Harry Potter e o Círculo Sombrio escrita por JMFlamel


Capítulo 27
VITÓRia E Dor




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CAPÍTULO 26

VITÓRIA E DOR








Ferris, um bruxo americano que era contato do Ministério da Magia dos EUA com a NASA, olhou para o rosto no monitor e arregalou os olhos.
—Caracas! Harry Potter?! Mas o que é que você está fazendo aí em cima, cara? O que houve?
—Ferris? Que bom que é você! Sykes me disse que poderia ser de grande ajuda, em caso de necessidade. E parece que a hora chegou.
—Cadê o resto da tripulação? _ perguntou Ferris.
—Tive de incapacitá-los a todos, com um Feitiço Morpheus.
—Não me esconda nada, Potter. Conte-me tudo o que puder revelar.
—OK, Ferris. Um bruxo ou melhor, uma bruxa do Círculo Sombrio recebeu ordens de praticar um atentado no espaço. Os Aurores resolveram que eu seria a melhor escolha para detê-la e então eu entrei para o grupo da “Missão Hawkeyes”. No final, depois de capturá-la, descobri que ela havia dominado as mentes dos outros e eles tentaram me matar. Aí, tive de pôr todos para dormir.
—Ela usou Maldição Imperius, Potter?
—Primeiro sim, mas depois eu fiz com que ela a suspendesse. Mas eu não esperava que ela tivesse uma carta na manga.
—Qual?
—Saiminjutsu. Ela dominou a todos. O Coronel Sales quase me nocauteou.
—Então ela os colocou em um transe Ninja, não é? E o Saiminjutsu é bem difícil de reverter, mesmo com magia. Vai precisar de alguns Medi-Bruxos, quando chegar aqui e não é aconselhável tentar sobrepor uma Maldição Imperius a esse transe, Potter.
—Isso. Se eu colocá-los sob Maldição Imperius isso poderá prejudicar seus reflexos. Acho que terei de encarar essa sozinho, Ferris.
—OK, Potter. É mais simples do que você imagina. Bem, você foi um dos melhores no Simulador, portanto tem plenas condições de pousar esse passarinho.
—É, mas no Simulador você pode tentar de novo, caso a coisa não dê certo. Aqui em cima é uma vez só.
—É, tem essa. Bem, o processo de reentrada é quase que todo ele automático. Você só tem de manter seu ângulo de reentrada em, aproximadamente, 40 graus. Há um desvio-padrão que você não poderá ultrapassar.
—Sei, Se eu entrar com um ângulo muito pequeno, a nave poderá explodir com o superaquecimento gerado pelo atrito. Se eu entrar muito raso, a nave vai quicar no topo da atmosfera e perder-se no espaço.
—Exato, Potter. Mas você tem, no painel, um mostrador que indica o seu ângulo de reentrada e o desvio-padrão. Mantenha-se dentro dos limites que tudo ficará bem. Depois é com você, pois o pouso é como o de um avião comum, mais especificamente, um planador de cem toneladas.
—E é aí que vou ter de pôr à prova as horas no Simulador. Bem, confio em vocês.
—E nós em você, Potter. Há alguma providência especial a ser tomada?
—Afirmativo, Ferris. Avise Allan Sykes, da Seção de Aurores do Ministério da Magia dos EUA. Ele terá de estar na área de pouso, com um grupo de Aurores para levarem a Srta. Brent sob custódia e Medi-Bruxos, para cuidarem do restante da tripulação.
—Brent é a tal bruxa do Círculo? E você, Potter, qual disfarce estava usando? Não me diga que era a nissei gostosinha, a tal da Idehara? _ Ferris brincou, para quebrar um pouco a tensão do momento.
—Seu tarado! _ brincou Harry de volta _ Não, eu era Gilbert Sullivan, o Engenheiro de Software. Mas você passou bem perto. Brent incapacitou Idehara e tomou o lugar dela. Outra coisa, Ferris. Há um contato da NSA, cujo codinome é “Sete de Nove”.
—Uma loira alta, bonita, com a cara da atriz Jeri Ryan?
—Ela mesma. Se não estiver aí em Houston, estará na Flórida.
—Sim, ela está no Kennedy Center. Quer que eu faça contato com ela?
—Quero. Ela saberá a quem avisar.
—Certo. Tornaremos a fazer contato quando você estiver mais próximo do momento de reentrada.
—Positivo. Continuarei controlando a trajetória.
Com a Enterprise no Piloto Automático, Harry aproveitou para conferir se o restante da tripulação estava bem e aproveitou para comer alguma coisa. Duas barras de cereal e alguns goles de suco de laranja satisfizeram o bruxo, que logo retornou ao assento. Corrigiu a trajetória e preparou-se. Em breve, daria início à contagem regressiva para o pouso, na pista do Kennedy Center, na Flórida.

Inglaterra.
Rony Weasley estava em Hogsmeade, com Hermione, Gina e as crianças. Draco e Janine também estavam lá, com Narcisa. A barriga de Gina, aos quatro meses, começava a dar os primeiros sinais. Ao que tudo indicava, aquela seria outra gravidez tranqüila para a ruiva, era o que a Medi-Bruxa Obstetra, Dra. Darlene Willingham, havia afirmado. Dali a pouco, o celular enfeitiçado de Rony tocou.
—Alô? Sim, é Ronald Weasley... O quê?!... Em nome de Merlin! Vamos já para lá, é claro!... A diferença de fuso horário de Londres para a Flórida é de cinco horas, se não me engano... Sim, lá é mais cedo... OK, Vai acabar sendo uma verdadeira comitiva. Obrigado por ligar. Tchau. _ e Rony desligou o telefone.
—O que foi, Rony? _ perguntou Draco.
—Bem, era para ser sigiloso, mas não tem como vocês não ficarem sabendo. Harry está pilotando o Ônibus Espacial Enterprise e irá pousá-lo, daqui a pouco, na Flórida.
—Como é, Tio Rony? _ perguntou Narcisa _ Tio Harry não está no Timor Leste?
—É, Narcisa, ele não está. Na verdade, ele estava em outro lugar.
—E você sabia disso, Gina? _ perguntou Janine.
—Sabia, mas não podia contar. Bem, vocês viram que não houve a Praga “Chosech”, não foi?
—Sim, sabíamos que um Auror teria de participar da missão, para descobrir quem iria lançar a Praga e tentar neutralizá-lo. Imaginávamos que seria Harry, mas nos disseram que ele havia ido para o Timor Leste, cuidar da segurança de Ramos Horta. _ disse Draco.
—Aquilo foi só para despistar. _ disse Gina _ Todos aqui sabem que não haveria Auror mais capacitado para essa missão com os astronautas do que ele.
—E agora ele está retornando. _ disse Tiago _ Mas ele vai pousar um Ônibus Espacial?
—É o que acabaram de me informar. _ disse Rony _ Daqui a mais ou menos umas duas horas ele deverá estar executando a reentrada.
—Foi “π” quem lhe deu a informação, Rony? _ perguntou Draco, em voz baixa.
—Sim, Draco. Foi ela quem acabou de ligar. _ respondeu Rony, no mesmo tom. E, para todos os outros _ Vamos à Flórida, então. Mas precisaremos de uma lareira...
—... Ou de uma Chave de Portal. _ ouviu-se uma voz e todos voltaram-se para o lado de onde ela vinha. Ali estavam Dumbledore, Minerva, Sirius e Ayesha. O ex-Diretor de Hogwarts estava com os cabelos e a barba mais curtos, devido ao Feitiço “Reducio Capitis et Barbae”, vestindo um terno cinza Ricardo Almeida e com Fawkes no ombro. Minerva, Sirius e Ayesha também vestiam-se como trouxas, de forma bastante convincente _ Não conheço melhor meio do que usarmos os poderes de Fawkes. Quando necessário, uma Fênix pode tornar-se a mais potente Chave de Portal que se possa imaginar.
—Perfeito, Prof. Dumbledore. _ disse Hermione _ Agora, é só mudarmos as roupas.
Os bruxos adultos pegaram as varinhas e disseram: “Indumentaria Cambio”. Em um instante, estavam todos eles com roupas trouxas.
—Agora, segurem-se uns nos outros. _ disse Dumbledore, segurando nas pernas de Fawkes e com Minerva abraçada a ele. Os outros procuraram manter contato físico entre si e aguardaram a contagem do bruxo, para a longa viagem à Flórida _ Um, dois e... TRÊS!!!
Em uma explosão silenciosa de chamas, todos desapareceram da sala de estar da Residência Weasley, em Hogsmeade.
Reapareceram no escritório dos Aurores, em Miami. O próprio Allan Sykes estava lá para recepcioná-los.
—Prof. Dumbledore, Diretora McGonnagall! Que honra tê-los aqui. E vocês são amigos de Harry Potter, não são?
—Sim. Eu sou Draco Malfoy e estas são minha esposa, Janine e nossa filha, Narcisa.
—Eu sou Gina, esposa de Harry. Estes são nossos filhos, Tiago e Lílian.
—Sou Rony Weasley, irmão de Gina e cunhado de Harry. Esta é minha esposa, Hermione e esta é nossa filha, Mafalda.
Sirius e Ayesha eu já conheço. Ele me salvou de alguns Death Eaters, no passado. E aí, Cachorrão, tudo bem?
—Tudo bem, Al. Na verdade, eu apenas o ajudei. Al Sykes é um excelente Auror.
—Então, Harry vai pousar a Enterprise daqui a pouco? _ Draco perguntou, curioso.
—Exato, Sr. Malfoy. Está tudo correndo bem, Harry está em contato com Ferris, em Houston e com McNeill, aqui na Flórida. Bem, vamos para o Kennedy Center. _ Tomaram uma outra Chave de Portal e logo reapareceram, no Kennedy Space Center, em Orlando, Flórida. Seus lugares, em um palanque coberto, já estavam reservados. Agora era só esperar que o planador de cem toneladas aparecesse para pousar na pista de três milhas, com Harry Potter no comando.

No espaço, Harry conferiu o tempo, enquanto admirava a visão da Terra, observando os meteoros que caíam e queimavam-se totalmente, sem atingirem o solo. Com cerca de uma hora para o toque, o bruxo inverteu a posição da nave e acionou os motores que reduziriam a velocidade. Estes funcionaram por dois minutos, enviando 6.000 libras de empuxo e fazendo com que a Enterprise sofresse uma redução de cerca de 250 nós em sua velocidade de deslocamento. Então, com a força da gravidade começando a atuar, a Enterprise iniciou sua descida, deixando de atuar como uma nave espacial e convertendo-se em um gigantesco planador. A diferença era que começava a entrar na atmosfera em uma velocidade de MACH 25. O ângulo de ataque estava exatamente em 40 graus de pitch, de acordo com os instrumentos. Aquilo servia não só para desacelerar, mas também para evitar que a fuselagem se aquecesse em demasia (“Se fosse um Lockheed SR-71 Blackbird, cada reentrada serviria para temperar mais o titânio da fuselagem”, pensou Harry). Mesmo assim, era possível perceber que a nave estava com seus painéis externos incandescentes, apenas olhando pelo Plexiglass. Harry começou a executar curvas em “S” para perder velocidade, procurando não ultrapassar 70 graus de inclinação. A aeronave realizava sua descida a uma razão de 10.000 pés por minuto. A partir dali, Harry agia conforme havia treinado no Simulador. A diferença era que não poderia errar, pois ali não haveria uma segunda chance.

T (toque) menos 28:42 min: A uma altitude de cerca de 260.000 pés, os dois elevons de atuação hidráulica no bordo de fuga de cada asa começaram a atuar, executando as funções de rolagem e guinada dos profundores e ailerons comumente usados em aeronaves com asa em Delta. Quando a velocidade atingiu 108 nós, os elevons tornaram-se completamente atuantes e a maioria dos motores de manobra foi desativada.

T menos 26:56 min: Enquanto realizava os movimentos de rolagem para a esquerda e para a direita, Harry monitorava o perfil verdadeiro e o perfil desejado de descida, ajustando o primeiro ao segundo o máximo que podia.

T menos 26:04 min: A velocidade era de cerca de MACH 22, com uma temperatura externa extremamente alta. Para quem visse a nave de fora, a aparência seria de um triângulo incandescente, com uma cauda. Quando a velocidade começou a diminuir, Harry preparou-se para assumir o controle, a fim de executar a aproximação e o pouso.

T menos 12:54 min: O ângulo de ataque começou a diminuir e ocorreu a abertura dos freios aerodinâmicos, incorporados ao leme de direção, a 81%, através de uma abertura no seu bordo de fuga.

T menos 10:33 min: A uma velocidade de MACH 7.3 e uma altitude de 142.000 pés, Harry captou no painel o sinal do TACAN (emissor de UHF militar) do Kennedy Space Center e passou a utilizá-lo como referência para a aproximação.

T menos 08:44 min: Os tubos de pitot foram exteriorizados. Se isso tivesse ocorrido antes, teriam superaquecido, derretido e falhado, pois eram relativamente frágeis. O leme de direção passou a ficar atuante, não mais dentro do vácuo criado pelo ângulo de ataque. Os últimos foguetes de manobra foram desativados. A velocidade era de MACH 5.0 e a altitude de 120.000 pés.

T menos 6:44 min: Entraram em funcionamento os HUDs (“Head-up Displays”), telas holográficas no campo de visão do piloto, visíveis quando ele olhava pelos pára-brisas. Harry mantinha o vetor de trajetória real sobreposto ao computadorizado e a velocidade mantinha-se dentro da faixa adequada. No momento era de MACH 2.6 e a altitude era de 83.000 pés.

T menos 3:57 min: Os freios aerodinâmicos começaram a receber as instruções do computador para adequarem-se ao controle da velocidade, que era de MACH 0.9, a uma altitude de 46.000 pés. Harry manobrou a Enterprise, seguindo as instruções do HUD e do “Flight Director”, a fim de entrar no cone da proa de alinhamento, tangente ao curso de aproximação final em um ponto a sete milhas da cabeceira da pista. Principiou, então, uma descida em espiral até a interceptação do curso de aproximação final.

T menos 1:31 min: Com a última curva de aproximação quase completa, a uma velocidade de 280 nós e uma altitude de 15.000 pés, o sistema de orientação de pouso passou do TACAN para um sistema de microondas, conhecido como “MLS” (“Microwave Landing System”), permitindo aos computadores determinarem vários alinhamentos e ângulos de descida.

T menos 1:14 min: Harry interceptou o localizador do MLS e manobrou para uma aproximação direta. A velocidade era de 300 nós e a altitude de 12.000 pés. O tempo estava excelente, com um céu claro, sem nuvens e um sol brilhante, destacando a faixa da pista de três milhas, na qual a Enterprise pousaria. O indicador de planeio foi interceptado e as informações foram exibidas nos hologramas. O símbolo do vetor velocidade do HUD estava sobreposto ao ponto-alvo, 7.500 pés antes da cabeceira da pista.

T menos 0:33 segundos: A uma velocidade de 300 nós e uma altitude de 2.000 pés, Harry levantou o nariz da Enterprise para corrigir o ângulo e sobrepor o símbolo do vetor velocidade do HUD ao alvo de toque, a 2.500 pés da cabeceira da pista.

T menos 0:20 segundos: A uma velocidade de 288 nós e uma altitude de 300 pés, Harry acionou os trens de pouso, que estenderam-se completamente.

T menos 0:10 segundos: Harry levantou o nariz da nave, sobrepondo os símbolos do vetor velocidade com o final da pista, visível no HUD. A velocidade era de 261 nós, a uma altitude de 50 pés.

T menos 0:00 segundos: A Enterprise tocou o solo a uma razão de descida de 250 pés por minuto. Os freios aerodinâmicos abriram automaticamente para a posição máxima e o pára-quedas de arrasto abriu-se, quando a nave atingiu 190 nós. A 185 nós, Harry iniciou a desrotação ou seja, abaixou o nariz da nave, pressionando o compensador. Com mais de 5.000 pés de pista remanescente, o bruxo aplicou os freios quando a velocidade atingiu 140 nós. A uma velocidade de 50 nós, o pára-quedas de arrasto foi ejetado e, lentamente, o gigantesco pássaro espacial foi parando, até permanecer imóvel na pista. Um pouso suave e perfeito.
— “Gina...”. _ Harry mais pensou do que murmurou, sobressaltando-se, em seguida ao ouvir a voz da ruiva em sua mente.
— “Estou aqui, querido. Aliás, estamos quase todos. Daqui a pouco a gente se vê”.
— “Estava morrendo de saudades, ruiva. Mal posso esperar para tê-la nos meus braços”.
— “Terei de disputá-lo com meia dúzia de pessoas, pelo menos. Até mais”.

Alguns minutos depois, quando a temperatura da nave diminuiu, perdendo o calor provocado pela reentrada e os gases tóxicos derivados do combustível dissiparam-se, não mais havendo risco à aproximação de pessoas, uma patrulha de Aurores, reforçada por Medi-Bruxos, postou-se nas proximidades da Enterprise. Passados cerca de dez minutos, a porta abriu-se e um homem alto e esbelto, de negros cabelos arrepiados, usando óculos redondos e com a já bem conhecida cicatriz na testa saiu, vestindo o traje laranja de lançamento.
—Os outros estão lá dentro, inconscientes. Chequei os sinais vitais e todos estão bem. A Srta. Brent deverá ser levada para interrogatório e os restantes para o hospital bruxo mais próximo, a fim de revertermos o Saiminjutsu que ela fez neles. _ disse Harry para Sykes _ Agora, com licença. Há algumas pessoas a quem eu quero muito ver.
Afastou-se um pouco do grupo que entrou na nave para recolher os outros astronautas e aguardou a chegada dos outros. Entre eles, destacava-se uma linda ruiva, com uma barriguinha de gestante dando seus sinais. Ao encontrarem-se, tudo o mais perdeu a importância e o tempo novamente parou para os dois, enquanto beijavam-se com a mesma paixão da primeira vez, no Expresso de Hogwarts, há mais de dez anos atrás, novamente levitando a cerca de um metro do chão.
Assim que o casal retornou ao solo, Harry prestou atenção e viu que vários amigos encontravam-se ali. Hermione, Rony, Draco, Janine, Sirius, Ayesha, Dumbledore, Minerva, as crianças e... Arianne Skeeter?!
—Eu não perderia isso por nada, Harry. A WBC vai ter, em primeiríssima mão, a matéria com o primeiro Astrobruxo da História. E, se eu não corresse atrás dessa reportagem, não seria uma Skeeter. _ disse Arianne, abraçando o amigo, acompanhada por seu marido e Cameraman, Dennis Creevey.
Todos riram e foram para o palanque coberto, pois o sol estava pegando. Harry acompanhou o pessoal da NASA para alguns exames médicos e logo estava sendo liberado. Encontrou o grupo de bruxos em uma sala de estar, às voltas com um pequeno lanche de boas-vindas.
Todos queriam saber como haviam sido aqueles dias no espaço e como foi que Harry descobrira que Brent havia substituído Idehara. O bruxo serviu-se de um copo de suco de Grapefruit e começou a contar a história.
Depois que ele terminou, Arianne desligou o gravador e perguntou:
—Agora, cá entre nós, Harry, o que você achou dessa aventura?
—Para ser sincero, Arianne, nunca senti tanto medo em toda a minha vida. A milhares de quilômetros daqui, eu só pensava em quando poderia voltar para a Terra e vê-los novamente. Meus pensamentos voltavam-se, quase todo o tempo, para Gina, as crianças e meus amigos. Foi aí que aconteceu uma coisa muito estranha.
—O que foi, Harry? _ perguntou Minerva.
—A partir do momento em que desliguei o Piloto Automático e passei a controlar manualmente a aproximação e o pouso, senti como se houvessem duas mãos segurando o controle comigo, mas claramente pertencentes a duas pessoas diferentes. Uma delas era firme mas, ao mesmo tempo, gentil e confiável. Já a outra, era suave e macia, bastante carinhosa. A partir daquele instante, todo e qualquer medo ou incerteza foram varridos da minha mente e eu tive total convicção e certeza de que conseguiria pousar aquela nave. E eu cheguei mesmo a sentir um perfume, melhor dizendo, dois perfumes diferentes. Um era masculino e o outro feminino. E havia uma coisa muito estranha.
—E o que era, Harry? _ perguntou Janine.
—Tenho um bom olfato e sei reconhecer perfumes. E, embora eu soubesse muito bem quais eram e tenha uma vaga lembrança de já tê-los sentido, mesmo que não me lembre de onde, achei estranho o fato de serem perfumes antigos, que eu creio não serem mais fabricados ou, se ainda são, eles são pouco utilizados.
—E quais eram, papai? _ perguntou Tiago.
—O masculino era “Calandre”, de Paco Rabanne. Bastante difícil de encontrar. Eu já o usei uma vez, mas nem sei mais onde poderia comprá-lo novamente.
—E o feminino, Harry? _ perguntou Hermione.
—Era uma fragrância de Balenciaga, que eu nunca mais vi em lojas, “Le Dix”. Quando eu a senti, me deu uma vontade de chorar, mas aquela mão suave me afagou a cabeça e me acariciou o rosto. A vontade de chorar passou na hora, como que por encanto... O que foi, Prof. Dumbledore? Por que o senhor e a Profª McGonnagall estão me olhando desse jeito?
—Harry, prepare-se para o que vamos lhe dizer. _ disse Alvo Dumbledore.
—O perfume “Calandre”, de Paco Rabanne, era o preferido de Tiago Potter, seu pai. _ disse Minerva _ E o “Le Dix”, de Balenciaga, era o preferido de...
—... Lílian Evans Potter, ... m-minha... mãe. _ disse Harry, as lágrimas descendo de seus olhos, enquanto era carinhosamente abraçado por Gina e pelos filhos _ Então, seus espíritos estiveram ao meu lado, me dando ânimo e não deixando que eu perdesse a coragem e nem a confiança em mim mesmo para pousar a Enterprise.
—Lembro-me de já ter sentido várias vezes aquela fragrância, “Calandre”, sem ver quem a usava. Então, deduzi que devia ser Tiago, debaixo da Capa de Invisibilidade. _ disse Sirius.
—E, em outras vezes, sentíamos a do “Le Dix”, junto à do dele. Aí, acreditávamos que Lílian deveria estar junto a ele. _ completou Ayesha.
—E eu devo ter sentido aqueles perfumes durante o meu primeiro ano de vida, tendo as fragrâncias ficado gravadas na minha memória. Lembro-me de que sempre associei os perfumes de “Calandre” e “Le Dix” a coisas boas e agradáveis. E, por isso, procurei tanto por eles em lojas, mesmo sabendo que eram perfumes já meio raros.
—Melhor retornarmos à Inglaterra, minha gente. Shacklebolt deve estar esperando um relatório detalhado. _ disse Harry.
—E ele não vai ficar decepcionado. _ comentou Sirius _ Eu fico só imaginando a cara dele quando você contar tudo.
—Mas eu imagino que alguém deve estar bastante contrariado com o que aconteceu. _ disse Draco _ “Escuridão” já deve estar sabendo que “Chosech” malogrou pois, afinal de contas, o eclipse não se prolongou além do previsto.
—Bem, os planos dele já foram frustrados, quanto a isso eu não posso fazer mais nada. E creio que, mesmo com os golpes nas finanças do Círculo, “Escuridão” não irá à falência se comprar alguns antiácidos. _ disse Harry.
—Com certeza. _ disse Minerva. Despediram-se dos amigos americanos e, com a ajuda de Fawkes, retornaram para a Inglaterra.

Eles estavam certos, exceto em uma coisa: Não era de antiácidos que “Escuridão” estava fazendo uso naquele momento, mas sim de um comprimido de seu medicamento antianginoso debaixo da língua, conseguindo guardar o frasco bem a tempo de evitar que “Sombra”, que havia acabado de chegar, visse o que era.
—Então as coisas deram errado, não foi, “Escuridão”?
—Basta olhar o noticiário da WBC, “Sombra”. Não sei como aquela xeretinha da Arianne Skeeter descobriu e foi para a Flórida, encontrar-se com os amigos de Harry Potter. É igualzinha à tia, acho que também terei de dar fim nela algum dia, como fiz com Rita.
—Pois é. Quando o eclipse não se prolongou além do seu tempo previsto, desconfiei que Brent deveria ter falhado. Só não imaginava que o Auror que foi mandado para o espaço tivesse sido... Harry Potter.
—Sim. Quando vi a porta da Enterprise abrir-se e aparecer aquele maldito Testa Rachada, senti vontade de atirar alguma coisa bem pesada em alguém. E isso me faz desconfiar de algo.
—Que podemos estar com outro vazamento na Organização, outro espião infiltrado? _ perguntou “Sombra”.
—Acho que sim. Mas ele ou eles são muito espertos e sabem cobrir muito bem o seu rastro.
—Vou me empenhar em descobrir quem pode ser, “Escuridão”. Acho que posso fazer progressos nesse sentido. Bem, agora vou ter de sair.
—Vai tirar uma folguinha, minha cara? _ perguntou “Escuridão”.
—Não há nada que possamos fazer no momento. Além disso, ainda não descobriram a data do alinhamento planetário, portanto não dá para irmos atrás da Sétima Porta de Cronos.
—E o sétimo volume do Necronomicon também não se manifestou. _ disse “Escuridão” _ Para onde pretende ir?
—Acho que vou para o Nepal, passar uns dias naquelas cidades das montanhas. Uma pequena mudança de ares será boa, para sair um pouco do fog.
—Se você encontrar Lanapung, lá em Katmandu, mande minhas lembranças. Se bem que ele não vai querer muito papo, depois de tudo o que o maldito Harry Potter fez com nosso negócio do ópio, com aquele disfarce de “Homem-Névoa”.
—Vamos ver. De repente, até poderemos voltar aos negócios de ópio, quem sabe?
—Não sei, “Sombra”. Estamos meio malvistos nesse meio, mas nada é impossível. Boa viagem.
“Sombra” saiu da sala e foi fazer as malas. Nesse meio tempo, “π” também preparou-se para o que tinha de fazer.

A mídia bruxa não deu trégua a Harry por algumas semanas, afinal de contas, era o primeiro bruxo a ir para o espaço. Uma coisa que agradou bastante aos pesquisadores do Departamento de Mistérios foi a informação que o bruxo deu sobre o efeito do vácuo e da falta de gravidade sobre os feitiços. Passado o furor da Bruxidade a respeito do caso, a vida retornou ao normal. Em termos, pois as fotos de Harry na Enterprise, na Estação e na Base ficaram famosas.
A gravidez de Gina prosseguia, a barriguinha cada vez mais linda. Em uma das consultas com a Medi-Bruxa Obstetra, Dra. Darlene Willingham, foi feita uma Ultra-Sonografia.
—E então, casalzinho apaixonado? O que vocês acham que é, menino ou menina?
—Vir com saúde é o mais importante. Mas, é lógico, uma certa expectativa sempre existe. _ disse Harry, enquanto via as imagens no aparelho Toshiba digital. O feto movia-se e os bruxos viam a perfeição dos membros e da face.
—E vocês já têm algum nome em mente? _ perguntou a Dra. Willingham.
—Sim, Darlene. _ disse Gina _ Hermione e Rony serão os padrinhos e queremos homenagear os meus pais. Então, se for menino, irá chamar-se “Arthur Ronald Weasley Potter” e, se for menina, “Molly Hermione Weasley Potter”.
—Lindo, lindo. Acho que está tudo muito bem com a pequena Molly.
—Como é? _ perguntou Harry.
—É uma menina, Harry. Vejam aqui. _ e Darlene congelou a imagem do aparelho _ Vocês devem lembrar-se de quando os gêmeos nasceram,não se lembram? Esta é a imagem que se forma, quando é uma menina. E esta outra imagem (Darlene pegou um livro e mostrou a eles) é a que se forma, quando é um menino.
—É, não dá mesmo margem a dúvidas. _ comentou Gina.
Darlene Willingham pegou uma compressa e secou a barriga de Gina, removendo o gel utilizado como meio de contato para o transdutor convexo de 3,5 MHz do aparelho de Ultra-Sonografia. Destacou as fotos do exame da Printer Sony e copiou uma foto extra, onde via-se, na tela dividida, a face da pequena Molly de um lado e a imagem que identificava um feto feminino, do outro.
—Esta é de presente para vocês, uma para o álbum. Só tomem o cuidado de não aproximar o papel de fontes de calor.
—Já sabemos, Dra. Willingham. O papel dos filmes utilizados em Ultra-Sonografia é termossensível, escurece com o calor.
Gina foi liberada e o casal caminhou em direção à cafeteria do St. Mungus. Ela não cabia em si de contente.
—Você está flutuando, Gina. _ e era verdade. A ruiva levitava a uns trinta centímetros do chão e aquilo chamou a atenção das amigas. Quando Harry e ela sentaram-se à mesa e fizeram seu pedido, a colega Martinette Thomas, especialista em Reformatação Facial Mágica, aproximou-se, juntamente com a enfermeira Milena Kersey, sua auxiliar.
—Levitando, Gina? E, como eu vi vocês dois saindo do consultório de Darlene, presumo que descobriram o sexo do bebê.
—Exato, Martinette. É uma menina, veja esta foto que Darlene copiou.
—Não entendo de Ultra-Sonografia, mas dá para identificar, sem dúvida nenhuma. _ disse Milena, olhando para a foto.
—Que maravilha essa tecnologia trouxa. _ comentou Martinette, com a foto nas mãos _ Uma das melhores coisas que já aconteceram foi essa aproximação e a fusão das medicinas bruxa e trouxa. Os trouxas ganharam medicamentos mais potentes e específicos e os bruxos ganharam excelentes meios de diagnóstico. Além disso, a Reformatação Facial Mágica tem bases na Cirurgia Plástica trouxa.
—Vamos dar a notícia para minha mãe. _ disse Gina _ É só irmos pegar as crianças na escola que já iremos para a Toca.
Despediram-se e desaparataram para a escola. Tiago e Lílian já estavam esperando, juntamente com Mafalda. Foram para o apartamento de Harry e, de lá, para a Toca.

Na sala de jantar da Toca, a comemoração teve início. Harry levantou sua taça de cerveja amanteigada e fez o brinde:
—À chegada da pequena Molly Hermione Weasley Potter, que dar-se-á em um futuro próximo. Parabéns, Gina. _ todos levantaram suas taças e Gina disse:
—Metade do mérito é seu, meu querido. _ e beijou-o.
—E parabéns aos padrinhos. _ disse Fred _ Hermione e Rony. Que correspondam às expectativas.
—E que essa Marotinha que vem por aí siga a tradição familiar, honrando os sobrenomes “Weasley” e “Potter”. _ disse Jorge, levando uma cotovelada de Angelina _ Ai, amor! Não adianta me bater, pois ela vai acabar seguindo, mesmo!
Todos na mesa riram. A verdade era que todos ali já haviam aprontado e bastante.
Bateram à porta. Quando foram ver, eram Neville, Luna e Julius, acompanhados por Frank e Alice.
—É aqui que há uma garotinha a caminho? _ perguntou Alice, entregando a Gina um par de sapatinhos cor-de-rosa.
—Parabéns, Harry. Parabéns, Gina. _ disseram Neville e Luna, abraçando o casal.
—As notícias voam na Bruxidade. – comentou Frank, cumprimentando Harry. _ Tiago e Lílian ficariam orgulhosos.
—Sei que, de onde estiverem, estão sabendo e devem estar felizes, Sr. Longbottom. Pena não estarem aqui para verem o homem de valor que o afilhado deles se tornou.
—Você sabe que eu e Alice queríamos ser seus padrinhos, mas esse papel de forma alguma seria dado a alguém mais além de Sirius e Ayesha. Bem, de qualquer forma há uma grande proximidade entre nossas famílias. Neville nos disse como vocês sempre foram amigos, desde o primeiro ano.
—E ele é um digno sucessor de vocês. Moody e Sirius me diseram o quanto vocês eram talentosos na Corporação de Aurores.
—Eles exageram. De qualquer forma, aqueles dias ficaram para trás. Já não temos o mesmo vigor para as atividades de campo, nossa área agora é burocrática. Mas, se precisarem, nossas varinhas sempre estarão à disposição, Harry.
—Muito obrigado, Sr. Longbottom. _ e juntaram-se aos outros.
A comemoração seguiu animada, até que o sono começou a pegar e, um a um, recolheram-se.

Alguns dias mais tarde, um animado grupo retornava do cinema, em um final de tarde. Naquele fim de semana, Janine havia ido para Londres e havia resolvido ir, com Draco e Narcisa, assistir a um filme que queria ver e que acabara de estrear. Conversando animadamente e discutindo o filme, lá estavam os Malfoy e mais Gina, Harry, Tiago e Lílian. Janine e Draco iriam aproveitar uma dispensa dela para uma nova lua-de-mel, em uma viagem no Orient Express, dali a alguns dias.
Ao virarem em uma esquina, as coisas começaram a acontecer.
Foram cercados por um grupo de figuras encapuzadas, com as varinhas apontadas para eles. O líder do grupo, mais alto do que os outros, aproximou-se e tirou o capuz, revelando aquele rosto oriental diabólico que Harry já havia visto, quando pusera em prática o seu arriscado plano de fingir-se prisioneiro do Círculo, para expor “Mantis”.

“Escuridão”.

—Então, Harry Potter,encontramo-nos novamente. Da última vez você conseguiu me expor ao ridículo, forjando sua morte e atacando minha organização. Hoje estamos frente a frente e ainda tenho um bônus, posso pegar esse maldito traidor do sangue, Draco Malfoy e sua esposa de sangue ruim, Janine. Preparem-se, pois seu fim chegará hoje, seus desgraçados. “Sectumsempra”! _ bradou o bruxo, apontando a varinha.
— “Protego”! _ exclamou Draco, levantando um Feitiço Escudo à frente deles _ Harry, temos de tirar as mulheres e as crianças daqui!
—As crianças, você quer dizer, não é, Draco? _ perguntou Janine.
—Isso mesmo. _ disse Gina _ Não vamos deixar vocês sozinhos contra essa corja.
—Você vai com as crianças, Gina. Desaparatem para um lugar seguro.
—Vou, mas volto! _ disse a ruiva, tentando desaparatar com as crianças, mas não conseguiu. Havia um Bloqueio de Desaparatação no local.
—Harry! Não consigo desaparatar! _ exclamou Gina, preocupada com as crianças.
—Acho que posso tentar romper o bloqueio, Gina. _ disse Harry, enquanto bloqueava um feitiço de outro dos bruxos do Círculo _ Só que vai levar um pouco de tempo.
—Tempo é algo que não temos muito, Harry! _ exclamou Janine, ao mesmo tempo que estuporava outro dos bandidos.
—Acho que posso fazer algo, Tia Jan! _ Tiago pegou três caixinhas no bolso. Ficou com uma e deu as outras duas a Narcisa e Lílian, que abriram e colocaram seu conteúdo na boca, começando a mastigar. Estouraram bolas, mas não cobriram uma distância muito grande ao se transportarem.
—Crianças tolas! _ disse “Escuridão” _ Acha que eu não pensei nisso? Depois do que aqueles outros pirralhos fizeram em Paraty, conseguimos desenvolver um bloqueio que reduz o efeito dos Chicletes de Fuga que aqueles malditos Weasley e os “Honra & Amizade” inventaram.
—Plano “B”, Novos Marotos! _ exclamou Lílian, tirando algo do bolso da jaqueta e jogando no bruxo que vinha pegá-la. Tiago e Narcisa fizeram a mesma coisa e logo haviam três bruxos maus caídos no chão, enrolados em Novelos Constritores.
Naquele meio tempo, Harry e Draco tiveram uma idéia e trataram de colocá-la em prática.
—Dobby! _ chamou Harry.
—Ziggy! _ Draco fez a mesma coisa.
Instantaneamente, os dois irmãos elfos domésticos materializavam-se no local, atendendo ao apelo de seus patrões.
—Levem as crianças e Gina para um lugar seguro! _ exclamou Draco.
—Só as crianças, eu vou ficar! _ disse Gina, acertando um Furnunculus em uma bruxa do Círculo. Naquele instante, sem que ninguém percebesse, “Escuridão” murmurou algo e ela sentiu um ligeiro mal-estar, mas que passou logo. Ao mesmo tempo, os elfos abraçavam as crianças e desaparatavam dali, rompendo o bloqueio imposto pelo bruxo, pois a Aparatação Élfica obedecia a leis diferentes da humana.
—Malditos! Eu devia ter previsto essa eventualidade, Aparatação Élfica. Mas não vou sair de mãos vazias, minha vingança está garantida. Tomem isso: “AVADA KEDAVRA”!!
— “AGNI CHAKSHU SHIVA, BHASMASAYA ANDHAS AGHA SARPAH”!!! _ bradaram os dois casais de bruxos, invocando um Olho de Shiva que os protegeu. Vendo que a batalha atingira um impasse que, caso se prolongasse, iria tornar-se uma desvantagem para eles, “Escuridão” ordenou que os remanescentes de seu esquadrão de assalto se retirassem. Aqueles quatro Bruxos-Ninjas continuavam tão poderosos quanto há mais de dez anos atrás. De qualquer forma, fizera aquilo a que se propusera.
—Vamos sair daqui! _ disse ele e todos desaparataram, deixando cinco elementos para trás.
—Vamos ver quem são. _ disse Draco _ Ora, vejam só! Marcus Flint, Montague e Derrick. Velhos “amigos” da Sonserina, que tornaram-se membros do Círculo, imobilizados pelos Novelos Constritores das crianças.
—E aqui estão dois ex-funcionários do Ministério, Runcorn, estuporado e Murdstone, petrificado... GINA!!! _ exclamou Harry, vendo que a esposa parecia desmaiar, enquanto uma mancha vermelha aparecia entre as pernas da calça jeans que usava, aumentando cada vez mais.
—Por Merlin! _ exclamou Janine _ Está havendo algo de errado com o bebê!
—Vamos para o St Mungus, imediatamente! _ disse Draco.
—Certo. “Periculum”!! _ disse Harry, pegando Gina no colo e levantando o braço esquerdo, canalizando magia através do anel modificado por Jasper Olivaras para disparar faíscas vermelhas, sinalizando para que Aurores viessem levar aqueles bruxos presos. Os quatro desaparataram.
Aparataram no saguão do Hospital St. Mungus, logo sendo atendidos pela equipe de plantão. Vianna, que fazia um novo curso de aperfeiçoamento na Inglaterra, correu e viu quem eram.
—Harry! Gina! _ exclamou o Medi-Bruxo _ Uma maca, rápido!
Martinette, que também estava na equipe de plantão, apressou-se em ajudar a deitar sua amiga e colega de profissão na maca, que logo foi levada para as salas de pronto-atendimento. Harry tentou ir junto, mas Martinette não deixou.
—Sinto, Harry mas, nesta situação, você iria mais atrapalhar do que ajudar.
Reconhecendo que a Medi-Bruxa estava com toda a razão, Harry Potter sentou-se em uma cadeira ao lado de Draco, na sala de espera, enquanto Janine chegava com três cafés, bem fortes e quentes.
—Acho que todos precisaremos disso, no momento. _ disse a bruxa e os dois concordaram. Na mesma hora, Darlene Willingham aparatou, cumprimentou-os e foi correndo para a Emergência.
Passados uns dez minutos, aparataram Dumbledore, Minerva, Rony, Hermione, Luna, Neville, Lilá, abraçada a Duda e mais Ayesha e Sirius.
—O que houve, Harry? Dobby e Ziggy aparataram lá em casa com as crianças, dizendo que vocês estavam sendo atacados pelo Círculo. _ perguntou Hermione.
—Foi isso mesmo, Mione. Depois que eles recuaram, Gina começou a sangrar e quase entrou em choque. _ Harry contou sobre o combate que tiveram com os bruxos criminosos _ No meio do combate, percebi que “Escuridão” murmurou alguma coisa e, logo depois, ordenou uma retirada, deixando cinco elementos para trás. Muito esquisito.
—Realmente, muito esquisito. _ comentou Neville _ E ele disse alguma coisa, Harry?
—Sim, Neville. Algo sobre a vingança dele estar garantida. Mas não sei como, pois eles... _ e foi interrompido pela chegada dos Weasley. Descreveu novamente os fatos e Duda perguntou:
—Harry, você não percebeu se ele executou algum feitiço de forma disfarçada ou mesmo não-verbal?
—Houve um momento no qual me pareceu ter percebido que ele murmurou algo, mas não entendi direito o que foi.
O Dr. Vianna apareceu pela porta da Emergência e chamou Harry para uma sala.
—Olhe, Harry, Gina está fora de perigo. Mas a coisa é mais séria do que eu pensava.
—Algo com o bebê, Dr. Vianna? Houve alguma coisa com a pequena Molly?
—É isso que eu queria lhe dizer, Harry. Darlene também não acreditou quando fez uma Ultra-Sonografia em Gina, agora há pouco.
—Diga logo, Dr. Vianna.
—Um problema, uma malformação incompatível com a vida.
—O quê?!
—Anencefalia, Harry. Ausência do encéfalo e da calota craniana.
—Mas não pode ser, Dr. Vianna! A Dra. Willingham fez um Ultra-Som há alguns dias e estava tudo bem, o crânio estava totalmente normal.
—Pois é, Harry. Darlene também não acreditou e me mostrou os registros do último exame que fez em Gina, comparando-os com as imagens de agora. Venha ver.
Harry seguiu o Dr. Vianna até a sala onde Gina dormia e viu a imagem congelada na tela do aparelho. A imagem assemelhava-se a uma rã pois, acima dos olhos, nada mais se via. Comparou com os registros do último exame, onde o crânio da pequena Molly estava totalmente normal.
—Dr. Vianna, acredita que algum feitiço poderia ter induzido a malformação?
—Nenhum que eu conheça, Harry. Mas, de repente, alguma Magia Negra, antiga e pouco conhecida...
—... O Necronomicon! _ exclamou Harry, mandando o sigilo para o espaço _ Poderia haver algum feitiço antigo assim naqueles malditos livros.
—A questão é que, nessa situação, recomenda-se um abortamento terapêutico. As medicinas trouxa e bruxa concordam nesse ponto.
—Abortamento, Dr. Vianna? Interromper a gravidez? _ perguntou Harry.
—Sim. Pode parecer algo insensível, mas é a realidade. A pequena Molly não sobreviveria por mais do que algumas horas, caso a gestação fosse levada a termo e, depois dos fatos ocorridos, haveria risco para Gina.
—Por outro lado, constatamos que não há impedimento algum para que Gina engravide novamente. Esse abortamento seria um ato de misericórdia, proporcionando dignidade às duas. _ disse Darlene, que havia entrado na sala _ Temos de saber se ambos concordam.
—Se é o melhor, o mais digno para ambas, não há o que discordar.
—Eu também concordo, Darlene. _ disse Gina, com voz fraca e meio pastosa, devido aos sedativos _ Eu não faria uma crueldade dessas, levar essa gravidez até o final para ver nossa filha morrer logo depois. Mas tenho um desejo.
—Qual? – perguntou Harry.
—Não gostaria que ela morresse sem batismo. Ela resistiria o bastante para ser batizada?
—Sim, resistiria. _ disse Darlene.
—Então, tragam o Capelão do St. Mungus, Rony e Hermione. Faremos o batismo e deixaremos que faça-se a vontade de Deus, com a ajuda de Merlin.
O Capelão do Hospital St. Mungus foi chamado e aguardou que Darlene e o Dr. Vianna realizassem o procedimento. Pouco depois, surgiram com uma menina prematura, em um berço magicamente aquecido, ligada a sistemas de suporte de vida trouxas e bruxos. Hermione e Rony já esperavam, ao lado do leito de Gina. A criança tinha cabelos negros, como os do pai. Mas, observando com mais atenção, notava-se que o topo da cabeça era flácido, devido à ausência do encéfalo e calota craniana. O Capelão (Anglicano) deu início à cerimônia de Batismo. No momento em que derramou a Água Benta sobre a testa da pequena Molly e pronunciou a frase: “Eu te batizo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, nenhum dos presentes, inclusive ele, foi capaz de segurar as lágrimas. Parecendo que apenas aguardava o término da administração do Sacramento, o bebê abriu os olhos pela primeira e última vez na vida, fechando-os logo em seguida e cessando de respirar. Todos puderam ver que eram verdes, como os de Harry.

Depois de tomadas as providências para o funeral, Harry e os outros estavam na cafeteria, onde Dumbledore perguntava sobre detalhes da emboscada. Gina estava no apartamento da ala de recuperação pós-procedimento e deveria permanecer baixada por mais uns cinco dias.
—... E foi assim que tudo aconteceu, Prof. Dumbledore. Fugiram, deixando cinco para trás e logo em seguida Gina começou a sangrar. Mas há algo me intrigando e tem a ver com o que Duda perguntou. _ disse Harry.
—Sobre o que “Escuridão” parecia estar murmurando? _ perguntou Duda.
—Sim. Não entendi o que era, mas acho que alguém pode ter entendido.
—Quer dizer, alguém cujas orelhas podem proporcionar uma audição bem mais apurada? _ perguntou Draco.
—Sim, Draco. Vamos chamá-los, novamente. “Dobby”! _ chamou Harry.
— “Ziggy”! _ chamou Draco, em seguida.
Com um estalido, os dois elfos aparataram à frente dos bruxos.
—As crianças estão bem, mestre Draco. _ disse Ziggy _ Nós as levamos para junto da Sra. Marilise Mason. Ela e o Prof. Derek Mason estão cuidando dos três jovens mestres.
—Obrigado, Ziggy. _ disse Harry _ Por acaso vocês perceberam, durante o confronto com os bruxos do Círculo, se “Escuridão” executou alguma espécie de feitiço em voz baixa?
—Sim, mestre Harry. _ confirmou Dobby _ Era mais algum tipo de invocação, feita em uma mistura de idiomas antigos, alguns deles já esquecidos.
—Como sabem? _ perguntou Lilá.
—Nós, elfos, temos conhecimento de vários idiomas, Sra. Dursley. Nossa raça é muito antiga e convivemos com muitas civilizações. _ disse Ziggy, dirigindo-se à bruxa _ E nossos idiomas como, por exemplo, o Quenya, o Sindarin, o Nandorin e outros mais, também são muito antigos e têm elementos em comum com certos idiomas humanos.
—Vocês teriam como identificar algumas palavras que “Escuridão” murmurou? _ perguntou Minerva.
—Sim, Diretora McGonnagall. _ disse Dobby _ O Sr. Malfoy comentou que nossas orelhas nos permitem uma audição privilegiada e isso é verdade. Dobby conseguiu ouvir alguma coisa, que parecia uma invocação em vários idiomas, entre eles o Lemuriano Arcaico e o Valusiano.
—Mas Ziggy identificou também palavras em idiomas mais recentes, tais como o Grego. Principalmente uma palavra que Ziggy acha que tem a ver com o que aconteceu à filha dos Potter, enquanto ainda não nascida.
—E que palavra foi essa, Ziggy? _ perguntou Harry.
—A palavra era “Anenkephalós”, Sr. Potter.
— “Anenkephalós”, “Anencéfalo”. _ repetiu Harry _ Sim, tem a ver com o que aconteceu à pequena Molly.
—E Dobby ouviu uma outra palavra, mestre Harry Potter, uma palavra em Estígio que significa “Remover” e outras em Vendhyano, que significam “Criança”, “Cérebro” e “Oferenda”.
—Mas o pior foi o que Ziggy ouviu, Sr. Potter. O nome de Seth, após a palavra que significava “Oferenda”.
—Seth era um dos deuses do Egito. _ disse Dumbledore _ Era o deus da violência, da desordem, da traição, do ciúme, da inveja, do deserto, da guerra, dos animais...
—... E das serpentes, Prof. Dumbledore. _ disse Duda _ Eu estive estudando sobre o Antigo Egito, para orientar Simone em um trabalho da escola e lembro-me do Panteão Egípcio.
—Isso mesmo, Duda. _ disse Harry, cuja expressão do rosto tornou-se bastante dura _ Então podemos inferir que o que houve com Gina e com a pequena Molly foi o resultado de um feitiço de “Escuridão”.
—Muito provavelmente retirado do Necronomicon. _ disse Fred, pensativo _ Somente lá poderia ser encontrada uma magia tão antiga e poderosa.
Harry cerrou os punhos e contraiu o maxilar. A atmosfera à volta de todos começou a modificar-se, parecendo que ondas elétricas permeavam o ar, fazendo com que a pele formigasse e os cabelos de todos se eriçassem. Os presentes começaram a ficar assustados, principalmente porque a aparência de Harry começou a mudar, exatamente como havia acontecido há vários anos atrás, durante o combate com Voldemort em Avalon. Os cabelos pretos foram ficando castanho-avermelhados e os olhos verdes iam passando para um tom castanho-esverdeado. Alguns copos começaram a quebrar e uma vidraça desfez-se em estilhaços. Inesperadamente, um brado trovejante saiu da boca do bruxo da cicatriz:
—"ESCURIDÃO"!!!
Em seguida, houve um lampejo escarlate e tudo ficou escuro para Harry Tiago Potter. A mão de Alvo Dumbledore segurava com firmeza a varinha, com a qual o ex-Diretor de Hogwarts acabara de estuporar seu ex-aluno, a fim de evitar uma tragédia.

Harry acordou no dia seguinte, na Mansão Potter, em Godric’s Hollow, deitado em sua cama. Os amigos haviam-no levado para lá e Dumbledore, logo após suspender o estuporamento, deu a ele uma poção que ele já conhecia, que proporcionava sono sem sonhos. Era exatamente daquilo que ele precisava. Ao acordar, Draco, Rony, Sirius, Neville e Duda estavam ali.
—Quanto tempo dormi, gente? _ perguntou ele.
—Cerca de doze horas, Harry. _ disse Duda _ Você estava precisando.

—E as garotas?
—Estão com Gina, no St. Mungus. _ disse Sirius _ Ela está arrasada com o que aconteceu.
—Não é para menos. _ disse Harry _ perdermos uma filha, nessas circunstâncias... Não dá para descrever.
—As providências para o funeral já foram tomadas, Harry. Dumbledore e Minerva cuidaram de tudo e foi realizado um enterro secreto, mesmo sem vocês. Conversamos com Pansy e Arianne, chegando à conclusão de que a última coisa de que vocês precisam é de mais publicidade em cima de vocês. Haverá somente uma nota no Profeta Diário. _ disse Draco.
—Obrigado, amigos. _ Harry levantou-se e foi dar um jeito na cara. Depois desceram e almoçaram. Dobby e Ziggy haviam deixado uma boa refeição para eles. Após o almoço, sentaram-se em frente à lareira e Harry pediu que Dobby trouxesse café.
—Não, Dobby. _ disse Sirius _ Estes barbados aqui precisam de alguma coisa que mande a lucidez para longe, pelo menos por um certo tempo, se é que me entende.
—Perfeitamente, Sr. Black. Dobby sabe o que deve fazer. _ o elfo saiu e retornou, logo em seguida. Trazia um garrafão de Uísque de Fogo Ogden e alguns copos. Os bruxos serviram-se e Harry convidou:
—Sirvam-se também vocês dois, Dobby e Ziggy. Creio que todos precisamos.
—Apenas uma pequena dose, mestre Harry Potter. Temos de retornar aos nossos afazeres. _ respondeu Dobby.
— “Escuridão” está descendo muito baixo. _ disse Rony.
—E arriscando-se, pois está lidando com Magia Negra muito poderosa, talvez além do seu controle. _ comentou Neville.
—Isso poderá ser sua destruição. _ disse Duda, tomando um gole de uísque de fogo.
—Sim. Invocar e realizar oferendas para entidades do mal, tais como Seth... Isso poderá ser seu fim, mas ao custo de quantas vidas mais? _ perguntou Harry.
—Não sei não, mas eu acho que tudo faz parte de um plano maior, bem ao estilo do que Voldemort fazia. _ disse Draco _ Mas o Cara-de-Cobra era mais cauteloso.
—Sim, ele não correria o risco de terminar submetido a um poder maior do que o dele. _ disse Sirius _ Voldemort era orgulhoso demais para tal.
—Mas “Escuridão” parece não se importar em lançar mão de medidas extremas. _ disse Harry.
—Mestre Harry Potter, Dobby lembrou-se de algo que pode ser de utilidade. O sacrifício de sua filha não nascida como oferenda pode ser uma espécie de chave, com a finalidade de acessar um lugar... _ disse o elfo e Sirius completou:
—... Ou abrir uma porta. Quem sabe seja...
—... A Sétima Porta de Cronos! _ exclamaram os que sabiam dela.
—Muito obrigado por nos alertar para isso, Dobby. _ agradeceu Harry, enquanto Dobby e Ziggy terminavam suas doses de uísque de fogo e retornavam para os seus afazeres. E, mais para si do que para os outros _ Juro que isso não vai ficar assim, “Escuridão”. Você pagará muito caro por cada vida que tirou em sua ânsia desmedida por poder e fortuna. Cada uma delas lhe será cobrada com juros e, no final, eu quero estar cara a cara com você, para fazê-lo arrepender-se amargamente de cada um de seus crimes. Palavra de Harry Tiago Potter.
Os amigos juraram ter visto um brilho quase assassino nos olhos verdes do bruxo.


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