Harry Potter e o Círculo Sombrio escrita por JMFlamel


Capítulo 20
NA TERRA DO CHIMARRÃO




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/22166/chapter/20

CAPÍTULO 19

NA TERRA DO CHIMARRÃO






_Porto Alegre, “π”? Você tem certeza?
_Absoluta, Harry. Eu ouvi, quando “Escuridão” mencionou isso a “Sombra” e a outros membros da cúpula do Círculo. É uma informação que não se pode desprezar, pois ele tem sido muito reticente, não compartilhando certas informações nem mesmo com “Sombra”.
_E você já avisou Rony?
_Sim, já avisei. Acredito que ele também deverá estar indo logo para lá. Mas você não ficou parado antes de vir para Caruaru, não é?
_Claro que não, “π”. Ontem mesmo eu estive em Recife e fiz algumas coisinhas por lá.
_Aquela rede de tráfico de drogas e prostituição de adolescentes? Então você estourou o “aparelho” deles e foi por isso que “Escuridão” estava daquele jeito, hoje de manhã.
_Como assim?
_Jogou na parede uma garrafa de vinho dos elfos, importada da Hungria. Um “Tokay” da melhor qualidade. Ela ficou em cacos.
_Bem, eu acho que aquela garrafa não contribuirá para a cirrose ou para a úlcera dele. _ disse Harry, com um olhar maroto.
_Como se precisasse. Outro dia mesmo eu o vi tomando uma boa quantidade de antiácidos. _ disse “π”, sorrindo _ Acho que jamais alguém causou tantos transtornos em tão pouco tempo para o Círculo. Inclusive, já começaram a aparecer os efeitos na contabilidade.
_Ótimo, “π”. E quanto ao tráfico de órgãos?
_Mais um golpe. Pegaram a quadrilha que agia em Roma, toda ela.
_É isso que eu quero, “π”. O Círculo Sombrio desmoronando à volta de “Sombra & Escuridão”. Até que, no final, eles não tenham alternativa senão revelarem suas identidades. Será o golpe de misericórdia.
_Fazer com que “Escuridão” quebre seu próprio Feitiço Fidelius? Não será fácil fazer isso, será preciso que ele diga o nome dele ou escreva-o de próprio punho. Quanto a “Sombra”, ela é bastante esperta e mantém-se em constante estado de alerta. Acredito que também não seja fácil. E você vai para Porto Alegre de Chave de Portal ou vai desaparatar?
_Nem uma coisa nem outra, “π”. Vou de meios trouxas, avião, para não despertar suspeitas. Meu vôo sairá dentro de cinco horas, daqui mesmo de Caruaru. Preciso de algum tempo para descansar e uma viagem aérea encaixa-se perfeitamente nos meus planos. Tenho dormido pouco nestes últimos dias e pretendo me recostar por algumas horas.
Despediram-se e Harry foi buscar suas bagagens no hotel, dando adeus a Caruaru, terra onde fizera bons amigos, preparando-se para viajar a Porto Alegre, onde também os tinha.

No avião, Harry Potter procurou dormir ou descansar o máximo que pôde, pois não detectara perigo de espécie alguma. Quando abriu os olhos, parcialmente descansado, o 737-800 da Gol sobrevoava o estuário do Rio Guaíba, permitindo a ele ver a ponte levadiça e os prédios da cidade, pouco antes de aterrissar na pista do Aeroporto Internacional Salgado Filho. Aquela era uma vista aérea da qual ele sempre havia gostado, desde as primeiras ocasiões em que estivera na capital gaúcha.
Após recolher sua bagagem na esteira, dirigiu-se ao terceiro andar, onde tomou um Espresso forte, do modo que gostava e saboreou um pão de queijo. Depois desceu novamente ao piso de desembarque e tomou um táxi, que o levou ao Hotel Plaza San Rafael, onde já tinha uma suíte reservada. Registrou-se e subiu, a fim de tomar um banho e concluir seu descanso. Ao acordar, realizou uma sessão de meditação Zazen e uma de Kuji-Kiri, finalmente considerando-se totalmente descansado. O Kuji-Kiri era uma técnica para elevar a energia, que havia sido distorcida e utilizada para o mal por alguns mestres Ninja malignos, tais como os Kobayashi, de quem Voldemort havia sido aluno.
Consultando o Omega no seu pulso, concluiu que era hora de sair e tentar procurar por informações, de preferência em lugares badalados, onde estava certo de poder encontrar alguém que poderia lhe revelar algo de importante. Por experiência própria e por sugestão de “π”, resolveu experimentar os bares da Rua Padre Chagas, no bairro Moinhos de Vento. Sua aparência atual era bastante atraente. Alto, loiro, olhos azuis e vestido com grifes atuais, aparentando cerca de trinta anos, ninguém iria diferenciá-lo dos outros freqüentadores das casas. Deixando em um estacionamento o Citröen C4 Pallas que alugara, percorreu com passos tranqüilos a calçada, admirando os bares, cheios de alegres fregueses, passando pela Torta de Sorvete, pelos Pubs Shamrock e Dublin, procurando por algum Ki suspeito. Nem precisou procurar por muito tempo.
Ao passar pelo Z Café Bistrô, parou e quase não conseguiu dominar sua ansiedade ao ver quem estava sentado a uma das mesas, com uma tulipa de chope do meio para o final à sua frente: o homem que servira de isca para a sua suposta captura em Istambul.
O turco Hakim Murat.
Vendo que não teria outra chance, entrou no bistrô e, no banheiro, transfigurou suas roupas no uniforme dos garçons da casa. Vendo que Murat pedira outro chope, prontificou-se a servi-lo, só que acrescido de três gotas bem medidas de Veritaserum.
Harry retornou ao banheiro e transfigurou as roupas nas que estava usando antes. Voltou ao salão e sentou-se à mesa de Hakim Murat, que já estava com o olhar meio desfocado, cumprimentando o bandido.
_Boa noite, Hakim. Tudo bem?
_Sim, tudo bem. _ respondeu o turco, em uma voz tranqüila e desprovida de emoção.
_O que faz aqui no Brasil? _ perguntou Harry.
_Fui transferido de Istambul.
_Por que, Hakim?
_Ficou perigoso para mim lá, depois da captura de Harry Potter. Ali Karin Bey estava querendo me pegar.
_E o Círculo transferiu você para cá? Com que finalidade?
_Ajudar a ficar de olho em uma mulher, que está sendo mantida refém.
_Camille Devereaux Musashi?
_Sim, ela mesma.
_E você já sabe onde ela está?
_Não, ainda não. Um contato irá me dizer logo mais. Só sei que ela está sendo mantida drogada para não reagir, pois eles sabem que a Sra. Musashi é uma Mestra Ninja (“Filhos de um basilisco”, pensou Harry).
_E quanto à sua doença terminal?
_Os Medi-Bruxos do Círculo testaram um monte de poções e conseguiram eliminar meu tumor. Mas causou um efeito colateral.
_E qual foi?
_Agravou-se uma alergia que eu tinha na infância, alergia a amendoins. Posso morrer se ingeri-los.
_Anafilaxia tipo I? _ perguntou Harry.
_Isso mesmo. Reação imediata.
O efeito do Veritaserum ia passando e Harry sabia que não iria tirar mais nada de Hakim Murat que prestasse. Resolveu apenas aguardar o contato e depois tentaria obter a informação. Hakim teve o breve período de letargia que sucedia o efeito do soro da verdade bruxo e logo abriu os olhos. Harry já havia se levantado e vira que outro garçom servia a Hakim Murat não um chope, mas um coquetel.
_Cortesia da casa, senhor. _ disse o garçom.
_Muito obrigado. _ respondeu Hakim.
Aquilo provocou uma alteração vibracional no Ki de Harry, que pressentiu o perigo. Tentou avisar Hakim para que não tomasse o coquetel, mas era tarde.
Hakim Murat também percebeu tarde demais o sabor dos amendoins no coquetel. Imediatamente começou a sentir um grande calor e seu rosto trigueiro enrubesceu. Seus lábios e os lóbulos das orelhas incharam. Colocou as mãos no pescoço, dando a entender que estava começando a ficar asfixiado, devido ao edema da glote. Harry tentou alcançar o falso garçom que servira o coquetel, mas não conseguiu. Voltou então suas atenções a Hakim. Não tinha consigo o Antídoto Universal Granger/Snape, já que não estava agindo com a cobertura da Corporação de Aurores e sim de forma independente. Resolveu tentar um meio trouxa. Arriscado, porém eficiente.
Conjurou no seu bolso um afiado canivete e ajoelhou-se ao lado de Murat. Afastou os curiosos e praticou uma incisão no pescoço do turco, também abrindo a traquéia.
_Uma caneta Bic, rápido! _ exclamou, em português fluente, com leve sotaque britânico. Em um instante, várias canetas lhe foram apresentadas. Rapidamente ele pegou uma, retirou a carga e a tampinha traseira e introduziu o tubo na abertura que fizera na garganta de Hakim Murat _ Qual o hospital mais próximo? Ainda é o Moinhos de Vento?
_Sim, ainda é. Veja, a ambulância do SAMU já está aqui.
_Para o Moinhos de Vento. As despesas dele serão por minha conta.
_OK. _ disseram os socorristas, colocando o turco na ambulância. Harry foi até o estacionamento e pegou seu carro. Antes de sair, disse: “Tergeo” e o sangue que salpicava seu corpo desapareceu.
Fez o registro do turco e pagou antecipadamente as despesas.
_Ele precisa de segurança. A reação anafilática foi uma tentativa de assassinato. Ligue para esse número, é o de um oficial da Brigada Militar que me conhece.
_Providenciaremos, senhor... Caracas! É o Comandante-Geral!
Antes de sair, Harry também colocou alguns Feitiços de Segurança no quarto. Qualquer um que entrasse com intenções hostis iria arrepender-se.
_Voltarei ao local atrás de pistas. Não deixem de ligar.
_Pode deixar, senhor. O senhor é um detetive ou algo assim?
_Algo assim. _ disse Harry, saindo do hospital e entrando no Citröen. Voltando ao Z Café Bistrô, procurou ver se Hakim ou o outro que lhe servira o coquetel havia deixado algo que servisse de pista. Viu apenas uma pequena caixa de fósforos (“Mas isso aqui é de um bar do Shopping Bruxo Andradas! Tenho de conferir”, pensou ele).
_Com licença, devo agradecer pelo que o senhor fez. Salvou a vida daquele freguês e levou-o ao hospital. Diga-me, como fez aquela traqueostomia com tanta habilidade? _ perguntou um dos proprietários do Z Café Bistrô.
_Pertenço ao SAS. Sou o Capitão Grint, Daniel Grint. Aprendemos isso nos Primeiros-Socorros.
_Grande habilidade. _ disse um outro rapaz, que estava em companhia de sua namorada e Harry quase que colocou seu disfarce a perder, pois estava a ponto de chamá-lo pelo nome, “Maurício”. Era um jovem médico alto e forte, um Ortopedista praticante de musculação, que ainda era Oficial Médico Temporário do Exército quando Harry o conhecera. O bruxo pediu licença e retirou-se, indo pegar seu carro, dar mais uma passada no Hospital Moinhos de Vento para conferir se a segurança havia sido providenciada e retornar para o hotel. Em sua suíte, examinou a caixinha de fósforos, vendo um número de celular e o nome “Karen” e prometeu:
_Você me escapou hoje, desgraçado, mas eu marquei seu Ki e não vou nunca mais me esquecer dele. Prometo que vou te pegar e te fazer me dizer onde estão aprisionando Camille. Palavra de Harry Tiago Potter, o “Hawkeye”, o “Homem-Névoa”.
Harry não sabia, apenas supunha, que havia um outro elemento nesse jogo. E ele não percebera sua presença no Bistrô, pois seu Ki era mantido rebaixado e o negro alto e magro, com a cabeça raspada, vestindo uma “T-Shirt” Puma e saboreando sua Coca Light Lemon tinha penetrantes olhos verde-jade, semelhantes aos de sua irmã.
Era Ronald Bilius Weasley, o “Camaleão-Fantasma” de codinome “Banshee”.
Rony estivera de olho na caixa de fósforos, mal conseguindo identificá-la nas mãos do suposto “Capitão Grint”. Quando ele retirou-se, Rony terminou sua Coca Light Lemon e despediu-se da garota com quem estava, uma colega da Seção de Aurores de Porto Alegre. Retirou-se para a suíte que ocupava no Sheraton, ali perto, no Shopping Moinhos de Vento e preparou-se para fazer seu relatório para Shacklebolt.

No dia seguinte, Harry Potter acordou cedo, fez sua higiene, tomou um banho e disse: “Illex! Thermo”! Tomou seu chimarrão, costume aprendido com sua amiga Janine e saiu para investigar o bar bruxo da caixinha de fósforos e a tal “Karen”. Já com outro disfarce, Harry Potter passeava pelo calçadão da Rua dos Andradas e entrou na Galeria Pedro Chaves Barcellos, observando as vitrines das lojas que vendiam CDs clássicos e raros, até descer a escada, detendo-se na banca de revistas que ocupava toda uma parede. Atravessou a entrada secreta e logo viu-se no interior do Shopping Bruxo Andradas, um imenso complexo subterrâneo de lojas, diversões e gastronomia, que estendia-se por baixo da cidade e que, de certa forma, fazia com que lembrasse de Montreal, no Canadá e de sua cidade subterrânea. Estivera lá em uma de suas primeiras missões como Auror, perseguindo um “Serial Killer” maluco trouxa que caçava e assassinava bruxos, colecionando suas varinhas como troféus de batalha, de forma semelhante à do General Grievous de “Star Wars” com os sabres de luz Jedi. O psicopata intitulava-se “Torquemada” e, depois que Harry o capturara e entregara às autoridades, soubera que ele odiava bruxos porque sua mãe desposara um em segundas núpcias, depois que havia ficado viúva (“Eta Complexo de Édipo mais mal resolvido”, pensou Harry). Chegando ao bar, Harry perguntou por Karen e o balconista indicou uma bruxinha loira, vestindo o uniforme de garçonete do bar e que acabara de recolher as bandejas de uma das mesas.
Sentando-se à mesa, Harry fez o seu pedido e logo Karen veio atendê-lo, com um sorriso simpático. Os olhos da bruxinha, que não devia passar de uns vinte anos, eram de um azul violáceo, semelhantes a ametistas.
_Pois não? O que o senhor deseja, Sr...
_Engleworth, Warren Engleworth. Um sanduíche de folhas da Morávia, uma cerveja amanteigada e algumas respostas.
_Como assim, Sr. Engleworth?
_Sobre isso aqui. _ e Harry estendeu para ela a caixinha. A bruxa pediu para que ele esperasse um pouco e retornou com os pedidos.
_Meu turno já terminou. Seu pedido era o meu último. Encontre-se comigo lá fora, assim que terminar.
Harry terminou a cerveja amanteigada e o sanduíche (“Já não precisarei comer mais nada, por uns três dias”, pensou o bruxo). As folhas negras da Morávia eram muito apreciadas pelos unicórnios e bastante nutritivas, segundo o que Neville certa vez lhe dissera. Saiu do bar e encontrou Karen.
_Ele está encrencado de novo, não está? O Lisandro conseguiu meter-se em mais uma, não é?
_Se for quem portava esta caixa de fósforos, sim. Quem é Lisandro? Seu namorado?
_Meu noivo. _ disse Karen, mostrando a aliança em sua mão direita e fazendo Harry lembrar-se de quando ficara noivo de Gina, durante a comemoração do seu décimo sétimo aniversário _ Ele é trouxa, mas possui acesso Nível 3.
_Por ser seu noivo?
_Oh, não. Ele já possuía o acesso Nível 3 antes de me conhecer.
_E o que ele faz? No que ele trabalha? _ perguntou Harry.
_Ele nunca me disse, Sr. Engleworth. Mas... o senhor é Auror?
_Não estou trabalhando com a Corporação. _ respondeu Harry, em uma meia-verdade.
_Bem, eu desconfio que ele está metido em alguma coisa desonesta.
_Tipo o Círculo Sombrio? _ sussurrou Harry e a bruxinha, que já era branca, empalideceu, destacando seus olhos _ Vou tomar isso como um “Sim”, Karen.
_Ele já andou metido com traficantes trouxas da Vila Cruzeiro do Sul, gente da pesada.
_Já ouvi falar do lugar. Ele virá aqui hoje?
_Sim, daqui a pouco. Qual é a encrenca desta vez?
_Sabe o trouxa que quase morreu ontem à noite, no Z Café Bistrô da Padre Chagas?
_Sim. Parece que um oficial do SAS fez nele uma traqueostomia de emergência e levou-o para o Hospital Moinhos de Vento.
_Exato. Parece que foi Lisandro quem deu a ele um coquetel contendo algo ao que ele era alérgico.
_Merlin, não! Lisandro me jurou que havia abandonado essas furadas. Ele era dependente de crack e eu o levei ao Hospital Negrinho do Pastoreio, para que ele fizesse um tratamento. Ele abandonou as drogas.
_Mas parece que ainda está a soldo do Círculo, Karen. E anda metido em uma operação perigosíssima. Infelizmente eu não posso dar mais detalhes.
_Ele virá me buscar daqui a pouco, Sr. Engleworth. Promete que não irá machucá-lo no interrogatório? Ele pode ser o que é, mas eu gosto dele.
_Sei, não se manda no coração. Vou tentar, Karen. De qualquer forma, seria bom você procurar desaparecer por uns tempos, pois eles podem achar que você entregou informações. Tem idéia de para onde vai?
_Vou então para Santa Cruz. Minha família, Hoffmeister, é de lá. Ele vem vindo aí.
Harry escondeu-se e Lisandro Marcondes, bandido trouxa do Círculo Sombrio, chegou para buscar sua noiva, vestindo uma camiseta azul, com o escudo do Grêmio.
_Tudo bem, Karen? Você parece meio nervosa. _ comentou Lisandro, após beijá-la.
_Lisandro, você está envolvido em alguma coisa desonesta?
_Por que você pergunta isso, Karen? Alguém procurou por mim?
_Lisandro, eu preciso falar com você. _ disse Harry, aproximando-se.
_Sua vaca! Você me entregou!
_Não! Eu não te entreguei, Lisandro!
_Ela está dizendo a verdade, Lisandro. Karen não te entregou.
_Não interessa! Você não me pegará! _ e Lisandro disparou para a saída, com Harry no seu encalço.
O rapaz saiu da área bruxa e buscou a saída da Galeria Pedro Chaves Barcellos, alcançando a rua e fugindo em direção ao Largo Glênio Peres, em alta velocidade.
Harry corria atrás dele, admirado com a velocidade e o fôlego do rapaz, que não parava nem por um instante. Mas, com o Bukujutsu, o bruxo aproximava-se cada vez mais do perseguido. Até que algo ocorreu.
Na Rua Sete de Setembro, quando Harry estava quase a alcançá-lo, Lisandro saltou por sobre a barreira da parada dos Lotações, mudando sua trajetória. Harry percebeu, mas perdeu preciosos segundos enquanto mudava de direção (“Até parece quando usei uma Manobra de Weasley para fintar Cho no Quadribol, no sexto ano”, pensou ele). Recuperando uma boa vantagem, Lisandro continuou a correr, agora em direção à Avenida Borges de Medeiros. Haviam vários carros estacionados, banquinhos e bancas de camelôs atrapalhando e Harry imaginou que aquilo diminuiria a vantagem de Lisandro. Mas qual não foi o espanto de Harry ao ver que Lisandro simplesmente tomou um impulso e saltou por sobre os carros estacionados, logo chegando à Esquina Democrática, onde a Borges de Medeiros e a Andradas cruzavam-se.
Harry também conseguiu ultrapassar os veículos, graças ao Bukujutsu. Continuou a perseguição, admirado de como Lisandro transpunha os obstáculos, inclusive utilizando-os para sua progressão (“Agora caiu a ficha! Esse bandido pratica ‘Le Parkour’, como foi que não pensei nisso antes? Preciso dar um jeito de levar vantagem logo, pois isso quase que iguala-se ao Bukujutsu”, pensou Harry, já bolando um plano). Lisandro já havia atravessado a Salgado Filho e corria pela Borges, cruzando a Riachuelo e a Jerônimo Coelho, com Harry nos seus calcanhares. Quando Harry estava quase a alcançá-lo, próximo à sinaleira da “Rua do Arvoredo”, ele utilizou uma saliência do concreto como apoio e saltou para a escadaria, novamente fintando Harry, pelo menos era o que pensava.
Imaginando que Lisandro tentaria fintá-lo para subir a escadaria e sair ao lado do Hotel Everest, ganhando a Rua Duque de Caxias, Harry desaparatou, aparatando em frente ao hotel. Lisandro corria, olhando para trás de vez em quando, satisfeito com o fato de não mais estar vendo seu perseguidor. Quando olhou novamente para a frente foi que se deu conta do seu erro. Mas já era tarde demais.
As pessoas que já tiveram o desprazer de serem atingidas pelos punhos de Harry Potter descreviam-nos, no mínimo, como marretas. E foi exatamente essa a impressão que Lisandro Marcondes teve, após vê-los vindo rapidamente em direção a ele, primeiro o esquerdo, atingindo seu diafragma e depois o direito, no meio do seu rosto, fraturando o seu nariz: a sensação de haver sido atingido por duas marretadas.
Então tudo ficou escuro para o jovem meliante do Círculo Sombrio.

Lisandro esfregou os olhos, voltando à consciência. Sentia-se estranho, como se sua posição estivesse diferente. Ao abrir os olhos, deu um grito de puro susto.
Estava dependurado no ar, pelos tornozelos, sobre o Estádio Beira-Rio, próximo de uma das torres de iluminação. Sentado sobre ela, estava Harry Potter, com a varinha em punho. Haviam permanecido ali, durante a realização de um Gre-Nal, protegidos do calor com um Feitiço Termoisolante feito por Harry. Lisandro permanecera inconsciente durante todo o tempo do jogo. Harry havia consertado o nariz de Lisandro com um “Episkey” e removido os respingos de sangue do rosto e roupas do rapaz com um “Tergeo”.
_Veja o lado bom da coisa, Lisandro. _ comentou Harry _ Pelo menos você não estava consciente para ver o Grêmio perder por 3x0.
_E ainda tenho de agüentar isso. Me tira daqui, seu maluco!
_Olha, acho que você deveria ficar bem mansinho e me contar o que eu preciso saber.
_VÁ SE F$%*R!!! _ exclamou o bandido.
_Resposta errada, seu boca-suja. “Liberacorpus”! _ Lisandro começou a cair velozmente. Antes de bater no solo, Harry disse: “Aresto Momentum! Levicorpus”! A queda foi desacelerada e o bandido subiu novamente, retornando para onde estava, suando e tremendo.
_Você... você é louco, cara?!
_Vai me dizer?
_Dizer o quê?
_Onde está Camille Devereaux Musashi?
_Vá para o Inferno!
_OK, lá vamos nós de novo. “Liberacorpus”! _ disse Harry, com um suspiro e tudo se repetiu. Quando Lisandro tornou a subir, Harry estava esperando por ele.
_Olha, Lisandro, minha paciência está começando a se esgotar. Daqui a pouco eu posso acabar não trazendo você de volta ou posso querer tentar algo menos criativo, tal como Veritaserum ou Maldição Cruciatus. A escolha é sua.
_Não vou dizer nada, desgraçado!
_Você é teimoso, hein? _ e Harry deixou Lisandro cair mais uma vez, trazendo-o de volta em seguida. O bandido notou que Harry usava o “Aresto Momentum” cada vez mais perto do chão e aquilo não passou despercebido a Harry.
Depois de uma meia dúzia de quedas e subidas, Lisandro já estava nauseado e quase molhando as calças.
_E aí, Lisandro? Vai colaborar ou quer continuar brincando de “Bungee-Jump” bruxo?
_Se eu contar eles me matam, cara!
_Sua situação comigo não é muito melhor. Mas eu posso te colocar sob a custódia dos Aurores.
_Há alguns Aurores vendidos ao Círculo, cara! Eles podem me pegar!
_Não se você me diser quem são eles. E então, vai me dizer ou quer dar mais uma voltinha?
_Está bem, eu digo! Só me tire daqui, por favor.
Harry moveu sua varinha e Lisandro voltou para a torre. Contido por um Feitiço Imobilizador, ficou sentado à frente do bruxo e preparava-se para revelar a informação, quando ouviu-se um estalido e alguém aparatou ali em cima. Harry percebeu que o Ki do recém-chegado, embora rebaixado, não era hostil.
_Você é bem difícil de encontrar, hein? _ disse o outro.
_Principalmente quando não quero ser encontrado. E você é...?
_Pode me chamar de “Banshee”.
_O “Camaleão-Fantasma”. Muito prazer. O pessoal me chama de “Homem-Névoa”.
_Imaginei que fosse você. O que estava fazendo? Matando esse cara?
_Não, só obtendo algumas informações, interrogando-o de uma forma criativa e eficiente. _ disse Harry, tratando Rony como se não o conhecesse, para manter seu disfarce _ Ele já ia me dizer tudo, quando você chegou. Não é, Lisandro? Ou eu posso teletransportá-lo para a sede da torcida organizada “Nação Independente Comando Vermelho”, vestindo essa sua bela camisa Gremista e portando um cartaz com o texto “Todo Colorado é um Macaco”.
O bandido tremeu ao ouvir os dois nomes. Um era o de um dos mais temidos Aurores e o outro o do homem que estava fustigando o Círculo Sombrio em uma aparente guerra particular. Vendo que não havia jeito, resolveu colaborar. Ainda mais porque o tal “Homem-Névoa” tinha todo o jeito de quem era capaz de cumprir a promessa que fizera.
_A Sra. Musashi está sendo mantida em um apartamento no cruzamento da Avenida Cristóvão Colombo com Benjamim Constant, ali entre os bairros Floresta, Auxiliadora e Moinhos de Vento. Como sabem que ela é uma mestra Ninja, estão mantendo a mulher drogada, com doses baixas, para que ele fique meio amolecida. Existe uma senha de reconhecimento, que é... _ e Lisandro deu todas as informações, o endereço e as senhas. Também entregou os nomes dos Aurores que haviam traído a Corporação. Eram seis e “Banshee” logo tratou de anotar seus nomes, para que fossem presos e interrogados.
_Acho que já é o bastante. Obrigado, Lisandro. Agora é melhor que você durma um pouco mais. “Morpheus”! _ o rapaz caiu adormecido _ Sr. “Banshee”, que tal unirmos forças para resgatarmos a Sra. Musashi?
_Eu não vejo inconveniente. _ respondeu Rony _ Deixe-me apenas entregar esse cara aos Aurores e levar os nomes dos seis corruptos à Inteligência, para que abram os inquéritos. Onde nos encontraremos?
_Cafeteria Antoniu’s, no Shopping Total. Estarei com esta mesma aparência, tomando um Espresso. Até lá.
_Até. _ e Rony desaparatou, conduzindo Lisandro. Meia hora depois, encontrava-se com Harry na cafeteria do shopping, que nem parecia ter sofrido um incêndio, anos antes.
_Vamos então tirar a Sra. Musashi das mãos daqueles nojentos. Só uma coisa, “Banshee”, é bom que minha participação não seja tornada pública. Apenas o Círculo precisa saber que eu os estou atingindo. O crédito da operação será todo seu.
_Obrigado. Não que eu precise ficar com a fama, entenda. Mas, se você quer preservar seu anonimato para a Bruxidade, tudo bem. Afinal de contas, você deve ter os seus motivos.
_Sim, eu os tenho. Vamos indo?
_Sim, vamos. _ e, após pagarem a despesa, saíram rumo ao local do cativeiro de Camille Devereaux Musashi.

O apartamento ficava em uma das esquinas do cruzamento da Avenida Cristóvão Colombo com a Avenida Benjamim Constant. Camille era vigiada por cinco membros do Círculo Sombrio, três trouxas e dois bruxos. De repente, um deles disse:
_Ela parece estar se agitando, Marcão.
_Qualquer coisa dá um grama para ela, mas aplica só metade da dose. “Escuridão” não a quer viciada, só meio amolecida.
_N-não, por favor. Eu fico... quieta, mas n-não me apliquem mais essa... essa porcaria. _ disse Camille, com a voz pastosa e o olhar meio vago.
_Para você se soltar e acabar conosco em um piscar de olhos, guria? Não, obrigado. Nem pensar. _ disse outro dos bandidos, já preparando uma nova dose para aplicar na bruxa.
No corredor do andar onde localizava-se o apartamento, Harry tocou a campainha, transfigurado na aparência de Lisandro. De dentro, ouviu-se uma voz:
_ “No rosto não... ” _ era a senha.
_ “... Para não estragar o velório”. _ Harry disse a contra-senha. Rony estava ao seu lado, sob Feitiço de Desilusão.
_Lisandro! Mas o que houve? _ perguntou um dos cinco bandidos.
_Nada, comparado ao que ainda vai haver! _ disse Harry, mudando sua aparência para a de um homem mais alto, vestido com um macacão de Lycra preto e usando a máscara grega da Tragédia. Ao mesmo tempo, Rony tornou-se visível, também vestido de forma semelhante, mas com a máscara da Comédia. A luta começou.
Os trouxas avançaram, de facas em punho (não poderiam usar armas de fogo para não chamar a atenção). Rony fez a primeira delas saltar para longe, com um bem aplicado Mawashi-geri. Em seguida, bradou: “Estupefaça” e o bandido ficou no chão. Outro atacou e foi logo contido por um bloqueio de antebraço, que evoluiu para uma chave, que só afrouxou quando ouviu-se o estalar dos ossos quebrados e a faca caiu de sua mão. O terceiro tentou fugir, mas foi sedado por um arranhão provocado por uma Dyu-po Shuriken, que feriu-o no dorso.
Harry cuidou logo dos dois bruxos. O primeiro foi imobilizado por cordas conjuradas e estuporado. O segundo sofreu um pouco mais.
O bruxo do Círculo estava prestes a injetar em Camille a dose de heroína que iria deixá-la incapacitada, quando seu punho quebrou-se e a seringa voou longe, com a força do chute de Harry. Ele ainda tentou sacar a varinha com a outra mão, mas foi atingido por outro chute no flanco, que o fez cair dobrado, a varinha fora do seu alcance. Harry pisou na varinha do bandido, quebrando-a em duas partes.
_Seu lixo humano! Escória da Bruxidade! Vai arrepender-se do que fez!
Embora dolorido, o bruxo ainda avançou para Harry, mas ele apontou sua varinha e colocou-o fora de combate.
_ “Crucio”! _ o bandido sentiu a maior dor de sua vida. Harry suspendeu a maldição após poucos segundos, os quais pareceram uma eternidade para ele, que ficou no chão, nauseado e suando frio _ Os bruxos das Trevas dizem que é preciso querer causar a dor, para que a Cruciatus dê certo. Bem, depois de tudo o que vocês fizeram e do que eu acabei de ver, eu quis fazer isso, eu quis que você sofresse.
_Pegou pesado, hein? Será que usar Maldição Cruciatus nesse cara não foi um pouco de exagero? E acho que já ouvi isso em algum lugar. _ comentou Rony, depois que todos os bandidos estavam incapacitados e o que tivera seu braço quebrado estava com ele imobilizado por talas conjuradas. Então, Harry lembrou-se de que dissera a mesma coisa a Bellatrix, durante a batalha de Azkaban, quando haviam ido resgatar Janine, que havia sido capturada pelos Death Eaters _ Aliás, seu estilo de luta lembra muito o de Harry Potter.
_Harry me ensinou Ninjutsu-Bruxo. E, quanto à Maldição Cruciatus... bem..., não dá para fazer omelete sem quebrar os ovos.
_Sem contar que o cara mereceu. _ dise Rony, lembrando-se do quanto estimava Camille e os outros “Novos Inseparáveis”, que haviam ingressado em Hogwarts quando ele estava no sétimo ano e houveram os fatos que culminaram na derrota e Seppuku de Lord Voldemort na ilha sagrada de Avalon e no desmascaramento de Venom, no baile de formatura. Camille, Tetsuken, Heiko, Stuart, Jemail e Amanda eram pessoas muito caras a ele.
_ “Banshee”, faça como combinamos. Leve a Sra. Musashi para o Hospital Bruxo Negrinho do Pastoreio e peça para iniciarem um tratamento com Poção de “Centelha Arco-Íris”. _ disse Harry, seu sangue fervendo de raiva ao ver as marcas das picadas nos braços de Camille _ Logo ela estará livre de qualquer risco de dependência e um pouco de Essência de Murtisco dará um jeito nas marcas. O crédito pelo sucesso da missão será seu. Apenas o Chefe da Seção de Aurores, Kingsley Shacklebolt, deverá saber da minha participação.
_Está bem, “Homem-Névoa”. E, com isso, fechamos mais uma rota de tráfico do Círculo Sombrio. Se não me engano, contando com o que você já fez, eles estão acabados nesse ramo. E agora, o que você fará?
_Verei onde mais eu poderei atingir o Círculo e pretendo algo para desmascarar o maior espião de “Escuridão” nos serviços de segurança trouxas.
_O tal de “Mantis”?
_Exatamente. E já sei quando será.
_Quando?
_Daqui a uma semana, no julgamento de Draco Malfoy.
_Por que exatamente lá, “Homem-Névoa”? _ perguntou Rony. Se você tem a informação, não seria mais fácil entregá-la e deixar que prendessem o cara?
_Não, “Banshee”. Não surtiria o efeito necessário. Será preciso que a revelação seja bombástica e pública, frente à Bruxidade e aos trouxas. Sei que Draco Malfoy será julgado pelo “Rito dos Cinco”, porque o crime do qual ele é acusado afeta bruxos e trouxas.
_Sim, um colegiado de quatro juízes, sendo dois bruxos e dois trouxas, com o Ministro da Magia tendo de dar o “Voto de Minerva”. Será uma grande responsabilidade para o Ministro Weasley.
_Realmente. Arthur Weasley deverá dar um exemplo de isenção, caso tenha de desempatar a votação. O fato de Draco ser amigo da família não poderá pesar.
_Estou certo de que ele fará o melhor. Bem, eu vou indo então. Levarei A Sra. Musashi para o Hospital Negrinho do Pastoreio, para um tratamento com “Centelha Arco-Íris” e depois acompanhá-la a Nova York, para devolvê-la em segurança ao seu marido.
_Tetsuken? Você...você vai me levar de v-volta para ele? Para meu marido? _ disse Camille, com a voz já um pouco mais firme e o olhar menos desfocado.
_Sim, Sra. Musashi. _ disse Rony _ Vou te levar de volta para ele, mas antes temos de tirar o veneno que aqueles nojentos colocaram dentro de você.
_Eles me injetavam doses baixas, para que eu não tentasse atacá-los, mantendo-me sempre em um estado de estupor parcial. Acho que eu já devo estar dependente, mais do que nunca precisando de um tratamento. E vocês dois me salvaram. Quem são vocês?
_Eu não deveria dizer, mas sou “Banshee”, dos “Camaleões-Fantasmas”. Recebi a informação de que você estava sendo mantida cativa aqui e vim para tentar resgatá-la.
_E eu estou atacando o Círculo de forma independente, Sra. Musashi. A Bruxidade me chama de “Homem-Névoa”. _ disse Harry.
_Soube de alguma coisa a seu respeito, antes que me seqüestrassem. Você está atacando o Círculo por conta própria, não é?
_Estou. Como foi que te pegaram, Sra. Musashi?
_Eu estava em São Paulo, no Morumbi Shopping. Quando entrei no banheiro, uma menininha me arranhou com um brinquedo e eu apaguei. Ela deve ter usado algum tipo de sedativo Ninja, como os que Harry e os Inseparáveis usaram, no passado. Então, me trouxeram para Porto Alegre e me mantiveram prisioneira naquele apartamento e em outros mais pela cidade. Já fiquei em uma casinha na Vila Cruzeiro do Sul, outra na Restinga, um apartamento no Sarandi, outro no Centro e agora neste aqui.
_Agora você está salva. Bem, vamos. _ disse Rony _ Muito obrigado, “Homem-Névoa”.
Rony e Camille desaparataram para o Hospital Bruxo Negrinho do Pastoreio. Harry voltou para o seu hotel. No dia seguinte, fechou a conta e retornou para Londres, desta vez de Chave de Portal. Chegando à Inglaterra, desaparatou para Godric’s Hollow, diretamente para o Centro de Treinamento Subterrâneo da Mansão Potter, onde estabelecera sua base de operações. Tomou um banho, preparou uma pequena refeição e, enquanto saboreava um Espresso, examinava o exemplar do Necronomicon que tirara do campo de papoulas de Mandalay. As informações eram preciosíssimas, os feitiços eram da mais alta potência, muitos deles desconhecidos da Bruxidade atual. Haviam também no livro, conhecimentos sobre civilizações antiqüíssimas, objetos mágicos desaparecidos e lugares místicos ignorados pela maioria dos bruxos, embora houvessem pesquisadores e historiadores que os buscavam, inclusive os da Fundação Athena, com a qual Janine colaborava. Quando chegou a uma determinada página, viu que “Escuridão” havia marcado a informação com tinta vermelha e colocado a anotação “Importância Crucial” e começou a lê-la. Quando viu do que se tratava, quase engasgou com o seu café. Percebendo que alguém estava entrando no Centro de Treinamento Subterrâneo, apagou as luzes e escondeu-se. A pessoa entrou e acendeu as luzes. Harry ficou tranqüilo, pois viu que era Gina.
_Oi, minha vassourinha despenteada. Fez uma boa viagem?
_Excelente e muito produtiva, minha pequena leoa. _ respondeu Harry, beijando a esposa _ E as crianças?
_Estão dormindo, meu amor. _ disse Gina, como se Harry tivesse voltado de uma viagem sem importância e não estivesse oficialmente morto _ Eu estava tomando uma última xícara de chá, antes de ir dormir. Então senti uma pequena explosão do seu Ki e julguei que você pudesse estar aqui em baixo. O que houve?
_Eu estava lendo o Necronomicon, aquele exemplar que eu peguei em Myanmar. Quando eu vi um determinado assunto, o qual tinha uma anotação do próprio “Escuridão”, fiquei espantado e acho que tive uma explosão de Ki, essa que você captou.
_E o que “Escuridão” destacaria nesse livro?
_Veja o que é, Gina.
_Grande Merlin! _ exclamou Gina _ Você acha que “Escuridão” pretende...
_Tenho praticamente certeza, Gina. Ele seria capaz disso, sim. E eu acho que essa deve ser uma das razões do Círculo estar atrás do Necronomicon, se não for a principal delas.
_Então Dumbledore tem de ser avisado! Ele precisa saber disso!
_Ele será avisado, Gina. Mas só depois do desmascaramento de “Mantis”, que eu pretendo executar durante o julgamento de Draco.
_Será daqui a uma semana. Mas o Círculo não irá movimentar-se nesse sentido?
_Tenho certeza de que não, Gina. Eles estão lambendo as feridas, depois dos golpes que levaram. A prioridade, no momento, será desmascarar “Mantis”.
_E aquele monstro do Pieterzoon receberá o que merece. _ disse Gina, com uma expressão séria no rosto _ Conto com você para isso, meu amor.
_Não se preocupe. Ele estará fazendo parte da acusação, eu já soube. Seu desmascaramento será algo de espetacular e decisivo. Depois disso, poderei “voltar à vida” e passar a informação a Dumbledore.

Qual seria a informação que Harry Potter havia encontrado no volume do Necronomicon?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Harry Potter e o Círculo Sombrio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.