Harry Potter e o Círculo Sombrio escrita por JMFlamel


Capítulo 23
Veritas liberabit vos




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CAPÍTULO 22

VERITAS LIBERABIT VOS*




(* “A Verdade Vos Libertará”)


Toda a assistência voltou-se para o homem que levantara-se de seu lugar e dirigia-se ao assento das testemunhas para depor. Era alto e magro, já entrado em anos, porém ereto e de porte firme, com olhos inteligentes e um nariz meio adunco, sobre o qual repousavam óculos de leitura, com lentes retangulares. Cabelos brancos, por debaixo de um gorro xadrez de dupla aba e protetores de orelhas amarrados no alto da copa, assim como era xadrez, de fundo cinza, o sobretudo com pelerine que vestia, aberto, sobre um terno preto com os bolsos das calças bem folgados. Seus sapatos eram brilhantes e de bicos finos. Um cachimbo, que ele trazia apagado em sua mão, completava o conjunto.
_É proibido fumar no Tribunal, Sr. Holmes. _ disse Arthur Weasley.
_Não se preocupe, Respeitabilíssimo Ministro da Magia. A esta altura da minha vida, o cachimbo não passa de um mero enfeite, um acessório para compor a minha imagem. Eu não o fumo mais.
Ele sentou-se e prestou seu juramento. Em seguida, começou a prestar seu depoimento.
_Excelsa Corte, minha presença foi requerida a este Julgamento para elucidar pontos que ficaram obscuros, em referência às provas que a Acusação apresentou e para corroborar a veracidade das contraprovas da Defesa. Na verdade, EU sou a tese da Defesa.
Sentado à sua mesa, Pieterzoon começou a sentir-se meio incomodado. Aquele homem era mais do que aparentava. Ele levantou-se e declarou:
_Excelsa Corte, de minha posição na Assistência, pude verificar as provas que o Respeitável Assistente da Promotoria nos apresentou e tenho a dizer o seguinte: São todas tão verdadeiras quanto uma nota de três dólares americanos ou seja, elas são inteiramente falsas.
_Absurdo! _ disse Pieterzoon, sendo interrompido por um golpe de malhete de Arthur Weasley.
_Respeitável Assistente da Promotoria, devo lembrá-lo de que a apresentação das teses não é um debate e que a outra parte não deve manifestar-se.
_Perdão, Respeitabilíssimo Ministro da Magia. Isso não irá repetir-se.
Holmes continuou.
_Como eu dizia, Excelsa Corte, as provas da Acusação são falsas, forjadas, fajutas, ou qualquer outro sinônimo. Posso provar apenas repassando-as.
_Não sei como. _ resmungou Pieterzoon.
_Respeitabilíssimo Ministro da Magia, pode permitir que o Respeitável Assistente da Promotoria manifeste-se livremente. Isso não irá afetar o resultado final. _ disse Holmes, antes que Arthur Weasley batesse o malhete para que Pieterzoon novamente se calasse.
_Que assim seja, Sr. Holmes. Pode prosseguir.
_Obrigado, Respeitabilíssimo Ministro da Magia. Bem, analisando a foto na qual a Sra. Malfoy aparece primeiramente em Londres, ela aparenta ter dez anos, o que bate com a data da foto. Com isso, chegamos à conclusão de que a foto foi forjada, com alguém transfigurado na aparência de uma Janine pré-pubescente e envelhecida quimicamente, digitalmente ou através de algum feitiço.
_E como o senhor tem tanta certeza, Sr. Holmes? _ perguntou Pieterzoon.
_Elementar, meu caro Respeitável Assistente da Promotoria. O envelhecimento da foto está muito uniforme, diferente de como seria se fosse de maneira natural, o que significa que foi realizado química ou digitalmente, mais provavelmente por meio digital, através de uma das mais recentes versões do programa Photoshop. A data da foto está com caracteres digitais, o que pressupõe o uso de uma câmera digital trouxa, já que a foto também é trouxa. Mas a resolução da foto está muito boa, bastante além da tecnologia digital da época em que ela, supostamente, foi tirada e impressa em papel fotográfico, posteriormente envelhecida. Creio que a câmera que tirou a foto deve ter uns 12 megapixels, o que só apareceu a partir de 2005 ou 2006. A não ser que alguém tenha viajado no tempo em direção ao futuro e obtido uma câmera com essa capacidade de resolução, a foto é forjada. Sem contar que, na data em questão, o Coronel Sandoval ainda não era Adido Militar da Embaixada do Brasil na Inglaterra, mas sim na Austrália. Foi só no ano seguinte que ele veio para a Inglaterra. Bang! Um tiro na primeira “prova” da Acusação. _ Holmes apontou seu dedo indicador direito para o slide na tela e fingiu atirar nele. Em sua cadeira, Pieterzoon contraiu os maxilares. Sentia que aquele velho magro iria colocar por terra todo o trabalho que ele e o Círculo haviam tido.
_E quanto às fotos do Rio de Janeiro, Sr. Holmes?
_Certo, vamos projetá-las. Bem, nessas fotos não está bem claro o rosto de “Janine”. Porém, nesta última foto, ela aparece de frente, com uma miniblusa e vemos claramente o piercing de ouro branco em forma de dragão, que todos sabemos que ela utiliza no umbigo e que só removeu nas duas vezes em que engravidou. Isso não está certo e eu explicarei mais adiante. Mas o mais importante, no momento, é o traficante com quem a garota da foto conversa. Vamos projetar juntos os três slides, o de Londres, o do Rio de Janeiro e o de Porto Alegre. Vejam que, com pequenas diferenças, artificialmente obtidas, é a mesma pessoa ou melhor, a pessoa de quem alguém assumiu a aparência. Mais uma razão para que cheguemos à conclusão de que a foto é forjada.
_E o que é? _ perguntou Pieterzoon, começando a transpirar.
_Esse cara, de quem foi copiada a aparência básica, era um traficante, mas não do Rio ou de Porto Alegre. Ele era um traficante que despontava em São Paulo, chamado Dorival Lacerda, conhecido pela alcunha de “Dodô Cerol”. E seria impossível que ele e Janine sequer tivessem se conhecido.
_Por que, Sr. Holmes?
_Elementar, meu caro Respeitável Assistente da Promotoria. “Dodô Cerol” morreu em um confronto com a unidade de elite da PM de São Paulo, a ROTA, Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, que foi reativada devido ao tráfico haver assumido proporções catastróficas em São Paulo, principalmente o de Crack, sendo equipada pela recém-criada InterSec com o mais moderno armamento disponível na época. O senhor, como agente da InterSec, na Divisão de Repressão ao Tráfico, deveria saber disso. E o fim dele foi em uma época na qual a família Sandoval residia em Brasília, quando o pai de Janine era Major, quase sendo promovido a Tenente-Coronel e estava passando a Chefia da Segurança Presidencial, antes de assumir a Aditância na Austrália. “Dodô Cerol” jamais traficou no Rio, em Porto Alegre e muito menos em Londres. Foi um grande erro utilizarem a aparência dele para tentarem incriminar Janine.
_E o que mais o senhor tem para nos dizer, Sr. Holmes? _ foi a vez de Arthur Weasley perguntar.
_Bem, Respeitabilíssimo Ministro da Magia, vamos prosseguir com os supostos recibos de hospedagem do Sr. Malfoy em diversos países. Analisem a assinatura de Draco Malfoy nesses documentos e comparem-na com a verdadeira, que consta de um documento oficial da “Malfoy Import & Export”, que está neste slide. Notem que há uma variação no “M” e no “Y”, que um Grafologista de nível médio pode identificar, não é muito difícil. Além disso, essas assinaturas falsas apresentam variações entre si, as quais nos dão certeza de terem sido feitas por pessoas diferentes. E uma delas foi feita por um canhoto, enquanto que Draco Malfoy é destro.
_E as fotos da Janine adolescente em Londres? _ perguntou Pieterzoon, já bem incomodado _ O que o senhor tem a me dizer sobre a rede virtual de pornografia e as festas que acabavam em sexo grupal e consumo de drogas?
_Falsas, como todo o resto. _ disse Holmes, com um suspiro, depois de tomar um gole de água _ E é aí que entra o meu comentário sobre o piercing da Sra. Malfoy. Aquele piercing jamais poderia ter aparecido nas fotos do Rio de Janeiro, pois foi colocado em Porto Alegre, no Estúdio Edu Tatoo. Notem, também, que nestas fotos a suposta Sra. Malfoy aparece de costas e seus quadris estão inteiramente expostos.
_E o que tem de mais? _ perguntou Pieterzoon.
_Elementar, meu caro Respeitável Assistente da Promotoria. Não se vê imagem de espécie alguma. Janine Vargas Sandoval Malfoy possui, desde os quinze anos, uma tatuagem tribal na região lombo-sacra, a qual foi feita no Estúdio Edu Tatoo, no mesmo dia em que seu piercing foi colocado, que foi o dia do seu aniversário, cerca de uma semana antes dela embarcar para Londres, a fim de continuar seus estudos na Inglaterra.
_E como ela teria feito isso, sendo menor?
_Com uma autorização por escrito de sua mãe que, inclusive, ajudou-a a escolher o desenho no catálogo e esteve presente quando a tatuagem foi feita.
_Tem provas?
_Sim. Aqui estão slides das notas fiscais e recibos do estúdio, devidamente datados, além da autorização da Sra. Marilise, com firma reconhecida no Segundo Tabelionato, na Avenida João Pessoa. _ os slides foram projetados e todos viram que os documentos eram reais _ Ora, se ela fez uma tatuagem em Porto Alegre, antes de sua segunda viagem para Londres, como é que ela pode não aparecer em uma foto na qual a garota, supostamente ela, está sendo focalizada de costas e nua? E, além disso, Pamela Worthington também jamais poderia ter participado de tais eventos porque Pamela Worthington jamais existiu. Era um disfarce da Auror Nymphadora Tonks, a qual primeiro estava vigiando Draco mas, depois de constatar que ele e Janine realmente se amavam e que ele não tinha nada a ver com as Trevas, assumiu tal aparência para poder estar mais próxima de Janine e assim protegê-la de eventuais ações de Death Eaters. Eis aqui a designação de Nymphadora Tonks, agora Lupin, para a referida missão, assinada pelo então Chefe da Seção de Aurores, Rufus Scrimgeour. Na época, ele ainda não havia dado mostras de que respondia ao Círculo. Isso só veio no ano seguinte, como sabemos. Valérie Malfoy o entregou como espião e responsável por facilitar aquele roubo dos Sensores de Atividade Mágica portáteis, no ano em que Voldemort aliou-se à Al-Qaeda. Posteriormente, como sabemos, eles morreram durante uma rebelião com tentativa de fuga, ocorrida em Azkaban.
Novamente, murmúrios cada vez mais altos ouviram-se na assistência, até que Arthur Weasley fez com que cessassem, através de um golpe de malhete.
Naquele instante, Nikolas Pieterzoon caiu em si e perguntou:
_Quem é você?
_Ora, Sherlock Holmes, é claro.
_Impossível. Sherlock Holmes é um personagem ficcional, criação de Sir Arthur Conan Doyle. E, mesmo se fosse real, estaria morto a essa altura.
_O senhor está apenas metade certo, Respeitável Assistente da Promotoria. Sherlock Scott Holmes não era um personagem ficcional, mas sim, ele está morto. Morreu há cerca de trinta anos atrás, no Tibet, para onde retirou-se depois que a única mulher que ele amou na vida, a atriz e cantora Irene Adler, foi assassinada juntamente com o filho que tiveram, pelo seu arqui-inimigo, o Professor James Moriarty, conhecido como “O Napoleão do Crime”. Depois de, finalmente, pôr fim à vida de seu odioso adversário, Holmes retirou-se para as altas montanhas do Himalaia, onde uma perfeita aclimatação ao ar rarefeito e uma dieta equilibrada, além de um rigoroso tratamento para livrar-se do hábito da cocaína, prolongaram sua vida desde aquela época até um passado relativamente recente. Sim, eu não sou Sherlock Holmes. Mas, se o senhor desejar, posso ter a aparência de alguém mais... real. _ e, em um instante, mudou sua aparência para outra, que fez com que todos ficassem boquiabertos e com que os olhos do Rei ficassem marejados de lágrimas. Postou-se à frente do Rei William e do Primeiro-Ministro Brown e fez uma reverência.
_Perdão, Majestade. Não foi minha intenção ofendê-lo ou entristecê-lo com a aparência que assumi, a de sua mãe. Mas o senhor precisa saber que o acidente que matou Lady Diana e Dodi Al-Fayed, anos atrás, foi algo planejado pelo Círculo Sombrio, com a finalidade de levantar suspeitas sobre a Família Real e criar um clima de instabilidade na nação, como uma tática de Operações Psicológicas. _ disse “Diana” para William, mudando sua aparência para a de Paul Henreid, o ator que interpretou Victor Lazlo em “Casablanca”.
_Quem é você, afinal de contas? _ perguntou Pieterzoon.
_Alguém que o senhor conhece, Respeitável Assistente da Promotoria. Embora eu ache que logo chegaremos à conclusão de que o adjetivo “Respeitável” pode não caber muito bem a certas pessoas.
_Agora o senhor está sendo desrespeitoso e me desacatando, Sr... Henreid. Por que a aparência de pessoas que já morreram?
_Uma espécie de homenagem, vamos considerar assim. Bem, agora prossigamos com nossa não muito difícil tarefa de derrubar o aparentemente inexpugnável esquema armado para prejudicar Draco Malfoy. Aparentemente porque, embora pareça uma muralha impenetrável, é cheio de brechas, como estou provando.
_Revele-se! _ disse Pieterzoon, começando a ficar nervoso.
_Tudo a seu tempo, Nikolas Pieterzoon, Respeitável assistente da Promotoria. Logo revelarei quem sou eu e, quando eu terminar, todos saberão quem é o senhor, na realidade.
_O que quer dizer?
_Quero dizer que, assim como eu, o senhor também não é o que aparenta ser (Gina esboçou um sorriso, antevendo o que estava prestes a ocorrer). O senhor também possui segredos que, revelados, deixariam metade da Bruxidade de cabelos em pé e a outra metade nauseada.
_Ora, seu insolente!
_Acalme-se, Sr. Pieterzoon. O senhor reclamou que eu personifico pessoas mortas. Estamos todos mortos no instante em que nascemos. É apenas uma questão de tempo, cada um tem a sua hora de ir, se bem que sempre haja quem queira adiantá-la. E o senhor adiantou a hora de várias pessoas. Quem sou eu? Alguém que foi chamado para recuperar e fazer prevalecer a Justiça. Posso dizer que fui chamado do outro lado para que a morte de algumas pessoas não fosse em vão. Pessoas como Carruthers (e ele assumiu a aparência do repórter trouxa australiano), como Rita Skeeter, Filius Flitwick, Mundungus Fletcher, Nigel Xenophillus Lovegood e outros mais, tais como Sibila Trelawney, Peter “Wormtail” Pettigrew, Carrow, Nott, Jugson e vários Death Eaters que estavam em Azkaban, pagando seu débito para com a Bruxidade (e a cada nome que pronunciava, transfigurava-se na pessoa). Ah, não vamos nos esquecer de Katie Bell e, muito importante, de Anastasia Ivánovna Artamonov.
Pieterzoon empalideceu ao ver ali, à sua frente, a figura da bela russa que ele viciara e aproveitara-se, até que provocara a Overdose de heroína que a havia matado. No fundo de seu subconsciente, uma idéia começava a tomar forma mas ele a rejeitava, por achá-la impossível. A assistência assistia, admirada, àquela demonstração habilidosa da arte mágica da Transfiguração, ali à sua frente.
_Mas eu acho que não só a Excelsa Corte e sim toda a assistência deseja saber o que, realmente, está acontecendo neste Tribunal. Estamos vendo a Mentira ser derrotada pela Verdade, senhoras e senhores. E, como a Verdade está surgindo, quero e preciso contar a vocês uma história, a história de alguns jovens promissores em suas carreiras. Infelizmente, nem todos eles estão aqui para contarem suas histórias e nem todos seguiram um bom caminho. Um deles, em especial, sucumbiu à ganância e à sede de poder, vendendo-se ao Círculo Sombrio, há alguns anos atrás. Aí ele passou a ser um “Toupeira”, um espião infiltrado nos serviços de segurança. Suas informações possibilitavam ao Círculo operar suas redes de tráfico de drogas, extorsão, prostituição, infiltração em vários escalões dos governos de muitos países, atentados e assassinatos sob encomenda. Mas ele cometeu um erro, entre vários.
_E qual foi ele?
_Assassinou aos poucos uma investigadora da Corporação dos Aurores, que investigava o envolvimento do Círculo Sombrio com o tráfico de drogas da Máfia Russa. Tendo conseguido ganhar sua confiança, agiu como o inseto que inspirou seu codinome, “Mantis”, traiçoeiramente expondo-a a “Sombra & Escuridão”, que determinaram seu destino. Ela foi interrogada e viciada em drogas por ele. Quando já dependente, ele a obrigava a fazer coisas humilhantes para obter sua próxima dose e, quando não haviam mais informações úteis que ela pudesse fornecer, ele a matou, com uma Overdose. É a aparência daquela jovem que eu estou usando agora, senhoras e senhores. Anastasia Ivánovna Artamonov, Auror russa, formada em Hogwarts na mesma turma de Cho Chang Donovan e morta pelo Círculo Sombrio.
_E quanto aos outros jovens de sua história? _ perguntou Arthur Weasley.
_Também seguiram seus rumos, Respeitabilíssimo Ministro da Magia. E, hoje, a verdade está para ser revelada, pois vamos não só provar a inocência de Draco Malfoy como também vamos revelar ao mundo quem é “Mantis”.
_E como você pretende fazê-lo? _ perguntou Pieterzoon.
_Ora, Sr. Pieterzoon, quanta curiosidade. Parece até que o senhor está perdido no meio de uma... Névoa. _ e “Anastasia” riu e transfigurou-se em outra aparência. Pieterzoon arregalou os olhos. Ali, à sua frente estava Hakim Murat _ Outro membro do Círculo, Sr. Pieterzoon, que auxiliou na captura de Harry Potter e que, em Porto Alegre, quase morreu por me passar algumas informações que foram úteis para o resgate de Camille Devereaux Musashi.
_Como sabe disso?
_Sr. Pieterzoon, não demonstre menos inteligência do que realmente possui. Acho que já faz alguma idéia de quem sou eu.
_ “Homem-Névoa”! Aquele que travou uma guerra paticular contra as operações de tráfico do Círculo! Mas, quem é você, na realidade?
Eu não disse que vim do outro lado para fazer a Justiça prevalecer? Sou alguém que você não pode matar, pois já morreu. E com a sua colaboração!
_Que quer dizer? _ aquela idéia no subconsciente de Nikolas Pieterzoon ficava cada vez menos absurda ou surreal.
_OK, não vou ficar mais atiçando a curiosidade do Tribunal... “Mantis”.
_Por que está me chamando assim? Acha que posso ser o tal espião? Analise o meu currículo, “Homem-Névoa”. Como eu poderia ser esse bandido que você está procurando.
_Não só procurando, como já encontrei, meu caro Dieter Rommersdorf.
Pieterzoon ficou branco.
_Onde... onde você ouviu esse nome?
_Ora, Dieter, foi você mesmo quem o disse para mim. Dieter Rommersdorf, filho de Helmut e neto de Klaus Rommersdorf. _ ao ouvir aquele nome, o fantasma de Jean-Marc Malfoy D’Alembert prestou atenção redobrada a Pieterzoon.
_Quer ser mais claro? _ perguntou Arthur Weasley.
_Está bem, Respeitabilíssimo Ministro da Magia. Foi o próprio Sr. Pieterzoon quem disse que as máscaras estavam caindo. Tirarei a minha, para que a dele próprio caia. “Revertere ad Forma Mea”!
E, na frente da Corte e da Assistência, assumiu sua aparência verdadeira.
_Não pode ser! Você deveria estar morto! _ exclamou Pieterzoon.
_Ora, ora... Temos aqui uma confissão de culpa? Ou, talvez, uma confissão de... incompetência? _ disse o recém-transfigurado.

As câmeras da WBC transmitiram para toda a Bruxidade ao redor do mundo as imagens que se seguiram. Em Hong Kong, Cho, Sun-Li e Luke Donovan, além de Mei-Ling e Chen-Ming Chang e do criado Fong, quase caíram de costas na sala de TV de sua mansão. Em Amsterdam, Miep desaparatou de seu apartamento e aparatou no Átrio do Ministério, logo chegando ao Tribunal, identificando-se e entrando. Em Sófia, na Bulgária, Viktor Krum deu um grito de alegria, acompanhado pelos alunos de sua escola de Quadribol, que assistiam ao julgamento. Em Brasília, o já maduro Ministro da Magia, o gaúcho Leonardo Mafra, ao ver a cena pela WBC engasgou com o chimarrão que tomava, recebendo várias palmadas nas costas de sua secretária e namorada, Eliane Rocha. Em seguida, ainda vermelho, tossindo e meio sufocado, tomou uma lareira e surgiu no Átrio do Ministério, quase trombando com Miep Van De Vries. Na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, para onde haviam sido levados vários aparelhos de TV com Feitiços Tecnomágicos, que encontravam-se no Salão Principal para que alunos e professores assistissem ao julgamento, todos os presentes, entre eles Soraya, Nereida, Cliff, Adriano, Larissa e Vicenzo gritaram de alegria e fizeram uma pequena comemoração. Tiago, Lílian, Fernanda, Simone e Julius fizeram o mesmo, na escola onde estudavam, após verem o “Homem-Névoa” revelar-se. Em Tóquio Heiko e Stuart Townsend, que recebiam Tetsuken e Camille Musashi, cancelaram o saquê e pediram para que a empregada trouxesse Champagne. Os pais de Anya, que estavam em sua casa de Sebastopol, sorriram e murmuraram: “Justiça”. Reações de alegria, surpresa e, para alguns, de ódio ocorreram por todos os continentes, inclusive em um esconderijo na Noruega, no qual um homem com a aparência do bandido oriental Dr. Fu-Manchu trincou os dentes de raiva e lançou uma Avada Kedavra em um elfo doméstico que estava perto. E não era para menos a surpresa de todos.
Alto, esbelto, com cabelos arrepiados, óculos redondos e a sua já bem conhecida cicatriz em forma de raio na testa ali estava, em carne e osso, Harry Tiago Potter.
Recompondo-se logo e tentando disfarçar, Pieterzoon perguntou:
_Como pode ser? A WBC e as emissoras trouxas mostraram o seu corpo sendo retirado do Rio Amstel!
_Pensei que você, como um espião experiente, soubesse que nem tudo é o que parece... “Mantis”. Ao matar alguém, certifique-se de que esse alguém realmente está morto.
_Quem é você? Não pode ser o verdadeiro Harry Potter! Ele está morto, entendeu? MORTO!
_Calma, não fique histérico. _ disse Harry, sorrindo _ Sabe, se você continuar repetindo isso, talvez até eu acredite. Assassino!
_Prove! Prove que eu sou quem você diz que sou!
_Mas claro, meu caro Nikolas Pieterzoon ou melhor, Dieter Rommersdorf, filho de Helmut Rommersdorf, Death Eater capturado por mim e que morreu em Azkaban. Neto de Klaus Rommersdorf, membro do Exército Bruxo de Grindelwald, nos dias da II Guerra Mundial e que agia infiltrado entre os Maquis, com o nome falso de Pierre D’Anjou, que utilizava o codinome “Corbeau”.
Ouvindo novamente aquele nome, o fantasma de Jean-Marc ficou com seu rosto prateado de fúria. Sem que percebessem, ficou invisível a observar os acontecimentos.
_Excelsa Corte, à sua frente está o verdadeiro vilão deste Tribunal. Nikolas Pieterzoon, Respeitável Assistente da Promotoria e agente da InterSec, na Divisão de Repressão ao Tráfico de Drogas (que conveniente). Espião do Círculo Sombrio. Assassino. Traidor. Maldito sujo que age sob o codinome “Mantis”! _ e a cada palavra, Harry Potter aproximava-se de Pieterzoon _ Bruxo abortado que pensava ser trouxa. Criatura abjeta que viciou Anya para obter informações e que obrigava a coitada a fazer as coisas mais horríveis, em troca da próxima dose. Imprudente e relapso, que pensou estar me viciando, mas não sabia que vocês tinham a mim onde EU os queria.
_???
_Acha que eu não era capaz de transubstanciar o veneno da seringa em um complexo de vitaminas? Vocês estavam me tornando ainda mais forte e eu me divertia ao enganá-los. Vocês me davam informações que eu repassei às pessoas certas e que agora fazem parte das provas da Defesa. Vamos começar com alguns Cristais de Armazenagem.
Roger Davies e Michael Corner apresentaram os Cristais de Armazenagem aos peritos do Ministério, que comprovaram que não haviam sido alterados. As informações eram extremamente comprometedoras.
_Agora, voltemos aos tempos de Hogwarts e aos dias em que minha esposa estava no seu primeiro ano. Foi quando Draco mandou a carta à qual ela referiu-se ontem. Vejamos seu conteúdo.
A carta de Draco foi projetada na tela e todos viram o seu texto:

“Weasley, pode parecer absurdo que eu esteja lhe escrevendo e você tem razões mais do que suficientes para não crer em uma única palavra, mas eu lhe peço, de todo o coração, para que acredite em mim, ao menos desta vez. Sei que você tem todos os motivos do mundo para ignorar o conteúdo desta carta e rasgá-la, mas espero convencê-la da minha sinceridade. Você e o Potter estão correndo um grande perigo, estão sendo vítimas de um plano de ordem de Lord Voldemort, que está sendo levado a cabo com a ajuda de meu pai.
Naquele dia, na Floreios & Borrões, ele examinou seu material, com o pretexto de menosprezá-lo por ser de segunda mão e, ao colocá-lo de volta no seu caldeirão, acrescentou um pequeno livro, uma espécie de diário, que pertenceu a um tal de Tom Marvolo Riddle. Desfaça-se dele, jogue-o fora, despedace aquele livro, destrua-o completamente. Sei lá quem é ou quem foi aquele cara a quem o livro pertenceu, mas eu sei que ele é perigoso, está impregnado de Magia Negra, deu até para sentir. Sei disso porque, quando meu pai e eu estivemos na Borgin & Burke’s para que ele vendesse artigos proibidos que mantinha em casa, o Sr. Borgin revelou grande interesse pelo livro, ficando frustrado quando meu pai disse que ele não estava à venda.
Olhe, Weasley, posso ser um sonserino arrogante, metido e orgulhoso, bem como um riquinho pedante e mimado, mas uma coisa eu posso garantir que não sou. Eu não sou Trevoso, mesmo sendo filho de Lucius Malfoy e amigo de vários filhos de Death Eaters. Posso até fingir ser, mas não tenho a menor afinidade por essa devoção cega a um bruxo velho que quer tornar o mundo um lugar muito triste para se viver. Não sei até quando eu terei de manter as aparências, mas sei que chegará o dia em que darei o meu grito de independência e mandarei as Trevas se danarem, oficialmente. Só espero que, quando esse dia chegar, o Potter não me odeie tanto ao ponto de não aceitar que eu me retrate.
Novamente eu lhe peço, Weasley, desfaça-se daquele livro, salve-se e também ao Potter. Outra coisa que lhe peço, Gina Weasley, é para que guarde essa carta consigo e não conte a ninguém sobre ela, até que eu lhe diga que é o momento certo. Ainda não é a hora do Potter saber que eu não o odeio de verdade, por mais que possa parecer o contrário.
Por favor, acredite em mim. Pelo menos desta vez.
Draco Black Malfoy”

_Então, senhoras e senhores, essa é a carta que Draco escreveu para Gina, aos doze anos de idade, alertando-a para o perigo do diário de Tom Marvolo Riddle, que soubemos depois ser o verdadeiro nome de Lord Voldemort, um anagrama que ocultava a real identidade do Lorde das Trevas. Eu e o Prof. Dumbledore tomamos conhecimento dessa carta depois do Baile de Formatura, quando Draco disse a Gina que era a hora da revelação. Eis aí a verdade sobre Draco Malfoy, senhoras e senhores. Ele JAMAIS foi partidário das Trevas.
Harry tomou um gole de água e prosseguiu.
_Agora, vamos ver um DVD, o qual provará que Draco nunca esteve em Myanmar, principalmente naquela data. A Defesa também possui uma cópia da foto da troca de maletas, mas a Acusação não possui o registro das cenas que aconteceram antes (Pieterzoon ficou branco. Aquilo seria um golpe decisivo contra ele). Quando todos virem o que aconteceu, ficará bem mais fácil saberem quem é o bandido por aqui.
O DVD foi colocado no drive e projetou na tela as imagens. E todos viram um grupo de pessoas, próximo a um campo de papoulas perto de Mandalay. Então elas começaram a conversar:
_ “Então está aqui, ‘Escuridão’. _ disse um traficante para o bandido bruxo, que estava transfigurado em um homem alto e de cabelos castanhos _ Cada maleta tem US$250 mil no seu interior e temos dez maletas. O ópio já está no avião e nós vamos indo.
_Muito obrigado, So-Wong. _ disse o bruxo _ Agora, como um toque final, aquele pequeno esquema que combinamos, para ferrar a vida de Draco Malfoy.
_Ainda não entendo o seu interesse nele. _ disse So-Wong.
_Coisa minha, So-Wong. Além disso, as ações assistenciais das Empresas Malfoy e da maldita Fundação Narcisa Malfoy atrapalham bastante as nossas atividades por todo o mundo. Quero ver como ele explicará isso para a opinião pública. Vamos lá.
Ajeitaram vários fardos de ópio ao fundo e uma mesa em primeiro plano, onde via-se uma das dez maletas. Em seguida, “Escuridão” chamou um elemento do bando. O rapaz aproximou-se e todos viram quem era: Nikolas Pieterzoon.
_Um pequeno brinde, Sr. Pieterzoon. Vejamos se o sabor lhe agrada.
Estendeu a Pieterzoon um copo, no qual havia um líquido grosso e acastanhado. Em seguida, pegou alguns fios de cabelo de uma caixinha e jogou-os no copo. O líquido chiou e borbulhou, tornando-se límpido e assumindo uma coloração azul-celeste. Pieterzoon tomou alguns goles e fez uma pequena careta.
_Saúde! É meio picante, mas o sabor não é nem um pouquinho desagradável. _ disse Pieterzoon, terminando de esvaziar o copo _ então essa é a essência de Draco Malfoy? Como conseguiu o cabelo dele, chefe?
_Tenho meus meios, Sr. Pieterzoon. Prepare-se. Talvez estranhe um pouco, pois é a primeira vez em que experimenta Poção Polissuco.
De repente, Pieterzoon deu um gemido e começou a se transformar. Sua compleição modificou-se e seu cabelo ficou loiro-platinado. Seus olhos ficaram cinza-azulados e sua pele clareou. No instante seguinte, era o duplo de Draco Malfoy quem estava ali, sendo fotografado em uma transação de venda de ópio. Assim que o DVD terminou, Harry dirigiu-se à assistência.
_Naquela época, senhoras e senhores, Nikolas Pieterzoon era um jovem agente da Interpol que todos pensavam estar infiltrado no Círculo, mas já havia vendido sua alma. A partir dali, passou a utilizar o codinome “Mantis” e recebeu sua mais importante missão, que era descobrir o agente dos Aurores infiltrado no Círculo e capturá-lo. Mal sabia ele que ela estava bem perto, filmando-o disfarçadamente. Quando ele descobriu que Anya era a Auror, armou um esquema para capturá-la, com um bem aplicado “Boa-Noite-Cinderela” no seu Champagne. Ela conseguiu, mesmo meio estonteada, fugir e passou semanas escondendo-se, até que foi capturada e interrogada. Esse monstro em forma humana viciou Anya em heroína, a fim de conseguir informações e, quando não havia mais o que obter, provocou uma Overdose nela, jogando-a no rio Amstel, com um peso nos pés. Ela conseguiu soltar-se, mas não chegou à superfície. Afogou-se. Quando estive presente à retirada de seu corpo das águas do rio, Pieterzoon dizia que ela havia se aplicado, mas as marcas estavam no braço esquerdo e Anya era canhota.
_Maldito! _ exclamou Pieterzoon _ Quais outras mentiras forjou sobre mim, se é que você é mesmo Harry Potter?
_Pergunte a Gina, Pieterzoon. Ela sabe de tudo.
_Sim, seu falso! _ disse Gina, de seu lugar, na primeira fileira, ao lado do Primeiro-Ministro trouxa e do Rei William _ Esse aí é Harry Potter, o verdadeiro, meu marido e pai de meus filhos! E você, que fez tudo aquilo, ainda teve a coragem de me cumprimentar e dar os pêsames, durante o funeral em Godric’s Hollow!
_Bem, minha esposa não mentiria em uma situação dessas. Temos também um Cristal de Armazenagem que mostra cenas bem interessantes. Vamos dar uma olhadinha nele. _ e Harry projetou as imagens do Cristal de Armazenagem que mostrava Pieterzoon contando a verdade sobre seu passado, preparando a heroína, outros quatro segurando Harry e Pieterzoon garroteando seu braço e injetando o líquido _ Naquele meio tempo, eu havia desinfetado a seringa e transubstanciado a heroína em vitaminas. Fiz isso em todas as vezes seguintes. Pena que minha atuação fingindo ser um viciado não me indicará para o BAFTA.
Pieterzoon viu que não teria chance alguma, a não ser que tentasse uma manobra desesperada. E foi o que ele fez, naquele momento. Sem que ninguém esperasse, o espião saltou, com incrível agilidade, a balaustrada que separava a Corte da Assistência e, na primeira fileira, sacou uma pistola de dentro da toga, localizou e agarrou seu refém, que não foi nem o Rei William e nem o Primeiro Ministro trouxa, Gordon Brown.
Em vez disso, ele segurou e apontou a pistola para Gina, encostando-a na têmpora da ruiva.

_Fiquem todos onde estão! Mesmo bruxos não são mais rápidos do que balas!
_Ora, Pieterzoon, uma pistola enfeitiçada para não ser detectada por meios trouxas ou bruxos? E você começou a dar preferência à Glock em lugar das Walthers?
_Sim, Potter. Só que a munição não é .380 e nem sedativa como a sua. Esta Glock é calibre .40 e pode arrancar a cabeça de sua esposa com um tiro.

Todos estavam estarrecidos. Os únicos calmos eram Harry e Gina, pois comunicavam-se telepaticamente.
_ “Gina, continue bancando a donzela em perigo”.
_ “OK, Harry. Dê a esse imundo o que ele merece”.
_ “Deixe comigo, minha querida. Ele sequer saberá o que o atingiu.”

_OK, Pieterzoon. O que você quer?
_Jogue sua varinha no chão. É certo que você deve estar com uma varinha de Auror, que os Sensores não detectam.
_Está bem. _ e Harry jogou ao chão sua varinha de Mirtheil.
_Agora, afaste-se do meu caminho, bem devagar e com as mãos à vista. Quero uma lareira livre no átrio e que não me rastreiem.
Harry obedeceu, mas enunciou, de forma não-verbal, um feitiço que iria resolver a situação. Em sua mente, surgiu a expressão “Commeatus Evanesco”.
_Pieterzoon, agora você vai soltar Gina e entregar-se.
_Bebeu muito uísque de fogo, Potter? Por que eu faria isso?
_Notou que sua pistola está um pouco mais leve? Cadê a munição?
Pieterzoon apontou a pistola para o alto e apertou o gatilho. Ouviu-se apenas um estalido.
_Desgraçado! _ Pieterzoon jogou a pistola na direção de Harry, que apenas desviou-se. Mas “Mantis” ainda tinha alguns recursos _ Ainda não estou derrotado, Potter. Este punhal está impregnado com veneno de basilisco. Um arranhão e sua esposa morre. Algo mais a dizer? _ mas, depois que o fantasma de Jean-Marc Malfoy D’Alembert o distraiu, tocando seu pescoço com a mão gélida, Pieterzoon viu o punhal virar pó em sua mão, pois Harry executara um “Reducto”, de forma não-verbal.
_Na verdade, Pieterzoon, tenho apenas mais duas coisas a dizer, que são: “Nephrolythos”! “Alginephron”!
Com um pavoroso uivo de pura dor, Nikolas Pieterzoon soltou Gina e caiu ao solo, suando frio, contorcendo-se e vomitando, enquanto segurava a região lombar com as mãos. Solta, Gina ensaiou um chute, mas Harry disse que não o fizesse.
_Não, Gina. Não é preciso, pois esse desgraçado já vai passar alguns dias urinando sangue. Não precisa chutá-lo.
_O que foi que você fez com ele, Harry? Isso até parece a Maldição Cruciatus. _ perguntou Arthur Weasley.
_Uma coisinha que aprendi e que é bastante eficaz, Ministro. Conjurei cálculos nos rins de Pieterzoon e provoquei uma cólica renal. É o tipo de dor que a gente não deseja para ninguém, nem mesmo para quem a gente odeia.
_Como... como você f-fez isso, Potter? _ perguntou Pieterzoon, entre arquejos e gemidos de dor _ Sua v-varinha estava n-no chão.
_Aquela não era minha verdadeira varinha, Pieterzoon. Eu estava com ela na palma de minha mão. _ e Harry mostrou a sua verdadeira varinha de Mirtheil, retraída, em sua mão direita, se bem que era apenas um disfarce. Ele não dependia mais da varinha para executar magia. _ Acho que você já sofreu o suficiente. “Finite Incantatem”.
Harry suspendeu o feitiço e Pieterzoon ficou ali, caído e transpirando. Ele jamais sentira a Maldição Cruciatus mas imaginava que deveria ser alguma coisa daquele tipo. Dois Aurores aproximaram-se e revistaram o espião, encontrando algumas armas escondidas e um Chiclete de Fuga.
_Ora, ora. Parece que o nosso Respeitável Assistente da Promotoria estava preparado para qualquer eventualidade. _ comentou Arthur _ E agora, Harry, conte a todos como foi esse seu plano tão arriscado.
_Com prazer, Ministro. Mas, antes, eu gostaria de saber a que conclusão a Excelsa Corte chegou, depois de ver as falsas provas levantadas por esse canalha serem destruídas pelas que tínhamos.
O Corpo de Jurados deliberou e logo entregou um papel ao meirinho, com seu veredicto. Esse foi entregue ao Colegiado de Juízes, que logo fez sua apreciação e entregou-a ao Ministro.
_Sr. Malfoy, queira levantar-se. _ Draco levantou-se e Arthur Weasley prosseguiu com as formalidades _ O senhor foi considerado, por unanimidade do Respeitável Corpo de Jurados e do Meritíssimo Colegiado de Juízes, inocente de todas as acusações contra a sua pessoa.
Trovejantes aplausos ouviram-se por todo o Tribunal, o mesmo ocorrendo ao redor do mundo. Em Hogwarts, Adriano era abraçado por professores e colegas. Com Draco Malfoy oficialmente absolvido, Harry começou a contar sua história. Mesmo Pieterzoon e os Aurores que escoltavam-no permaneceram para ouvir. As câmeras da WBC transmitiam suas palavras para toda a Bruxidade.
_Há mais de uns três anos eu desconfiava que havia um espião do Círculo Sombrio infiltrado nos serviços de segurança trouxas, mas ele era muito esperto e sempre conseguia cobrir seu rastro. Eu teria de fazer com que ele se entregasse, mas precisaria colocá-lo em uma posição de excesso de confiança. Para isso, nada melhor do que me colocar na boca do lobo, deixando-me capturar pelo Círculo. Eu já tinha algumas suspeitas de que Pieterzoon fosse “Mantis”, como vocês viram no Cristal de Armazenagem, mas precisava de provas concretas e que provas mais concretas do que ele mesmo entregando seu disfarce? Então, com a ajuda de uma amiga de longa data, a qual está aqui presente, Miep Van De Vries, Vidente que colabora com a polícia trouxa da Holanda, arquitetamos um plano para que eu parecesse cair nas mãos da quadrilha. Em Istambul, fingi que o sedativo em minha bebida havia me nocauteado, para poder ser levado à base de operações do Círculo, que eu já suspeitava ser em Amsterdam, depois que Anya foi assassinada. Dentro da base, eu acabei me aproveitando do excesso de confiança de “Escuridão”, pois ele achava que iria me matar e, portanto, julgou não haver problemas em me contar como era TODA a estrutura de sua rede de tráfico. O que eles não sabiam era que eu estava conjurando Cristais de Armazenagem e teletransportando-os para um local seguro. Quando Pieterzoon revelou ser “Mantis”, vi que minha tarefa estava completa e que precisaria arrumar um jeito de sair dali, o que foi possível quando tentaram me viciar. Eu passei todo o tempo fingindo estar sendo afetado pelas drogas quando, na verdade, eu as estava transubstanciando em vitaminas, bem sob os narizes deles. Então, para garantir minha saída de lá, fingi uma parada cardíaca por abstinência, reduzindo meu metabolismo e meu Ki a um nível que nem mesmo um aparelho pudesse detectar. Me devolveram meus pertences e me colocaram em um carro, que foi magicamente conduzido até cair no rio. Debaixo das águas, fiz um Feitiço Cabeça-de-Bolha e transfigurei minhas roupas em um traje de neoprene. Miep já havia mergulhado e trazia um corpo falso, conjurado a partir de um tronco de árvore, vestido com roupas iguais às que eu estava usando e no qual colocamos meus objetos pessoais. Esse corpo foi retirado do rio dois dias depois e reconhecido por Rony, no IML. À noite, depois do funeral, eu me revelei para Gina e estabeleci uma base de operações em Godric’s Hollow. Passei os dois meses seguintes atacando a rede de tráfico e prostituição do Círculo, até que conseguimos tirá-los do mercado das drogas. Myanmar, Turquia, Bolívia, Colômbia, Brasil... com aqueles locais o Círculo Sombrio não poderá contar nunca mais. Depois, auxiliei um Auror no resgate de Camille Musashi e retornei à Inglaterra para colaborar na defesa de Draco.
_Fantástico, Harry. _ disse Janine, depois que a equipe da WBC já havia saído e somente os Inseparáveis e mais o Ministro, Dumbledore, Mason, Marilise, Sirius, Ayesha, os advogados, os guardas e Pieterzoon permaneciam no Tribunal _ E como foi que você executou os feitiços, enquanto estava prisioneiro do Círculo?
_Não me revistaram tão bem. Meu anel da Grifinória possui um fio de pêlo de cauda de unicórnio no seu interior. _ disse Harry, mostrando o anel _ Um projeto experimental de Jasper Olivaras, que eu uso desde que o peguei com ele no Beco Diagonal, na ocasião em que recebemos a visita daqueles amigos (“Não que eu seja dependente dele ou de varinhas para canalizar a magia”, pensou).
_E agora, o que faremos com o Sr. Pieterzoon ou melhor, o que faremos com “Mantis”? _ perguntou Luna.
_Bem, sendo um bruxo abortado, deveria ir para Azkaban, pelo menos até que seja julgado. _ disse Arthur.
_Mas, por outro lado, por melhor que seja a segurança em Azkaban, o Círculo acabaria conseguindo infiltrar alguém para eliminá-lo. E ele ainda pode nos revelar muita coisa. _ disse “Olho-Tonto” Moody, aproximando-se.
_O melhor seria escondê-lo em local ignorado, protegido por Feitiço Fidelius. _ disse Shacklebolt _ Temos vários lugares assim, poderíamos manter o Sr. Pieterzoon em um deles, até que pudesse ser julgado.
_Acredito que seja uma boa idéia, Kingsley. _ disse Harry. Bem, vamos manter Pietrzoon sob a custódia dos Aurores até seu julgamento. O que tem a dizer, assassino?
_Não ficarei vivo até o julgamento, Potter. Você assinou minha sentença de morte ao me expor e o Círculo não descansará enquanto não me eliminar, para impedir que eu fale qualquer coisa.
_E você tem alguma coisa para nos dizer, “Mantis”? _ Rony perguntou ao espião.
_Mais do que imaginam, Sr. Weasley.
_Pai, acredito que poderíamos ter uma “conversinha” com o Sr. Pieterzoon, antes que fosse levado. _ comentou Gina.
_Veritaserum? _ perguntou Harry.
_Vou fazer de conta que não ouvi isso. _ disse Arthur.
_Mas v-vocês não podem usar Veritaserum. Nós não estamos em guerra, como vocês disseram. _ gaguejou Pieterzoon.
_Não podemos utilizá-lo em julgamentos. _ disse Draco.

_Mas você não está sendo julgado. _ disse Janine.
_Então, poderemos utilizar Veritaserum para interrogá-lo. _ disse Luna.
_E saberemos o que for preciso. _ disse Neville, abraçado à esposa.

Antes de levarem Pietezoon, o fanasma de Jean-Marc aproximou-se deles.
_Harry, mon ami, merci beaucoup. Você não imagina o quanto me ajudou.
_Então, Jean-Marc, era ele mesmo? _ perguntou Harry.
_Sem dúvida. Ele é o neto de “Corbeau”, o Corvo. Aquele que infiltrou-se em nossa célula Maqui, durante La Deuxiéme Guerre e foi o responsável pela captura de ma chérie Valentine.
_E o senhor jurou, meu tio, que só descansaria quando o último dos descendentes dele que se voltasse para o mal fosse punido, não é? _ perguntou Draco.
_Oui, mon cher. E agora estou livre para prosseguir. Mon frére Gryphus tomará o meu lugar, pois ainda tem uma dívida para com o universo, devido a ter sido um Death Eater. Oh, vejam! Aí está ele. _ um outro fantama loiro aproximou-se e apertou a mão de Jean-Marc _ Draco, este é seu outro tio-avô, Gryphus Malfoy. De agora em diante, ele será le fantôme ancestral dos Malfoy, responsável pela guarda do mausoléu.
_Ici est moi, mon frére. _ disse Gryphus _ Você está livre para prosseguir e reencontrar-se com Valentine. Aqui está ela.
A forma espiritual de Valentine D’Alembert, que Janine havia conhecido em sua incursão ao outro lado, aproximou-se e abraçou seu amado. Ela era diferente de um fantasma, por não ser branco-pérola e sim por ter as cores naturais de uma pessoa, embora sua aparência fosse translúcida e diáfana. Cumprimentou a todos, sorriu e afastou-se, acompanhada por Jean-Marc. Desmaterializaram-se, ao chegarem à porta do Grande Anfiteatro.
_C’est três beau. _ disse Gryphus _ Un amour que transcende la Mort. Agora é hora de ir para minha missão. Quando algum de vocês quiser me ver, vá ao Cemitério Pére-Lachaise, pois lá estarei.
E também desmaterializou-se. Pieterzoon foi levado pelos Aurores para ser interrogado, enquanto os outros preparavam-se para irem embora.
_Espero vocês na Mansão Malfoy hoje à noite, para uma pequena confraternização. _ disse Draco _ Acho que, depois desses meses de stress, todos nós merecemos. Principalmente Harry, que teve de passar grande parte deles fingindo-se de morto.
_Estaremos lá. _ disseram os outros.

Naquela noite, todos os nossos amigos participaram de uma festa na Mansão Malfoy. Nada de luxuoso, apenas para demonstrarem a alegria e o alívio pela absolvição de Draco. Durane a festa, Harry contou a Dumbledore o que vira no livro. O velho bruxo fez uma cara preocupada e combinou um encontro no QG dos Aurores, para o dia seguinte.

Naquele momento, um lince prateado, o Patrono de Shacklebolt, surgiu sobre a mesa, para dar um aviso:
_ “Pieterzoon está morto. Antes que o levássemos para a casa segura, um vulto aparatou e cortou-o ao meio com um Sectumsempra. Por sorte ele já havia fornecido muitas informações importantes. O assassino resistiu e tivemos de matá-lo. Era Ludo Bagman.”

Realmente, “Sombra & Escuridão” não estavam a fim de deixar barato mais aquele revés infligido ao Círculo Sombrio.


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