Harry Potter e o Círculo Sombrio escrita por JMFlamel


Capítulo 17
O ARRISCADO PLANO DE HARRY POTTER




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CAPÍTULO 16

O ARRISCADO PLANO DE HARRY POTTER







O plano de Harry havia dado certo e continuava dando. Ele havia simulado os efeitos do sedativo para ser capturado e levado para a base de operações do Círculo na Europa, que ele sabia ser em Amsterdam e tentar descobrir a identidade de “Mantis”, no que obtivera sucesso. Sabia, também, que “Escuridão” iria querer brincar com ele, humilhá-lo e degradá-lo durante a tentativa de obtenção de informações antes de matá-lo, fazendo o mesmo que fizeram com Anya. Antecipando esse fato, Harry tomara suas providências para neutralizar essa ação, o que tornara-se possível devido a algo que ocorrera há algum tempo e do que ele fizera segredo até que chegasse o momento apropriado de utilizar.
Ele não tinha certeza se era pelos seus próprios poderes, se era pelos perigos que já havia passado em sua vida, se pelo desenvolvimento do seu Ki, aliado ao treinamento Ninja ou se por todos esses fatores e mais alguns, mas o fato é que ele não era mais dependente da varinha para canalizar seus poderes e utilizar a magia. E não era apenas com feitiços simples, como já havia visto outros bruxos fazerem, inclusive Sirius, Lupin e mesmo Dumbledore e Voldemort, esses dois últimos com feitiços bastante complexos. Mas com ele era diferente.
Ele descobriu que podia executar quaisquer feitiços, encantamentos, azarações ou mesmo maldições apenas com a força de sua mente, sem que fosse preciso mesmo realizar movimentos de mão ou pronunciar as fórmulas, realizando-os de forma não-verbal. Fora assim que o bruxo fizera algo que nenhum dos membros do Círculo havia percebido: Harry Potter havia simplesmente transubstanciado a heroína da seringa em um salutar complexo de vitaminas. Era apenas uma pequena prova de algo que Harry mantinha em segredo, até mesmo para Dumbledore. O fato de que ele tornara-se um Magid, um mago poderosíssimo, capaz de coisas fantásticas, uma espécie raríssima de bruxo.

_Para que isso, “π”? _ perguntou Harry, estranhando a manifestação emocionada da informante.
_Desculpe, Harry. _ disse “π”, enxugando as lágrimas _ Mas é que nesses anos trabalhando como informante para você eu o sinto cada vez mais como um amigo e como alguém que tem todas as condições para destruir de vez com essa corja e não podemos nos dar ao luxo de perdê-lo. Além disso, eu...
_Não me diga que apaixonou-se por mim, “π”? _ perguntou o bruxo, entre preocupado e divertido.
_Engraçadinho. _ disse “π “, sorrindo para ele e afastando-se um pouco, sentando-se na poltrona ao lado da cama _ Em perigo mortal e ainda tem presença de espírito para brincar. Não, Harry, eu não me apaixonei. Mas não posso dizer que nunca senti atração por você e que, depois de todo esse tempo de convivência sendo seu contato para passar informações aos Aurores, não vim a gostar de você como um amigo, isso já há tempos, desde os dias... sinto muito, mas não posso falar mais nada sobre esse assunto. Se eu dissesse mais, comprometeria minha posição.
_Você fala como se me conhecesse há bastante tempo, “π”.
_Pode ser que sim, Harry. Afinal de contas, toda a Bruxidade o conhece.
_Não vou insistir, “π”. Mas um dia...
_... Quando tudo isso terminar, Harry, eu revelarei minha identidade. Só posso dizer que será algo que irá deixá-lo espantado. No momento, basta dizer que eu estou realmente do seu lado e que continuarei repassando as informações para os Aurores, mas agora não sei para quem. Quem poderia ser tão confiável quanto você?
_Há uma pessoa de quem ninguém suspeitaria, embora já tenha me ajudado em várias missões, mesmo sem ser um Auror. É Ronald Weasley.
_O Chefe da Divisão de Quadribol do Departamento de Esportes Mágicos? Seu cunhado?
_Ele mesmo. Ele poderá fazer com que qualquer informação chegue a Shacklebolt e aos Aurores.
_Está bem, Harry. Tome cuidado. _ “π” apertou as mãos de Harry nas suas e saiu do quarto, deixando Harry meio intrigado (“Por que será que eu não consigo me livrar da sensação de que já conheço ‘π’ há bastante tempo? Sei apenas que ela é mulher, devido à vibração basal do Ki, mas ela o mantém constantemente rebaixado, a um nível que torna impossível qualquer tentativa de identificação. E essa emoção toda... eu não ficaria admirado se ‘π’ fosse alguma antiga contemporânea de Hogwarts. Mas quem? Bom, é melhor dar prosseguimento aos meus planos. Depois me preocupo com isso”, pensou ele).
Realmente, seu plano era arriscadíssimo. A menor falha e ele correria o risco de tornar-se dependente, tal como Anya. Por essa razão, ele havia tomado também as cápsulas contendo a forma desidratada da criação de Neville, a Poção de “Centelha Arco-íris”, embora a transubstanciação tivesse sido bem-sucedida. Com aquilo enganaria “Escuridão”, bastando fazer bem o seu teatrinho, simulando a ansiedade de um viciado e, quando chegasse o momento... bem, ele sabia o que teria de fazer.

Naquele meio tempo, “π” não havia ficado parada. Desaparatara para Londres e fizera contato com Rony, como se fosse um representante da Divisão de Quadribol do Ministério Búlgaro, amigo de Viktor Krum. Encontraram-se na Harrod’s, onde Rony estava comprando uma colônia para Hermione.
_Sr. Weasley?
_Sim?
_ “A Soma de Todos os Medos é sempre um Perigo Real e Imediato”.
_ “E uma Caçada ao Outubro Vermelho pode fazer parte dos Jogos Patrióticos”. Bom dia, “π”. Quando você me disse que Harry havia sido capturado pelo Círculo eu fiquei preocupado. Mas você me contou que tudo era parte de um plano dele. _ disse o ruivo.
_Exatamente, Sr. Weasley.
_Pode me chamar de Rony. _ disse ele, executando um Feitiço de Privacidade para resguardar a conversa _ Mas, ainda assim, ele está se arriscando.
_Eu sei, Rony. A menor falha e ele poderá morrer. Eu me preocupo com ele, pois Harry Potter é fundamental para que o Círculo receba um golpe bastante forte. Mas a derrota final de “Escuridão” dependerá de um grande esforço conjunto, para o qual os Inseparáveis serão muito importantes.
_Salvar o mundo do mal, novamente. Foi assim nos dias de Lord Voldemort e parece que a coisa vai repetir-se uma vez mais. Não importa que a gente neutralize um louco...
_... Que logo aparece um outro. _ completou “π” _ Mas vocês não devem fazer nada para tentarem resgatar Harry. A menor ação por parte dos Aurores ou da InterSec colocará todos os planos de Harry em risco. A melhor coisa a se fazer é tentar enganar o Círculo, engajando-se em outras ações. Eu continuarei com o meu papel de informante, além de velar pela segurança de Harry na medida do possível, embora ele esteja plenamente capaz de se cuidar. E ele me pediu que lhe dissesse algo.
_E o que é?
_Que vocês não devem prender-se apenas às aparências. Nem sempre o que vocês podem ver é o que realmente é.
_Bem típico de Harry. Então nós faremos contato sempre que houver algo de importante?
_Sim. E Harry também pediu para que não perguntassem nada sobre ele ou seus planos. Quanto menos se souber, melhor. Sempre mandarei para você a senha de reconhecimento e a aparência que deveremos utilizar. Sei que você não terá dificuldade, pois é tão bom quanto um Auror em Transfiguração Pessoal Completa. Aliás, não sei por que você não foi para a Academia.
_Minha área é o esporte. _ disse Rony. O que “π” pensaria, se soubesse que ele, o divertido ex-goleiro dos Chudley Cannons, Ronald Bilius Weasley era “Banshee”, o “Camaleão-Fantasma”? Ninguém imaginaria isso _ Harry é quem tem mais aptidão para esse trabalho de 007. Se bem que já passamos por tanta coisa.
_Sei, desde que se conheceram. Cinco anos de inimizade com Draco Malfoy, até que houveram os fatos de seu sexto ano, vários planos de Voldemort frustrados por vocês, a AD, os Inseparáveis, coisas para encher livros. Bem, creio que este nosso encontro preliminar foi proveitoso. Vamos nos ver, sempre que for preciso. Um bom dia, Rony.
_Bom dia, “π”. _ e ambos tomaram seus destinos (“Será que Rony Weasley sabe de algumas coisas que eu sei? Talvez sim, talvez não... mas não é o momento de revelá-las”, pensou a bruxa, antes de desaparatar).

Nos dias que se seguiram, os Aurores engajaram-se em outras operações, a fim de não alertarem o Círculo Sombrio, seguindo as orientações que Rony transmitira a Shacklebolt. Mas mesmo com toda a confiança que tinha em Harry, o ruivo sabia que seu cunhado e melhor amigo estava com a vida por um fio e que qualquer deslize poderia ser fatal. Como o próprio Harry já o prevenira.

Os outros bruxos continuavam a levar suas vidas, a imensa maioria sem saber o que estava acontecendo com Harry e era melhor assim. Roger Davies e Michael Corner continuavam seu trabalho para prepararem a defesa de Draco Malfoy, com a data do julgamento aproximando-se cada vez mais. Já haviam reunido um bom material, inclusive com algumas coisas que Harry providenciara para que chegassem indiretamente às mãos dos brilhantes advogados bruxos.
_Mike, veja só isto aqui. _ disse Roger.
_O que é, Rog? _ perguntou Michael, curioso.
_Parece que encontramos ouro, cara. Veja esses relatórios de viagens, dando a entender que Draco estava fora do país nessas datas.
_Caracas, Rog! As datas não batem, pois há fontes seguras comprovando que Draco estava em Londres naqueles dias. E veja só isto! A Sra. Highsmith acabou de trazer, junto com o restante da correspondência de hoje. Um envelope anônimo, contendo um DVD trouxa, com um aviso: “Vejam e guardem. Esta prova inocenta Draco Malfoy, incontestavelmente.”. _ assistiram ao DVD e, por segurança, fizeram três cópias. Depois daquilo, guardaram-no e às cópias, em lugares bastante seguros. Em seguida, Roger foi ao bar e serviu duas taças de vinho dos elfos, entregando uma a Michael.
_À absolvição de Draco. _ disse Roger Davies.
_À absolvição de Draco. _ respondeu Michael Corner. Os amigos e sócios tocaram as taças, em um brinde.

Sexta-feira em Hogwarts. As aulas do dia já haviam terminado e, na cabana de Hagrid, encontramos um simpático grupo a tomar chá, como convidados do professor de Trato das Criaturas Mágicas. Graças ao casamento com Olímpia Maxime, os dotes culinários do meio-gigante haviam melhorado muito, pelo que seus convidados agradeciam. Já não era mais necessário ir procurar Madame Pomfrey após mastigar os bolinhos de Hagrid. Estavam ali uma garota do terceiro ano, Soraya Zaidan Black; três jovens do segundo, Adriano Sandoval Malfoy, Nereida McTaggert Snape e Clifford Granger Weasley e mais dois do primeiro, Vicenzo Zabini Marino e Larissa Bulstrode Wiesenthal.
_Parece que foi ontem que os pais de alguns de vocês ocupavam essas mesmas cadeiras, tomando chá comigo depois das aulas. _ disse Hagrid, olhando para os jovens à sua volta _ E eles marcaram sua passagem por Hogwarts, principalmente Sirius, Rosmerta, Hermione, Rony e Draco, em suas próprias épocas. Milly e Blaise não costumavam vir, pois fingiam ser das Trevas e mesmo Draco só começou a mudar no sexto ano.
_Meu pai aprontava bastante na sua época de estudante, foi o que minha mãe disse. _ comentou Soraya.
_É, ele e os outros Marotos. E uma das vítimas preferidas era o meu pai. _ disse Nereida, lembrando-se de algumas coisas que Snape lhe contara.
_Mas também sobrava bastante para o meu avô. _ disse Adriano.
_Outros tempos, gente. Sem querer ofender, Adriano, mas o seu avô, Lucius Malfoy, entregou-se às Trevas de livre vontade. _ disse Hagrid.
_Eu sei, Hagrid. Ele era o segundo em comando de Voldemort. Ainda bem que meu pai conheceu minha mãe e rompeu com as Trevas.
_E o meu passou anos infiltrado entre os Death Eaters, como espião para a Ordem da Fênix. _ disse Nereida _ Só não entendo como e nem por que as Marcas Negras desapareceram dos seus antebraços.
_Acho que elas estavam ligadas a Voldemort, Nereida. Após a sua morte, elas evaporaram-se. _ disse Cliff _ Minha mãe me explicou outro dia.
_E vocês podem acreditar, crianças, que foi uma sensação de alívio indescritível, embora a dor tenha sido bem forte. _ ouviu-se uma voz e as crianças viraram-se em sua direção.
_Boa tarde, pai. _ disse Nereida, levantando-se. Severo Snape aproximou-se e abraçou sua filha.
_Boa tarde, Nereida, crianças. Boa tarde, Rubeo.
_Boa tarde, Prof. Snape. _ responderam os outros.
_Não está expondo as crianças a nenhuma das “adoráveis criaturas” que você conhece, não é, Sr. Rubeo Hagrid? _ perguntou Snape, com um meio sorriso.
_Não, Prof. Snape. _ disse Cliff. Nada mais perigoso do que um testrálio, embora não possamos vê-los.
_Sim, Sr. Weasley, pois só quem já viu a morte pode enxergá-los. Sua aparência lembra um cruzamento de cavalo com dragão, sendo que são bastante fortes, velozes e fiéis. E os trouxas não podem vê-los, sendo que a única exceção conhecida é...
_Minha mãe. _ disse Adriano _ “A-Trouxa-Que-Virou-Bruxa”.
_Exatamente. _ comentou Hagrid _ Janine podia ver criaturas mágicas desde criança, mesmo antes de manifestar magia. Mas quanto às criaturas, bem, as acromântulas debandaram da floresta, depois da morte de Aragogue e os explosivins foram todos recolhidos pelo Ministério, para estudo. Não é qualquer um que consegue cruzar Manticores com Caranguejos-de-Fogo com sucesso (o meio-gigante não conseguiu disfarçar uma ponta de orgulho ao fazer esse comentário). Mas, para essa turminha especial, eu tenho mostrado Unicórnios, Crupes, Seburrelhos, Pelúcios, Amassos, etc.
_E quanto ao hipogrifo Bicuço? _ perguntou Snape e quem respondeu foi Larissa:
_Vive aqui na floresta, Prof. Snape. E está bem manso e acostumado com os alunos. _ disse a loirinha.
_Chá, Severo? _ perguntou Hagrid.
_Sim, Rubeo. Obrigado. _ disse Snape e Hagrid serviu-lhe uma xícara. Ele tomou um gole e pousou a xícara sobre o pires _ Rubeo, preciso conversar com você, sobre os últimos detalhes referentes ao aviso que o Potter me mandou.
_Então vamos deixá-los para que possam discutir o assunto com mais privacidade. Boa tarde, professores. _ disse Vicenzo e as crianças levantaram-se, preparando-se para irem embora.
_Obrigado, crianças. Boa tarde _ disse Snape. Os alunos retiraram-se e os dois bruxos começaram a conversar, até que instantes depois...
_FECHEM AS PORTAS E JANELAS, RÁPIDO! _ gritou Larissa, praticamente jogando-se para dentro da cabana, juntamente com os outros. Alguns insetos entraram junto com eles e, ao verem o que eram, os dois bruxos adultos rapidamente sacaram suas varinhas e fecharam magicamente as portas e janelas da cabana de Hagrid. Os cinco ou seis insetos que entraram foram detidos por Feitiços Imobilizadores lançados por Vicenzo, Adriano e Soraya, em seguida sendo fechados em frascos. Nereida tinha um rasgão na manga de sua blusa, deixando entrever um ferimento que sangrava um pouco.
_ “Hemostatikós”! _ ela estancou o sangue e fechou o ferimento com um Feitiço Hemostático, em seguida dizendo “Reparo” e consertando o rasgão na blusa.
_O que aconteceu, Nereida? – perguntou Snape, olhando para o ferimento no braço de sua filha, magicamente cicatrizado e sem marcas.
_Uma coisa muito estranha, pai. Havíamos acabado de sair, quando vimos uma nuvem de insetos, gafanhotos, para ser mais exata. Pela lógica, eles deveriam direcionar-se para as estufas e hortas, mas vimos que vinham direto para cá.
_Eles ignoraram quaisquer vegetais e, como estávamos no caminho, avançaram para nós. _ disse Soraya.
_Executamos Feitiços Escudo, mas não antes que um deles tivesse pousado no meu braço e me dado uma mordida. _ continuou Nereida _ Achei a coisa mais estranha do mundo, pois até onde sabemos os gafanhotos são herbívoros. Podem devastar uma plantação, mas não fazem nada contra animais ou pessoas.
_Então, corremos para cá, a fim de avisá-los. Alguns entraram conosco, esses que acabamos de imobilizar. Mas, como o resto da Bruxidade, eu julgava que estivessem extintos. _ disse Cliff.
_Como assim, Cliff? _ perguntou Adriano.
_Eu li sobre eles em um livro da minha mãe. Essa espécie de gafanhotos não existe mais.
_Foram extintos, há cerca de três mil anos atrás, se não me engano, por um grupo de bruxos Hebreus. _ disse Hagrid _ Jamais pensei que veria um deles vivo.
_Você os conhece, Hagrid? _ perguntou Larissa.
_Só de desenhos em livros, Larissa. Essa era a única espécie de gafanhotos carnívora do mundo. Já dá para ver porque tanto se lutou para extingui-los, até que conseguiram.
_ “Calephora calvariaventer”! _ disse Cliff.
_Exato. _ concordou o meio-gigante _ Você prova muito bem que é filho de Hermione.
_Por que esse nome, Cliff? _ perguntou Soraya.
_Veja o desenho no ventre deles, Soraya. Reproduz, com perfeição, a figura de uma caveira. Mas como podem estar aqui? Além de ser uma espécie extinta, eram típicos de climas quentes, sendo comuns na África e Oriente Médio. O que estariam fazendo aqui, na Grã-Bretanha?
_O Necronomicon... _ murmurou Vicenzo.
_O quê? _ perguntou Snape _ Você sabe do Necronomicon, Sr. Marino? Mas como?
_Primeiro eu pensava, como quase todo o restante da Bruxidade e dos trouxas, que os sete volumes fossem apenas uma lenda, uma invenção de Howard Phillips Lovecraft. Mas depois vi que não. Pediram a mim e a Larissa que mantivéssemos segredo disso, mas agora eu preciso dizer: Em Paraty, há algum tempo atrás, recebemos na pousada a visita do Tio Harry e do Tio Rony. Eu e Larissa xeretamos a conversa com Orelhas Remotas e descobrimos que um dos sete livros havia aparecido na destilaria do Tio Daniel. Ele, juntamente com Tia Milly, minha mãe, Tio Harry e Tio Rony foram para lá e lutaram contra um esquadrão de asssalto do Círculo Sombrio. Nós fomos atrás deles, com Chicletes de Fuga e ajudamos na conquista do volume, sendo que eu fui atingido de raspão por um Sectumsempra e o Tio Harry me salvou, com Feitiços de Primeiros Socorros e Poção de Ditamno. Depois, me levou para o Hospital Bruxo Luz de Iemanjá, em Angra dos Reis. O que quero dizer é que, se o Necronomicon é real, pode haver nele algum feitiço que tenha permitido a “Sombra & Escuridão” recriar uma espécie de inseto já extinta.
_Você está certo, Vicenzo. _ disse Cliff _ E eu vou mais além. Esses gafanhotos devem ser “Arbeh”, a oitava Praga do “Eser Ha-Makot”. Os bandidos do Círculo estão praticando atentados baseados nas Dez Pragas, sendo que a primeira delas deveria atingir minha mãe, mas atingiu a Profª Sprout. Depois, morreram Rita Skeeter e o Prof. Flitwick. Em seguida, Mundungus Fletcher, todo picado de abelhas.
_Depois houveram aqueles três eventos esquisitos em Azkaban, onde morreram os prisioneiros Pettigrew, Sibila, Amycus Carrow, Crabbe, Goyle, Jugson e mais o editor do Pasquim, Nigel Lovegood, pai de Luna, que havia ido lá para entrevistá-los. _ comentou Hagrid _ Sim, faz sentido. Você é bem o filho de sua mãe, Cliff. Sempre encontra um livro com a explicação adequada.
_E depois aquele Granizo Flamejante, que quase matou a minha mãe! Sim, é a seqüência das Pragas. _ disse Adriano _ e sua mãe e Sirius ainda foram um pouco atingidos, Cliff.
_Isso significa que um de nós, dentro desta sala, é o alvo do “Arbeh”, mas quem? _ perguntou Nereida.
_Sou eu, minha filha. _ disse Snape _ Parece que o Círculo descobriu a contribuição que dei para a descoberta de uma vacina contra o vírus “Inferno 300” e resolveu mandar seu recado, para dizer que “Sombra & Escuridão” não gostaram muito. Potter me mandou um aviso e eu comecei a preparar uma Poção Repelente, mas ela ainda não está concluída. Como Rubeo é um perito na fisiologia de criaturas mágicas, ele estava colaborando comigo. Infelizmente, o Círculo Sombrio adiantou-se e agora não temos como repelir esses bichos. Não dá para convocar o material, pois há coisas que estão fixas no meu laboratório. E, como vocês estão aqui comigo, correm o risco de também tornarem-se vítimas da Praga, sendo atacados pelos gafanhotos.
_Temos de pensar em alguma coisa. _ disse Soraya. Bem, vamos ver se nos lembramos de como os trouxas repelem gafanhotos comuns.
_Eles tentam utilizar barulho... _ comentou Larissa.
_... E, às vezes, fogo. _ completou Adriano _ Poderíamos tentar queimá-los com Feitiços de Chama. Mas a cabana não fica longe da orla da floresta o bastante para que pudéssemos fazê-lo sem risco de atingir as árvores.
_Essa espécie de gafanhotos é muito resistente ao fogo, minha gente. _ disse Hagrid. _ Poderíamos incendiar toda a Floresta Proibida e o dano neles ainda não seria suficiente.
_Ainda mais que devem haver alguns milhares daqueles bichos ali fora, pessoal. _ disse Nereida, após olhar por uma fresta de uma das janelas da cabana.
_Mas, e se utilizássemos fogo e gelo? _ perguntou Cliff.
_Como assim, Cliff? _ perguntou Vicenzo.
_Sim, Sr. Weasley. _ perguntou Snape _ O que o senhor está pretendendo?
_Bem, Prof. Snape, embora esses gafanhotos sejam criaturas fantásticas e resistentes a altas temperaturas, eles são, como quaisquer seres, constituídos de matéria e portanto sujeitos às leis da Física. Há coisas que nem mesmo a magia pode mudar. A maior parte dos bruxos nem se dá conta disso, ignora a Física por ela ser uma ciência predominantemente trouxa. Mas minha mãe insistiu para que eu tivesse algum conhecimento dos fundamentos de ciências mais trouxas. Inclusive, todos nós aprendemos alguma coisa, antes de virmos para Hogwarts.
_Acho que sei onde você está querendo chegar, Cliff. _ e Adriano abriu um sorriso _ Princípios de Termologia? Uma aula que tivemos com vovó Marilise?
_Exatamente. O que aconteceria se esses gafanhotos carnívoros fossem submetidos a um calor intenso...
_... E fossem depois rapidamente congelados, submetidos a um frio repentino! _ exclamou Soraya _ Mas é claro, Cliff! Por mais resistentes que eles sejam...
_... Não sobreviveriam ao choque térmico. _ disse Hagrid, ficando animado, mas logo levantando um óbice ao plano _ Só que teríamos de pegar todos de uma vez.
_E para isso, precisaríamos que eles estivessem aglomerados. Mas, para que se aglomerassem, precisariam estar em torno de sua vítima, o que significa que deverão estar em torno de mim. _ disse Snape _ Eu não me importo de servir de isca, mas há algumas dificuldades.
_É verdade, pai. _ comentou Nereida _ A alta temperatura iria matá-lo junto com os gafanhotos.
_A não ser que eu usasse algum feitiço ou... _ e Snape deixou a frase na metade.
_... Alguma roupa especial que o protegesse. _ disse Larissa, cujos olhos azuis, iguais aos de sua mãe, brilhavam _ Mas teria de ser...
_De amianto. _ disse Snape _ Uma fibra mineral que os bombeiros trouxas utilizam em suas roupas de proteção, quando estão apagando incêndios.
_Os bombeiros trouxas agora utilizam também uma outra fibra em seus macacões, Prof. Snape. Ela chama-se “Nomex”. _ disse Adriano.
_Sim, já ouvi falar desse material. Parece que pilotos de aeronaves militares trouxas também a usam nos seus macacões de vôo. Acho que dá para tentar.
_Tentar o que, Severo? _ perguntou Hagrid.
_Conjurar uma roupa protetora. Desde que o material exista, será possível recriá-lo através de um Feitiço Conjuratório, quer seja do nada, quer seja a partir de algum outro tecido.
_Terá de ser muito resistente, pai. As temperaturas serão bastante altas e depois o resfriamento será instantâneo. _ disse Nereida, preocupada.
_A roupa também teria de ser resistente às mordidas dos insetos, Prof. Snape. _ comentou Adriano, conjurando uma folha de pergaminho e um lápis, fazendo um desenho _ Ela precisaria possuir duas camadas. Uma delas interna, em um tecido resistente, tipo uma lona de média espessura. A camada externa seria do tecido resistente ao fogo, o tecido de fibras de amianto ou de Nomex.
_Ou de ambos. _ disse Snape.
_Sim, claro, Prof. Snape! _ exclamou Larissa _ Com duas camadas de tecido isolante, potencializado com um bom Feitiço Escudo, a roupa poderá protegê-lo por mais tempo, até que possamos destruir esses gafanhotos.
_Então, mãos à obra, crianças. _ Severo Snape concentrou-se e apontou sua varinha para uma manta na cama de Hagrid, dizendo: “Vera verto”. Em um instante, no lugar da manta o que havia sobre a cama era um macacão cinzento, com um capuz fechado, bem do número dele.
_Beleza! _ disse Adriano, examinando o macacão _ Camada interna de lona, para resistir aos gafanhotos, uma camada de Nomex e uma de amianto. Acho que vai dar certo.
_Terá de dar, Adriano. _ disse Nereida _ É o meu pai que vai ficar dentro dele, exposto àquelas criaturas mortais.
_Bem, se temos de colocar isso em prática, que seja agora, antes que eu mude de idéia. _ brincou Snape, vestindo o macacão _ Vocês todos sabem executar Feitiços de Chama e de Congelamento, eu espero.
_Sim, professor. Todos nós sabemos, inclusive eu e Larissa, mesmo que sejamos do primeiro ano. _ disse Vicenzo, sacando a varinha.
_Então vou dar-lhes uma instrução intensiva dos feitiços que vocês terão de utilizar. _ e Severo Snape ensinou às crianças os feitiços que eles iriam disparar nos gafanhotos. Em seguida executou um Feitiço Cabeça-de-Bolha, a fim de garantir um suprimento de ar fresco enquanto estivesse com a roupa protetora. Colocou o capuz na cabeça e saiu rapidamente da cabana.
Mal Snape havia saído, os gafanhotos mudaram seu padrão de agrupamento, avançando em sua direção e cobrindo o Diretor da Sonserina. Começaram a morder a camada de amianto e Nomex, tentando atingir o corpo do professor. Naquele momento, Hagrid e as crianças abriram a porta da cabana e saíram. Apontaram suas varinhas para a imensa bola de gafanhotos que cobria Snape e dispararam o primeiro feitiço que ele lhes havia ensinado.
_ “Flama Solaris Ultraplusmagna” _ das varinhas saíram chamas extremamente intensas, com o calor de pequenos sóis, que atingiram os gafanhotos. Por mais resistentes que fossem, logo eles começaram a pegar fogo, deixando entrever a figura de Snape, vestido com o macacão protetor. O material estava resistindo, embora alguns furos fossem visíveis na primeira camada. Sim, o macacão resistente ao fogo estava agüentando, mas até onde iria sua resistência? Foi quando chegou a hora de lançar o segundo feitiço, a fim de resfriá-los.
_ “Ultracrios Subzero Polaris”! _ o Feitiço Ultracongelante foi disparado quando a bola de gafanhotos estava incandescente, com Severo Snape no seu centro. Imediatamente o que brilhava com uma tonalidade dourado-avermelhada tornou-se branco e os gafanhotos cessaram seu movimento, caindo ao chão e quebrando-se, como se tivessem sido mergulhados em nitrogênio líquido. Alguns poucos ainda resistiam e foram eliminados com Feitiços Reducto, Evanesco e uma ou outra Avada Kedavra, lançada por Hagrid e Snape, que permanecia em pé, embora suas pernas tremessem e parecessem não mais poder sustentar o seu peso. Então ele caiu, ficando estendido no chão. Mas quase todos os gafanhotos “Calephora calvariaventer” estavam mortos. Após terem sido mortos os que haviam sido anteriormente fechados nos frascos, podia-se novamente dizer que a espécie estava extinta. Aqueles frascos com os gafanhotos mortos iriam para um museu.
_PAPAI!!! _ gritou Nereida, correndo para onde Snape estava deitado, inerte. Tirou o capuz do macacão e constatou, com satisfação, que seu pai estava vivo, embora a sua pele, normalmente pálida, estivesse avermelhada, resultado do choque de temperatura ao qual fora submetido, juntamente com os nocivos gafanhotos. Se a proteção do traje não tivesse sido magicamente potencializada, Hogwarts teria perdido seu professor de Poções _ O senhor está bem? Fale comigo, papai!
_Só... não... me... peçam... para... fazer... isso... de... novo..., por... favor..., minha... gente. _ Snape sorriu para sua filha e perdeu os sentidos. Hagrid conjurou uma maca flutuante e deitou nela o professor. Em seguida conduziu-a para a ala hospitalar, onde Madame Pomfrey os recebeu, espantada. Pouco depois, Minerva McGonnagall e Alvo Dumbledore chegavam, acompanhados por Rosmerta, Hermione, Ayesha, Sirius e Janine. Deitado em um dos leitos, Snape ardia em febre. Todos estavam preocupados, mas Madame Pomfrey logo tratou de acalmá-los.
_Não se preocupem. Essa febre passará daqui a alguns minutos, pois ele acabou de tomar uma Poção Antitérmica. Vejam, ele já está voltando ao normal. “Tempermensura”! _ ela tocou a testa de Snape com a varinha.
Com efeito, a temperatura começou a baixar, conforme o registro projetado na parede. A cor de Snape também foi mudando, passando da vermelhidão para a sua cor pálida natural. Pouco depois, Severo Snape abriu os olhos.
_Severo, você está bem? _ perguntou Rosmerta.
_Sim, minha querida. Passamos por um grande aperto, mas deu tudo certo. Graças às idéias e à competência em magia de nossas crianças e de Rubeo.
_Como assim, Prof. Snape? _ perguntou Hermione.
_Seu filho, Profª Weasley, teve a idéia de submeter os gafanhotos a fogo e gelo e o jovem Sr. Malfoy, juntamente com a Srta. Wiesenthal, projetou uma roupa protetora que eu conjurei, feita de lona, amianto e Nomex. Por último, todos executaram perfeitamente fortíssimos Feitiços de Chama e Congelamento, após uma rápida instrução que eu lhes dei.
_Que gafanhotos, Severo? _ perguntou Dumbledore.
_Estes, Prof. Dumbledore. _ disse Vicenzo, mostrando ao bruxo os insetos mortos nos frascos.
_Por Merlin! _ exclamou Hermione _ “Calephora calvariaventer”! Mas eles não estavam extintos?
_Foi o que todos nós pensamos, Hermione. _ disse Hagrid _ Mas a marca da caveira está aí, no ventre deles, para quem quiser ver.
_Isso foi “Arbeh”. _ disse Snape _ Potter me mandou um aviso de que a vítima da próxima Praga do “Eser Ha-Makot” seria eu. Então comecei a criar uma Poção Repelente.
_Só que o Círculo começou a se mexer antes que o senhor a tivesse completado, não foi? _ perguntou Janine.
_Exatamente, Profª Malfoy. Ainda bem que nossas crianças são bastante inteligentes e estudaram em escolas trouxas antes de virem para Hogwarts.
_Agora é tentar antecipar como o Círculo atacará com a próxima Praga, “Chosech”. _ comentou Sirius.
_E também sabermos o que foi feito de Harry. Gina me disse que ele não manda notícias há algum tempo, desde que escreveu para ela lá de Istambul. Ela está bastante preocupada com ele. _ disse Janine _ Agora é melhor que deixemos o Prof. Snape descansar, minha gente.
_Tem razão, Jan. _ disse Hermione _ Vamos, gente. Melhoras, Prof. Snape.
_Obrigado, Profª Weasley.

Infelizmente, Harry Tiago Potter estava impossibilitado de dar quaisquer notícias.

Harry continuava prisioneiro do Círculo Sombrio, na base de operações de Amsterdam. “Escuridão” comandava as sessões de interrogatório, nas quais Pieterzoon injetava no Auror uma dose do que eles pensavam ser heroína, mas que havia sido transubstanciada em vitaminas. Sabendo que em alguns momentos era monitorado por câmeras, Harry fingia o comportamento ansioso de um viciado, em uma interpretação digna de um Oscar. O bruxo mau ficava satisfeito com as informações forjadas e sem importância que Harry lhe dava e, durante as sessões, contava a ele sobre como eram es rotas de distribuição da droga na Europa e América, bem como o envolvimento do Círculo com o tráfico de cocaína da América do Sul e América Central, inclusive contando com a tolerância e mesmo com a conivência de elementos em altos postos dos governos de alguns países. Mas o que “Escuridão” sequer desconfiava era que Harry gravava tudo aquilo em Cristais de Armazenagem que ele conjurava em cantos escondidos do cômodo no qual estivessem e que depois teletransportava para a Inglaterra. Com seus poderes de Magid, aliados à oportuna reprogramação que fizera no Sensor de Atividades Mágicas, ficava fácil fazer aquilo sem que os bandidos notassem, pois não precisava sequer fazer movimentos ou pronunciar os feitiços que usava. Sua aparência também ia modificando-se, graças a sutis alterações de Transfiguração Pessoal que ele executava, tornando seus olhos verdes mais fundos e seu rosto um pouco mais encovado. Com aquilo, ficava a impressão de que Harry estava tornando-se dependente e tolerante às doses, pois elas começaram a ficar um pouco mais freqüentes. Pouco tempo depois, a freqüência foi começando a ficar mais aleatória (“Devem estar querendo aumentar minha ansiedade, induzindo crises de abstinência. Ou isso ou ainda acham que estou resistindo. Bem, vamos continuar com minha atuação. Pena que ela não me renderá um Oscar, nem mesmo um César ou um Prêmio Moliére. Mas está convincente o bastante, eu acho. Assim como acho que a paciência de “Escuridão” está se esgotando, juntamente com a atualidade das informações falsas que eu estou fornecendo. Isso significa que a hora de ir embora está chegando, mais depressa do que eu imaginava”, pensou Harry).

“Escuridão” chegou, acompanhado de Pieterzoon, que trazia o material. Fingindo a ansiedade pela próxima dose, Harry acelerou sua respiração e induziu sudorese, enganando a todos. Com um leve tremor de mãos, pegou a seringa já com a dose, que ele prontamente transubstanciou em vitaminas, também transformando a seringa e a agulha em similares esterilizadas, como fazia dese o início, prevenindo a hipótese de que os malignos inimigos pretendessem contaminá-lo com alguma doença que pudesse ser transmitida pela circulação sanguínea (“Pensei nesse detalhe também, seus sujos”, foi o pensamento do bruxo). Mantendo sua atuação, ele estava na fase em que ele aplicava as doses em si mesmo, já preparadas. O penúltimo estágio da dependência seria ele mesmo prepará-las, o que precedia o ponto culminante, ele pedir por elas ou os malditos lhe provocarem uma Overdose. Aplicou as vitaminas e fingiu a sensação de falso prazer que a droga lhe provocaria. Já não precisava fingir inconsciência, apenas um leve torpor.
_Maldito seja você, “Escuridão”. _ disse Harry, fingindo uma voz meio pastosa.
_Ora, Harry, aproveite bem, pois essa será a última dose que você receberá. Sabe, você já está perdendo a utilidade para mim, pois o valor das informações de que você tem conhecimento está se esgotando exceto, talvez, aquela que eu mais quero e que você não tem mostrado-se disposto a dá-la a mim. Torno a perguntar: quais são as identidades de “Hawkeye”, “Tigershark” e ‘Banshee”?
_Vá para o Inferno, desgraçado! Essa informação você jamais terá da minha parte.
_Apostaria nisso, Harry Potter? E se eu resolvesse matá-lo, aqui e agora?
_Vivo, não contarei. Morto, não falarei.
_E quanto à sua família? Poderíamos atingi-los.
_Você me dá, além de nojo, vontade de rir. Primeiro, se vocês pudessem atingir qualquer membro de minha família, já o teriam feito. E sabe porque não podem? Porque não têm o poder mágico para vencerem os Feitiços de Proteção e não têm peito para aproximarem-se de uma família na qual TODOS os membros possuel treinamento Ninja ultra-avançado, podendo pressentir o perigo e contra-atacar, antes que vocês possam perceber. Vocês já tiveram o gostinho disso em Genebra e em outros lugares. Eu lhe digo, “Escuridão”, que os meus filhos Tiago e Lílian, com cerca de nove anos de idade, seriam capazes de deixar seus esbirros em maus lençóis. Que dizer então de minha esposa, Gina, que aos quinze anos fez de idiotas os Death Eaters em Azkaban e, aos dezesseis, me ajudou a destruir a última Horcrux de Voldemort?
_Maldito quatro-olhos! Parece-se ainda com o mesmo pirralho arrogante que pensava ser o máximo em Hogwarts, preferido de Dumbledore. Sua hora está para chegar e mais breve do que você pensa, Harry Potter.
“Escuridão” e “Mantis” saíram da sala e Harry foi levado para o seu quarto. Muito oportunamente ele já havia enfeitiçado a câmera para mostrar imagens sem importância, com ele deitado ou andando pelo quarto, em uma ansiedade fictícia. Ninguém desconfiaria de nada. Assim que entraram, a bruxa com a cara de Beyoncé Knowles tirou o capuz e sorriu.
_Você o irritou mesmo, hein?
_Foi proposital, “π”. _ disse Harry _ Está chegando a hora de preparar o meu caminho para fora daqui e eu não quero ficar por mais tempo do que o necessário.
_O risco é grande, Harry. Eu ouvi “Escuridão” dizer que pretendia dar o toque final dentro de dois dias.
_Ótimo, “π”. E vai ser daquele jeito mesmo?
_As providências já foram tomadas. “Escuridão” quer fazê-lo em grande estilo.
_Muito bem. Então pode avisar a Mi e pedir para que ela fique de prontidão. Afinal de contas, temos de dar a nossa contribuição para o Gran Finale.
_Você não perde mesmo o bom humor, não é, Harry?
_Depois de ter enfrentado Voldemort e seus Death Eaters por vários anos, o Círculo não me amedronta. E assim eu faço com que eles me subestimem, pensando que eu não os encaro com a prudência e a seriedade necessária. Como eu já lhe disse, “π”, eles têm a mim onde eu os quero.
_Primeiro o Uttegae e agora o Shicho.
_E depois, assim espero, o Tsuru no Tsugomori. Mas sinto que será apenas para essa batalha, pois a verdadeira guerra contra o Círculo Sombrio ainda está longe de terminar. A vitória terá de ser conquistada palmo a palmo.
_Grande Merlin, vamos novamente viver tempos de terror?
_Não chegará a ser tão explicitamente terrível como antes, “π”, pois o Círculo age mais na surdina. Bem, acho melhor que você vá ou irão desconfiar.
_Está bem, Harry, já vou indo. Boa sorte.

Depois que “π” saiu do quarto, Harry repassou mentalmente os detalhes do seu plano. A partir de agora, não poderiam haver quaisquer falhas.

Depois do atendimento no Ambulatório do St. Mungus, onde estava fazendo um turno extra à tarde, Gina passou na escola, onde cumprimentou Marilise e esperou que Tiago e Lílian terminassem de arrumar seu material nas mochilas. Luna e Neville também estavam lá, conversando com Pansy e Lilá. Depois que Fernanda e Simone acompanharam suas mães, Tiago perguntou:
_Mamãe, alguma notícia do papai?
_Nenhuma, Tiago. Nada mais depois de Istambul. Eu estou ficando preocupada.
_Mas eu sei que ele voltará, mamãe. _ disse Lílian _ Ele sempre volta.
_Desta vez é mais perigoso, filha. Ele pode ter sido capturado por bandidos perigosos.
_Mais perigoso do que enfrentar Voldemort e seus Death Eaters, Gina? Acho que ele vai sair bem dessa. _ disse Neville, aproximando-se com Luna e Julius.
_Obrigado, Neville. Você me deixa mais animada.
_Confiamos em Harry, mana. _ disse Rony, que acabara de chegar para pegar Mafalda _ Ele sempre conseguiu vencer os perigos e eu acho que não será diferente desta vez (Rony sabia o que havia acontecido com Harry, mas não podia dizer, além de não saber o que ele estava fazendo no momento).

E Harry Potter estava fazendo o seu teatro, iludindo “Sombra & Escuridão” com maestria, sabendo que estava cada vez mais próximo o momento de sair dali, com as informações de que precisava.

Dois dias haviam transcorrido e neles, em nenhum momento, haviam levado as doses. Aquilo fez com que Harry desconfiasse que a hora estava para chegar.
Sendo que já havia passado tanto tempo, Harry procurou fingir a melhor síndrome de abstinência que pôde inventar. Teve suores, convulsões, náuseas e outros sintomas, tendo desfeito o feitiço que alterava as imagens da câmera de vigilância, para que os bandidos vissem o que realmente se passava no seu quarto.

Ao final do segundo dia, os bandidos foram ao quarto de Harry e levaram-no para a sala de interrogatório. Lá dentro, sobre uma mesa, encontravam-se uma seringa com uma dose de heroína e uma pistola. “Escuridão” olhou para Harry e disse:
_Agora, Harry Potter, é que eu vou me divertir de verdade. Veremos se o nosso “tratamento” deu certo. Na seringa há uma dose, da qual você não sabe a concentração. Pode ser apenas mais uma viagem ou então uma Overdose. Na pistola, há apenas uma bala. Estamos apostando, Harry Potter, se você está tão viciado que aplicará a dose, mesmo sem saber se ela poderá matá-lo ou se tirará a própria vida, para libertar-se de nós. Aguardamos ansiosamente. Eu, pessoalmente, apostei cem galeões que você escolherá a seringa.
Fingindo um olhar alucinado, Harry aproximou-se da mesa, com as mãos tremendo (por dentro o bruxo ria). A meio caminho, com um gemido, caiu ao solo, dizendo algo antes.
_Nem... uma... coisa... nem... outra..., “Escuridão”. _ e então, Harry fechou os olhos e ficou imóvel.
“Sombra” aproximou-se e tentou tomar-lhe o pulso.
_Pelo Mestre das Serpentes! Ele está em coma! Devemos intubá-lo e tentar reanimá-lo à moda trouxa ou utilizarmos Poções Revigorantes?
_Não, “Sombra”. Harry Potter já deixou de ter utilidade para mim, além de que, com isso, suas horas estão contadas. Creio que chegou o momento de livrarmo-nos dele, daquela maneira que já havíamos falado. Levem-no para o quarto e mandem que alguém o barbeie com um feitiço. Depois devolvam-lhe a varinha e os seus objetos pessoais, sua carteira, celular, etc. Em seguida, levem-no para a garagem. “Mantis”, muito obrigado por sua colaboração. Você, com certeza, subirá na hierarquia do Círculo e, depois que a Ordem das Trevas reassumir seu lugar de direito, poderá ser o único trouxa na cúpula da organização.
_Muito obrigado, “Escuridão”. Você não sabe o quanto isso me honra. Farei o possível para ser digno disso. _ disse Nikolas Pieterzoon, com uma leve reverência, retirando-se em seguida.
No quarto, Harry Potter estava deitado na cama, apresentando uma respiração superficial e batimentos cardíacos quase imperceptíveis. Seus poderes de Magid e suas habilidades Ninja permitiam a ele rebaixar seu Ki e induzir um estado de catalepsia, que qualquer um tomaria por um coma profundo. Uma bruxa chegou para executar as ordens de “Escuridão” e, ao perceber sua chegada, Harry novamente alterou as câmeras, mesmo sem sair de seu falso coma. Ela tirou o capuz e deixou ver o rosto da atriz brasileira Cecília Dassi.
_Eu sei muito bem que você não está morto e que já alterou a câmera de vigilância, seu espertinho. Vou lhe devolver sua varinha e objetos pessoais e lhe dar uma aparência um pouco mais apresentável. “Facies Glabra”! _ a barba de três dias desapareceu do rosto de Harry e “π” ajustou a bainha mágica no seu antebraço esquerdo, em seguida colocando seu celular e sua carteira nos bolsos da jaqueta, que havia sido levada da chapelaria da Pasa Disco, em Istambul _ Espero que você tenha certeza absoluta do que está fazendo e que seu plano dê certo. Já avisei Miep Van de Vries e ela está de prontidão. Bem, acho que a Dra. Virgínia Potter não irá reclamar se eu lhe desejar boa sorte desta maneira.
“π” deu um leve beijo nos lábios de Harry e saiu do quarto, jurando ter surpreendido um pequeno sorriso nos lábios do bruxo (“É melhor que Gina não saiba disso, mas acho que ela perdoaria “π”se por acaso soubesse”, pensou ele).

Pouco depois, um grupo de bruxos do Círculo veio buscá-lo, levando-o para a garagem e colocando-o atrás do volante de uma BMW 750i prateada. Em seguida, o sedã Alemão de luxo começou a mover-se, controlado pela varinha de “Escuridão”, atuando como se fosse um controle remoto, com o bruxo mau no banco de trás de um Audi A8 verde. Os dois veículos circularam pelas ruas de Amsterdam, banhados pelo luar, até atingirem uma rua que margeava um dos canais do Rio Amstel, quando “Escuridão” aumentou a velocidade da BMW e, com outro feitiço, fez com que o pneu dianteiro esquerdo do carro estourasse. Com isso, o sedã descontrolou-se e arrebentou a balaustrada, indo cair nas águas escuras do rio.
_Está feito. _ disse “Escuridão” _ Se ele não morrer afogado, irá asfixiar-se quando acabar o oxigênio no interior do carro. Vamos embora daqui e voltarmos para nossas atividades.
E o Audi continuou seu caminho, sem perceber um vulto que entrou no rio, carregando um grande volume em um saco plástico, fechado com um zíper.

Dentro da BMW, Harry abriu os olhos e tratou de pegar sua varinha, executando um Feitiço Cabeça-de-Bolha e assim garantindo ar fresco durante o tempo que fosse necessário. Em seguida, acendeu a ponta da varinha, iluminando o interior do carro (“Bem, já estou no rio. Agora é só fazer a minha parte e esperar que a Mi faça a dela”, pensou o bruxo).
_ “Indumentaria Cambio”! _ suas roupas transformaram-se em um macacão de neoprene preto, com um par de nadadeiras. De repente, percebeu um ponto luminoso que crescia, enquanto aproximava-se de sua posição. Quando aproximou-se o bastante, Harry sorriu e executou um “Alorromora” para abrir a porta da BMW e, enquanto a água invadia o interior do carro, ele juntou-se à figura feminina de cabelos castanhos que trajava-se de forma idêntica a ele, ajudando-a a retirar o conteúdo do saco, fazendo para ela um sinal de “Positivo” e sorrindo, contente porque o plano havia dado certo e Miep Van de Vries não havia falhado, chegando no momento exato que haviam combinado.


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