Harry Potter e o Círculo Sombrio escrita por JMFlamel


Capítulo 8
VIDA INOCENTE EM RISCO




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/22166/chapter/8

CAPÍTULO 7

VIDA INOCENTE EM RISCO






O susto ocorrido com o quase envenenamento de Nigel Lovegood e Elaine Granger não empanou o brilho da festa de Natal, que prosseguiu com o almoço no dia seguinte. Passados os feriados de fim de ano, era a hora de retomar a busca dos volumes do Necronomicon, antes que os bandidos do Círculo Sombrio o fizessem. Mas, certo dia, uma coisa bastante curiosa aconteceu: Quando Harry olhou no mostrador da bússola mágica, os cinco pontos luminosos restantes apagaram-se.
Harry arregalou os olhos e na mesma hora tratou de atirar um punhado de pó de Flu na lareira, chamando por Sirius.
_O que houve, Harry? _ perguntou o padrinho, sua cabeça surgindo entre as chamas verdes da lareira.
_Os pontos restantes sumiram da bússola, Sirius.
_Dumbledore me disse que isso poderia acontecer. Parece que algum dos meliantes do Círculo foi idiota o bastante para aproximar-se de um dos livros sem estar portando a bússola que está com “Sombra & Escuridão”. Os livros mudaram de lugar e agora irão manifestar-se um por vez.
_Então agora será uma disputa passo a passo. _ disse Harry _ Uma corrida a cada vez em que um livro se manifestar. Bem, será o caso de ficarmos de olho na bússola e sairmos à procura. Enquanto isso não acontece, vou cumprir a promessa que fiz a Lílian e Tiago.
_???
_Vou levá-los a Gstaad por alguns dias. Um pouco de esqui e Snowboard não farão mal a ninguém. Gina tem uns dias de folga do St. Mungus e do consultório e já me disse que pretende aproveitá-los bem. Resumindo, a Suíça nos espera.
_Mais alguém vai? Eu gostaria que Soraya tivesse umas férias de inverno legais, antes de começar em Hogwarts, no próximo verão.
_Ayesha já nos contactou, Sirius. Soraya já está aqui em casa, de malas prontas e entusiasmada para viajar.
_Às vezes eu me esqueço de que sou casado com uma Vidente (ambos riram). Sei que com vocês ela estará numa boa.
_Em termos, Sirius. Você sabe muito bem que nós e nossas famílias somos bastante visados por aqueles canalhas do Círculo.
_Por isso é que todas as nossas crianças receberam treinamento Ninja desde que saíram das fraldas. Uma segurança adicional nunca é demais. Mas você já sabia alguma coisa de artes marciais antes de Derek ensinar aos Inseparáveis, não é?
_É verdade, Sirius. _ disse Harry, meio sem jeito _ Cho me ensinou um pouco, durante aquele breve namoro que tivemos quando eu estava no quinto ano. A família dela sempre praticou o Kung-Fu estilo Shaolin e ela não era exceção.
_E eu deduzo que deve ter havido algo mais do que isso, mais do que artes marciais, Yoga e Meditação. _ disse o padrinho, com a famosa cara de Maroto, através da lareira.
_Quanto menos gente souber disso melhor, Sirius. Conto com a sua discrição, OK? _ disse Harry, corando.
_Minha boca é um Feitiço Fidelius não violado, Harry.
_Bom. Draco, Jan e as crianças também vão para Gstaad. Quero ver se ele ainda esquia tão bem quanto diz.
_Bem, Harry, já vou indo. Qualquer manifestação de um dos volumes do Necronomicon deverá ser informada, OK?
_Tudo bem. Se a bússola não estiver comigo, estará com Rony. Até mais, Sirius.
_Até mais, Harry. _ e, com um estalido, a cabeça de Sirius Black desapareceu da lareira.

Photobucket - Video and Image Hosting  Photobucket - Video and Image Hosting

      “Gstaad, sofisticada estação de esqui na Suíça”

O Círculo parecia que não se manifestava, significando que não havia surgido nenhum sinal dos livros. Os Potter e os Malfoy puderam aproveitar em paz uns dez dias em Gstaad, antes que tivessem de retornar para a Inglaterra. Soraya, Narcisa, Adriano, Tiago e Lílian adoraram o local e aprenderam logo a esquiar e a descer as pistas de Snowboard, bem ensinados por Draco e Harry. O loiro realmente esquiava muito bem, mas Harry era imbatível com a prancha. Ao término daquela folga, as famílias tomaram uma Chave de Portal para Londres e bem a tempo, pois mal Harry pisou no Ministério, Rony tratou de chamá-lo e mostrou a bússola, em cujo mostrador piscava um sinal, na América do Sul.
_Veja, Harry. Um dos volumes do Necronomicon acabou de manifestar-se no Brasil.
_O Brasil é um país muito grande, Rony. Vamos ampliar a imagem, para sabermos onde ele está. De qualquer forma é bom levarmos roupas bem leves. Agora é verão lá e o calor é bem intenso.
Ampliaram a imagem e o sinal passou a piscar no litoral, mais precisamente no Sul do estado do Rio de Janeiro. Quando o sinal se estabilizou, Harry e Rony olharam um para o outro.
_Coincidência? _ perguntou Harry.
_Você bem sabe que isso não existe. _ Rony respondeu.
_Mas você precisa admitir que é uma baita convergência de fatos o livro ter aparecido justamente lá.
O sinal correspondente ao volume do Necronomicon recém-manifesto brilhava sobre a cidade de Paraty.
_Agora é época das férias escolares de verão no Brasil. É quase certo que os encontraremos por lá. _ disse Harry.
_Sim. Ainda mais porque ela está, junto com a prima dele, administrando a destilaria e a exportação da cachaça para vários países. _ Rony observou.
_Isso significa que vamos revê-los. Larissa deve estar com uns...
_... Nove anos, mais ou menos. Nós os vimos pela última vez quando vieram para o aniversário de casamento de Oscar e Karine.
_Então, acho que é hora de fazermos uma visita a Milly e Daniel.

Photobucket - Video and Image Hosting  Photobucket - Video and Image Hosting

                       “Paraty, cidade histórica do litoral do Rio de Janeiro”

A pequena cidade de Paraty localizava-se no litoral Sul do Rio de Janeiro e, durante o Período Colonial, havia sido um porto secreto para que o ouro extraído em Minas Gerais fosse transportado para Portugal, razão pela qual ela sequer figurava nos mapas da época. O fato de várias ilhas dificultarem sua visão para quem vinha do mar ajudava bastante. As ruas estreitas e com curvas do centro histórico eram proibidas para trânsito de veículos e invadidas pelas águas durante a maré alta, proporcionando uma limpeza natural. Já haviam sido planejadas dessa forma com a finalidade de dificultar a invasão e o deslocamento de grandes contingentes, os quais eram facilmente vítimas de emboscadas. A cidade era tombada e considerada Patrimônio Histórico e Artístico da Humanidade, razão pela qual as construções coloniais não podiam ser modificadas, apenas restauradas em sua forma original. Suas praias quase não formavam ondas, em virtude das muitas ilhas à sua frente. Na parte moderna da cidade, a vida noturna era intensa e os barzinhos e danceterias bombavam. E é nessa parte da cidade que vamos encontrar Harry e Rony, sem transfiguração, caminhando como dois turistas comuns. Harry vestia uma bermuda cargo cáqui Mormaii, uma T-Shirt verde-clara Volcom, tinha na cintura uma pochete Bully’s e calçava um Nike Shox 4 molas. No pulso esquerdo, sua jóia de comunicação, camuflada em um relógio esportivo. No direito, uma pulseira de prata de Bali, semelhante ao cordão que tinha no pescoço. Às costas, uma mochila Oakley Icon Backpack, mesma marca dos óculos modelo Valve que trazia no rosto. Rony vestia-se de maneira semelhante, com uma camisa MCD, uma bermuda jeans Index Krown, um relógio TAG-Heuer, tênis Oakley, uma mochila Rip Curl e óculos de sol Arnette. Peles bronzeadas pela prática de corridas ao ar livre, os amigos pareciam dois surfistas. Dirigiam-se para o estabelecimento de Daniel e Millicent Wiesenthal, uma elegante e confortável pousada, com várias lojas de roupas e Souvenirs e uma bem freqüentada cachaçaria.
Entraram na recepção e Harry perguntou:
_E aí, há dois apartamentos simples ou um duplo disponíveis?
Reconhecendo aquela voz, Milly voltou-se, mas quem falou primeiro foi Larissa.
_Tio Harry! Tio Rony! Que bom ver vocês!
_Larissa! Mas como você cresceu, menina! _ disse Harry.
_Está linda. _ disse Rony _ Logo estará recebendo as cartas de Hogwarts.
Milly saiu de trás do balcão e abraçou os amigos.
_E vocês dois, seus sumidos? O Coordenador Estratégico Regional dos Aurores de Londres e o Chefe da Seção de Quadribol são importantes demais para darem sinal de vida? _ disse ela, baixinho. Em seguida a loira deu um beijo no rosto de cada um. Também estava bastante bronzeada, resultado de muito tempo vivido à beira-mar.
_Você sabe como é a nossa vida, Milly. _ disse Rony _ Poucos momentos de lazer e, por isso mesmo, bastante valorizados.
_E o Daniel? _ perguntou Harry.
_Aqui mesmo, cara. _ o Major Daniel Wiesenthal adentrou a recepção e apertou a mão dos dois _ Aproveitando as férias para ficar mais tempo com minhas garotas preferidas. _ e beijou Milly.
_Continua em São Paulo, Daniel?
_Sim, Rony. Não são muitos os oficiais da Inteligência Militar que têm tanta proximidade com o mundo mágico. Continuo sendo Oficial de Ligação do Comando Militar do Sudeste com o Ministério da Magia. E Marino fazendo a mesma coisa, só que no Comando Militar do Leste, no Rio de Janeiro. Aliás, falando em Marino...
Como que sublinhando as palavras de Daniel, duas outras pessoas chegaram.
_Blaise! Vicenzo! Também curtindo umas férias? Cadê o Marino?
_Deverá chegar daqui a uns dois dias, Harry. _ disse a bela bruxa morena, aproximando-se com o filho _ Ele concluiu uma missão com a ONU e retornou ao Brasil anteontem. Acontece que a tropa está em quarentena.
_E onde os valorosos “Boinas-Azuis” estiveram desta vez, Blaise?
_Timor Leste, Rony. A situação começou a esquentar de novo por lá e a ONU mandou mais uma Força de Paz. Inclusive, a Inglaterra também mandou um contingente.
_Sim, eu li no London Times. Depois da segunda reeleição seguida de Xanana Gusmão como Presidente e de Ramos Horta como Primeiro-Ministro, algumas facções ficaram bem descontentes. _ disse o ruivo.
_E uma prova disso foi o atentado contra eles, há cerca de um ano atrás. Por conta daquilo, a ONU resolveu reintervir no país. Aliás, foi muita sorte os dois terem escapado com vida. O restaurante ficou quase que totalmente destruído.
_Sorte nada, Harry. _ disse Daniel, piscando para a esposa, que executou de forma discreta um Feitiço de Privacidade _ O secretário deles, que também escapou com vida, é um bruxo da Ordem da Fênix e mal teve tempo de executar um Protego Maxima para envolver os três e suas esposas, antes que tudo desabasse.
_Então eu estava certo e havia o dedo do Círculo Sombrio naquele atentado. _ Harry comentou, pensativo _ Eles devem ter algum interesse naquela área.
_Provavelmente, Harry. _ disse Daniel _ Aqueles calhordas sempre têm interesse em países do Terceiro Mundo, onde podem infiltrar-se até mesmo no governo local. Mas, mudando de saco para mala, acho que faço uma idéia da razão de sua visita.
_Sim, Daniel. _ Harry concordou _ E podemos falar na presença de Milly e Blaise até certo ponto, pois ambas pertencem à Ordem da Fênix e nos ajudaram bastante nos anos logo após o fim de Voldemort.
_Obrigada, Harry. _ disse Milly _ Crianças, caiam fora. O sol está quente e a piscina deve estar uma delícia.
_Mas, mamãe... _ Larissa ainda tentou argumentar, mas Vicenzo puxou a garota pelo braço e disse:
_Vene qua, cara mia. O assunto não é para o nosso bico, capisce?
A loirinha acompanhou o “primo-postiço” meio de má vontade. Na primeira curva do corredor ela novamente reclamou:
_Pô, Vicenzo! Justo você, que é tão Criador de Confusão quanto os filhos do Tio Harry e do Tio Rony, me tirando dessa?
_Fica fria, Larissa. Você acha que eu não deixei uma “Orelha Remota Honra & Amizade” bem escondidinha? Mesmo com o Feitiço de Privacidade nós vamos ficar sabendo de tudo o que eles conversarem, bella mia.
_O senhor é terrível, Sr. Vicenzo Zabini Marino.
_Não menos do que a senhorita, Srta. Larissa Bulstrode Wiesenthal.
Os dois riram e foram à procura de um lugar discreto, onde pudessem xeretar a conversa dos adultos com o receptor da Orelha Remota.
As Orelhas Remotas eram uma criação do grupo formado pela Gemialidades Weasley e pelos “Honra & Amizade”, os maiores fabricantes de brincadeiras e logros bruxos, principalmente depois que o grupo havia comprado a Zonko’s. Eram um aperfeiçoamento das antigas Orelhas Extensíveis e o princípio de funcionamento era o mesmo de uma escuta remota trouxa: um transmissor ativado pela voz e um receptor remoto. Aquelas haviam sido um presente especial de Tetsuken Musashi em uma versão para uso dos Aurores, sendo capazes de filtrar o Feitiço de Privacidade. As crianças ajustaram os receptores nos ouvidos e passaram a ouvir a conversa dos adultos como se estivessem ao lado deles.

_Eu já tinha ouvido falar do Necronomicon, mas sempre pensei que fosse uma lenda. _ disse Milly.
_Ele é bem real, Milly. _ disse Rony _ Inclusive, um dos volumes já está em nosso poder. Mas outro está com o Círculo.
_Agora os livros estão aparecendo um de cada vez e o mais recente surgiu aqui, em Paraty. _ disse Harry _ Viemos à procura dele, mas não podíamos deixar de passar aqui para vê-los.
_Sem contar que eu poderei prestar alguma ajuda, Harry. O Serviço de Inteligência Militar está à sua disposição. _ disse Daniel.
_Obrigado, Daniel. Temos uma bússola mágica, cujo mostrador é um mapa que mostra a localização dos livros, veja. _ e Harry mostrou a bússola a Daniel, que viu o local onde piscava a luz do volume do Necronomicon.
_Caracas, Harry! _ disse Daniel _ Se fosse planejado, não sairia tão perfeito.
_Como assim, Daniel? _ perguntou Rony.
_O local correspondente à localização do livro...
_... Espere, Daniel. _ disse Harry _ É melhor que nós mudemos de lugar.
_Está bem, vamos para o escritório. _ Milly sugeriu _ Mas por que?
_Digamos que, mesmo com o Feitiço de Privacidade, acho que não estamos livres de sermos grampeados.
_OK, Harry. Vamos indo, então. _ e foram para o escritório.

_Caracas! Como o Tio Harry desconfiou que alguém o estava grampeando? _ Larissa perguntou.
_Não sei, Larissa. Mas o Tio Harry parece que tem um sexto sentido para o perigo. Bem, de qualquer modo, o escritório também está grampeado. E a Orelha Remota que deixei lá é à prova de detecção, foi o que o Tio Tetsuken me garantiu.
_Torno a dizer que você é terrível, Vicenzo.
_O que mais esperar de um amigo de Tiago, Lílian, Adriano, Narcisa, Mafalda...
_... Randolph, Simone, Fernanda, Julius, etc. _ Larissa completou as palavras de Vicenzo _ Sem contar que nossos pais e os deles também não foram nada santinhos, muito pelo contrário.
_É isso aí. Bem, vamos ouvir o resto da conversa.
Larissa e Vicenzo continuaram a xeretar a conversa, quando ouviu-se a voz de Harry.
_Então o livro está nas instalações da destilaria, Daniel?
_Com certeza, Harry. As coordenadas geográficas no mostrador são bastante precisas. E precisaremos ir logo para lá.
_Tem razão, Daniel. _ disse Rony _ Os funcionários correrão perigo se o pessoal do Círculo aparecer.
_E não só eles, Daniel. _ Blaise disse, assustada _ Míriam também está lá, no escritório de administração.
_Sua prima, Daniel? _ perguntou Harry.
_Sim. A destilaria, a pousada e a cachaçaria estão em nome de Milly e as duas dividem a administração.
_Ao me conhecer, ela torceu um pouco o nariz, não tanto por eu ser bruxa, mas por ser Shikse. Depois nós nos tornamos grandes amigas, Blaise, ela e eu.
_Shikse? _ perguntou Rony.
_Garota não-judia. _ respondeu Daniel _ As mulheres judias levam muito a sério essa situação. Uma garota judia casar-se com um Goy, um rapaz não-judeu, não é tão grave quanto um rapaz judeu casar-se com uma Shikse. É considerado judeu aquele que é filho de mãe judia.
_Tive de me converter ao judaísmo. Bem, eu já não gostava mesmo de carne de porco e os Wiesenthal são bem tolerantes quanto ao Shabbat. _ disse a loira, sorrindo.
_Vamos indo, então? _ perguntou Harry.
_Sim, vamos nessa. _ disse Blaise.
_Como “Vamos”, Sra. Marino? _ Harry perguntou, novamente.
_Creio que reforços poderão ser bem-vindos. _ disse Daniel, pegando uma Micro-Uzi e algumas granadas de efeito moral, após vestir um macacão de assalto e um colete à prova de balas, também pegando e examinando uma Heckler & Koch MP-5 K. Nesse meio tempo, Harry e Rony transfiguraram suas roupas para trajes Ninja, enquanto Milly e Blaise faziam o mesmo com as delas para macacões de Lycra negros e confortáveis tênis de corrida.
_Acho que contra feitiços o seu colete não vai adiantar muito, Daniel. As proteções trouxas não são eficazes. _ disse Rony.
_A não ser que sejam enfeitiçadas, Rony. E Milly fez isso, há algum tempo atrás. _ respondeu o militar, colocando uma FN Browning em um coldre do colete e sentando-se para amarrar os coturnos. Por fim, calçou luvas semi-dedo, pintou o rosto com pasta de camuflagem e colocou uma balaclava na cabeça, dobrando suas bordas, de modo que ficasse como uma touca comum de lã _ Estou pronto.
_Uau, isso tudo não esquenta? _ perguntou Harry
_Não. Outro feiticinho bastante útil, para não esquentar e não pesar.
_Munição sedativa mágica?
_Igual à da sua Mini-Glock, Harry.
_OK. Vamos indo.
Milly beijou Daniel, para uma Aparatação-Acompanhada e os outros desaparataram, rumo à destilaria.

_Eles já foram. E o que nós faremos? _ perguntou Larissa, entrando no escritório, com Vicenzo.
_Como “Nós”, Larissa? _ Vicenzo perguntou de volta _ Acha que nós agüentamos esse rojão?
_Talvez sim, talvez não, Vicenzo. Mas alguma coisa me diz que, por maior que seja o perigo envolvido, poderemos ajudar.
_Como iremos para lá... ? Espere! Temos os Chicletes de Fuga Weasley. Poderemos nos teletransportar para a destilaria, a distância deve estar dentro do raio de ação do chiclete e, se não estiver, faremos como dizem papai e Tio Daniel. “Prosseguiremos em Lanços”.
_Somos mesmo filhos de militares. _ disse Larissa, rindo _ E, para que não sejamos vistos, vamos “Emprestar” a Capa de Invisibilidade da mamãe. Só que ela está trancada no armário. Só com magia para abrir aquela fechadura complicada que ela mandou colocar, mesmo que ela não seja enfeitiçada. E pelas Leis Brasileiras da Magia nós, como bruxos menores de idade, não podemos utilizar magia sem a presença ou supervisão de um bruxo adulto, embora já tenhamos nossas varinhas que aliás também estão no mesmo armário.
_Não se preocupe, cara mia. Tio Fred e Tio Jorge me ensinaram umas coisinhas, que eles disseram que usaram quando o Tio Harry estava no segundo ano. Vamos ver se ainda me lembro. _ e o bruxinho desdobrou dois clipes de papel da mesa do escritório. Então foram para o quarto de Milly e Daniel, cuja casa ficava anexa à pousada.
No quarto, Vicenzo abriu a fechadura sem a menor dificuldade, diante dos olhos admirados de Larissa. Pegaram a Capa de Invisibilidade de Milly e suas varinhas, envolvendo-se na primeira. Em seguida cada um colocou na boca um Chiclete de Fuga e começou a mastigá-lo. De mãos dadas por baixo da capa, aguardaram que os chicletes chegassem ao ponto de bola e prepararam-se.
_Pronta, Larissa? Então, Um..., Dois... e... TRÊS!!!
Estouraram as bolas de chiclete ao mesmo tempo e desapareceram, também rumo à destilaria, fazendo a viagem em duas etapas.

Os bruxos chegaram à destilaria bem a tempo, pois um esquadrão de assalto de bruxos do Círculo Sombrio já se encontrava lá e estava de posse do livro. O líder do grupo, uma bruxa encapuzada e mascarada, de forma semelhante à qual vestiam-se os antigos Death Eaters, apontava sua varinha para Míriam. Vários funcionários da destilaria jaziam pelo chão, estuporados e dois deles mortos, atingidos por Maldições Avada Kedavra. Ao ouvirem o estalido da aparatação do grupo de Harry, voltaram suas atenções para eles.
_Peguem-nos! _ gritou a líder, mas todos já haviam se movido, enfeitiçando, golpeando e atirando.
_ “Estupefaça”! _ Harry lançou o seu feitiço e dois bruxos caíram estuporados. Um outro preparou-se para lançar uma maldição em Milly, mas Daniel foi mais rápido. Um disparo de sua Browning e o bruxo caiu adormecido, atingido pela munição sedativa mágica. Foi aí que aconteceu uma coisa muito curiosa.
Uma bruxa do Círculo apontou sua varinha para Daniel, mas nem chegou a disparar seu feitiço pois ouviu-se, de algum lugar, alguém dizer “Morpheus” e a bruxa caiu, atingida pelo Feitiço de Sono. Todos procuraram pelo responsável, mas ninguém conseguia encontrá-lo. Outro bruxo, o que carregava o livro, correu para fora da área de duelo, a fim de desaparatar mas algo o impediu, uma coisa percebida somente por Harry.
Um pequeno pé, meio suspenso no ar, passou-lhe uma rasteira e o livro saiu voando, indo parar nas mãos de Blaise, mas por pouco tempo.
_ “Expelliarmus”! _ com o Feitiço para Desarmar, o livro mudou de mãos e foi para um dos inimigos, que disparou um Everte Statem em Daniel, mas que não chegou a atingi-lo. O militar saltou para o lado, esquivando-se do raio que o teria lançado a vários metros de distância. Vendo aquilo, Larissa não se conteve, pois sabia que por mais ágil que o seu pai fosse, não poderia evitar os feitiços por muito mais tempo. A loirinha saiu de dentro da Capa de Invisibilidade, os cabelos ocultos sob um boné negro, trajando camiseta e calças camufladas em preto, branco e cinza para combate urbano e calçando tênis negros, com pasta de camuflagem no rosto e braços, igual a Vicenzo, como convinha a dois bons filhos de militares. Ela jogou uma caixinha para Daniel.
_Pegue, papai! Rápido!
Daniel pegou a caixinha, após uma fração de segundo de surpresa e viu o que era: um chiclete. Sem ao menos perguntar o que as crianças faziam ali, colocou-o na boca e começou a mastigar, pois já sabia que era um Chiclete de Fuga e que ele funcionava muito bem com trouxas. A partir dali, começou a estourar bolas e teletransportar-se por curtas distâncias, sempre para onde poderia golpear um bruxo do Círculo. As crianças faziam a mesma coisa, até que Vicenzo conseguiu tomar o livro das mãos da líder dos bandidos.
_Pega, Tio Harry! _ o garoto gritou.
Harry Potter pegou o volume do Necronomicon que Vicenzo lhe jogou e, imediatamente, executou o Feitiço de Teletransporte de Longas Distâncias que havia aprendido com Hermione. Em um instante, o livro estava em segurança, com o Prof. Dumbledore em Hogwarts.
_Moleque desgraçado! _ exclamou a líder dos bruxos do Círculo Sombrio, brandindo sua varinha _ Você simplesmente vai se arrepender de ter feito isso! “SECTUMSEMPRA”!!!
Um jato de chamas roxas partiu da varinha da bruxa em direção a Vicenzo. Blaise estava apavorada:
_NÃO! MEU FILHO!!! _ “Sandalhinha” gritou, mas seu filho não estava completamente indefeso. Ele brandiu a varinha e executou um feitiço.
_ “Protego Maxima”!! _ Vicenzo Zabini Marino protegeu-se com o Feitiço Escudo Máximo, mas ainda não possuía um nível muito alto de poder. Algumas fagulhas penetraram a proteção do feitiço e uma delas atingiu o bruxinho de nove anos de raspão no flanco esquerdo.
_AI!!! _ ele gritou e caiu ao solo. Imediatamente, Daniel apontou sua pistola e disparou. Atingida pela munição sedativa mágica, a bruxa caiu estatelada no chão.
_Bandida maldita! Isso é pelo que fez ao filho de Blaise! _ disse o militar.
Harry correu para onde Vicenzo estava, enquanto os outros bruxos desaparatavam, deixando sua líder de esquadrão caída, manietada por algemas inibidoras de magia conjuradas por Rony. O garoto gemia, pálido, com um profundo corte por onde o sangue escorria.
_ “Viscera Cautherium, Viscera Reparo, Hemostatikós”! _ Harry fez os Feitiços Medicinais necessários e pegou um frasco de um compartimento do seu cinto, derramando seu conteúdo pela boca do garoto a dentro. Os gemidos de dor diminuíram e a respiração dele melhorou _ Milly, o Hospital Bruxo mais próximo fica em Angra dos Reis, não é?
_Sim, Harry. É o Hospital Bruxo Luz de Iemanjá.
_OK. Encontrem-se comigo lá, depois que a bagunça estiver arrumada. Rony, tome conta de Larissa e da líder de esquadrão do Círculo. Não a reanime e nem tire sua máscara antes de nós voltarmos. Preciso fazer isso pessoalmente.
_Certo, Harry.
_O que foi que você deu para Vicenzo, Harry? _ Blaise perguntou, um pouco mais tranqüila _ Ele já não está pálido e a sua respiração melhorou.
_Poção de Ditamno, Blaise. Esse fungo tem um excelente efeito em ferimentos causados pelo FeitiçoSectumsempra.
_E onde você aprendeu isso? Não nos ensinaram em Hogwarts.
_No Grimório do Príncipe Mestiço. Um livro que o Prof. Snape deu de presente para Draco, mas que foi útil para todos nós por várias vezes. Foi lá que Amanda Wallace aprendeu o “Travalíngua” que usou contra Scrimgeour, no nosso Baile de Formatura.
_Sim, eu me lembro. Vamos?
_Vamos. _ com Vicenzo nos braços, Harry desaparatou para o Hospital Bruxo Luz de Iemanjá. Blaise e Milly, com Daniel abraçado a ela, seguiram-no.
Na recepção da Unidade de Emergência do hospital, Harry aparatou. Quando a equipe de Medi-Bruxos de plantão viu aquilo, uma maca flutuante foi conjurada e Vicenzo foi colocado nela. Enquanto isso, Blaise preenchia a ficha de identificação. O chefe da equipe perguntou:
_O que houve?
_Atingido de raspão por um “Sectumsempra”. Eu prestei os primeiros-socorros de emergência, reparei os órgãos, cauterizei e fechei os ferimentos. Depois lhe dei uma dose de Poção de Ditamno. Mas ele precisa de cuidados especializados.
_OK. Deixe conosco agora. Podem ficar na sala de espera.
Aguardaram por cerca de uma hora, até que o Medi-Bruxo Chefe, Dr. Vianna, apareceu e sorriu para eles.
_Vicenzo já está fora de perigo. Ainda bem que vocês agiram rápido, Harry Potter.
_Como me conhece, Dr. Vianna? _ perguntou o bruxo, perplexo.
_Sua fama o precede, além de ser fácil reconhecê-lo pela cicatriz. Se isso não bastasse, fui colega de Virgínia e Martinette quando fazia minha especialização em Emergências no St. Mungus. Vamos deixar que Vicenzo durma mais umas duas horas e então ele será liberado, novinho em folha. Nem vou perguntar como é que ele foi atingido, pois deve ser assunto de Aurores e não me interessa.

Na cafeteria do hospital, Harry tomava um suco de abacaxi, com o olhar meio perdido. Blaise aproximou-se dele com uma xícara de café nas mãos e sentou-se.
_Harry, preciso lhe agradecer. Se não fosse por você...
_... Se não fosse por mim, Blaise, Vicenzo não estaria nessa situação, tendo corrido risco de vida.
_Não, Harry. Não diga isso. Se não fosse por você e seu pronto atendimento, Vicenzo não teria sobrevivido, foi o que o Dr. Vianna me disse.
_Eu não tinha o direito de envolver vocês nisso, “Sandalhinha”.
_Calma, garoto herói. Daniel, eu e “Coturno” entramos nessa de vontade própria e as crianças, bem... Tiago e Lílian são bastante parecidos com Larissa e Vicenzo, não são? Mistura de Marotos com Inseparáveis e ainda por cima sobrinhos de Fred e Jorge. Nossas crianças não ficam atrás e não poderiam ser menos xeretas do que já são. Uma vantagem da Medicina Bruxa é a recuperação ser rápida e a cura, na quase totalidade das vezes, completa. E olha que eu sei disso na pele pois Milly, Marino e Daniel salvaram a minha vida, daquela vez em que levei um tiro de Abdul Ghazi. Eu fiquei preocupada mas não apavorada, porque sabia que meu filho estava com você. Me lembrei do que você fez por Milly, quando ela tomou aquela cerveja amanteigada na qual Venom havia colocado Manary. Sua ação daquela vez salvou a vida de uma das pessoas de quem mais gosto no mundo e agora salvou a de outra. Grande Merlin, quanto tempo perdi considerando vocês como inimigos!
_Isso passou, Blaise. É muito bom agora estarmos todos do mesmo lado. Se Draco e eu que nos odiávamos tornamo-nos grandes amigos, o que dizer de quaisquer outros? A harmonia está cada vez mais próxima, Blaise e é por isso que não só nós, Aurores e policiais do Departamento de Execução das Leis da Magia, mas todo bruxo decente deve fazer o que puder para combater o Círculo, pois eles querem pôr a perder tudo o que já foi conquistado, trazendo de volta o clima dos Dias Negros e da Segunda Ascenção de Voldemort.
_Mesmo que Voldemort tenha morrido há tanto tempo?
_Sim. Você chegou a acompanhar a notícia da WBC sobre a chantagem biológica do Círculo?
_Claro, Harry. A ameaça da bomba de vírus. Toda a Bruxidade ao redor do mundo ficou sabendo. Mas por que?
_Bem, Blaise, o que vou lhe dizer tem classificação sigilosa. Mas vocês já nos ajudaram tanto, que não haverá mal nisso. Negociei a troca de um objeto pela bomba viral pessoalmente com um dos líderes do Círculo, o tal “Escuridão” e ele disse algo que me deixou bastante preocupado. Deu a entender que logo iria despontar um bruxo com perfil de um novo líder da Ordem das Trevas, em torno do qual juntar-se-iam malfeitores, tanto bruxos quanto trouxas, reerguendo-a em moldes algo diferentes dos de Voldemort, mas ainda assim bastante perigosa.
_Como se já não bastasse o horror que o mundo moderno já passou por quatro vezes, sendo duas com Grindelwald e duas com Voldemort. Bem, os outros vêm vindo. Harry, não carregue o peso do mundo sobre suas costas. Ninguém possui o dom da infalibilidade e você não é exceção. Há limites para o que você pode fazer.
_Mesmo assim, Blaise, eu não tinha o direito de envolvê-los e expor as crianças a um perigo tão grande.
_Aqueles dois cabeçudos pensarão duas vezes antes de se meterem em encrencas, por algum tempo. _ Blaise apertou as mãos de Harry nas dela _ Muito obrigada novamente, Harry Potter.
_De nada, Blaise Zabini Marino. _ sorriram um para o outro e Harry começou a bolar um plano para tentar expor “Mantis”, o espião do Círculo. Haviam grandes chances de dar certo, embora fosse extremamente arriscado.
Vicenzo teve alta depois de umas duas horas, completamente recuperado e sem uma cicatriz sequer. A equipe do Dr. Vianna havia completado esplendidamente o atendimento iniciado por Harry. O grupo desaparatou de volta para a destilaria, onde Rony e Larissa mantinham a bruxa capturada sob a mira de suas varinhas, ainda desacordada. Enquanto isso, Míriam providenciava um bom e bem forte café.
_Ela nem mesmo se mexeu, Harry. _ disse Rony, quando o amigo aparatou no escritório _ O sedativo mágico da munição de Daniel é mesmo muito potente.
Os bruxos e Daniel permaneceram, enquanto Míriam levava as crianças para casa.

_Certo. Agora vamos conversar com ela. “Enervate”! _ A varinha foi apontada para a bruxa e ela despertou. Olhando firmemente para ela e mantendo-a sob a mira da varinha, Harry balançou a cabeça, com uma expressão triste _ Nós não víamos você há vários anos. Soubemos que havia se casado e divorciado, uns dois anos depois. O que foi que aconteceu para que você chegasse a esse ponto, Katie Bell?


Photobucket - Video and Image Hosting

“Por Merlin! Não pode ser você, Katie!”

Diante dos olhares espantados de todos os outros, Harry baixou o capuz e removeu a máscara que cobria o rosto da líder de esquadrão do Círculo Sombrio, revelando o rosto de traços delicados da loirinha que havia sido sua companheira na equipe de Quadribol da Grifinória e que abandonara o time no sétimo ano a fim de preparar-se para os N.I.E.Ms, deixando livre a vaga que depois foi ocupada por O’Toole. A antiga colega e membro da AD, que formara-se um ano antes deles, olhou para todos e disse, com sua vozinha fina que não mudara desde os tempos de Hogwarts:
_Eu não tive alternativa, Harry. Mas, como foi que você me reconheceu? Na AD o Prof. Mason nos ensinou a baixar o Ki e eu aprendi muito bem.
_Não o bastante para que eu não notasse, Katie. Além disso, durante a batalha você movimentava-se de uma maneira igual à do Quadribol e que ninguém nunca conseguiu imitar. Por que você não teve alternativa?
_Eu me casei cerca de dois anos após a formatura, como vocês devem lembrar. Durante o meu segundo ano de casamento, ocorreram duas coisas que fizeram com que eu me separasse. A primeira delas foi descobrir que meu esposo era um psicopata que me agredia e mantinha minha família sob ameaça, além de ser um bruxo do Círculo Sombrio. Quando eu soube da verdade, pedi o divórcio. Ele me concedeu, mas disse que se eu o denunciasse ele mataria todos os meus parentes. Por isso, depois que saiu a sentença do divórcio, eu tratei de proteger minha família.
_E o que foi que você fez, Katie? _ Milly perguntou.
_Eu o matei, Millicent. Sabia que ele gostava de freqüentar um bordel bruxo e me disfarcei como uma das faxineiras. Quando ele estava na cama com uma das garotas, aproveitei sua distração e entreabri a porta. Conjurei sobre as costas dele um escorpião Pandinus imperator, a maior espécie do mundo, com cerca de 30 cm de comprimento e potencializei magicamente o seu veneno. O artrópode o picou bem no pescoço e ele sequer teve tempo de dizer “Ai”, morrendo sobre o corpo da garota. Em seguida, desaparatei dali. Mas o Círculo descobriu o que eu fizera e me coagiu a entrar para a organização. O falecido era de um escalão bastante alto e minha ação havia desestabilizado um pouco o Círculo. Devido à minha agilidade como jogadora de Quadribol, aliada ao aprendizado da AD, eles resolveram me treinar e designar como líder de esquadrão de assalto. Uma vez mais minha família foi ameaçada e eles ainda utilizaram um meio adicional para me obrigarem a trabalhar para eles.
_Não foi Extrato de Servidão ou você não poderia nos contar nada. Com Maldição Imperius você não se lembraria do que fez. _ comentou Daniel, enumerando meios mágicos de coação _ Só nos resta o Feitiço Contrictus ou pior, um...
_... Voto Perpétuo, Daniel. Me obrigaram a fazê-lo. E, como todos vocês sabem, quebrar um Voto Perpétuo significa morrer. E essa era a razão pela qual eu tinha um interesse pessoal no Necronomicon. Sendo um compêndio de magia antiga e poderosa, deve conter algo capaz de neutralizar o Voto Perpétuo. Mas meu intento foi frustrado e agora a minha morte é certa, já que vocês vão me levar presa.
_Quais foram as três promessas do seu Voto Perpétuo, Katie? O que você teve de fazer? _ perguntou Blaise.
_Minhas três promessas foram: obedecer às ordens de “Sombra & Escuridão, liderar esquadrões de assalto do Círculo, não hesitando em matar se necessário e utilizar todos os meios ao meu alcance para não ser presa. Como vocês vão me levar, isso é o que vai acontecer.
_Acho que não, Katie. _ disse Harry, com uma cara de quem estava tendo uma grande idéia _ Negociar informações com o Ministério em troca de sua liberdade me parece ser um método válido para evitar ser presa.
_Tem razão, Harry. _ disse Katie _ Se eu já não estou morta é porque você está certo.
_E se, enquanto fizer a negociação, você ficar sob a custódia do Prof. Dumbledore em Hogwarts, isso não iria configurar prisão. Sem contar que ele pode até achar um meio de neutralizar o Voto Perpétuo. _ disse Rony.
_Mas você citou duas razões para ter pedido o divórcio, Katie. Qual foi a segunda delas e que relação tem com o Círculo? _ perguntou Milly.
_A segunda razão não tem nada a ver com o Círculo Sombrio, mas envolve vocês duas, Milly e Blaise.
_???
_É o meu maior segredo, que carreguei por toda a minha vida até agora. Você deve se lembrar, Blaise, pois foi quando eu estava no quarto ano e vocês duas no terceiro.
_Grande Merlin, eu me lembro! Você e eu tivemos uma conversa reservada e então você confessou que...
_... Tínhamos algo em comum, pois eu também gosto de garotas.
_O que?! _ Daniel perguntou, espantado.
_Sim, Daniel. Eu me apaixonei por Blaise desde que a vi, na Cerimônia de Seleção. Mesmo que ela e Milly dessem a maior bandeira do seu relacionamento desde aquela época, todos pensavam que era somente brincadeira e apenas quando elas estavam no quinto ano foi que começaram a desconfiar de que a coisa era realmente séria. Depois Janine criou para elas os apelidos “Coturno e Sandalhinha”...
_... Que nós aceitamos numa boa. _ disse Milly.
_Naquela ocasião, depois da nossa conversa, passei mais ainda a não ir com a sua cara, Milly, o que todos pensavam que devia-se à tradicional rixa Grifinória/Sonserina. Mas nem mesmo você sabia da verdade sobre aquilo. Harry, por favor projete minhas memórias na tela mágica, sim?
_Está bem, Katie. “Cineskopia”! _ a tela mágica foi conjurada e Harry projetou nela as lembranças da bruxa sobre aquele dia, logo depois da partida da Copa de Quadribol das Casas entre Grifinória e Corvinal. Aquela na qual Harry estreara sua Firebolt e conjurara um Patrono que havia espantado Draco e outros três sonserinos, que haviam se disfarçado de dementadores, o que custara a perda de vários pontos para a Sonserina. Blaise lembrou-se de que, após aquele jogo, passou a treinar vôo com o maior afinco, para que um dia pudesse fazer parte da equipe de Quadribol como goleira, o que conseguira no sexto ano depois da formatura de Montague.
O time estava eufórico, pois a captura do pomo de ouro mantinha a Grifinória no páreo, enfrentando a Sonserina pelas finais. Depois de um banho e de jogar o uniforme usado no carrinho da lavanderia, Katie saiu pelos corredores resolvida a solucionar aquela questão de uma vez por todas. Agradeceu silenciosamente a Merlin por conseguir encontrar Blaise sozinha em um dos corredores.
_Olá, Zabini. _ Katie cumprimentou.
_Oi, Bell. Então vocês vão enfrentar a Sonserina nas finais.
_Sim. É sempre um jogo difícil. A rivalidade é mais do que secular.
_Vamos massacrar vocês. _ Blaise brincou _ Draco está mais afiado do que nunca.
_Ele jamais alcançará Harry. Até hoje o oxigenado não ganhou nenhuma do arrepiado. _ Katie brincou de volta.
_Bem mesmo um pensamento de grifinórios.
_Tá bom. Zabini, eu preciso lhe dizer uma coisa.
_Nossa, Bell! Quanta solenidade.
_É porque é muito importante. Sei do seu segredo.
Blaise Zabini empalideceu e pequenas gotas de transpiração surgiram em sua testa. Mas a jovem não demonstrou nenhuma outra reação, apenas perguntando:
_Segretto? Ma che segretto? _ a garota se fez de desentendida.
_Há uma sala desocupada aqui, Zabini. Lá dentro poderemos conversar mais reservadamente.
Entraram na sala e Katie lacrou a porta com um Colloportus.
_Ninguém nos incomodará agora. Como eu dizia, Zabini, sei do seu segredo.
_Do que está falando, Bell?
_Todos pensam que é apenas uma brincadeira, principalmente porque você já foi vista com garotos por algumas vezes, inclusive já tendo ficado com Linus Jordan. Mas eu sei que, na verdade, você gosta de garotas.
_E o que a faz pensar isso, Bell? _ Blaise perguntou, meio incomodada com a afirmação de Katie.
_Pode me chamar de Katie. Estou dizendo isso porque quero abrir meu coração com você, Blaise Zabini. _ a loirinha disse, segurando a mão da sonserina, ambas sentando-se em uma carteira _ Acontece que... que eu t-também gosto.
_Como é, Katie?
_É verdade, eu gosto de garotas. E me apaixonei por você desde a Cerimônia de Seleção, quando a vi colocar o Chapéu Seletor. Não tinha nenhuma esperança de que você fosse para a Grifinória, porque seus pais eram sonserinos e eu sabia que a tradição ia se manter. Mas, apesar da rixa entre nossas Casas, sempre gostei de você e acalentava o desejo de um dia poder lhe dizer tudo o que eu sinto. Guardei esse segredo comigo por três anos, mas não posso mais agüentar. Eu amo você, Zabini.
_Me chame de Blaise, por favor. _ disse a sonserina, sensibilizada pela sinceridade de Katie. Como membro da Casa das Serpentes, seria de se esperar que ela desdenhasse dos sentimentos da grifinória, mas havia sido tocada pela ternura da loirinha, que segurava suas mãos e que roçou levemente os lábios dela nos seus, em um delicado beijo.
_Katie, eu não posso fazer isso.
_Como? Eu me enganei sobre suas preferências, Blaise?
_Não, não é isso, Katie. É que eu não posso brincar com os seus sentimentos, enganando-a assim.Você diz que me ama e eu tenho de ser sincera. Apesar das rivalidades, de eu possuir até mesmo uma inclinação para as Trevas, não posso magoá-la. Katie Bell, você é linda, doce e adorável, sendo alguém por quem qualquer um se apaixonaria, fosse homem ou mulher. Não nego que você pode me atrair, mas meu coração pertence a outra pessoa, outra garota.
_Não me diga que é...
_... Exatamente, Katie. É Milly, Millicent Bulstrode.
_Aquela garota reforçada? Ela parece uma atleta soviética dos tempos da Cortina de Ferro!
_Não a julgue pelo corpo, Katie. Mesmo alguns sonserinos a escanteiam, mas ela é um amor de pessoa e nós somos namoradas desde que éramos crianças. Eu a amo e o sentimento é recíproco. Por isso eu não posso te enganar. Você pode até não acreditar, pelo fato de eu ser uma sonserina com tendências trevosas, mas seu segredo estará a salvo comigo e, sempre que quiser conversar, procure por mim. Eu sei o quanto pessoas como nós são discriminadas tanto pelos trouxas e muito mais pela Bruxidade, que é bem mais intolerante do que eles quanto às nossas preferências e a importância que tem um ombro amigo. E esse será um segredo entre nós, amizade entre uma grifinória e uma sonserina.
Katie beijou Blaise e depois soltou-a, desfazendo o Colloportus e saindo para o corredor, com os olhos pesados e úmidos. Blaise permaneceu na sala, pensativa e distraída.
A lembrança terminou. Blaise olhou para Katie e disse:
_E eu mantive minha promessa, Katie. Guardei seu segredo por todos esses anos e nunca disse nada a ninguém, nem mesmo a Milly. Mas você nunca mais me procurou para conversar ou mesmo para desabafar. _ a bruxa tinha os olhos marejados de lágrimas _ Você sufocou seu segredo e jamais aliviou com ninguém o peso em seu coração.
_Eu não queria saber de ninguém, Blaise. Sublimava minha frustração e ansiedade com o Quadribol e, depois, com as sessões da AD. Jamais superei aquilo que considerei como uma rejeição e desenvolvi um ódio surdo em relação a Millicent. Quanto a você, Blaise, meus sentimentos tornaram-se bastante ambíguos. Jamais deixei de te amar mas, ao mesmo tempo, te odiava por não haver correspondido ao meu amor. E quando vi vocês duas e mais Daniel aparatando com Harry e Rony, senti um prazer sádico, porque de alguma forma eu queria ferir você e Milly hoje, em uma espécie de vingança insana. Ao ver que seus filhos também haviam se envolvido nesta situação, percebi que poderia atingi-las de uma forma mais profunda do que se eu utilizasse um feitiço ou maldição letal em uma de vocês. Seria muito rápido matar uma de vocês ou vocês duas mas, atingindo Larissa, Vicenzo ou ambos, iria ser muito mais doloroso, pois cada uma carregaria a tristeza pelo que acontecesse com seu filho e/ou com o da outra e assim eu me vingaria pois, se não posso ter quem amo, eu destruo para que ninguém mais tenha. E de qualquer forma, fazia parte do Voto Perpétuo, matar sem hesitação se fosse o caso. Mas minha vingança falhou e eu ainda corro o risco de morrer caso o Prof. Dumbledore não consiga neutralizá-lo e eu vá presa.
_Creio que ele conseguirá, Katie. _ disse Harry _ Mas, para sua própria segurança e da sua família, será melhor que o Círculo pense que você morreu. Depois que ele neutralizar o Voto Perpétuo e você nos passar as informações que puder, arranjaremos uma Reformatação Facial Mágica e uma nova identidade para você, eu prometo.
_Obrigada, Harry. Sei que vocês farão o possível, mesmo que eu tenha feito tudo o que já fiz.
Blaise aproximou-se de Katie e segurou as mãos da outra bruxa nas suas.
_Katie, não sei se algum dia eu irei perdoar você, pois afinal de contas tentou matar meu filho. Mas eu posso compreendê-la e lhe dizer que, apesar de tudo, não lhe desejo mal. Os culpados são os canalhas do Círculo Sombrio. Fico contente em saber que você irá ajudar de alguma forma a destruí-los.
_Obrigada, Blaise. _ Katie beijou as mãos da sonserina e olhou para ela e para Milly, cujo olhar não transparecia raiva ou ódio, só compreensão pelo que a grifinória havia sido obrigada a fazer _ Vamos, Harry?
_Sim, Katie. Vamos para a Estação de Transportes Bruxos e de lá para Hogwarts, onde o Prof. Dumbledore poderá nos ajudar. “Indumentaria Cambio”!
Os trajes de todos foram transfigurados em roupas civis trouxas. Harry apontou a varinha para os pulsos de Katie e lançou um outro feitiço.
_ “Vera verto”! _ as algemas inibidoras de magia foram transfiguradas em um bracelete prateado _ Nem pense em arrepender-se e fugir, Katie. O bracelete tem a mesma função das algemas e ainda lhe dará um fortíssimo choque, caso você tente. Se tentar novamente, o choque será ainda mais forte e poderá matá-la.
_Não se preocupe, Harry. Não tenho a menor intenção de fazê-lo. Mas há uma informação que eu preciso lhe passar agora... _ e, arregalando os olhos, Katie Bell deu um gemido e desfaleceu.
_KATIE!! _ Harry gritou. A loirinha estava caída e cravado no seu pescoço um diminuto porém afiado dardo, certamente envenenado. Em seus últimos instantes de vida, Katie Bell sussurrou algumas palavras ao ouvido de Harry.
_C-cuidado, Harry. Soube que... que “Escuridão” elegeu v-você e Draco Malfoy como alvos p-preferenciais e, parece... parece q-que é p-pessoal. Há algo sendo armado c-contra Draco e “Mantis” es-está envol... vido. Cuide-se, m-meu amigo e seja f-feliz com Gina e as c-crianças. _ a bruxa fechou os olhos e morreu, nos braços de Harry.
Com uma pinça, Harry removeu o dardo do pescoço de Katie e guardou-o em uma caixinha, para examiná-lo mais tarde. Uma patrulha de Aurores providenciou o traslado do corpo para a Inglaterra, segundo as instruções dele. Ao menos agora ninguém mais poderia fazer mal algum a Katherine Bell.

No escritório da pousada, Harry examinava o dardo tendo os outros à volta da mesa, inclusive as crianças. Afinal de contas, elas haviam participado dos eventos, ajudado e tinham o direito de saber de parte do que estava acontecendo, o que não as livrou de um bem aplicado sermão dos adultos.
_Você parece que viu um fantasma, Harry. _ disse Milly.
_Talvez tenha visto, Milly. Eu pensei que jamais veria este tipo de dardo novamente. Três centímetros, madeira de cerejeira farpeada e o Kanji “Ma” quase microscópico na base. _ disse ele, analisando os detalhes do dardo com um potente microscópio que havia conjurado e que era conectado ao computador do escritório com um cabo USB, mostrando no monitor a imagem do objeto.
_ “Ma” significa “Demônio” em japonês. _ Larissa comentou _ Quem é que utilizaria essa marca?
_Alguém que deveria estar morto, garota. E há cerca de quatro anos atrás.
_Como pode ter tanta certeza, Harry? _ Daniel perguntou.
_Porque eu mesmo o matei, Daniel.
Todos ficaram espantados. Harry Potter, dizendo que havia matado alguém?
_Explique isso direito, Harry. _ disse Blaise.
_OK. Eu o matei ou, pelo menos, é como se eu o tivesse matado. Há cerca de quatro anos atrás, participei de uma operação na qual acabei impedindo que um assassino do Círculo praticasse um atentado contra a vida do Presidente dos EUA. Eu estava trabalhando junto aos Aurores americanos, em colaboração com a CIA e a NSA, tendo identificado o assassino que o Círculo havia designado para aquela missão. Ele chamava-se Masayoshi Tagara, um Ninja trouxa do Clã Morte Púrpura, ligado ao antigo Ryu de Kuji-Kiri, que foi supostamente destruído pelos Ninjas de Togakure nos Anos 80. Ele era apelidado “Demônio” devido à primeira sílaba do seu nome. Bem, nosso confronto ocorreu no parque onde fica o Monte Rushmore. Lá, eu impedi que ele matasse o Presidente e destruí a Chave de Portal que ele iria utilizar em sua fuga. A perseguição nos levou ao alto do Monte Rushmore, onde lutamos e ele acabou despencando do alto da cabeça de Lincoln. Seu corpo não foi encontrado, mas ninguém sobreviveria a uma queda daquelas.
_E você acha que ele pode não ter morrido, Harry? _ Rony perguntou.
_Levando-se em conta apenas a lógica, Rony, ele deveria ter morrido, sim. A queda foi de uma grande altura. Mas, como eu disse, o corpo não foi encontrado e agora me surge este dardo.
_Não poderia ser alguém passando-se por ele e imitando os seus métodos, Tio Harry? _ perguntou Vicenzo.
_Se for assim, Vicenzo, a pessoa reproduz muito bem os métodos dele. Bem demais para ser um simples imitador.
_Como assim? _ perguntou Milly.
Harry tocou o dardo na bandeja do microscópio com seu Identificador de Substâncias e explicou.
_O dardo é microscopicamente esculpido para ficar precisamente farpeado e tem o Kanji “Ma” gravado com precisão. A madeira é cerejeira japonesa e, se isso não bastasse, há uma coisa que é como que uma assinatura de Masayoshi Tagara.
_???
_Depois de esculpido e gravado, o dardo passou por um processo de secagem com defumação, a fim de endurecer a madeira. Além disso, o veneno é o preferido de Tagara.
_Qual? _ os outros perguntaram.
_Curare. Um veneno indígena brasileiro, típico dos índios da Amazônia, principalmente dos Jivaro e Hovito. Um potente paralisante neuromuscular cujo princípio ativo é utilizado como relaxante em alguns medicamentos. E ainda há algo mais, outra característica de Masayoshi Tagara. Os dardos foram mergulhados em fezes suínas e depois secos à sombra. A madeira fica impregnada e, se o veneno não matar a vítima, a infecção resultante poderá fazê-lo. Um método utilizado pelos Vietcongs em suas armadilhas com estacas na selva, durante a Guerra do Vietnam.
_Com todos esses detalhes, você acredita que Tagara pode estar vivo?
_Se estiver, Rony, ele virá atrás de mim. Bem, precisamos retornar à Inglaterra para os funerais de Katie.
_Nós também vamos. _ disse Blaise _ É o mínimo que podemos fazer.
_Certo. No que a bagagem estiver pronta, iremos para a Estação de Transportes Bruxos para tomarmos uma Chave de Portal.

No dia seguinte, foram realizados os funerais de Katherine Bell. Para sua família, ela sofrera um acidente durante uma viagem de turismo ao Brasil. Melhor assim, pois seriam poupados de saberem o que a loirinha tivera de fazer para protegê-los. Daniel, Blaise, Milly e as crianças permaneceram mais um dia em Londres e no dia seguinte retornaram ao Brasil, pois tinham de aguardar a chegada de Marino da missão da ONU no Timor Leste.

Naquela noite, Harry permaneceu em frente à lareira do apartamento, com uma taça de vinho na mão e uma expressão enigmática no rosto. As crianças já haviam ido dormir, Dobby também já havia se recolhido e Gina encontrava-se no gabinete de estudos, revendo alguns tópicos sobre reações cutâneas ao contato com Gerânios Cáusticos. Olhando para as chamas e ouvindo bem baixinho uma de suas canções preferidas para reflexões, “Brothers in Arms” do Dire Straits, sentiu que o plano para expor “Mantis” e dar um duro golpe no Círculo Sombrio delineava-se cada vez mais. Mas ainda faltavam alguns detalhes que ele não conseguia encaixar.
Terminou a taça de vinho e deixou-a sobre a mesinha. Atraída pelo ruído, Gina foi até a sala.
_O que houve, minha vassourinha despenteada? Muitos problemas? Ainda pensando nas circunstâncias da morte de Katie?
_Sim, minha pequena leoa. Você sabe de tudo o que houve, graças ao nosso elo telepático, o qual não bloqueei. Conto com você para que jamais diga nada a ninguém.
_Tudo bem, Harry. Mas o que o está incomodando?
_Já tivemos muita gente atingida nesta guerra contra o Círculo, Gina. Inclusive gente inocente. Vicenzo quase morreu...
_... E salvou-se graças a você, que lhe prestou os cuidados imediatamente, antes de levá-lo para o hospital.
_Sim, e o Dr. Vianna terminou de resolver tudo, com sua equipe. Ele mandou um abraço para você e Martinette. Além disso, Katie envolveu-se com aqueles bandidos e foi obrigada a fazer um Voto Perpétuo. Isso não pode continuar assim, Gina. Quantos mais terão de morrer até que consigamos pegar “Sombra & Escuridão”?
Uma lágrima solitária rolou pelo rosto de Harry e ele caminhou pela sala, em direção à janela.
_O que vai fazer, meu amor?
_Você sabe muito bem. É algo que me ajuda a relaxar e clareia meus pensamentos. _ e abriu a janela _ Não se preocupe, já é bem tarde e ninguém vai me ver.
Sentou-se no peitoril da janela e, um segundo depois, alçava vôo pelos céus de Londres na madrugada, transfigurado em falcão. Sobrevoou os locais de que mais gostava, voou até Surrey, dando uma passada na Rua dos Alfeneiros e retornou a Londres. Pousou no telhado do Palácio de Buckingham e ficou lá, apenas parado. Certo momento, seus olhos brilharam e, se aves sorrissem, seria o que o seu bico mostraria. Voou de volta para seu apartamento e entrou pela janela, que Gina deixara aberta. Voltou à forma humana e trocou suas roupas pelo pijama. Escovou os dentes e foi para o quarto, deitando-se na cama ao lado de Gina, que o abraçou e perguntou, com voz sonolenta:
_Está tudo bem, Harry?
_Sim, meu amor. Agora está.
Beijou a esposa e adormeceram, abraçados.

No dia seguinte, Harry chegou ao seu escritório no Ministério e chamou Rony. Pouco tempo depois, o ruivo entrava pela porta.
_Sim, Harry. O que houve?
_Rony, você ficará com a bússola. Será melhor assim.
_E você, Harry? O que fará?
_Será preciso que eu fique na sombra por algum tempo, a fim de não chamar a atenção. Você conduzirá a procura pelo Necronomicon. Eu terei de realizar uma outra missão, que deverá ser solo. Não posso dizer mais nada além de que poderá ser bastante perigoso. Gostaria, Rony, de que você me prometesse uma coisa.
_O que, Harry? Não me assuste desse jeito, cara.
_Caso algo aconteça comigo, cuide da Gina e das crianças.
_Você está me deixando apavorado, Harry. No que está pensando? Alguma espécie de missão suicida?
_Espero não ter de chegar a tanto, Rony. Mas é bom estar preparado para qualquer situação adversa. Você pode até estranhar, mas isso eu aprendi com Voldemort. Sempre ter uma carta na manga é indispensável.
_Conte comigo sempre, Harry. Mas não vá se matar à toa.
_Não se preocupe. Tenho apenas uma vida e gosto muito dela. Bem, tome a bússola. Guarde-a no seu cofre, pois sei que você colocou um Feitiço de Segurança igual ao meu.
Rony pegou a bússola mágica e saiu do escritório de Harry, rumo ao seu. Assim que o cunhado saiu, Harry trancou a porta e foi até o seu cofre, abrindo-o e tirando de dentro dele uma caixa. De dentro dela, tirou um objeto: uma terceira bússola mágica, que havia pedido secretamente para que Dumbledore construísse.
Guardou-a no bolso do casaco e dirigiu-se até a parede. Apertou um botão secreto e uma seção da parede correu para o lado. Com um suave ruído, uma lareira avançou e ficou exposta. Ninguém sabia de sua existência e ela era totalmente segura. Harry lançou um punhado de pó de Flu e, quando as chamas verdes levantaram-se, ele disse para elas:
_Mi, gostaria de fazer um rápido turismo à Inglaterra? Preciso conversar com você e, depois, faço questão de convidá-la para almoçar comigo, Gina e as crianças.
De dentro da lareira surgiu a figura da bela bruxa Vidente holandesa de cabelos castanhos, vestindo um Tailleur rosa-claro Chanel e usando óculos de sol Vogue.
_Só se for agora, Harry. _ disse ela, abraçando o amigo _ além disso, estoi morrendo de saudade da Gi e dos seus dois anjinhos.
_ “Anjinhos”. Sei, sei. Gostei da piada, Mi. Agora, vamos a uma coisa bem importante. Com a sua colaboração e a de “π” eu acredito que conseguiremos expor “Mantis” e dar um golpe bastante forte nas operações de tráfico do Círculo Sombrio.
_Como?
_Vou lhe mostrar, Mi. Sente-se e vamos traçar a nossa estratégia.
Sentaram-se à mesa de reuniões e começaram a trabalhar no desenvolvimento da arriscada idéia que Harry tivera.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Harry Potter e o Círculo Sombrio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.