partida afetou a todos de alguma forma.

O tempo acabou e eu precisava tomar alguma atitude. Fui até a casa dela procurar por ela, mas ao chegar o que encontrei foi sua mãe preocupada e tão mal quanto eu.

Saí da casa de Nina desolado. Havia dias que ela não voltava para casa, e justificava dizendo que estava na casa de uma amiga. Estava com aquele crápula com certeza... pensar nisso me dava nos nervos e eu sentia que poderia bater na primeira pessoa que me irritasse. Isso tinha que acabar. Por ela, por mim, por seus pais. Se ela soubesse como dói vê-la desse jeito... mas eu vou trazer minha Nina de volta. Liguei para Shizuka e pedi o endereço do Lysandre, mas ela não sabia. Ao saber que eu iria até lá, ela ficou preocupada mas depois de muito insistir, consegui que ela me desse o número do Nathaniel, assim eu peço pra ele pedir pra Ambre, que com certeza sabe. Isso deu certo e antes de ir, me acalmei. Passei na casa da Shizuka, pra conversarmos um pouco e eu me acalmar, mas ela estava saindo quando eu cheguei, disse que estava indo para a casa do Nathaniel. Dei carona para ela e no caminho fomos conversando, e ela me contou que estava indo lá para resolver tudo. Desejamos boa sorte um para o outro e depois de deixá-la lá, fui para o hotel onde Lysandre estava hospedado. O homem que ficava na recepção foi atrás de mim, dizendo para eu me idenficar mas eu ignorei, fui direito para o elevador e em seguida para o quarto. Bati com força na porta, e cada segundo de espera parecia uma eternidade. Não me importo se Lysandre estiver aí, posso até bater nele se for preciso, mas eu vou trazer minha Nina de volta.



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Notas finais do capítulo

Aeee postei õ/ gente estou tão emocionada ;^; recebi mais duas recomendações, uma da NessaBeHappy e outra da Mackenzie C. Fiquei MUUUUITO feliz mesmo meninas, muito obrigada ! *-* Espero melhorar sempre, pra que continuem gostando assim. Nem sei o que dizer gente, os reviews, as recomendações, tudo lindo. Tenho até medo de perder tudo isso, de que minha fic perca toda essa graça que atraem vocês. Então, peço que nunca deixem de dizer suas opiniões, para que eu possa manter a qualidade da fic e melhorar ainda mais. Afinal, o que seria da minha fic sem vocês ? São vocês que fazem dela uma boa fic. ♥
Ah, coloquem o nome da suas docetes nos comentários, quero adicionar vocês :3 o nome da minha docete é Kittye.
Espero reviews *u*



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