Fogo e Gelo escrita por Reira


Capítulo 24
Fica comigo então, não me abandona não...


Notas iniciais do capítulo

"I want you to know
With everything, I won't let this go
These words are my heart and soul
I'll hold on to this moment, you know
'Cause I'd bleed my heart out to show
That I won't let go..."
(With me - Sum 41)



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E com toda a cara de pau do mundo ele veio me chamar pra dançar. E é claro que Nathaniel veio se agarrar em mim e não permitiu que Castiel me tocasse. Naquele momento me senti um objeto, sendo disputado por dois garotos através de olhares agressivos. Antes que os dois saíssem nos tapas, levei Nath para o balcão, tomar um milk-shake comigo. E é claro, fiquei irritada com aquilo, e Nath tentou melhorar a situação zoando o jeito de Alexy de dançar, e acabei rindo. Johnny ainda cantava e muitos ainda dançavam, a noite estava incrível e animada, tirando o clima meio tenso que ficou depois que Castiel se aproximou de mim. Confesso que tive vontade de dançar com ele, mas se fizesse isso, aquele lugar iria abaixo.

Olhando em volta, vi Ambre e Lysandre conversando em um cantinho. Me perguntei o que eles pretendiam... afinal ninguém os queria ali, mas eles agiam como se nada acontecesse. Bom, pelo menos não estavam aprontando. Até agora.




Meredy POV




Os casais – Nina e Ken, Hoshi e Armin – foram dançar e eu e Leigh ficamos em um silêncio um pouco desconfortável. Sempre que pensava em dizer alguma coisa acabava parando, com medo de parecer boba. Ele também parecia desconfortável, enquanto bebia sua coca sem parar e batia os pés freneticamente. Então, de repente, ele colocou a coca na mesa e se levantou.

–- Não quer... dar uma volta ? – Arqueei uma sobrancelha.

–- Mas onde ?

–- Não sei, aqui perto tem um parque, vamos pra lá. Vamos, antes que alguém perceba. – Ele me pegou pela mão e me puxou pra fora. Fomos assim até estarmos na outra quadra, e então ele soltou minha mão, um tanto constrangido, e andou mais devagar.

–- Na verdade não gosto muito de dançar... – Ele disse, colocando as mãos nos bolsos.

–- Eu também não... só quando estou sozinha.

–- É... acho que é bem melhor. – E riu. Ah, meu Deus, aquele sorriso ! E então me dei conta que estava andando, pelas ruas de Orlando, ás uma e meia da manhã, com Leigh. Com Leigh ! Será que era um encontro ? Demorou para que eu processasse tudo isso, e quase saltitei de felicidade. Então ficamos em silêncio de novo. Era tudo tão mágico ! Eu pensei em dizer algo mas ele foi mais rápido.

–- Então... do que você gosta ?

–- Bolachas de chocolate – Bom, eu fui sincera. Ele riu.

–- E de flores, você gosta ? – Eu disse que sim e ele entrou em um quintal que estava logo atrás de nós, para pegar uma flor de um canteiro. Eu olhei para a janela da casa e a luz estava acesa, e uma sombra o observava. Gritei pra ele sair dali, porque pelo visto a dona – ou dono – do canteiro não estava muito feliz com Leigh arrancando flores. Não sei porque estava acordado á essa hora, mas pouco importa, o que importa é que uma mulher já um tanto idosa apareceu na porta com uma vassoura na mão, gritando para Leigh soltar as flores dela. Ele deu um pulo e correu na minha direção, pegou minha mão e começamos a correr juntos.

–- Devolva minhas flores !! Eu irei chamar a polícia, seu ladrãozinho de canteiros !! – Gritava a mulher atrás de nós. Nós dois ríamos feito doidos, até que perdi um dos meus sapatos. Mas se parássemos e voltássemos para pegar o sapato iríamos apanhar de vassoura, então continuamos correndo até a mulher desistir. Quando vimos que ela havia parado, sentamos em um muro, quase perto do Hard Rock, e suspiramos aliviados.

–- Que mulher louca ! – Eu disse, rindo. Ele riu também e me estendeu uma flor.

–- Eram três, mas as outras duas caíram... – Eu peguei com toda a alegria do mundo e agradeci com um beijo na bochecha. Ele me olhou, um pouco surpreso, e eu olhei para o chão. Ele fez o mesmo e então reparou na falta de um dos meus sapatos.

–- Perdi no meio do caminho...

–- Não acredito... – E riu. Eu o empurrei de leve.

–- Você ri né ?!

–- Claro. – Nisso ele tirou os dois sapatos e me entregou.

–- Toma, coloca. Deve ser muito desconfortável andar assim e descalça deve ser pior. Eu uso quarenta, não deve ficar tão grande...

–- Obrigada... – Por sorte eu calço trinta e oito, então não ficou tãaao enorme e bem melhor pra andar. – Mas como vou voltar lá assim ?

–- Então, que tal na hora de entrar entrarmos os dois descalços ? – Eu ri com a proposta e acabei aceitando. Melhor do que entrar toda embonecada com sapatos de homem. Mas ele estava sendo tão cavalheiro por me emprestar os sapatos e por me dar as flores... fomos conversando no caminho de volta, conversando sobre várias coisas, como nossos interesses e sonhos. Quando entramos foi muitíssimo engraçado, todos nos perguntaram o que havia acontecido e tivemos de contar, e muitos já começaram com risadinhas maliciosas pra cima de nós. Guardei a flor com cuidado dentro da minha bolsa e fomos aproveitar o resto da festa. E apesar de não gostarmos muito de dançar, o ritmo do rockabilly era tão envolvente que acabamos dando alguns passos no salão. Foi tudo muito divertido, com Dake e suas piadas, Armin e seu jeito esquisito de andar, Ken fugindo de Dake, e Íris salvando o coitado, Nina e Hoshi imitando o Armin, Shizuka, Ellen e as outras meninas fazendo piada enquanto dançavam estilos completamente opostos pra tirar uma com o Johnny, que se segurava para não rir; Nathaniel e Castiel soltando faíscas pelo olhar, Alexy quase caindo enquanto tentava dançar pra chamar a atenção de Ellen... as conversas, as piadas, tudo ótimo. E terminou assim, perfeito. Nem acreditava que estava sendo tudo tão maravilhoso ! Quando chegamos, todos estavam morrendo de sono e foram para os seus respectivos quartos. Antes de eu ir para o das meninas, Leigh segurou meu braço.

–- Obrigado pela noite, foi ótimo.

–- Eu que agradeço ! Muito obrigada pela volta... a flor e os sapatos. Ah ! – Tirei os sapatos dele, que usei de novo pra sair do Café, e os devolvi, e ele devolveu meu par único, me fazendo rir. Ficamos nos encarando alguns segundos em silêncio.

–- Então... a gente se vê – Ele disse, colocando as mãos nos bolsos e indo para o quarto, com um sorrisinho. Eu sorri e assenti, corada.

–- A gente se vê. – Entrei no quarto e todas as meninas vieram pra cima de mim.




Shizuka POV




–- Conte tudo agora ! – Mel corou na hora e pediu calma pra chegar até a cama e ela contou tudo. Rimos e a encorajamos a chamá-lo pra sair no dia seguinte. Enquanto as meninas conversavam, eu saí do quarto para beber água, mas fui surpreendida por Charlotte e Castiel discutindo na cozinha. Me escondi pra ouvir o que diziam.

–- Você não me deu atenção nenhuma hoje !

–- E porque deveria ? – Ele o fuzilou com os olhos e bufou, andando de um lado para o outro.

–- Porque somos namorados !

–- No seus sonhos, Charlotte.

–- Já se esqueceu do contrato ?

–- Desiste. Seu tio amou nosso som e não vai rompê-lo por capricho seu. Nós já gravamos. – Ela parou e o encarou, indignada.

–- O QUÊ ? – Ela quase puxou os cabelos de raiva e saiu pisando duro, parecendo um elefante furioso. Tive que dar passagem para ela entrar no quarto e nisso Castiel me viu. Depois que ela bateu a porta furiosamente, ele suspirou e encostou na pia.

–- Acho que agora me livrei. – Ele me olhou e riu. Eu cruzei os braços, constrangida, e dei um risinho. – Eu tenho uma coisa pra você – Ergui as sobrancelhas, surpresa, e curiosa. - Espera aqui. - Ele foi para o quarto e eu esperei. Fui até a janela que ficava em cima da pia, de onde se podia ver o jardim iluminado por um poste e um pedaço do céu. O que ele estaria aprontando agora ? Espero que ele não esteja esperando que eu ceda por presentes... ou coisas assim. Ah meu Deus, eu nem deveria estar aqui esperando. Mas minha curiosidade é maior que eu... de tão distraída que estava, nem percebi que ele voltou. Quando dei por mim ele estava me abraçando por trás, segurando uma enorme caixa vermelha. Senti um arrepio devido ao susto e meu rosto deve tervirado um tomate.

–- Hoje mais cedo, enquanto andava por aí, achei isso... em uma loja de antiguidades. De acordo com a dona da loja, são Britânicos... da Era Vitoriana. Achei sua cara... e mais algumas coisas que achei que ia gostar. - Peguei a caixa e fui em direção á mesa. A abri com cuidado, ansiosa, e quase gritei de surpresa e admiração. A primeira coisa que vi foi uma caixinha de música, toda decorada nos mínimos e belos detalhes, realmente digna de ter pertencido á uma Era tão requintada. Ao abri-la, a música ainda tocava... era a música do lago dos cisnes.

–- É lindo... - Murmurei, admirada. Em seguida peguei uma caixinha azul, onde dentro estava guardado um colar... um relicário ! Ainda mais bonito que o que ganhei de Lysandre, que parei de usar é claro. No coração, além de alguns desenhos, haviam pequenas pedrinhas de brilhante... era maravilhoso. Ele o pegou da minha mão e colocou no meu pescoço com cuidado. Me senti arrepiar a cada leve toque dele em meu pescoço, e me contive para não demonstrar isso. Quando ele terminou, segurei o pingente com uma das mãos e sorri. - É maravilhoso, Castiel. - Pude ouvi-lo dar um risinho.

–- Termina de ver. - Obedeci, e ao olhar na caixa, estava um livro de poesias de Shakespeare, duas revistas antigas sobre os Beatles mais um livro de biografia da banda com fotos e um LP de “Abbey Road”, meu disco preferido deles. Todos em perfeito estado. Quase pulei de felicidade com essas relíquias.

–- Não acredito ! Obrigada ! - Ele riu novamente e encostou o rosto no meu pescoço.

–- Fico feliz em saber que gostou. - Ele sussurrou, e nessa hora minha respiração parou. - Tem mais uma coisa. - E tinha mesmo, uma rosa vermelha. A peguei com cuidado e cheirei, o perfume que ela exalava era delicioso... - Olha o que eu fiz quando peguei ela pra você – Ele me mostrou o dedo indicador da mão direita, que estava com um band-aid. - Furou com os espinhos. - Não consegui conter um riso, nem ele.

–- Não precisava de tudo isso ! Ainda por cima se machucou !

–- Mas valeu a pena... - Ele sussurrou de novo, e dessa vez, ao invés de minha respiração parar, suspirei fundo, num momento de fraqueza, demonstrando o quanto ele me afetava. Ele apertou mais ainda o abraço, e beijou meu pescoço.

–- Castiel... - Murmurei, tentando não fraquejar.

–- Hm ?

–- Não faz isso...

–- Você sabe que não se deve separar fogo e gelo.... - Ele sussurrou, enquanto me beijava.

–- Pois eles se encontrarão novamente... - Ah, não, eu estou entrando no jogo dele.

–- E a segunda vez é mais intensa...

–- Mais perigosa... - Sussurrei, já quase sem voz.

–- Consumindo tudo que está pela frente.... - Nisso ele me virou, e afastou a caixa, para poder me sentar na mesa.

–- Num desespero incessante – Murmurei, olhando nos olhos dele, já perdida neles, completamente fora da realidade.

–- Na tentativa apaixonada de prolongar o encontro fatal – E então ele me puxou e me beijou, como ele mesmo disse, desesperada e apaixonadamente. E eu pude sentir, isso era o certo, o equlíbrio, o contraste. A cada beijo, uma nova sensação. Eu não poderia mais prolongar essa situação. Quando me faltou ar, o afastei e o olhei com o olhar derrotado.

–- Porque faz isso comigo ? - Ele sorriu.

–- Porque você cede ? - Me pegou. Meu silêncio foi o suficiente para ele entender que eu cedia porque queria. Ele beijou meu pescoço novamente, e a sensação era tão boa e me fazia arrepiar dos pés a cabeça, que eu quase me deixei levar novamente. Mas, como sempre, a realidade voltou á minha mente entorpecida e eu o empurrei.

–- Chega, eu... agradeço pelos presentes mas não podemos continuar com isso – Eu disse, descendo da mesa e guardando tudo na caixa.

–- E o que é que a gente faz ? - Fiquei em silêncio até guardar tudo. Quando terminei, me virei pra ele.

–- Nada. Eu sou a namorada do Nathaniel, e você está solteiro. É isso.

–- Mas é comigo que você quer ficar. - Ele olhava fixamente em meus olhos, e eu tratei de desviá-los. Isso era invasivo, eu sentia ele destruindo minhas defesas.

–- É, mas...

–- Então fica comigo – Ele me lançou um olhar que me desarmou completamente. Mas havia tanto a considerar...

–- Eu não sei, eu... tenho que pensar. - Na verdade eu já tinha decidido, mas o medo, o sentimento de culpa, de ter traído Nath me impedia de dizer isso á ele. Peguei a caixa de volta e fui para o quarto antes que ele disesse mais alguma coisa. Eu estava sendo idiota, orgulhosa.... mas eu não podia pensar apenas em mim ! E Nath, como ele fica nessa história ? O quarto já estava com a luz apagada, e nem acendi para que não vissem a caixa e ficassem me perguntando. Com um pouco de dificuldade achei minha cama, usando a luz da tela do celular como guia, e guardei meu presente embaixo dela. Depois que me deitei, voltei a pensar no que ocorrera minutos atrás. Eu estava cansada disso, isso precisava acabar. Eu irei conversar com Nath amanhã – ou melhor – hoje mesmo. Arranjarei uma oportunidade. Eu amo o Castiel, e não posso mais prolongar essa situação. Antes de dormir, peguei o celular e iluminei o relicário, e abri. E não consegui segurar um risinho, Castiel havia colocado a foto dele dentro.






Nina POV





–- AAÔ CAMBADA VAMO ACORDAR QUE HOJE TEM PRAIAAA – Acordei com os gritos de Dake batendo panela na cozinha, e quando levantei pra xingá-los Iris já tinha ido tirar a panela da mão dele. Eram oito e meia, eu estava morrendo de sono e pelo visto a maioria também, já que só eu e Hoshi acordamos. Iris estava fazendo torradas e Dake fez bico enquanto sentava na mesa, desistindo de acordar todo mundo.

–- Vamos esperar até umas nove horas pelo menos – Disse Iris. Hoshine concordou enquanto se espreguiçava, e quando me viram deram bom dia.

–- Ontem foi uma noite e tanto – Eu disse, animada. - Acho que hoje vai ser bom também.

–- Maravilhoso, porque vamos tocar – Disse Dake – E vocês vão ver toda essa sedução ambulante cantando também – Disse Dake. Iris revirou os olhos e ele começou a piscar pra ela e a tentar seduzi-la com suas caras de sou sexy, mas sem muito sucesso.

–- Tá mal hem Dake... - Disse Hoshi beliscando uma torrada. Eu ri.

–- Ela tá fazendo charminho porque vocês estão aqui.

–- Hm, sei... então hoje é praia ? - Perguntou Shizuka aparecendo de repente junto com a Ellen.

–- Vai...

–- Não vejo a hora de ver esses garotos lindo de Miami... - Comentou Elle soltando um suspiro – Mas e o Johnny ? Ele vai ?

–- Hmmmmmmmmmmm – Murmuramos em uníssono e Ellen corou.

–- Ai gente... e que ele é legal né...

–- E lindo – Disse Iris.

–- Não peraí que você disse ? - Perguntou Dake e eles começaram com uma discussão boba de quem é mais bonito que acabou em cosquinha. Típico de namorados.

–- Eu vou chamar ele e com certeza ele vai, Ellen – Disse Shizu. - E já deu pra perceber que você tá a fim dele. Confessa vai.

–- Ahn... ok, eu sou. Mas ele nunca vai olhar pra mim... - Nisso ela afundou a cara entre as mãos. Eu a cutuquei.

–- Para com isso. Hoje, na praia, vai vestir seu melhor biquini e vai chamar ele pra dar uma volta com você na beira do mar, ver o sol se pondo...

–- Não viaja – Ela disse, rindo.

–- E você Hoshi, você e a Mel se reconciliaram ? - Perguntou Shizu. Ela continuou comendo e deu de ombros.

–- Mais ou menos, a gente tá se falando normal, mas nem conversamos sobre tudo que aconteceu... quem sabe quando chegarmos em casa. - Shizu assentiu. Continuamos a conversar sobre a queda de Ellen por Johnny até que Dake, impaciente, foi acordar todo mundo com a panela de novo. Dessa vez todo mundo levantou e em uma hora estávamos a caminho da praia. Me peguei me perguntando se Lysandre vai, mas afastei rapidamente esse pensamento. Mas algo me diz que hoje será um dia e tanto...



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Notas finais do capítulo

DESCULPEM A DEMORA ;^; mas a escola tá consumindo demais do meu tempo, e outras coisas ;^; mas podem ter certeza que parar eu não paro, sempre que conseguir to postando *O* espero que gostem :D