Harry Potter e o Círculo Sombrio escrita por JMFlamel


Capítulo 29
FÚRIA E CONVERGÊNCIA




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CAPÍTULO 28

FÚRIA E CONVERGÊNCIA

O bruxo alto e bem-apessoado pegou o fone da cabine telefônica vermelha e teclou 6-2-4-4-2, logo recolhendo o crachá prateado com seu nome e motivo da visita. A cabine desceu e logo ele viu-se no Átrio. Entregou sua varinha ao guarda e consultou o Rolex Submariner no seu pulso esquerdo, vendo que ainda faltava algum tempo até a hora do seu compromisso na Seção de Relações Comerciais Exteriores, que fazia parte do Departamento de Cooperação Internacional em Magia, dirigido por Percy Weasley. Resolveu, então, fazer um pequeno desjejum na cafeteria, pois saíra muito cedo de casa e não tivera tempo de comer nada.

Dirigindo-se para lá, fingia não notar os olhares femininos que atraía, enquanto passava pelo corredor. Poderia passar-se por Draco, se não fossem alguns detalhes. O loiro de seus cabelos era mais escuro, tendendo para a cor do mel, assim como era mais escuro o azul dos seus olhos, quase marinho. Embora os traços não desmentissem qual era sua família, sua pele era mais bronzeada, tudo isso herança de seu pai, o bruxo franco-marroquino Lucien Didier Bashir.

Chegando à cafeteria, reconheceu um bruxo seu conhecido, que estava de costas, tomando um Espresso. Aproximou-se para fazer uma surpresa, mas foi ele quem saiu surpreendido quando o outro, sem se virar, disse:

_Gina me pediu para agradecer pela coruja de condolências pela morte da pequena Molly, Remy.

_Pour touts les saints! Seu velho treinamento Ninja. Será que é impossível surpreender você, Harry?

_Ainda que eu não conhecesse e não tivesse sentido o seu Ki, conheço o seu jeito de andar e ouvi o som dos seus passos. Como se não bastasse, o cheiro do seu Gudang Garam é inconfundível. Aliás, quando é que vai deixar de fumar?

_Qualquer dia desses, Harry. _ respondeu Remy Malfoy Bashir, rindo e sentando-se. Apagou o cigarro indonésio com aroma de cravo e canela que costumava fumar de vez em quando e, dizendo “Evanesco”, fez com que o cinzeiro desaparecesse. Então, pediu o seu desjejum. Aquela era outra diferença entre Draco e Remy. Draco Malfoy não fumava e só tolerava o aroma adocicado dos cigarros de seu primo porque era menos desagradável, já que disfarçava o odor acre da nicotina.

_Veio tratar de negócios, Remy? _ perguntou Harry.

_Oui, Harry. Estamos ampliando a exportação dos cosméticos Fata Morgana para vários países e, devido a isso, estou tendo de tratar de várias alterações nos contratos, para que tudo fique dentro da lei. Sabe como é, carregar “Malfoy”no nome ainda faz com que a gente tenha de se esforçar o dobro ou talvez o triplo para provar honestidade.

_É, eu sei o trabalho que Draco teve, quando assumiu a “Malfoy Import & Export”. _ disse Harry _ Tivemos de atestar sua confiabilidade e, naquela época, o sobrenome “Malfoy” era bem mais malvisto na Bruxidade. Nadine veio com você?

_Não, Harry. Ela ficou com nossa mãe, lá em Marselha. E nosso pai foi tratar de negócios com Tio René.

_Estou me lembrando de algo que Jan disse há tempos atrás, quando derrotamos Voldemort em Azkaban e seu tio, Lucius, havia tentado matá-la e a Draco. Ela disse: “Um dia, Sr. Lucius Malfoy, a Bruxidade irá mencionar o seu sobrenome não com receio, medo ou suspeita, mas com orgulho e respeito, sabendo que não mais pertencem à Ordem das Trevas”. E ela estava certa, aos poucos as pessoas estão perdendo a desconfiança.

_A ligação entre Tio Lucius e Voldemort era muito forte, Harry. Até mesmo o Lorde sabia que, se tivesse a oportunidade, meu tio tentaria usurpar seu poder. Mas eu acho que os anos em Azkaban modificaram-no um pouco pois, nos tempos antigos, ele nunca tentaria proteger alguém de um feitiço mortal, mesmo que fosse sua sobrinha preferida, Valérie.

_Assim espero, Remy. Pelo menos terão morrido em paz.

_Draco e Jan mandaram notícias? Soube que foram a Istambul, pelo Orient Express. _ perguntou Remy.

_Sim, mandaram um postal de Istambul. Acabaram encontrando-se com Ali Karin Bey e tiveram Haradja como sua guia.

_Aquela turquinha linda de olhos verdes? Aquela que você chamava de “sua irmã caçula desaparecida”? _ Remy fez uma cara de interessado.

_Tira o olho, conquistador! Ela é casada!

_Finalmente Omar criou coragem? Já estava mais do que na hora!

Foram interrompidos quando o dono da cafeteria aumentou o volume da TV e Diana Jordan apareceu, em uma edição extraordinária do noticiário da WBC.

_ “... As equipes de resgate trouxas e bruxas estão trabalhando arduamente no trecho da linha do Orient Express entre Bucareste e Budapeste, onde houve uma explosão seguida de um descarrilamento, nesta madrugada. As suspeitas são de que um grupo terrorista, ligado ao Círculo Sombrio, tenha minado os trilhos, com a finalidade de deter o trem. Mas parece que utilizaram mais explosivo do que o necessário e foi esse o resultado. O trem tornou-se uma confusão de ferros retorcidos e o acidente provocou a morte de dezenas de passageiros, ferimentos em centenas e também temos alguns desaparecidos, entre bruxos e trouxas. Conferindo a lista dos passageiros desde o último embarque, em Bucareste, estão entre os desaparecidos a Assessora do Ministro da Magia da França, Juliette St. Croix, seu marido, o professor de Astronomia de Beauxbatons, Etienne e outro casal de bruxos, heróis da Segunda Guerra Bruxa contra Voldemort: o conhecido empresário Draco Black Malfoy e sua esposa, professora de Feitiços em Hogwarts, Janine Vargas Sandoval Malfoy.

As imagens dos cinegrafistas da WBC mostravam a catástrofe ocorrida perto da fronteira entre a Romênia e a Hungria. O Orient Express estava quase que totalmente destruído, um monte de ferros disformes e ainda fumegantes, equipes de resgate atuando, mortos sendo enfileirados e ensacados, feridos sendo tratados em hospitais de campanha, montados em tendas, vendo-se os símbolos da Cruz Vermelha Internacional e das Varinhas Solidárias. Vários dos helicópteros possuíam o emblema da Fundação Narcisa Malfoy. Restos de corpos e bagagens sendo recolhidos e identificados pelos Legistas, parecia que a planície tornara-se um campo de batalha.

_Je ne crois pas, Harry! _ exclamou Remy _ Draco et Janine estavam naquele trem!

_Por Merlin! Precisamos saber como estão as coisas e avisar a todos! E vou começar agora! _ Harry pegou seu celular enfeitiçado e começou a fazer ligações.

St. Mungus.

Ao final de uma consulta, o celular de Gina tocou e ela, após liberar a pequena paciente que abraçou a ruiva antes de sair, atendeu.

_Alô?!... Harry?... O que houve?... Não, estava atendendo e não vi o noticiário... O quê?!... Por Merlin, precisamos avisá-los!... Você vai ligar?... OK, eu aviso Marilise. Tchau.

Escola de Ensino Fundamental Lady Diana, Londres, onde estudavam filhos de bruxos e de trouxas com acesso ao mundo mágico.

_Alô?... Gina, querida! Mas que surpresa!... Ligar a TV?... Mas o que você está dizendo? _ e Marilise Mason ligou a TV da sala de aula, sintonizando na WBC. Ela e os alunos assistiram, estarrecidos, às imagens do acidente _ Meu Deus! Mas, por Merlin! Como alguém pode ter sobrevivido a isso?... Alguma notícia sobre Draco e Janine?... Constam como desaparecidos?... OK, eu e Narcisa vamos para casa. Quer que eu aproveite e leve Tiago e Lílian?... Certo, eu levarei os dois. Tchau, Gina.

Ottery St. Catchpole, na Toca.

Molly Weasley recebia a visita de Gui e Fleur, com Francine. Carlinhos havia vindo da Romênia, o solteirão convicto. Estavam tomando um chá quando a transmissão da partida de Quadribol pela Rede Radiofônica dos Bruxos foi interrompida e Linus Jordan anunciou a notícia que acabara de receber.

_ “Acabamos de receber da Central da WBC a seguinte notícia: Nesta madrugada, o Orient Express sofreu um atentado, vindo a descarrilar após uma explosão nos trilhos. Até o momento, já foram contabilizados cinqüenta e seis mortos, cento e treze feridos e vinte desaparecidos, entre os quais a Assessora do Ministro da Magia da França e seu marido, Juliette e Etienne St. Croix e o casal de heróis da guerra contra Voldemort, Janine e Draco Malfoy, nossos conhecidos amigos. As buscas prosseguem, embora a magnitude da catástrofe contrarie as esperanças. _ e Fabian Sheldrake seguiu o colega, comentando a notícia _ “Todos sabemos o quanto Draco e Janine são queridos pela Bruxidade, desde que ele rompeu oficialmente com as Trevas e iniciou o processo, bem-sucedido, de limpar o nome dos Malfoy, hoje sendo honrado e digno de credibilidade, haja visto o apoio recebido por ele na ocasião de seu julgamento por aquelas falsas acusações de associação para o tráfico, das quais ele foi totalmente inocentado, com uma grande ajuda de Harry Potter que, juntamente com os advogados Davies e Corner, fizeram com que a verdade prevalecesse. Continuaremos a transmitir as notícias, conforme formos recebendo informações atualizadas. Muito obrigado, Bruxidade.

A transmissão da partida de Quadribol foi reiniciada, dado que a mesma havia sido paralisada para a veiculação da notícia. Os Weasley estavam boquiabertos.

_Merlin! Mas como é que pode?! _ perguntou Molly.

_Draco e Jan. _ comentou Gui _ Coincidência?

_Aucune façon, mon cher. _ disse Fleur _ Sem chance, meu querido. Se o Círculo queria vingança contra Draco e Janine, cela était l'hasard parfait, aquela era a chance perfeita.

_Estou te entendendo, Fleur. O atentado tem tudo para ser relacionado com o Círculo Sombrio. _ disse Carlinhos.

_La maman, pensez-vous que Janine et Draco ara mort? Mamãe, você acha que Janine e Draco estão mortos? _ perguntou Francine _ Seus nomes estão entre os dos desaparecidos.

_Je sais, ma fille, mais c'est très difficile. Eu sei, minha filha, mas é bastante difícil. _ disse Fleur _ O acidente foi muito grande.

Hong Kong.

Cho e Luke haviam acabado de chegar em casa e Sun-Li veio à porta, para recebê-los, avisando sobre as notícias. Eles assistiram às reportagens sobre o acidente e logo ligaram para a Inglaterra, a fim de obterem notícias.

Tóquio.

Stuart e Heiko entraram em contato com o Ministério da Magia do Japão, assim que a transmissão da notícia cessou. Logo em seguida ligaram para Harry, em Londres, também obtendo as informações mais atualizadas.

Nova York.

Camille Musashi havia acabado de preparar um chá para ela e Tetsuken. Ao verem as notícias, procuraram logo entrar em contato com a Inglaterra. E, por falar em Inglaterra...

Harry, Rony e Remy estavam coordenando o fluxo de contatos dos amigos, por telefone, coruja e lareira, todos ansiosos por informações, que a WBC repassava ao Ministério, assim que eram confirmadas. Àquela altura, até mesmo em Hogwarts já se sabia do ocorrido.

Hogwarts.

Adriano Malfoy estava indo para a Sala Comunal da Sonserina, quando o sistema mágico de alto-falantes da escola anunciou:

_ “Adriano Vargas Sandoval Malfoy, compareça imediatamente ao Gabinete da Direção”.

Na mesma hora, Adriano deu meia-volta e começou a subir as escadas, encontrando-se com Pirraça em um corredor. O Poltergeist tentou jogar uma rede em cima dele, mas Adriano foi mais esperto.

_Pense rápido, Pirraça! _ e jogou algo na direção do espírito desordeiro, que agarrou e só percebeu que o jogo havia virado contra ele quando ouviu o “BLUORCHT” e o Casulo Instantâneo envolveu seu corpo.

_Moleque dos infernos! Isso não vai ficar assim!

_Não vai mesmo. Vai endurecer, rachar e libertar você, daqui a pouco, seu espertinho (“Novos Marotos 1x0 Pirraça”, pensou o bruxinho. “Agora, vamos ver o que a Diretora quer de mim. Para me chamar pelo meu nome completo, o negócio deve ser bastante grave”, imaginava ele, preocupado). Agora, me dê licença, pois estão me esperando na Direção.

Adriano subiu as escadas correndo, cruzando com Soraya, Nereida e Cliff, que fizeram caras de “O que está havendo?” e, sem se deter, disse:

_Também não sei. Depois conto a vocês. Esperem por mim, na Biblioteca.

Chegando à gárgula, o Prof. Snape estava à sua espera, logo dizendo a senha.

_ “Captura empatada de Potter e Malfoy” _ era uma alusão à final do Quadribol do sexto ano de seu pai. A gárgula liberou a escada giratória e os dois subiram até o Gabinete da Direção, onde já haviam pessoas esperando por ele: Minerva McGonnagall, Alvo Dumbledore, Ayesha, Sirius, Hermione, Derek Mason e... sua avó, Marilise.

_Mas o que houve? _ perguntou Adriano _ Os Novos Marotos não andaram fazendo nada de errado, andaram? Ultimamente nós temos estado bem calmos.

_Sente-se, por favor, Sr. Malfoy. _ pediu Minerva _ O assunto é muito importante.

_Seus pais saíram em uma viagem no Orient Express, aproveitando uma dispensa que a escola concedeu à sua mãe, não foi? _ perguntou Dumbledore.

_Sim, tanto que Narcisa está ficando com vovó Marilise e Sabrina, nesses dias.

_Querido, você precisa ser forte. O que vou lhe dizer é extremamente grave. Houve uma tragédia. _ disse Marilise.

_Como assim, vovó?

_Houve um acidente com o trem, meu querido, entre Bucareste e Budapeste. Explodiram a linha e o trem descarrilou.

_Descarrilou? Então meus pais est-estão... m-mortos? _ perguntou Adriano, as lágrimas aflorando ao seu rosto.

_Não se sabe, Adriano. _ disse Sirius _ Eles estão relacionados entre os desaparecidos, assim como outros.

_Sim. E estão investigando exaustivamente a área ao redor do trem, mas não encontraram vestígio algum. _ disse Ayesha _ Harry foi para o local e deve estar voltando, com informações mais recentes.

Como que sublinhando as palavras de Ayesha, as chamas da lareira do Gabinete da Direção ficaram verdes e Harry saiu delas, um instante após.

_Boa tarde, gente. _ disse Harry, abraçando Adriano _ Verifiquei os relatórios e participei de um grupo de busca. Nem sinal deles.

_Então, devem estar mortos! _ disse Adriano, começando a chorar.

_Não, Adriano. _ disse Harry _ Estão desaparecidos.

_O que não garante que estejam vivos.

_Nem que estejam mortos. E há mais chances de que tenham sobrevivido pois, a essa altura e com as equipes de busca, já teriam encontrado algum sinal, peças de roupa ou partes dos corpos... ops, me desculpe, Adriano, mas é verdade.

_Eu sei, Tio Harry. Então, existe uma esperança, não é?

_Sim, existe.

_Outra coisa, Tio Harry, vocês não pensaram em tentar localizar a moeda? _ perguntou Adriano.

_??? (Minerva, Sirius, Ayesha e Snape fizeram cara de espanto).

_Sim, é mesmo! _ exclamou Hermione _ A moeda que Jan usa desde o sexto ano! Adriano, muito obrigada! Isso permite focar melhor a procura.

_Creio que é tudo, por enquanto, Sr. Malfoy. _ disse Minerva McGonnagall, dispensando Adriano _ Prometo que avisaremos, caso hajam novas notícias.

O jovem que, nervosamente, apertava o assento da cadeira onde estava sentado, levantou-se e concordou com Minerva, através de um aceno com a cabeça. Então, levantou-se e saiu da sala, não sem antes receber afetuosos abraços dos presentes, principalmente de sua avó.

Só que Harry Potter foi o único a perceber o que Adriano havia feito. E não fez nada para que os outros descobrissem pois, afinal de contas, o rapaz tinha todo o direito de saber o que estava acontecendo.

Saindo do Gabinete da Direção, Adriano seguiu em direção à Biblioteca e, lá chegando, juntou-se aos amigos. Soraya, Nereida, Cliff, Larissa e Vicenzo, todos os Novos Marotos que já estudavam em Hogwarts lá se encontravam. Sentados a uma mesa em um canto mais afastado, os outros esperavam por ele, ansiosos pelo que ele iria dizer.

_E aí, Adriano? _ perguntou Larissa _ O que houve lá?

_Calma, Larissa. Espere só um pouquinho. _ Adriano tirou uma coisa do bolso das vestes: Uma pequena caixa acústica enfeitiçada, do tamanho de uma caixinha de fósforos, com controle de volume e uma entrada na qual ele plugou uma coisa que tirou de outro bolso: o receptor de uma Orelha Remota _ Agora, poderemos ouvir o que estão falando no Gabinete da Direção.

Com efeito, as vozes dos adultos eram perfeitamente audíveis através da Orelha Remota.

_ “Adriano mencionou uma moeda, Harry. É aquela que ela usa em uma corrente no pescoço, que Draco mandou que Tonks lhe desse no sexto ano, quando ela veio para Hogwarts?” _ ouviu-se a voz de Marilise.

_ “Exato, Marilise. Foi através dela que pudemos localizar Janine em Azkaban, quando ela foi seqüestrada por Sibila e Wormtail.” _ respondeu Harry.

_ “Ela funciona como um rastreador, Marilise. Com ela, poderemos localizá-la em qualquer lugar do mundo, independente da concentração de energia mágica. Basta usarmos o Mapa-Mundi enfeitiçado da Direção.” _ explicou Hermione.

_ “Então não percamos tempo, meus amigos.” _ ouviu-se a voz de Dumbledore, entrando em ação _ “Vamos ver onde eles podem estar. ‘Accio Mapa!’ Agora vejamos... mas esperem! O que é isso?

_ “O que foi, Prof. Dumbledore?” _ perguntou Snape.

_ “A moeda está, realmente, emitindo sinais. Mas há algo estranho. Não está em um só lugar, há várias emissões, em várias partes do mundo.

_ “Isso só pode significar uma coisa, gente.” _ ouviram a voz de Ayesha _ “O Círculo está metido nisso e eles foram seqüestrados, antes que o trem descarrilasse.

_ “Tem certeza, querida?” _ perguntou Sirius _ “Pode ser mais uma manobra de distração.

_ “Creio que Ayesha tem razão, Sirius, assim como você.” _ ouviu-se a voz de Harry _ “Há uma manobra de distração, sim, mas é para que não descubramos de cara onde eles estão sendo mantidos. E é isso que teremos de descobrir.

_ “São vários lugares pelo mundo, Harry. Odessa, Havana, Cracóvia, Bucareste, Salt Lake City, Bangkok, Xangai, Cidade do México, Campo Grande, Rio de Janeiro, Johannesburg... será bem difícil investigar todos eles e descobrir onde eles realmente podem estar.” _ comentou Sirius.

_ “Temos de tentar, Sirius. E, mesmo que não os encontremos em um dos locais, poderão haver pistas do seu paradeiro. E acho que há mais coisas aí.

_ “É verdade, pois os St. Croix também constam como desaparecidos. Creio que trata-se de mais um grande golpe do Círculo.” _ disse Dumbledore.

_ “Vou retornar ao QG dos Aurores, para ver se descobriram mais alguma coisa. Meu conselho é de que fiquemos todos calmos, para não fazermos nada precipitado.” _ disse Harry e todos os outros concordaram. Os visitantes foram saindo pela porta ou pela lareira, até que permaneceram apenas Harry, Minerva e Dumbledore.

_Diretora, Adriano deixou uma Orelha Remota aqui. Ele sabe de tudo o que falamos. _ sussurrou Harry.

_Como é? _ perguntou Minerva McGonnagall.

_Deixe a Orelha Remota onde ele a colocou, Minerva. Ele tem o direito de saber e eu estou certo de que não fará besteiras. Adriano herdou a inteligência e astúcia dos pais e não fará nada precipitado, podem ter certeza disso. _ disse Dumbledore, também em um sussurro.

Harry saiu pela lareira, rumo a Londres. Dumbledore e Minerva permaneceram no gabinete.

_Vamos tentar monitorar as emissões, para saber onde podem estar. Creio que os Monitoradores de Energia Mágica do Ministério serão de grande ajuda, Alvo.

_Tem razão, Minerva. Vou ver se descubro algo em minha biblioteca particular.

Adriano desligou o receptor. Os amigos estavam estarrecidos.

_Tio Draco e Tia Jan seqüestrados pelo Círculo? Mas isso é terrível, Adriano. Será que Narcisa já sabe? _ perguntou Larissa.

_Se ainda não sabe, vai saber agora. _ e Adriano acionou sua Jóia de Comunicação, disfarçada em relógio de pulso. O mostrador ampliou-se e apareceu o rosto da irmã.

_Dri, você já sabe? _ perguntou Narcisa, chamando o irmão pelo apelido carinhoso.

_Sim, já estou sabendo de tudo, Ciça. _ respondeu Adriano, usando o mesmo tratamento _ Deixei uma Orelha Remota no gabinete da Diretora McGonnagall. Se eles souberem de algo, nós também saberemos.

_Assim espero. _ disse a loirinha, com os olhos vermelhos e lacrimosos.

Retornando a Londres, Harry foi direto ao QG dos Aurores, a fim de obter as informações mais atualizadas. Depois daquilo,foi para casa, onde Gina e as crianças esperavam por ele. Pouco depois, foram para Godric’s Hollow.

Na Mansão Potter, Harry estava no Centro de Treinamento Subterrâneo, com Gina e as crianças. Depois de um breve Shiai-Kumite, meditavam, para deixar a mente mais leve e manterem a calma, coisa que Gina via que Harry estava precisando. A ruiva sabia que, mesmo que ele tivesse aceito os conselhos de Dumbledore, era perceptível o fato de que o marido fazia um enorme esforço para não dar vazão à fúria contida nele. Se e quandoHarry liberasse aquela fúria, pobre de quem estivesse na sua frente. Ao terminarem, perceberam que tinham visitas.

_Veja só, Harry, quem aparatou na frente da casa.

_Heiko e Stuart. Não os víamos há tempos. Vamos recebê-los.

Subiram e abriram a porta. Stuart Townsend, o quimono contrastando com seus cabelos rastafari, acompanhado de sua esposa, a Auror Heiko Musashi Townsend, fizeram uma reverência e foram correspondidos e convidados a entrar.

Trocaram lembranças sobre o ano no qual conviveram em Hogwarts, quando os “Honra & Amizade” tiveram um importante papel na captura de Venom, aliás, Valérie Malfoy.

_Soubemos do acidente com o Orient Express, Harry-kun. Acha que podem estar vivos? _ perguntou Heiko.

_Creio que sim, Heiko-san. Há indícios de que tenham sido retirados do trem, logo antes do acidente.

_O Círculo? _ perguntou Stuart _ Crê em uma nova vingança?

_Sim, Stuart-kun. Vocês também estão investigando, Heiko-san?

_Hai. Logo que soubemos, fui designada para essa missão. É uma das razões para estar na Inglaterra. Outra razão é que, quando vocês perderam a pequena Molly, eu estava em uma outra missão e só soube depois. Por isso, Gina-chan, trouxe algo para vocês, lá do Japão. _ e Heiko abriu o pacote que trazia, mostrando uma estatueta representando uma divindade de aspecto infantil.

_Um Jizo! _ exclamou Gina, com lágrimas aflorando aos olhos _ Uma divindade protetora dos bebês.

_Não apenas um Jizo, Gina-chan. _ disse Heiko _ É um Mizuko-Jizo, divindade que protege as almas dos bebês que morreram antes do nascimento ou recém-nascidos. Soubemos que sua filha foi atingida, antes de nascer, por um feitiço maligno de “Escuridão”, que acabou por induzir a anencefalia, tendo morrido pouco depois de um parto prematuro e trouxemos este Mizuko-Jizo, para proteger e guiar sua alma inocente em direção à luz.

Emocionada, Gina abraçou Heiko, as lágrimas descendo pelo seu rosto, assim como pelos de todos. Então, Naquele momento, Harry não resistiu.

_Gina, crianças, Heiko-san, Stuart-kun, perdoem minha indelicadeza, mas há coisas que devo fazer e tem de ser agora. Com licença.

E, sem aguardar resposta, dirigiu-se à porta da frente. Ao sair por ela, desaparatou, diante dos olhos dos outros.

_Ele está bastante preocupado com Draco e Jan, além de ainda estar muito magoado pela perda da filha. _ comentou Stuart.

_Não é só isso, Stuart-kun. _ disse Gina _ O que eu temia está acontecendo.

_O que é, Gina-chan? _ perguntou Heiko.

_Algo extremamente perigoso, Heiko-chan. _ disse Gina _ A fúria de um dos bruxos mais poderosos da atualidade está libertando-se. E eu não queria estar na pele de quem quer que ele esteja procurando.

E como que sublinhando as palavras de Gina o céu, claro até aquele momento, escureceu e um forte trovão pôde ser ouvido.

Harry não foi direto para seu apartamento, tampouco para o QG dos Aurores. Em vez disso, caminhava pelas ruas de Londres, naquele final de tarde no qual parecia que iria chover bastante. De fato, alguns pingos começaram a cair, logo molhando os cabelos e os óculos do bruxo que, à medida que a chuva aumentava, limitou-se a levantar a gola de sua capa Burberry preta, sequer sentindo que estava ficando encharcado. Seus pensamentos estavam longe dali, concentrados no que faria para deter o Círculo Sombrio. À sua mente vinham as imagens de todos aqueles que, de uma forma ou de outra, haviam perdido a vida ou corrido perigo devido à maligna organização criminosa e seus líderes, “Sombra & Escuridão”. Rufus Scrimgeour, que revelara a existência do Círculo e mais Lucius e Valérie Malfoy, mortos durante uma rebelião em Azkaban, arquitetada pelos malditos. Anastasia Ivánovna Artamonov, drogada e morta por “Mantis”, esse também já morto. A população de Londres, sob a ameaça da chantagem biológica do Círculo, com o vírus “Inferno 300”. Fong e a família de Cho. Vicenzo Zabini Marino, quase morto por Katie Bell, esta morta depois pelo Ninja Masayoshi Tagara, morto em um confronto com Harry. Ricardo Lugoma, Ministro da Magia de Angola, quase atingido por sua própria filha. A Profª Sprout, quase morta pela Rosa-Vampira destinada a Hermione. Filius Flitwick e Rita Skeeter, vítimas da Praga das Rãs e ela morta pessoalmente por “Escuridão”. Mundungus Fletcher e Arabella Figg, atacados pelas abelhas, sendo que o bruxo não resistira, sem contar que Duda e Lilá quase que também foram vitimados. Heiko, quase morta por um “Sectumsempra”, Sibila Trelawney, Wormtail, vários Death Eaters encarcerados em Azkaban, além de Nigel Xenophillus Lovegood, que estava lá para entrevistá-los. Hermione, ferida pelo “Barad” destinado a Janine, que quase morreu. Draco, falsamente acusado de um crime gravíssimo e, agora, desaparecido juntamente com Janine, certamente nas mãos do Círculo Sombrio. Mas uma imagem sobrepôs-se a todas essas, a de uma ruiva grávida, sangrando por causa de um diabólico feitiço de “Escuridão”, seguida pela de uma recém-nascida que antes era perfeita, mas que por causa desse feitiço perdera o encéfalo e a calota craniana, apenas fixando nele um par de olhos verdes, iguais aos seus, como que implorando por uma reparação, para morrer, logo em seguida.

_CHEGA!!! _ gritou Harry Potter, caindo de joelhos na rua deserta, chorando em um assomo de fúria e desespero, concluindo que havia chegado a hora de parar de ser o “bom moço” e jogar somente pelas regras. Seus olhos chamejaram e, em uma emissão mágica involuntária, as lâmpadas dos postes estouraram, em uma área de duas quadras _ Perdoe-me, Prof. Dumbledore, mas serei obrigado a ignorar seus conselhos. E que Deus e Merlin tenham piedade da alma de quem se interpuser no meu caminho, seja quem for. Quando oficialmente morto, fui um “Homem-Névoa”, invisível para o mundo. Agora, bem vivo, serei o “NÊMESIS” para essa corja. Eles irão arrepender-se de terem despertado a fúria de Harry Potter!

E, à luz de um relâmpago, Harry desaparatou. Sabia muito bem para onde devia ir e o que tinha de fazer.

Depois que Heiko e Stuart despediram-se, as crianças e Gina foram tomar banho e tentaram dormir cedo. “Tentaram”, pois Lílian e Tiago demoraram para pegar no sono. Gina ficou na biblioteca, com um bule de chá, sentada em uma poltrona em frente à lareira, esperando pela volta de Harry. Mas o bruxo não voltou naquela madrugada, deixando a ruiva com um péssimo pressentimento.

Na segunda-feira, Gina deixou as crianças na escola e, como tinha cancelado sua agenda daquela manhã no St. Mungus, foi ao Ministério, encontrando-se com Rony e Percy, que estavam tomando café com Remy. Este havia acabado de realizar as alterações contratuais das exportações dos cosméticos Fata Morgana e permanecera na Inglaterra, para obter notícias atualizadas sobre a tragédia e repassá-las à sua família.

_Olá, Remy. Harry me disse que você estava na Inglaterra. Como estão sua irmã e sua mãe?

_Très bien, Gina. Se bem que todos estão preocupados com o que pode ter acontecido a Draco e Janine.

_É, eu sei. Harry também está muito preocupado e isso me dá medo.

_Imagino, mana. _ disse Percy _ Harry é um dos bruxos mais poderosos da atualidade e sempre conseguiu manter-se sob controle.

_Mas, se ele se descontrolasse, poderia ser terrível. _ disse Rony, imaginando o poder do cunhado, liberado sem freios _ ainda bem que ele sempre teve você como ponto de apoio.

_Não sei se sou mais apoio suficiente para ele, Rony. _ disse Gina, secando uma lágrima que teimava em descer pela sua face _ Aliás, onde está ele?

_Como assim, filha? _ perguntou Arthur Weasley, que acabara de chegar à cafeteria e dava um abraço em sua amada caçula.

_Ora, imaginei que ele tivesse vindo para cá, hoje. Ele estava muito transtornado ontem, então desaparatou de Godric’s Hollow, presumo que para Londres. Imaginei que ele tivesse ficado no apartamento e vindo para cá.

_Não, não veio. _ disse Arthur _ Inclusive, Kingsley me perguntou dele, ainda há pouco.

_Vamos à sala de Harry. _ sugeriu Arthur.

Chegaram à sala de Harry Potter e Rony abriu a porta, pois o cunhado lhe passara a senha. Lá dentro, viram que vários documentos e equipamentos Ninja estavam faltando. A pistola Glock .380 com o coldre axilar também não estavam lá. Com um pressentimento, Gina concentrou-se e disse “Dobby”! O elfo doméstico aparatou à frente do grupo.

_Dobby, por acaso Harry esteve no apartamento, ontem à noite?

_Sim, Dra. Potter. Ele esteve lá, muito rapidamente, apenas pegando algumas coisas. Depois saiu, sem dizer para onde ia.

_Que coisas ele pegou, Dobby? _ perguntou Rony.

_Mapas, equipamento Ninja, a pistola-reserva, munição para as pistolas e Dobby viu que faltava outra coisa, Sr. Weasley.

_O que mais faltava, Dobby? _ perguntou Gina.

_As duas Hanzo não estavam no cavalete, Dra. Potter.

_Como é? _ perguntou Arthur.

_A Ninja-To e a adaga Tanto, forjadas por Hattori Hanzo e que o Prof. Derek Mason deu ao mestre Harry Potter no seu décimo-sétimo aniversário não estavam no cavalete em que ficam expostas no apartamento, Ministro Weasley. _ disse Dobby.

_Então eu estava certa e Harry vai partir para o combate. _ disse Gina, bastante preocupada.

_E o mestre Harry Potter deixou as varinhas no apartamento, antes de sair de lá, Dra. Potter.

_Esperto, muito esperto. _ comentou Rony _ Com isso, Harry está cobrindo seu rastro.

_Como assim? _ perguntou Remy.

_Deixando as varinhas, Harry evita que os Monitoradores de Energia Mágica do Departamento de Mistérios possam rastreá-lo pelo mundo.

_Mas e como ele vai executar magia? Como ele poderá canalizar seus poderes sem uma varinha? _ perguntou Percy.

_Vocês todos se lembram de que Harry possui um anel, em cujo interior foi introduzido um cerne mágico? _ perguntou Gina _ Pois aquele anel, sendo um projeto experimental de Jasper Olivaras, ainda não possui registro no Ministério, ao contrário das varinhas de Harry, tanto a particular, de azevinho e pena de cauda de fênix quanto a de Auror, feita de acácia e pêlos de cauda de unicórnio, revestida de Mirtheil. Mesmo que Harry execute magia, o sinal energético não poderá ser associado a ele (“Embora Harry não precise de nada para canalizar magia, já que é um Magid”, pensou a ruiva). Mas eu estou preocupada, gente. Até onde Harry poderá ir, nessa caçada?

_Acha que ele seria capaz de matar alguém? _ perguntou Arthur.

_Harry foi assistente de Seppuku de Voldemort, decapitando-o quando tinha dezessete anos. _ ouviu-se uma voz rouca, acompanhada pelos sons de passadas claudicantes e pelo toque-toque de uma pesada bengala. Alastor “Olho-Tonto” Moody entrou na sala e sentou-se _ E, como Auror, já precisou matar para não ser morto, em algumas missões. Mas jamais o fez a não ser em defesa própria ou seja, Harry Potter jamais matou alguém que não estivese tentando matá-lo. Por isso eu acredito que ele não vai sair por aí, exterminando bandidos de forma indiscriminada. Embora isso não seja uma grande vantagem para aqueles a quem ele persegue.

_Como assim, Prof. Moody? _ perguntou Rony.

_Bem, não são muitos que sabem, mas um dos meus passatempos são os gibis trouxas, principalmente Mangás e os das Editoras Marvel e DC, sendo que um dos meus personagens preferidos é o Batman. Em uma das histórias, dois policiais trouxas vêem o Batman perseguindo um criminoso e um deles comenta: “Quase chego a desejar que o Batman não o pegue.”, ao que o outro pergunta: “Por que, se o Batman não mata ninguém?” E o primeiro policial responde: “Sim, o Batman não mata ninguém. Mas, vendo a quantidade de bandidos que ele mandou para o hospital gravemente feridos, espancados de forma brutal e mesmo aleijados, a diferença é bem pouca.”

_Então eu acho que deveremos nos preparar para recebermos notícias de muitos ossos quebrados e dentes arrancados, ao redor do mundo. _ comentou Remy.

_O senhor está mais do que certo, Sr. Malfoy. _ concordou Moody, com um sorriso que repuxou sua cara cheia de cicatrizes _ Mas acredito que Harry não vá ultrapassar a linha, a não ser que seja impossível de evitar.

_Mas tenho medo de que aconteça uma coisa, Prof. Moody. Uma coisa muito grave. _ disse Gina _ Há uma frase de Nietzsche que diz: “Se você olha muito para o abismo...

_ “... O abismo também olha para você.” _ completou Moody. Conheço a frase, Gina. Você tem medo de que, de tanto encarar o mal de frente, Harry se deixe contaminar por ele, não é?

_Exatamente. Esse é um dos meus maiores medos, o de que ele possa sucumbir à tentação do grande poder que possui.

_Ouça, Gina, Harry Potter possui um grande poder, mas é humano. Para que esse poder não o corrompa, ele precisa, mais do que nunca, do apoio das pessoas de quem ele gosta, família e amigos, além de seu caráter e de sua própria força de vontade, a qual eu sei que é bastante grande. _ disse Moody, colocando as mãos nos ombros da ruiva, tentando confortá-la _ Vocês são as âncoras que o prendem à sanidade, pois são aqueles a quem ele ama. Posso falar por mim mesmo, já que não tenho mais parentes vivos. Então, se eu não tivesse vocês, meus amigos, eu já teria enlouquecido. Bem, não que grande parte da Bruxidade já não me considere meio louco.

O comentário de Moody serviu para aliviar um pouco a tensão, arrancando alguns sorrisos dos presentes. Mas haviam muitas pessoas ao redor do mundo que, com certeza, não iriam sorrir.

Harry Tiago Potter iria dar a eles todos os motivos para não fazê-lo.

Odessa.

A quarta maior cidade da Ucrânia, situada às margens do Mar Negro, contava com mais de um milhão de habitantes e, nos tempos da União Soviética, era o porto comercial mais importante do país e base naval Atualmente, possui pouco valor militar como porto, já que o tráfego entre o Mar Negro e o Mediterrâneo é controlado pela Turquia, país-membro da OTAN.

Na área próxima ao porto, muitas das antigas instalações fabris e armazéns serviam, agora, a outras finalidades e nem todas elas dentro da lei. Carros esporte de luxo roubados ficavam guardados em vários armazéns, esperando para mudarem de donos, carregamentos de drogas eram zelosamente vigiados por seguranças armados, para serem depois transportados, negócios eram fechados por membros do submundo, apoiados no tripé “Dinheiro-Sexo-Poder”, tudo com as bênçãos da Máfia Russa, em várias ocasiões associada ao Círculo Sombrio.

No telhado de um desses edifícios, vamos encontrar um bruxo, nosso conhecido, observando com atenção a construção em frente, um clube chamado “h0;l3;mk i7;m1;l4;kll2;l0;”, Crepúsculo Escarlate, cujas Raves atravessavam a madrugada, embaladas pelo melhor e mais atual da música eletrônica, sendo bastante famosas. Seu proprietário, segundo informações colhidas, era partidário da antiga doutrina da época da Guerra Fria, embora não considerasse um capitalismo pequeno-burguês aceitar os dólares e euros que recheavam sua conta bancária, fora a comissão que recebia dos traficantes de “Ecstasy”, para que pudessem oferecer suas malditas pastilhas no interior do estabelecimento.

Sabendo que ali encontraria algumas respostas, Harry Potter sorriu, satisfeito. Usava uma calça Cargo, uma camiseta justa e uma camisa, que não atrapalhavam seus movimentos, calçava botas de combate Oakley, fabricadas para as Forças Especiais dos EUA, tudo em preto. Por cima daquilo, uma capa folgada, também preta. Carregava sua Ninja-To e a Tanto Hanzo, suas pistolas, com carregadores extras, armas e explosivos Ninja e, no rosto, óculos Oakley modelo Penny Black, com lentes vermelho-rubi, obviamente com um feitiço Infrarubra Thermosensora, a fim de poder enxergar perfeitamente na escuridão. Escolhera aquele visual bastante “Blade” justamente a fim de criar um impacto visual, quando fosse o momento.

Quando fosse o momento.

Aproximando-se da borda do telhado, Harry deu um passo à frente e saltou, dando uma cambalhota no ar. À medida que, usando o Bukujutsu, descia suavemente até o chão, seus trajes modificaram-se: a capa reduziu-se, até o tamanho de uma jaqueta, a espada, a adaga e as pistolas desapareceram e seus óculos voltaram ao conhecido formato redondo. Aterrou, flexionando as pernas e revisou as roupas, satisfeito com o Feitiço de Camuflagem, que disfarçava seu arsenal. Saiu do beco para uma rua um pouco mais movimentada e entrou na fila para ingresso ao “Crepúsculo Escarlate”. Quando estava no meio da fila, avistou um segurança e, através de uma Imperius discretamente aplicada, o segurança condiziu-o diretamente para a entrada, no melhor tratamento VIP.

"Eles que esperem. Sequer verão o que foi que os atingiu!"

Harry entrou e foi ao balcão do bar, passando por um detector de metais que não emitiu um som sequer (“Tolos. Eu poderia estar carregando uma bateria antiaérea comigo que o alarme nunca tocaria”, pensou o bruxo). Já tendo tomado as poções e antídotos para quaisquer venenos ou drogas, dirigiu-se ao barman e pediu, em Russo fluente:

_ “j3;l0;l9;m0;k2;n3; k4;l6;k6;l2;k2;, l7;n3;m0;n l9;m0;kl7;kl5;kl1; k4;l5;l0;k9; l5;l6;l3;n, l7;l6;k8;k2;l3;m1;l1;l9;m0;k2;.” (“Vodka pura, cinco graus abaixo de zero, por favor.”). _ ao que o funcionário verteu em um copo um líquido transparente, geladíssimo, com a consistência de um xarope. Naquele momento, um rapaz acercou-se dele e fez sua proposta:

_ “h2;m m3;l6;m0;l0;m0;k l2;m1;l7;l0;m0;n ‘j9;l2;l9;m0;k2;k9;’?” (“Você quer comprar ‘Ecstasy’?”).

_ “i3;km0;, n3; l5;k l9;l6;k3;l0;lk2;n2;l9;n l7;l6;l2;m1;l7;k2;m0;n, l0; h2;m l5;k m3;l6;m0;l0;m0;k l7;ll6;k6;k2;m0;n. i4;m0;l7;m1;l9;l2; l6;m0;l9;n2;k6;k2; l0; l7;ll0;k4;kk6;l0;m0;k l2; l9;kk3;k il6;l3;l0;m4;l0;l0;.” (“Não, eu não quero comprar e você não quer vender. Saia daqui e entregue-se à polícia.”). _ disse Harry, olhando fixamente nos olhos do rapaz (“Viva o ‘Saiminjutsu’. Nem mesmo Obi-Wan Kenobi teria feito melhor”, pensou o bruxo).

_ “hk2;. il6;l9;l2;l6;l3;nl2;m1; h2;m l3;n2;k3;l0;m0;k n1;m0;l6;, l4;l6;kk5;l6; k4;l3;k2;k6;kl3;nm4;k2;.” (“Sim. Como o senhor quiser, meu mestre.”). _ o rapaz saiu do bar e dirigiu-se à porta da frente do clube. O ocorrido não passou despercebido a uma pessoa, lugar-tenente do dono do clube.

Era um sujeito alto e magro, com cabelos brancos, embora não fosse velho. Homossexual assumido, era o mais rematado exemplo de “bicha-louca”, daquelas que fazem com que todos os Gays fiquem malvistos e era aí que as pessoas o subestimavam. Quem pensava que Anatoly Pietrovitch Orumov era apenas uma purpurinada escandalosa dava-se mal, pois encarava um perigosíssimo assassino, experiente com arma-branca e combate corpo-a-corpo. Seu porte físico, seus cabelos brancos e suas preferências sexuais davam a ele a merecida alcunha de “Gazela Prateada”, que ele alimentava ao sempre vestir roupas em tons de prata. Embora trouxa, servia ao Círculo desde sua criação, tendo sido guarda-costas de vários chefões bruxos e trouxas da Máfia Russa e, agora, ao bruxo proprietário do “Crepúsculo Escarlate” (“Mas o que esse cara está fazendo aqui, com sua própria aparência, sem se transfigurar? Será que está querendo, deliberadamente, atrair a atenção para si?”, pensou o assassino de aluguel).

_Yuri, Sasha! _ disse o bandido, com sua voz efeminada _ Vão até o bar para verem o que Harry Potter quer.

Os dois capangas saíram a cumprir as ordens de seu superior e sentaram-se ao balcão, um de cada lado de Harry.

_Sr. Potter, boa noite.

_Ora, ora. Yuri Malenkov. Quando foi que você saiu da prisão onde Anya te enterrou, cara?

_Isso não interessa, Sr. Potter. Meus superiores querem saber o que o senhor está fazendo aqui. _ disse Yuri.

_Curtindo a música, tomando uma dose de vodka e esperando para falar com alguém que valha a pena, não com lacaios de baixo nível. _ disse Harry, despreocupadamente, tomando mais um gole de sua vodka.

_Ora seu... _ disse Sasha, segurando o pulso de Harry Potter, com a força de uma torquês.

_Sasha Rubokiev, o que você tem de grande tem de burro, pois deveria saber que jamais deve me tocar sem a minha permissão. _ disse Harry e, imediatamente, a mão de Sasha congelou-se. Mais rápido do que o olho humano podia acompanhar, Harry socou o nariz de Yuri, fraturando-o e socou também a boca de Sasha, inchando seus lábios na hora. _ Apenas digam a quem paga seus salários que eu estou aqui. VÃO!

Os dois saíram, em direção ao escritório. Harry batera neles tão rápido, que ninguém ao redor percebera o que havia acontecido. Ao chegarem, Anatoly perguntou:

_O que Harry Potter quer?

_Ele quer é briga! _ disseram Yuri e Sasha. Foi só aí que “Gazela Prateada” percebeu o estrago feito na cara dos dois armários, em frações de segundo.

_Ai, ai, meus sais! Acho que esta não vai ser uma boa noite aqui no clube. O chefe não vai gostar nadinha. _ disse Anatoly, pegando um radiotransmissor e convocando vinte dos seguranças do clube, que aproximaram-se de onde Harry estava sentado, terminando sua vodka. Algumas pessoas viram aquilo e perceberam que uma confusão iria armar-se, logo saindo de perto e, as mais espertas, saindo do clube e ganhando a rua.

Assim que terminou sua vodka, Harry olhou e viu que estava cercado por vinte armários vestidos de preto. Virou-se de costas para o balcão, dizendo:

_Bem, agora eu acho que chamei a atenção de alguém que manda alguma coisa nesta porcaria.

Um dos seguranças deu um soco capaz de furar uma parede, mas encontrou apenas o ar. Harry havia saltado para cima do balcão e, em seguida, dera um chute no queixo do russo, arrancando-lhe uns cinco dentes e colocando-o, inconsciente, no chão. Os fregueses que viram aquilo, trataram de sair do clube, seguindo o exemplo dos outros.

Cinco seguranças cercaram Harry, mas sequer aproximaram-se.

_Só isso? Nem vale a pena sacar uma arma ou utilizar um feitiço para dar um jeito em vocês. _ Harry Potter explodiu seu Ki, fazendo com que os cinco voassem longe e caíssem, estatelados, no chão. Apenas a onda de choque havia sido suficiente para tal.

_Idiotas! _ gritava “Gazela Prateada” com sua voz aguda _ Ele é um só e está desarmado! Vejam, nem está carregando sua varinha! Peguem-no!

Pistolas, porretes e facas foram sacados pelos seguranças. Harry Potter apenas sorriu.

_Começou a ficar interessante. Agora vamos brincar, para valer, minha gente. Façam seu movimento que eu faço o meu. _ Harry desfez o Feitiço de Camuflagem e seus trajes voltaram ao “Estilo Blade”. Aquilo realmente criou um grande impacto visual nos meliantes.

Dois avançaram com suas facas, mas foram detidos por dardos Shuriken, carregados de Poção Neuroparalisante. Ficaram no chão, duros como tábuas. Harry saltou sobre os remanescentes, sacando sua Ninja-To durante o salto, atingindo mais um ao aterrar. As armas de Harry eram enfeitiçadas para não matarem, mas isso não impedia sua espada de produzir fundos e dolorosos cortes no alvo. Vendo que dez pistolas foram apontadas em sua direção, reembainhou a Hanzo e sacou suas duas pistolas Mini-Glock, em calibre .380, apontando-as para os adversários que hesitaram por um momento, pois sabiam que, mesmo que Harry estivesse usando munição mágica sedativa, sentiriam as dores dos impactos, de qualquer forma. Apontaram as pistolas para Harry, pensando em intimidá-lo, mas não esperavam pelo que Harry já havia planejado e colocava em prática.

O bruxo começou a executar movimentos variados, desviando-se da pontaria dos adversários e atirando neles, em uma perfeita demonstração de ... “Gun-Kata”.

Gun-Kata”, como uma arte marcial, dá ênfase a dois princípios: atirando no inimigo o mais eficientemente possível e evitando o fogo de retorno. Atirar em alvos é uma questão de saber onde os lutadores inimigos são possíveis de serem localizados em relação ao atirador, que retira o problema de apontar (especialmente em espaços fechados) e permite que o atirador derrote inimigos com fogo de prevenção antes de eles representarem uma ameaça verdadeira. Evitar o fogo de retorno é também uma questão de probabilidade estatística, como atiradores de “Gun-Kata” não contam com evasões de estilo “Bullet-Time”, mas antes em evitar as linhas mais possíveis de fogo do inimigo. Em resumo, “Gun-Kata” é a arte de atirar onde o inimigo deve estar, enquanto não se deve estar onde o inimigo, supostamente, deve atirar.

Aquilo que as pessoas apenas haviam visto em filmes, tais como “Equilibrium”, onde o ator Christian Bale, no papel de John Preston, derrotava seus inimigos manejando suas pistolas como se fosem extensões de seus braços, estava ocorrendo ali, ao vivo e a cores, no interior do clube “Crepúsculo Escarlate”, por parte daquela bruxo que movia-se, saltava e rodopiava, evitando ser atingido e, eficientemente, atingindo todos os seus alvos, ao som da música eletrônica “Confusion”, do New Order, seguida por “Symphonatic”, da dupla Infected Mushrooms, que o DJ deixara no aparelho ligado, antes de também fugir da cabine de som.

Em cerca de quinze minutos, todos os seguranças enviados pelo braço direito do dono do clube estavam desacordados, no chão, atingidos pelas balas sedativas, dardos Shuriken ou pelos golpes de Harry. Melhor para eles, pois somente no hospital começariam a sentir a dor das contusões, membros quebrados e dentes perdidos, que nem mesmo os analgésicos seriam capazes de fazer desaparecer completamente.

Aproximando-se de “Gazela Prateada”, Harry Potter agarrou o pescoço do assassino Gay, apertando-o e dizendo a ele:

_ “h0;l5;k2;m0;l6;l3;l0; il0;m0;ll6;k4;l0;m5; i4;lm1;l4;l6;k4;. i3;l0; l6;k6;l0;l5; l5;k k6;m1;l4;k2;km0; l6;k3; l0;l9;l7;l6;l3;nk9;l6;k4;k2;l5;l0;l0; l3;n2;k3;l6;k l6;lm1;k8;l0;k, l0;l3;l0; n3; k6;kl3;k2;n2;, k9;k6;kl9;n l0; m0;kl7;kln, k3;kk9; k2;l5;k2;l9;m0;kk9;l0;l0;, m0;k2; m3;l0;lm1;lk5;l0;n3;, l2;l6;m0;l6;lm1;n2; h2;m m0;k2;l2; k3;m1;k6;km0;k m3;l6;m0;km0;n l9;k6;kl3;k2;m0;n, kl9;l3;l0; k3;m1;k6;km0; m0;l6;, m5;m0;l6; m1;k8;k l5;k k6;kl3;k2;l3;l6;.” (“Anatoly Pietrovitch Orumov. Nem pense em sacar qualquer arma ou eu faço, aqui e agora, sem anestesia, aquela cirurgia que você tanto queria fazer, se é que já não fez.”). _ disse Harry, sacando a adaga Tanto Hanzo com a outra mão e colocando a lâmina entre as pernas de Anatoly, que entendeu o recado na hora.

_O que você quer, Potter? _ perguntou o assassino de aluguel.

_Ora, que bom. Vamos continuar falando em Inglês. Leve-me ao seu chefe. Tenho algumas coisinhas para perguntar a ele.

_E se eu não levá-lo? _ perguntou Anatoly.

_Eu temia que chegássemos a isso. Você vai perder uma parte do seu corpo que, embora não lhe faça muita falta, poderia fazê-lo entrar em choque com a hemorragia. Pensou nisso?

_Você não faria isso... _ mas, ao ver o brilho diferente no olhar de Harry Potter, Anatoly Orumov reconsiderou _ ... Faria, sim. Está bem, Potter. Vou levá-lo ao chefe

_Sem gracinhas, Orumov. Ainda tenho a adaga na minha mão.

No escritório, Orumov abriu a porta, saltou para o lado, escapando da lâmina da adaga de Harry e gritou:

_Cuidado, chefe!

_ “Estupefaça”!! “Expelliarmus”!! _ Harry estuporou Orumov e, estendendo o braço na direção do bruxo que lhe apontava a varinha, fez com que ela saísse voando das mãos dele, atraindo-a para si com um Feitiço Convocatório, antes que o bruxo pudesse executar os seus _ “Accio, varinha”!! Agora vamos conversar. “i7;klk5;kl1;l1; h8;k5;l6;ll6;k4;l0;m5; i0;k2;ll2;k2;ll6;m2;m2;, n3; l7;lkk6;l7;l6;l3;k2;k5;k2;n2;, m5;m0;l6; k9;l3;l6;l1; l7;m1;m0;n - l9;kl4;kl1;l5;ml1; k3;l0;k9;l5;kl9;. h2;m l7;l6;m3;l6;k6;l0;m0;k l5;k2; k4;k2;m6;kk5;l6; l6;m0;m4;k2;, m0;m1; i7;l4;klm0;kl3;nl5;m1;n2; l7;kl5;m1; h5;k6;l6;l2;k2;.” (“Sergei Igorovitch Karkaroff, eu acho que o caminho do mal é um negócio de família. Você é como o seu pai, aquela escória de Death Eater.”).

O filho de Igor Karkaroff, membro do Círculo Sombrio e dono do clube “Crepúsculo Escarlate”, olhou na direção daqueles olhos verdes e, sem se intimidar, perguntou:

_O que quer aqui no meu clube, Harry Potter?

_Vou lhe fazer apenas uma pergunta. ONDE ESTÃO OS MALFOY?!

_ “i8;lk2;m3;l5;l0;m0;k h2;k2;l9;!” (“Vá se f#%$*r!”). _ disse o bruxo.

_Resposta errada, cretino! _ com um soco, Harry atingiu a mandíbula de Sergei, desacordando-o e removendo-lhe três dentes no processo, diante dos olhos arregalados de “Gazela Prateada”, que desmaiou ao pensar que poderia ser o próximo.

Dez minutos depois, um balde de água gelada despertava Sergei Karkaroff, que estava amarrado a uma mesa, sem camisa, tendo sobre sua barriga um balde, amarrado com um cinto de couro.

_Vou repetir minha pergunta, Sergei Igorovitch Karkaroff: Onde estão os Malfoy?

_Não sei. E, mesmo se soubesse, não diria. Acha que sou besta de trair “Escuridão”? Eu sei muito bem o que me espera se eu lhe disser algo.

_Então você sabe o paradeiro dos Malfoy.

_???

_Acabou de cometer um ato falho, Karkaroff. Se você não soubesse, diria “...Eu sei muito bem o que me ESPERARIA se eu lhe DISSESSE algo.” Com isso, você acabou de provar que sabe algo sobre eles.

_Não vou dizer nada. Potter.

_Ótimo, pois estou mesmo querendo me divertir.

_???

_Sabe, Karkaroff, que nós, os bruxos, sofremos de um grave problema, a falta de imaginação.

_Como assim, Potter? _ perguntou Karkaroff.

_Temos meios infalíveis de obter a verdade, tipo o Veritaserum, além de que podemos fazer com que uma pessoa experimente a maior dor de sua vida ou reviva seus piores horrores, invadindo e distorcendo sua mente. Mas mesmo Voldemort não tinha muitas opções, pois ou usava a Maldição Cruciatus ou distorcia e dominava a mente de suas vítimas. Ora, mas onde está a diversão nisso? A resposta está nos trouxas.

_Onde está querendo chegar, Potter? _ perguntou Karkaroff, novamente, começando a suar frio. Aquela cena lhe lembrava algo que ele já havia visto.

_Bem, descobri que os trouxas são muito mais criativos em suas torturas. Há algumas semanas, assisti a um filme, chamado “+ Velozes, + Furiosos”, onde o vilão usou um método bem interessante para obter de um traidor todas as informações das quais estava precisando (Naquele momento, Karkaroff lembrou-se de onde vira a cena da qual se lembrava). _ e Harry pegou, pela cauda, um rato e colocou-o debaixo do balde, afivelando novamente o cinto _ Se eu começar a aquecer o balde, esse simpático ratinho irá tentar escapar abrindo caminho pelo lugar que lhe parecer mais fácil ou seja, seus intestinos. E aí, você vai começar a falar?

_Não acredito que você, Harry Potter, o “Eleito”, o garoto de ouro da Bruxidade, recorreria a um método tão... baixo. _ disse Sergei.

_As circunstâncias mudaram, Karkaroff. Vocês já mexeram comigo, com meus familiares e amigos. Tá, a maior parte de nós é constituída de guerreiros Ninja calejados, forjados e experimentados nas batalhas da Segunda Guerra Bruxa contra Voldemort e contra o Círculo Sombrio, todos nós tendo visto a morte de perto por várias vezes. Mas vocês cometeram o maior erro de suas vidas ao matarem minha filha, ainda no útero da mãe. O Círculo Sombrio sequer imagina até onde estou disposto a ir. Bem, falando nisso, está na hora de você começar a falar.

_Vá para o Inferno, Harry Potter!

_É, acho que vamos ter de começar. “Flama”! _ uma curta chama azul, tal e qual a de um maçarico, saiu da ponta da varinha de Karkaroff, empunhada por Harry. O bruxo de óculos aproximou-a do balde, que logo começou a esquentar e Karkaroff começou a sentir algo lhe arranhando a barriga. Com um grito de puro pavor, ele disse:

_Pare, por favor! PARE! Eu falo! Mas, tire esse rato de cima de mim!

_Ótimo, Karkaroff. Eu sabia que você cooperaria comigo.

Harry desafivelou o cinto e removeu o balde. Do rato, nem sinal.

_Como foi que você fez isso?

_Fiz o rato desaparecer, com um Feitiço de Desaparição não-verbal, logo que comecei a aquecer o balde. O que você sentiu, Karkaroff, foi uma ilusão, provocada pelo seu próprio medo.

_Então eu estava certo. Você não teria coragem.

_Não esteja tão certo disso, Karkaroff. Se você não me der a informação de que preciso, eu recoloco o rato e, desta vez, não o faço desaparecer.

O olhar de Harry Potter deu a Sergei Igorovitch Karkaroff a certeza de que ele, realmente, o faria.

_Certo, Harry Potter. Vamos ao porão. Eles não estão mais aqui, mas há algo que você tem de ver.

Desceram ao porão do clube. Lá, havia uma cama, com o aspecto de que havia sido usada e um conjunto de toalhas de banho, que Harry logo reconheceu como as que ele e Gina haviam dado de presente a Jan e Draco, há alguns meses atrás. Sobre as toalhas, um bilhete, com uma moeda de ouro colada nele:

_“Meu caro Harry Potter, acho que você deve ter feito um grande estrago no clube do meu associado, Karkaroff. Agora eu creio que deve ser uma boa idéia trocar o clima frio da Ucrânia pelo calor do Brasil. Talvez você encontre algo de interessante no Rio de Janeiro. Até logo, Quatro-olhos.

Escuridão

A moeda evaporou-se, logo em seguida. Harry conferiu o pequeno Mapa-Mundi enfeitiçado, vendo que um dos sinais apagara-se.

_Você sabia de tudo, desgraçado! _ disse Harry, agarrando Karkaroff pela gola da camisa.

_Eles estiveram aqui, Potter. “Escuridão” levou os dois embora, mas não me disse para onde iriam. Eu tinha de resistir o quanto pudesse e depois lhe dar a pista. Diabos, se você não tivesse inventado aquela história com o rato, eu poderia ter te enrolado pelo resto da noite.

_Pode ter certeza de que não, Karkaroff. Eu não estou mais agindo pelas regras. Lembra-se do que fiz, como “Homem-Névoa”? Pois multiplique pelo maior número que puder imaginar e chegará a uma fração de até onde estou disposto a ir.

Voltaram para o nível do clube. Harry amarrou todos eles e, procurando um pouco, encontrou pacotes de “Ecstasy”.

_Mas então o Círculo está voltando ao negócio do tráfico, Karkaroff?

_Sim, Potter. Estamos com a venda de “Ecstasy” e o contrabando de carros de luxo.

_Então a minha visita ocorreu em boa hora. _ uma ligação anônima do celular enfeitiçado e logo a polícia estaria ali _ Agora, uma coisinha para que lembrem-se de mim. “Flagrate”!!

Com um gesto, Harry deixou uma marca profundamente entalhada a fogo na parede, algo que o Círculo passaria a ver bastante, depois daquela noite. A figura de um pomo de ouro, atravessado por um raio. A marca do “Nêmesis”. Em seguida, desaparatou.

Do telhado de um prédio vizinho, Harry Potter viu a polícia chegando e recolhendo os bandidos e a prova de seus crimes. O “Crepúsculo Escarlate” estava oficialmente fechado.

Xangai, China. À noite.

Naquele subúrbio, as coisas nem sempre eram o que aparentavam. Aquele restaurante da esquina servia pratos típicos da culinária chinesa mas, ao descer por uma escada oculta perto da cozinha, a coisa era diferente. Várias esteiras e beliches, nos quais encontravam-se homens servidos por belas mulheres de vestidos colantes e com generosas fendas laterais, todos eles em um estado semi-letárgico, graças ao conteúdo dos longos cachimbos que fumavam. O porão do restaurante era uma casa de ópio, nos moldes tradicionais daquelas do Século XIX e início do Século XX. O homem vestido como um mandarim passou por entre os leitos, cujos ocupantes encontravam-se por demais entretidos nos sonhos proporcionados pela droga para prestarem muita atenção no oriental de olhos verdes. Apenas um ou outro, mais velho, murmurou: “Fu-Manchu”, antes de retornar à falsa sensação de prazer do ópio. Porém, o mais importante do edifício encontrava-se ainda um nível abaixo. Descendo por uma outra escada, o homem alto abriu uma porta e seguiu pelo corredor, sendo alvo das reverências dos que cruzavam por ele.

_ “ Escuridão師傅a292;我們有來自奧德薩的新聞.” (“Mestre ‘Escuridão’, temos notícias de Odessa”).

_ “所以a292;什(636;做你必須我a292; Hu (643;a311;” (“E então, o que você tem para mim, Hu-Wong?”) _ ao que o servo respondeu, em Inglês:

_Como o senhor previu, mestre, Harry Potter esteve em Odessa e procurou por Sergei Karkaroff. Parece que fez um belo estrago no clube “Crepúsculo Escarlate”.

_Então ele deve ter encontrado o meu bilhete e ido para o Rio de Janeiro. Muito obrigado, Hu-Wong. Meus planos desenvolvem-se como eu previ.

Escuridão” foi para seus aposentos, não sem antes olhar pela fresta das portas de dois quartos. Em um deles, encontravam-se Juliette e Etienne St. Croix, acorrentados à cama. No outro, do mesmo modo, estavam Janine e Draco Malfoy. Ao contrário dos St. Croix, sua aparência era a de que haviam sido submetidos a pelo menos uma sessão de Maldição Cruciatus. Satisfeito, o bandido foi para seus aposentos, onde uma bela mulher esperava por ele.

_Satisfeito, “Escuridão”? _ perguntou ela.

_Muito, minha cara. Foi como acertar na Loteria.

_Ora, pois. Me designaste, junto a Wharton, para seqüestrar o casal St. Croix no Orient Express, a fim de exigir um resgate do Ministério da Magia da França, já que Juliette tem acesso a informações confidenciais. Então, disfarçamo-nos através de Poção Polissuco, com os cabelos que raspamos do casal Chebrikov, antes de matá-los. Foi um pedaço de coincidência que aquele gajo, Draco Malfoy, estivesse viajando com sua esposa.

Enquanto isso, “Escuridão” tirava sua túnica e chapéu, indo para um banho quente. Ao retornar, vestindo um roupão amarelo, a mulher encontrava-se deitada na cama.

_Realmente, foi muita sorte que você e Wharton os tivessem reconhecido no trem. Dou a você os parabéns pela iniciativa em planejar também a captura dos Malfoy, como um bônus. Agora teremos a oportunidade de completar aquilo que Lucius não conseguiu.

_Eu tinha de tomar aquela decisão por conta própria, ó pá. Obedecíamos a um silêncio de comunicações, portanto eu não podia pedir-te instrução de espécie alguma. Tivemos, então, de improvisar. Enquanto Wharton lançava um Feitiço Morpheus nos St. Croix e desaparatava com eles, antes de o trem descarrilar, eu fazia a mesma coisa com os Malfoy. Não poderia jamais deixar passar um prêmio tão precioso para aquele que me tirou das Masmorras de Xangô e que me ofereceu a oportunidade de vingar-me daqueles que me colocaram lá. Mal posso conter minha ansiedade para pôr as mãos em meu pai, além de Ronald Weasley, Neville Longbottom e, principalmente, Harry Potter. _ disse ela, aconchegando-se a “Escuridão” e beijando-o.

_Calma, minha querida. Harry Potter é meu, mas você vai ter a oportunidade de também divertir-se com ele, eu prometo. Palavra de “Escuridão”.

_Não me dirás quem tu és?

_Não. Se eu dissesse, teria de matá-la, para preservar meu segredo, o que é mais importante do que tudo.

_Mais do que eu?

_Digamos que, na ordem de importância das coisas, meu segredo vem em primeiro lugar.

_E eu?

_Você vem logo em seguida, minha bela, eu te garanto.

_Tu sabes ser tão doce quanto impiedoso, ó pá.

_Você não gostaria de mim se eu fosse diferente, minha pérola negra.

_É a pura verdade. _ e Mariana Lugoma enroscou-se em “Escuridão, ambos compartilhando prazeres que só eles podiam imaginar.

Depois de se amarem, “Escuridão” e Mariana conversavam, abraçados.

_Mas por que mandar Harry Potter nessa caçada?

_Um jogo de gato-e-rato, minha querida. Tenho a intenção de desgastá-lo e estressá-lo, fazendo com que esqueça-se do óbvio e, quando chegar a mim, esteja desgastado e pronto para ser capturado, estando indefeso nas minhas mãos. Aí, poderemos nos divertir mas, lembre-se, o golpe de misericórdia deverá ser meu.

_Concordo contigo, “Escuridão”. A oportunidade de fazê-lo sofrer bastante me será suficiente. Eu quero, também, pegar aqueles dois gajos, o que atirou em mim, o farmacologista Neville Longbottom e aquele ruivo, cunhado de Harry Potter, Ronald Weasley.

_Terá a oportunidade, Mariana. Eu te prometo (“Não senti dor alguma no peito, que bom. Era só o que faltava, ter de privar-me do imenso prazer de estar com ela, por causa do meu problema de coração”, pensou o bruxo).

_Irás drogá-los?

_Não, isso não funcionará. Longbottom desenvolveu poções que curam a vítima de quaisquer dependências. Não teria graça alguma. Creio que foi assim que Harry Potter me enganou, daquela vez em Amsterdam. Mas poderemos fazê-los sofrerem um pouco, com algumas sessões de Cruciatus. Depois, terão mesmo de morrer. Mas isso será no momento e local adequados.

Rio de Janeiro, Brasil. Dia seguinte.

Para não despertar suspeitas, Harry viajou transfigurado, em um vôo da JAL, depois de ter ido para Tóquio. Após escalas em Honolulu, Los Angeles, Nova York, e Miami, finalmente chegou ao Rio de Janeiro, desembarcando no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão), pela manhã. Com sua identidade bruxa alterada e transfigurada em um passaporte diplomático, não houve o menor embaraço na alfândega e logo o bruxo saía do aeroporto, em direção ao carro que havia contratado para levá-lo ao Copacabana Palace. Após terem saído da Linha Vermelha, ganharam a Via Elevada da Perimetral, que os levou ao Aterro do Flamengo e em direção a Copacabana, pela orla.

_O senhor não quis ir pelo túnel, Sr. Whitehurst. Por quê?

_Gosto do caminho pela orla, meu jovem. Aterro do Flamengo, Enseada de Botafogo, Copacabana, Ipanema e Leblon, São Conrado e Barra da Tijuca, é um trajeto que sempre me agrada. Se tivéssemos ido pelo Elevado Paulo de Frontin, teríamos pego o túnel e saído direto na Lagoa, perdendo toda essa paisagem.

_Tivemos sorte de não pegarmos nenhum tiroteio na Linha Vermelha.

_Pelo que eu sei, a Linha Amarela é mais perigosa. Além disso, por que você acha que contratei um carro blindado? _ perguntou Harry, com um sorriso.

Chegaram ao Copacabana Palace Hotel, onde descarregaram a bagagem e Harry registrou-se. O Concierge logo avisou:

_Há uma correspondência para o senhor, Sr. Whitehurst.

_Obrigado. Pode entregá-la. _ o Concierge entregou a ele uma carta, que logo foi guardada no bolso interno do Blazer. No apartamento, tomou um banho e deitou-se, dormindo por cerca de duas horas, a fim de descansar um pouco da longa viagem (“Sei que ‘Escuridão’ planejou um joguinho de gato-e-rato comigo, pois mandar-me de um lado ao outro do mundo só pode ter a finalidade de me cansar. Mas, por enquanto, terei de fazer o jogo dele, pelo menos até que a informação precisa pela qual espero chegue a mim. Depois disso, que Deus e Merlin o protejam de mim”, pensou Harry). Então, pegou a carta e abriu-a. O texto era bem o que esperava:

_ “Meu caro Harry Potter-kun, conseguimos a informação de que o senhor precisava. Ao que tudo indica, estão sendo mantidos cativos em uma casa, no alto de uma das favelas do Complexo do Alemão, onde um informante jurou tê-los visto, há cerca de dois dias. Encontre-se comigo no restaurante do hotel, assim que descansar um pouco, para que planejemos nossa ação e, antes que eu me esqueça, o almoço é meu. Minhas lembranças a Derek Mason-kun. Respeitosa e honradamente

Marcelo Nogata – Capitão PM – BOPE

Após ler aquela carta, Harry sorriu. Com o auxílio do Capitão Nogata e do BOPE, fariam uma bela festa no morro. Tomou um banho e dormiu umas três horas, despertando totalmente refeito da viagem. Trocou de roupas e desceu até o restaurante, logo identificando a pessoa que esperava por ele.

Marcelo Nogata era um Capitão da PM do Rio de Janeiro, Comandante de uma das companhias do BOPE (“Batalhão de Operações Policiais Especiais”), unidade famosa no mundo inteiro pela eficiência nas missões arriscadas que desempenhava e pelo filme de José Padilha, “Tropa de Elite”. Criado em 19 de janeiro de 1978 pelo Bol PM nº 14 de mesma data, o Batalhão de Operações Policiais Especiais, foi denominado, inicialmente, Núcleo da Companhia de Operações Especiais, funcionando nas instalações do CFAP – 31 Vol, subordinado operacionalmente ao Chefe do Estado-Maior da PMERJ.Pelo Bol da PM nº 33, de 07 Abr 82, por resolução do Cmt Geral da Corporação, o Núcleo da Cia de Operações Especiais passou a funcionar nas instalações do Batalhão de Polícia de Choque, fazendo parte da orgânica daquela Unidade, recebendo a designação de Companhia de Operações Especiais – COE. Em 27 Jun 84, através da publicação em Bol da PM nº 120, a COE passou a ser novamente denominada de Núcleo da Companhia de Operações Especiais – NuCOE, funcionando nas instalações físicas do Regimento Marechal Caetano de Farias, ficando subordinado apenas administrativamente ao BPChq, retornando sua subordinação operacional ao Chefe do EMG. Posteriormente, pelo Decreto-Lei nº 11.094 de 23 Mar 88, foi criada a Companhia Independente de Operações Especiais – CIOE, com suas missões próprias em todo o Estado do Rio de Janeiro, que seriam determinadas pelo Comandante Geral. Finalmente pelo Decreto nº 16.374 de 01 Mar 91 deu-se a criação do Batalhão de Operações Policiais Especiais – BOPE, ficando extinta a CIOE. Atualmente o emprego do BOPE em situações críticas ou missões específicas está regulado pela Nota de Instrução nº 004/02 – EMG, estando a Unidade subordinada administrativa e operacionalmente ao Estado-Maior Geral da Corporação ( Bol/PM nº 090 de 18 de maio de 2007).

Vendo-o vestido em trajes civis, ninguém diria que aquele homem de vinte e oito anos, com cara de monge Zen era um perigosíssimo guerreiro, descendente de Samurais, treinado em Ninjutsu por Derek Mason em pessoa. Marcelo Nogata era bisneto de japoneses, preferindo a designação “Yonsei” em lugar de “Chisei”, devido à conotação de azar atribuída ao número quatro (“Chi”, em Japonês, com o mesmo “Kana” e pronúncia de “Sangue” e “Morte”). Harry aproximou-se e lançou a senha.

_ “Tropa de Elite, osso duro de roer...

_ “... Pega um, pega geral, também vai pegar você”.

Harry sentou-se e executou um Feitiço de Privacidade.

_Nogata-kun, há quanto tempo!

_Potter-kun, sua presença é sempre bem-vinda. Realmente, não nos vemos desde que o Prof. Mason deu aulas de Ninjutsu ao BOPE e, em compensação, nós ensinamos algumas de nossas táticas aos Aurores do Rio de Janeiro.

_Bem pouco convencionais, para dizer a verdade. _ brincou Harry.

_Isso aqui é uma guerra, Potter-kun. Já era uma guerra antes do Círculo Sombrio associar-se ao Comando Vermelho e promover a trégua entre eles, a ADA e o PCC, formando a pior coalizão do crime de que se tem notícia no Brasil. Agora, a coisa piorou. Ainda bem que os bruxos e a PM, pelo menos a parte honesta dela, também agem em conjunto. Vamos pedir?

_Sim, vamos. _ concordou Harry.

Depois de almoçarem, Nogata repassou a Harry as informações de que dispunha.

_Potter-kun, como eu disse na minha carta, descobrimos que Draco e Janine estão sendo mantidos em uma casa, numa das favelas do Complexo do Alemão.

_Lugarzinho bem barra-pesada, hein, Nogata-kun?

_Com certeza. _ e Marcelo Nogata começou a explicar:

_ “O Complexo do Alemão é um bairro da zona norte do Rio de Janeiro, constituído por um conjunto de 12 favelas, sendo um dos mais violentos da cidade. A região concentra cerca de 40% dos crimes cometidos no Rio.Fica localizado entre os bairros de Ramos, Penha, Olaria, Inhaúma e Bonsucesso. As atividades criminosas na área são atualmente comandadas pelos traficantes Antonio de Souza Ferreira, o Tota, e Fabiano Atanazio da Silva, o Fabiano Urubu ou FB, dois líderes do Comando Vermelho, já meio passados na idade, mas ainda ativos, que hoje estão escondidos no complexo. Foi travada uma grande guerra no Morro do Alemão à época em que era dominado pelo traficante Orlando da Conceição, o Orlando Jogador. Este acabou sendo morto numa emboscada por um outro traficante, seu afilhado Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, morto em 2002 no Presídio de Bangu I por Fernandinho Beira-Mar, este ainda encarcerado. Nessa época o Complexo, o Comando Vermelho perdeu o controle da área durante alguns meses, para outra facção criminosa, o Terceiro Comando. Posteriormente o Comando Vermelho recuperou o domínio sobre a maior parte do Complexo. Uma parte, entretanto, o Morro do Adeus, permaneceu nas mãos do Terceiro Comando. Mas em maio de 2007 foi tomado pelo ADA e atualmente voltou à esfera do Comando Vermelho.A região é também conhecida por bailes como os da Chatuba, Grota, Rua 8 e Rua E, além do chamado Baile do Complexo Total. Nesses bailes predominam o funk, consumo de drogas e sexo, inclusive envolvendo exploração de menores. Foi justamente a realização de reportagens sobre este tipo de evento que resultou no assassinato do jornalista Tim Lopes, após ser capturado pelo grupo do traficante Elias Maluco.A execução brutal de Tim Lopes teria sido uma vingança por sua reportagem “Feirão das Drogas”, exibida pela Rede Globo em agosto de 2001, na qual mostrou, através de uma câmera oculta, a venda livre de drogas no Complexo. A reportagem foi laureada com o Prêmio Esso de Jornalismo.”

_Caracas! Você está mesmo por dentro do que ocorre, Nogata-kun.

_Preciso estar, Harry-kun. Aliás, a incursão será hoje à noite. Vamos subir o morro com os “Caveirões”, enquanto você descerá. Vai usar pára-quedas?

_Não, Nogata-kun. Usarei meios bruxos, pois eles não devem ter Sensores de Atividade Mágica no local. Mas poderão ver um pára-quedas. Não poderei aparatar, pois nunca estive lá antes. Bem, vamos ver o que faremos até lá.

_Vamos ao Quartel do BOPE, para estudarmos os detalhes da missão. Tenho mapas detalhados dos morros e estou certo de que você poderá compará-los com os seus.

_Sim, tenho um Mapa-Mundi enfeitiçado, que amplia-se conforme a necessidade. Ele mostra os locais onde há emissão de sinal das moedas.

_Moedas, Potter-kun?

_Sim, Nogata-kun. Aos dezesseis anos, Janine foi levada para Hogwarts e usava uma moeda de ouro, que serviu como seu passaporte para nosso mundo, antes dela manifestar magia e que também emite um sinal mágico que pode ser rastreado ao redor do mundo. O problema é que o Círculo preparou dispositivos que emitem um sinal semelhante e, além disso, fez com que eles passassem por todos os lugares e deixassem um objeto de uso pessoal. Isso dificulta o uso de Psicometria (Tentar descobrir coisas sobre alguém através de um objeto que a pessoa tenha tocado).

_Entendo. Bem, vamos usar o que tivermos. Afinal, condutas de combate em condições adversas são a nossa especialidade, Hai?

_So desu, Nogata-kun. _ disse Harry. Após terminarem o almoço, foram para o Quartel do BOPE. Lá chegando, Harry foi apresentado aos outros integrantes da 1ª Companhia, principalmente o segundo em comando, Tenente Claudiomir. Este estava prestes a alcançar sua promoção ao posto de Capitão e era o mais cotado para assumir o comando dali a dois meses, quando Nogata fosse promovido a Major e passasse a desempenhar uma função de Estado-Maior junto ao Comando-Geral da PMERJ.

Chegada a noite, o grupo responsável pelo assalto ao morro estava pronto para a ação, todos os elementos com suas fardas negras, coletes à prova de balas e capacetes balísticos, checando o armamento e ajustando os suspensórios, nos quais as granadas estavam colocadas. Nogata já estava pronto e perguntou a Harry:

_Como você vai se equipar?

_Para mim é fácil, Nogata-kun. “Indumentaria Cambio” _ e a roupa que Harry utilizava foi substituída por um traje que fez Nogata arregalar os olhos. O bruxo vestia uma camisa preta, calças cáqui em tom mais escuro, coturnos pretos, suspensórios e cinto NA, luvas pretas e um capacete tipo “meia-esfera”, coberto por uma rede e ostentando a figura de uma fase da lua. Completando o quadro, uma rede de malha fina que cobria seu rosto e a espada Hanzo às suas costas. Na cintura, uma de suas Mini-Glock .380, bombas Ninja e dardos Shuriken. A outra Mini-Glock estava em um coldre axilar.

_ “Ninja Butai Gekko”? _ perguntou Nogata _ Meu pai assistia quando criança e eu tenho todos os episódios em DVD.

_Uau, que raridade! _ disse Harry _ Não se esqueça de copiar para mim, Nogata-kun. Meu filho tem muita curiosidade sobe os “Agentes Fantasmas”.

_Pode deixar, Harry-kun. Eu copio e mando para Gina.

_ “Domo arigatô gozaimassu”, Nogata-kun. Ah, aí está Claudiomir.

_Capitão, Sr. Potter, está tudo pronto. Aliás, Sr. Potter, como é que o senhor vai subir o Morro do Alemão? _ perguntou o Tenente Claudiomir.

_Vassoura, Tenente. Veja. _ e Harry tirou de uma pequena bolsa com Feitiços de Ampliação Interna um objeto comprido e fino. Sua Firebolt.

_Vassoura de corrida? _ perguntou Nogata.

_Sim, uma Firebolt Mk-III. É a vassoura de corrida mais rápida, atualmente. Ganhei o primeiro modelo quando estava no terceiro ano e ela salvou minha vida várias vezes.

OK, vamos entrar logo nos “Caveirões”, para subirmos o morro. Harry Potter-kun, você vai naquele, que subirá por um lado mais deserto, de onde você poderá decolar com sua vassoura. _ disse Nogata.

_Hai, Nogata-kun. Então, vamos.

Os veículos blindados, conhecidos como “Caveirões”, entraram nos compartimentos de carga de caminhões sem identificação, que seguiram para o lugar de onde a operação começaria. Lá chegando, os blindados foram descarregados e Harry saiu do seu, sob Feitiço de Desilusão, decolando em direção ao alto do morro. A uma certa altura, invocou um “Protego Maxima”, que seria capaz de protegê-lo de balas perdidas e ficou esperando o sinal.

Uma granada luminescente foi lançada para o céu e o BOPE começou a subir o morro, atraindo os tiros dos traficantes, dispostos a não deixarem que a PM completasse sua incursão. Mal sabiam eles que tudo visava distrair a atenção do lado por onde Harry subira. O bruxo desceu e guardou sua vassoura atrás de uma casa, permanecendo invisível. Percebendo que haviam seis sentinelas à entrada dela, teve certeza de que estava no lugar certo. Um Feitiço Morpheus, com arco ampliado, atingiu cinco deles, que logo caíram adormecidos, bastando pressionar um nervo do pescoço do sexto, para que ele também partisse para o país dos sonhos. Então, Harry Potter entrou na casa.

A maior parte era ocupada por um laboratório para refino de cocaína e por um arsenal de dar inveja a uma milícia de médio porte. Dez soldados do tráfico viram as sentinelas caírem e deram o alarme. Mas já era tarde, pois Harry Potter desfizera o Feitiço de Desilusão, bem no meio deles. Começou fraturando o nariz do que estava mais próximo e saltando, bem a tempo de evitar uma bala de 9 mm que passou por onde ele estivera há um segundo, atingindo um companheiro e arrancando-lhe parte do crânio no impacto. Harry sacou as Mini-Glock e, com a munição mágica sedativa, colocou cinco para dormir. Dois dos três restantes foram contidos com golpes bem aplicados e dardos neuroparalisantes. O último saiu correndo pela porta, mas não foi muito longe. Um estalido de aparatação e um gemido abafado, como se alguém tivesse acabado de levar um chute em uma parte muito sensível do corpo, puderam ser ouvidos a uma certa distância. Naquele exato momento, o grupo liderado pelo Capitão Nogata acabou de chegar.

_Alguma baixa, Nogata-kun? _ perguntou Harry.

_Não, Potter-kun. O Sargento Aurélio levou um tiro, mas o colete amorteceu quase todo o impacto. Pegou todos?

_Não, um deles saiu correndo pela porta. Engraçado, eu ouvi um som como se ele tivesse sido atingido por alguém. Ninguém do seu grupo o pegou, Nogata-kun?

_Não, ninguém.

_Mas ele não escapou, não se preocupem. _ ouviu-se uma voz firme.

_Essa voz... Não pode ser! Marino?! _ exclamou Harry, olhando para a direção de onde vinha a voz e deparando-se com duas pessoas entrando: o Major de Cavalaria Marino e sua esposa, Blaise, ambos vestindo macacões pretos. Blaise arrastava o último traficante pela gola da camiseta. Fora ela que o atingira, bem “nas partes”, com a mesma precisão com que acertara Montague, quando estava no quarto ano e o colega de Casa tentara aproveitar-se dela à força (*Ler “As Férias Secretas”*) _ E você , Blaise, também está aqui?

_Si, caro mio. _ disse a amiga.

_Dumbledore nos pediu para ficar de olho em atividades que pudessem ser atribuídas a você, Harry. Boa noite, Nogata-kun. _ disse Marino.

_Boa noite, Major Marino-kun. _ respondeu Nogata, após prestar continência. Por sorte, não havia nenhum traficante acordado. Blaise-san, foi você quem o atingiu?

_Tenho experiência, Nogata-kun. _ disse a morena _ Como Marino disse, Harry, a Inteligência ficou atenta para ver se você apareceria, já que há lugares no Brasil que estão na lista.

_Vocês estão sabendo, então? _ perguntou Harry _ Sabem que Jan e Draco estão em poder do Círculo?

_Sim, sabemos. _ disse Marino _ E, quando soubemos que um sujeito de sobrenome inglês embarcou em um vôo em Odessa e desembarcou no Rio de Janeiro, usando passaporte diplomático e que não passou pelo “Scanner” de retina, eu me lembrei de duas simpáticas bruxinhas que viajaram de maneira semelhante, há alguns anos atrás e que uma delas tornou-se minha esposa.

Naquela hora, o Tenente Claudiomir entrou e reconheceu o sujeito.

_Uau! Zezinho “Microondas”! Não é peixe muito grande, mas também não é pouca coisa e poderá nos dar informações importantes.

_ “Microondas”? _ perguntou Harry.

_É um método de execução que os traficantes gostam muito e pelo qual esse cara aí tinha uma certa preferência. _ disse Nogata _ Consiste em colocar a vítima dentro de pneus, deixando só a cabeça de fora. Aí, encharca-se o conjunto com gasolina ou fluido de isqueiro e acende-se. A vítima morre queimada e sofrendo horrivelmente. Esse método tem o apelido de “Forno de Microondas”. Antes de ser promovido a Gerente de Boca-de-Fumo, ele era responsável pelas “Queimas de Arquivo”, execuções de delatores ou de pessoas que detivessem informações que seriam importantes para a polícia.

_Sua posição na hierarquia do tráfico pode ser comparada à de um Capitão com EsAO ou um Major moderno. _ comentou Marino.

_Bom, vamos fazê-lo falar. “Aguamenti, Frigidarium”! _ disse Harry e, de sua mão esquerda, com a magia (aparentemente) canalizada pelo anel mágico criado por Jasper Olivaras, saiu um jato de água geladíssima, bem na cara de Zezinho.

_Mas que di... o quê? O BOPE? Aquele Ninja de óculos? O que vocês querem?

_Primeiro, escória, ONDE ESTÃO OS MALFOY?! _ perguntou Harry, levantando o traficante pela gola da camisa.

_E por que diabos eu contaria? _ redargüiu Zezinho.

_Cara, acho que você nem imagina em que tipo de situação se meteu. Nem faz idéia do que te espera. _ disse Nogata.

_O que é que vocês vão fazer?

_Ora, vamos te fazer falar, o que mais você esperava? _ perguntou Marino.

_Não vou dizer nada. _ disse Zezinho.

_Eu tinha medo de que a coisa fosse chegar a esse ponto. _ disse o Tenente Claudiomir, com um suspiro. Moreira, traz o saco.

O Cabo Moreira apareceu com um saco plástico, que foi enfiado na cabeça de Zezinho. Quando ele já estava quase asfixiado, Nogata perguntou, novamente:

_E aí, Zezinho? Está mais disposto a colaborar?

_VAI T#+4R §# SEU %*, F!&$# DE UMA 7”=4!!! _ foi a resposta desaforada do traficante.

_Credo, mas que boca suja! _ disse Blaise.

_E nem mesmo respeitou a dama aqui presente. _ disse Harry.

_Dama o catso! _ disse Zezinho _ Se ela me acerta outro chute como aquele, filhos, nunca mais.

_Parece que a coisa vai evoluir, Nogata-kun. _ disse Marino.

_Eu também acho, Marino-kun. Alguém aí, traz a vassoura!

_Serve esta meio esquisita aqui, chefe? _ disse um soldado, trazendo uma vassoura nas mãos _ Eu a encontrei atrás da casa.

_MINHA FIREBOLT Mk III NÃO!!! _ gritou Harry, logo tirando sua vassoura das mãos do soldado _ Nem pense nisso ou sobra para você!

_Então o que faremos? _ perguntou Claudiomir, enquanto os outros disfarçavam algumas risadas.

_Deixe comigo. _ disse Harry, tirando o capacete _ Zezinho, você pode ser trouxa, mas deve saber quem sou eu.

_Só pode ser o tal bruxo inglês, Harry Potter. Me disseram que você iria aparecer por aqui, mais cedo ou mais tarde. _ disse Zezinho, prestando atenção no rosto de Harry, à sua frente _ E a cicatriz na sua testa confirma quem você é.

_Ótimo. Então, creio que “Escuridão” deve ter te contado que eu venci o maior bruxo das Trevas da atualidade por sete vezes e, na última, eu o enviei para o seu descanso final, cortando-lhe a cabeça, quando eu tinha dezessete anos. Se eu fiz isso com ele, imagine o que poderá acontecer com você.

_Está blefando. Me disseram que você era um cara certinho, que não apelava para métodos radicais.

_Realmente, não apelava. Mas a situação mudou. Vai me contar se os Malfoy estão aqui ou não?

_De mim não vai conseguir nada, Potter.

_Vai mudar de idéia, daqui a pouco. _ e Harry foi até a entrada, começando a silvar em vários timbres. Dali a pouco, cerca de uma dúzia de cobras, na maioria jararacas, começaram a entrar na casa, vindas dos matagais próximos. Os outros ficaram assustados, mas os répteis perfilaram-se em frente a Harry e uma das jararacas silvou para ele:

_ “Salve, ó Duas-Pernas que fala o nosso idioma. Deve ser Harry Potter, o jovem bruxo inglês que pôs fim à vida do Lorde das Trevas, anos atrás. O fato é de conhecimento de todos os Rastejantes, ao redor do mundo.

_ “As notícias correm rápido entre vocês, hein? Preciso de ajuda para convencer aquele sujeito (e apontou para Zezinho) a nos dar uma informação importante. Vocês poderiam deixá-lo suficientemente assustado, por favor?” _ pediu Harry.

_ “Pode deixar, Harry Potter. Iremos nos divertir um pouquinho com ele. Já conhecemos esse bandido.

_ “Muito obrigado.” _ Harry agradeceu e virou-se para Zezinho, que observava aquilo, espantado. Jamais vira alguém falar com cobras _ Zezinho, você acabou de ver uma das coisas que posso fazer. Quando venci Lord Voldemort pela primeira vez, com um ano de idade, ganhei esta cicatriz e ele, sem querer, me passou algumas habilidades, entre elas a de me comunicar com as serpentes, através de seu idioma, o Ofidiano. Você sabe que as peçonhas ofídicas possuem uma fração predominante, que pode ser a Neurotóxica, a Hemolítica ou a Proteolítica. Já viu o que pode fazer a picada de uma única jararaca? Quando a vítima sobrevive, ocorre uma importante necrose com gangrena no local da picada que, por vezes, obriga a amputar aquela parte do corpo.Imagine, então, o que podem fazer várias jararacas. E, se ainda não for o bastante, você pode ver que temos aqui jararacas, cascavéis e corais. Isso significa que, se eu pedir, elas poderão encher você com tanto veneno, que nem mesmo o legista poderá identificá-lo, pois o que sobrar não vai prestar. Não que você já preste para alguma coisa.

A um gesto de Harry, as cobras aproximaram-se de Zezinho e começaram a enroscar-se no seu corpo. Ao contato com os répteis, vendo-os silvarem e abrirem as bocas, colocando as línguas para fora e exibindo as presas, o gerente da boca-de-fumo foi ficando branco e começou a transpirar.

_E aí, Zezinho? Vai falar ou elas terão de picá-lo?

_EU FALO, EU FALO! Mas, por tudo o que é sagrado, tire essas cobras de cima de mim!

_Desmancha-prazeres. _ disse Harry, pedindo para que as cobras se afastassem. Em seguida, agradeceu e elas foram embora _ E agora, o que tem para me dizer, Zezinho “Microondas”... xiii, acho que vazou alguma coisa no forno.

Com efeito, os esfíncteres do bandido liberaram-se, de puro medo.

_Creeedo! _ disse Blaise, tampando o nariz _ “Limpar”! E olha que nem foi preciso usar um “Colon Exonera”.

Com um gesto de varinha, ela limpou o bandido.

_Eles já não estão mais aqui, Potter. “Escuridão” os trouxe, por algumas horas. Não sei para onde foram, depois. Eles desapareceram, segurando uma lâmpada velha, uma...

_... Chave de Portal. _ completou Marino.

_Isso. Ficaram em um “Bunker” que temos debaixo desta casa, que é usado como cativeiro para seqüestrados.

_Leve-nos até lá, Zezinho. _ disse Harry.

Zezinho foi até um armário e pressionou um tijolo na parede. O fundo do armário abriu-se, deixando ver uma escada. Ela conduzia a um conjunto de cômodos subterrâneos, onde havia um verdadeiro arsenal e um estoque de drogas para distribuição. Haviam também vários quartos, usados como cativeiro para reféns e, em um deles, Harry viu um dos “Tailleurs” de Janine, que ela usara durante o julgamento de Draco. Sobre ele, mais uma carta e uma moeda, que desapareceu ao ser tocada. A carta dizia:

_ “Então, conseguiu sobreviver ao Morro do Alemão, Potter? Bom, eu ainda não o quero desgastado ou desestimulado, embora você tenha de fazer uma outra viagem. Disseram que, nos últimos anos, a qualidade do rum cubano anda excepcional. Vá até Havana, para conferir. Talvez encontre o que está procurando.

Escuridão

_Esse cara está te enrolando, Harry. _ disse Blaise.

_Blaise-san tem razão, Potter-kun. “Escuridão” quer te cansar, fazendo-o correr de um lado para outro do mundo.

_Eu sei disso, Nogata-kun. Mas, por enquanto, tenho de fazer o jogo dele, até que...

Interrompendo as palavras de Harry, ouviu-se um estalido e um pequeno ser aparatou à frente deles. Batia mais ou menos pela cintura do bruxo, tinha olhos azuis, orelhas grandes e vestia-se com um macacão camuflado dos Spetsnaz.

_Pooka! _ exclamou Harry, reconhecendo o elfo _ Dobby conseguiu encontrá-lo, que bom.

_Harry Potter, Pooka tem a informação de que o senhor precisa. Dobby e Ziggy mantêm contato com Pooka e seu pedido chegou a ele. Sim, Pooka descobriu o local e não é em Cuba. Todos os outros lugares são engodos, a fim de cansá-lo, para que “Escuridão” tenha uma certa vantagem.

_E onde eles estão, Pooka?

_Pooka descobriu que eles estão em Xangai.

_Vou para lá agora mesmo. Muito obrigado, Pooka. Eu preciso de mais um favor. Peça para que Rony Weasley e Alvo Dumbledore me encontrem em Xangai. Pode fazê-lo?

_Pooka sempre vai ajudar Harry Potter, que sempre foi amigo dos elfos domésticos. Sim, eles estarão lá.

_A Inteligência Militar pode providenciar uma Chave de Portal para você, Harry. Temos várias, no QG do CML. _ disse Marino.

_Então, vamos para lá. Só preciso fechar minha conta no hotel, antes.

_Posso fazer isso para você, Potter-kun. _ disse Nogata.

_Dômo arigatô gozaimassu, Nogata-kun.

_Do itashimashité, Potter-kun.

_Mas, antes, precisamos providenciar para que esses desgraçados fiquem um bom tempo fora de circulação. _ disse Harry, espalhando cargas de explosivo plástico, devidamente enfeitiçadas.

_O que está usando, Harry? _ perguntou Blaise.

_Pelo cheiro é C-4, querida. _ disse Marino.

_Exatamente. E vocês vão ver o que essas cargas vão fazer.

O BOPE desceu o morro, nos “Caveirões”, levando Harry, Marino, Blaise e Zezinho como passageiros. O meliante teria muito o que confessar. Tudo bem, dizem que a confissão faz bem à alma. Em um lugar seguro, Harry pegou um detonador eletrônico e preparou-se para apertar o botão.

_Preparem-se para o espetáculo. _ disse o bruxo, apertando o botão.

O alto do morro pareceu um vulcão em erupção, quando o C-4 explodiu, acabando com o arsenal e incendiando o estoque de drogas ali escondido. O cogumelo de chamas tomou uma outra forma, a uma certa altura: a de um pomo de ouro, cruzado por um raio que paracia-se com uma letra “N” estilizada, que ficou pairando sobre o Morro do Alemão, como um balão luminoso vermelho. A marca do “Nêmesis” novamente deixava claro que Harry Potter não estava para brincadeiras.

_Se os Death Eaters deixavam a Marca Negra no céu sempre que praticavam um atentado, não posso pensar em nada mais justo do que o “Nêmesis” também deixar a sua, ao fazer justiça. _ disse Marino _ Vamos, Harry. Vou providenciar uma Chave de Portal para levá-lo a Xangai.

Blaise abraçou o marido e os amigos desaparataram, com destino ao QG do Comando Militar do Leste, na Avenida Presidente Vargas.

Depois de ter descansado por algumas horas, Harry Potter estava parado na esquina, em frente ao restaurante que ocultava a casa de ópio, oculto pelas sombras. Sua aparência era a de um chinês de meia-idade, em um traje de seda, semelhante aos da Década de 40 (“Rony e Dumbledore estão demorando”, pensou o bruxo). Em vista daquilo, resolveu não perder mais tempo e entrar. Pooka havia dito qual era a senha para que os viciados em ópio tivessem acesso ao nível dos leitos e Harry não se esquecera dela. Entrou no restaurante e dirigiu-se à pessoa que guardava a escada secreta, declinando a senha e entregando a ele o valor em dólares equivalente aos “Yuan” necessários para o ópio. Desceu a escada e chegou ao nível da casa de drogas, tentando sentir o Ki de Draco e Janine, localizando-os, um nível abaixo. Rapidamente, identificou a entrada e procurou por um beliche perto dela. O bandido do Círculo veio a ele com um cachimbo cheio, que ele pegou nas mãos, com um sorriso que deixou o bandido intrigado. No momento seguinte, o cachimbo estilhaçou-se nas mãos de Harry e o corpo do bruxo começou a brilhar.

_Quem é você? _ perguntou ele.

_ “你不還有感受a292;傻瓜?” (“Ainda não percebeu, tapado?”) _ o outro ficou espantado ao ver o bruxo transfigurar-se, diante dos seus olhos.

_Harry Potter! _ foi como se um alarme soasse e atraísse bruxos e trouxas do Círculo, que logo cercaram Harry, cujas roupas de seda mudaram para o traje Ninja. Uma saraivada de golpes deixou todos caídos, diante dos olhos dos viciados que, momentaneamente recobraram a lucidez e saíram correndo pela escada, indo para o restaurante e revelando o segredo. Aquele ponto de consumo de ópio jamais seria usado novamente.

Descendo para os níveis inferiores, onde havia localizado o Ki dos prisioneiros, Harry ia incapacitando todos os membros do Círculo que encontrava pela frente, até que chegou a uma sala e megulhou em direção ao solo, bem a tempo de evitar uma “Avada Kedavra”, disparada por Mariana, que estava ao lado de “Escuridão”. Ambos levavam Draco e Jan algemados, certamente com algemas inibidoras de magia.

_Mariana Lugoma! Eu deveria imaginar que você estaria junto a esse demônio de olhos verdes! _ exclamou Harry.

_Ora pois, Harry Potter! Eu e ele somos mais próximos do que tu imaginas, peste. _ e beijou “Escuridão”.

_Vocês bem que se merecem! Soltem os Malfoy, agora!

_Você não está em posição de exigir nada, Harry Potter! E eu ainda vou descobrir como foi que você descobriu que este era o cativeiro certo. Bem, isso não importa mais. O tempo de agir chegou e vamos para o lugar apropriado.

_Não se eu puder impedir, “Escuridão”! _ disse Harry, levantando o braço para lançar seu feitiço.

_Tente lançar um feitiço com seu anel mágico e os Malfoy morrem na hora, Harry Potter. _ e “Escuridão” encostou a ponta da varinha na testa de Janine.

_Não se importe comigo, Harry! _ gritou Janine _ Pegue esse desgraçado!

_Cala-te, ó índia! _ exclamou Mariana, dando um tapa no rosto de Janine e sendo repreendida por “Escuridão”.

_Calma, Mariana. Eu não os quero muito estragados... por enquanto. Agora vamos embora daqui, pois temos o que fazer do outro lado do mundo.

Acionaram uma Chave de Portal e sumiram, deixando Harry sozinho, cercado pelos bandidos incapacitados.

_ “O tempo de agir chegou e vamos para o local apropriado”. O que ele quis dizer? Só se...

_Exatamente, Harry. _ ouviu-se a voz de Dumbledore _ A data do alinhamento foi descoberta e logo a Sétima Porta de Cronos estará pronta para ser utilizada.

_Então temos de ir para lá o quanto antes, Prof. Dumbledore.

_E não é só isso, Harry. _ disse Rony, que acabara de entrar, com a bússola do Necronomicon nas mãos _ Veja onde foi que o sétimo e último volume acabou de se manifestar.

Harry olhou para a bússola e viu em que lugar do mundo o livro escrito por Abdul Al-Hazred havia aparecido.

_Realmente, coincidência é algo que não existe. _ disse Harry.

_Desculpe a demora, Harry. Acontece que só há pouco vimos a data do alinhamento planetário. Realmente, temos de ir logo.

_Muito bem, “Escuridão”, já tivemos “Fuseki”, “Sabaki”, “Seki” e cada lado fez seu “Uttegae”. Agora está chegando o momento de fazermos o “Shicho” e, no final, veremos quem obterá “Tsuru no Tsugomori”. _ disse Harry para si mesmo, mas com clareza suficiente para que Dumbledore e Rony o ouvissem.

_Vamos, cara. _ disse Rony _ Temos pouquíssimo tempo para nos prepararmos.

_OK, Rony. _ disse Harry _ Só que, antes, há algo que precisa ser feito.

Harry usou um Feitiço de Desaparição nos estoques de ópio e deixou a marca do “Nêmesis” na parede. Em seguida, desaparataram.

Realmente, a hora do “Shicho” estava cada vez mais próxima.


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