Harry Potter e o Legado de Avalon escrita por JMFlamel


Capítulo 24
O DESTINO DE LORD VOLDEMORT




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CAPÍTULO 23

O DESTINO DE LORD VOLDEMORT






_VOLDEMORT!!! _ Quando Draco e Luna gritaram, dando o alarme, era tarde demais. Os Inseparáveis, os membros da Ordem da Fênix e mesmo os prisioneiros estavam saboreando uma pequena refeição que as sacerdotisas haviam preparado e, quando elas se distraíram um pouco, as coisas aconteceram.
Sim, o Lorde das Trevas sabia muito bem o que teria de fazer e o fez naquele momento. Embora as algemas conjuradas por Dumbledore inibissem o uso de magia, podendo fazer com que o seu corpo explodisse caso ele tentasse, não havia impedimento para o que ele tinha em mente.
Mesmo sentindo dores no punho inchado, quase fraturado pelo impacto da esfera de energia lançada por Harry, Voldemort introduziu as mãos nas vestes e, quando as trouxe de volta, trazia a adaga Tanto que utilizara para ameaçar Jemail. Mas não atacou ninguém. Pelo contrário, empunhou a Tanto com as duas mãos, cravando-a no seu próprio ventre e movimentando-a, da direita para a esquerda e de baixo para cima, causando grandes danos aos seus órgãos internos.
O Mestre das Serpentes havia acabado de cometer Seppuku.
Dumbledore aproximou-se e perguntou:
_Mas por que, Tom? Por que fazer isso?
Entre gemidos de dor, Voldemort respondeu:
_T-tinha de ser... feito, Dumble... dore. Acho que v-você se lembra de quando lutou contra Grindelwald, n-não lembra?
_Sim, eu me lembro, Tom.
_Ele... ele d-disse que era bom demais p-para ser um troféu para o Minist... ério e por isso se matou. Pois é a m-mesma... mesma coisa. Voldemort, o Lorde das Trevas, não será levado a Azkaban c-como um t-troféu para o Ministério ou para ser o prisioneiro de uma... uma árvore. Eu n-não sofrerei essa d-desonra. Mesmo q-que o Ryu de Kuji-Kiri f-fosse uma escola de... de técnicas negras, o nosso Sensei, Isamu Kobayashi, procurava seg-seguir o Bushido, na medida do p-possível. Eu n-não poderia viver c-com essa Haji, essa vergonha.
Mas cometer Seppuku,Voldemort? _ Harry perguntou.
_Sim, Harry... Harry Potter. Ironicamente agora no final eu, que julgava a m-morte como a suprema... desonra, desc-descobri que ela é, p-pelo contrário, a saída mais honrosa p-para o m-meu caso. _ disse Voldemort, forçando um sorriso e olhando direto para Harry _ M-mas, para que meu fim seja... seja realmente honrado, precisarei de... de v-você, Harry Potter.
_Como assim, Voldemort?
_Você l-lutou comigo d-de forma honrada e m-me venceu com honra. Agora permita q-que eu também p-possa partir honradamente.
_O que você está querendo dizer com isso, Voldemort? Não me diga que quer que eu seja...
_Exatamente, Harry Potter. Quero que v-você seja o meu assistente.
_Asistente de Seppuku? Quer que eu o decapite? Por acaso tem idéia do que está me pedindo?
_Claro q-que tenho, garoto. Ou do contrário n-não lhe pediria. Somente v-você possui esse direito. Seja m-meu assistente de Seppuku e, as-assim ocorrerão t-três coisas: V-você vingará a morte de seus p-pais, permitirá q-que eu morra honradamente e cumprirá a Prof-profecia.
_Mas eu não estou atrás de vingança. Voldemort. Sua derrota me é suficiente. Também não sou obcecado pela Profecia, como você é. E você está pedindo para que eu o mate?
_Eu já est-estou morto, Harry Potter. Você apenas abreviará a minha agonia, quando a... a d-dor se tornar insuportável.
_Mas, matá-lo...
_Hesitando em cumprir seu p-papel, Harry Potter? _ Voldemort perguntou, com um sorriso irônico que mal disfarçava sua dor _ Então isso significa que, de uma forma ou de outra, eu... eu v-venci.
As palavras de Voldemort atingiram o alvo e o orgulho de Harry falou mais alto. Bem como a honra. Se ele não permitisse ao Lorde das Trevas ter um fim honrado, ele também estaria se desonrando, de acordo com o Bushido. E essa marca ele não queria e nem podia carregar. Realmente ele estaria dando a vitória a Voldemort, se recusasse.
_Está bem, Voldemort. Suas palavras me convenceram. Serei seu asistente de Seppuku. _ Harry disse, olhando direto nos olhos do Lorde das Trevas _ Só me diga quando.
_Eu lhe d-direi, Harry Potter. Mas t-tenho algumas coisas a... a dizer para todos, de grande... grande importância. Mesmo d-depois que eu m-me for, sempre haverá alguém para d-dar continuidade à Doutrina das Trevas. Como eu s-sei que você deseja ser... ser Auror, trabalho não irá lhe faltar. _ e Voldemort forçou um outro pequeno sorriso, continuando a falar, com a voz entrecortada por gemidos de dor.

_Alvo Dumbledore, você me... me c-conhece desde q-que eu era criança. Foi você que m-me entrevistou no Orfanato Stockwell.
_E lá você me disse que sabia fazer os outros sofrerem, mas não gostava disso e depois arrependia-se. Foi também quando você me disse que era Ofidioglota. O que o fez mudar assim, Tom?
_Acho que f-foi quando comecei a pensar no mal que meu... meu pai fez à minha mãe, abandonando-a à p-própria sorte quando soube q-que ela era bruxa. Jamais o perdoei, principalmente quando ele fez a mesma coisa comigo e depois t-tentava comprar o perdão com doações que ele pensava s-serem anônimas. Ele... ele foi o primeiro que me fez desprezar trouxas, d-desprezo esse que até h-hoje com... com raríssimas exceções eu m-mantive. E m-mesmo assim ninguém soube, até hoje, desses pouquíssimos t-trouxas que conseguiram merecer a estima d-do Lorde das Trevas. Amy Benson, que esteja em bom lugar, William Stubbs, Dennis Bishop, Renata Wigder, mãe de Derek Mason, a qual eu, infelizmente, tive de matar, Daisuke Shimano, Yuriko Noguchi e Isamu Kobayashi, que foi meu Sensei no Ryu Ninja de Kuji-Kiri. E agora Osama Bin Laden, que admiro p-pela devoção à sua causa. São esses. O restante dos que conheci, não valia a pena exceto, talvez, Hermione Granger e Janine Sandoval. Mas essas sempre foram minhas inimigas.
Tomou fôlego e continuou.
Descobri, no t-terceiro ano, que eu era descendente de Salazar Slytherin, o que foi o gatilho para q-que eu escolhesse o caminho das Trevas. Como seria se eu esc-escolhesse outro caminho? Não s-sei. Nunca pensei nisso. Minhas metas s-sempre foram o poder e a... a imortalidade. Por que? Dumbledore descobriu. Eu, o impiedoso Lorde das Trevas, sempre tive medo da m-morte. Sempre a considerei humilhante e desonrosa, algo indigno. E agora, v-vejo que ela é a s-saída mais... mais honrosa para a minha situação. Remus Lupin, foi por... por m-minha causa que você acabou transformando-se em um Lobisomem, já q-que Greyback ameaçou seu pai por ordem minha e também s-seqüestrou Romulus, seu... seu irmão. E agora ele es-está morto. Mais uma v-vida destruída, por minha causa...
Outra pausa e Voldemort continuou a falar.
_Não estou pedindo perdão, v-vocês todos me... me conhecem muito bem para saber que eu j-jamais faria isso. Além... do ... mais, creio estar fora do alcance de qualquer f-forma de redenção e b-bem longe de merecer c-clemência. Toda... toda a minha trajetória depõe c-contra mim.
_Todos sabemos, Tom. _ disse Dumbledore _ Mas reconhecer o mal que você fez já é importante. E ele não foi pouco.
_Tem... tem razão, Dumbledore. Mas há coisas q-que fiz, das quais nem mesmo você tem conhecimento. Vidas que destruí pessoalmente ou que m-mandei destruir. Sirius Black, eu preciso lhe dizer q-que quem matou Regulus, seu irmão, foi Evan Rosier, que f-foi morto por Moody, no ano em que tentei matar Harry. E, além d-disso, você ainda foi indevidamente acusado d-de trair os Potter e passou doze anos em Azkaban. Posso dizer que foi, ind-indiretamente por minha c-causa.
_Por que está revelando isso, Voldemort? _ Sirius perguntou.
_Porque vocês precisam saber. É uma q-questão de honra que eu lhes revele todas essas coisas. E ainda há m-muito mais. Todos vocês s-sempre tiveram Wormtail na conta de um covarde e mesmo eu p-pensava assim. Mas vendo-o combater hoje, vi que eu estava errado. Ele não juntou-se a mim por medo ou covardia. Sabia bem o que estava querendo e foi ele quem convenceu Sibila a iniciar-se nos Death Eaters, pouco depois da minha... minha derrota no Ministério. O que ambos sentiam um pelo outro ajudou, além de que ela queria vingar-se de Severo Snape, p-por ele jamais ter ligado para ela.
Sentados um pouco afastados, Sibila Trelawney e Wormtail acenaram com a cabeça, concordando.
_Mas depois ela viu que não tinha nada a ver e descobriu os atrativos do gordinho aqui. _ Wormtail disse em um tom que, mesmo naquela situação, arrancou alguns sorrisos de todos. Voldemort prosseguiu no seu relato.
_Além disso, t-todos vocês tiveram, d-de uma forma ou de outra, suas vidas afetadas por mim. Draco Malfoy, seu pai era o meu segundo em comando e eu queria que você fosse meu sucessor, quando eu quisesse passar o comando da Ordem das Trevas. Até uma certa época, pensei que você fosse seguir os passos de Lucius mas, depois que você e Janine Sandoval apaixonaram-se, cheguei à c-conclusão de que você... você estava totalmente perdido para mim, passando para o lado d-de Dumbledore. E você, Janine Sandoval, a quem eu queria como v-vítima de sacrifício, a quem eu vinha buscando desde que você era uma criança, provou que um trouxa pode... pode ser alguém de valor, conseguindo me fazer passar por um grande ridículo em Azkaban, no ano passado. Merece o seu título de “A-Trouxa-Que-Virou-Bruxa” e uma vida junto a Draco. Não p-posso falar de uma nascida t-trouxa (Voldemort não estava mais usando o termo “Sangue-Ruim” para referir-se a elas) sem falar de outra. Hermione Granger, torno a dizer que você é o cérebro mais privilegiado dos alunos de Hogwarts e que se, ao invés de minha inimiga fosse minha aliada, ninguém nos... nos v-venceria.
_Mas não sou, Voldemort. Meu caminho é o da Luz. _ disse Hermione, séria _ Sempre seremos adversários.
_Eu sei. Sempre menosprezei s-suas capacidades pelo fato de você ter nascido t-trouxa e subestimei o valor de t-todos vocês por achá-los jovens... jovens demais. Luna... Lovegood, seu p-pai me incomodou muito c-com os artigos que publicava no Pasquim, incentivando a Bruxidade a n-não temer a mim ou aos Death Eaters. Eu atacava a redação, mas ad-admirava a sua... sua c-coragem em desafiar e ridicularizar alguém q-que todos temiam. Os d-desenhos de Dumbledore t-também ajudavam.
Fez uma pausa e continuou, olhando para Mason:
_Derek Mason, Auror. Filho de Hiram Mason e Renata Wigder-Mason. Seus p-pais foram meus... colegas em Hogwarts e, se dizem q-que o Lorde das Trevas j-jamais teve amigos, isso é m-mentira. Eles... eles eram meus amigos. E n-não só eles. Dumbledore deve lembrar-se de nossa turma do Três Vassouras.
_Tom Riddle, Minerva McGonnagall, Hiram Mason, Renata Wigder, Fabiola Wayne e Jean-Marc Malfoy. Um animado grupo de jovens filósofos bruxos. De vez em quando, Salvatore Zabini e Giuletta Fornari juntavam-se a eles. _ Dumbledore comentou. _ Mas eu queria saber uma coisa. Já naquela época, você era seduzido pelas Trevas, Tom?
_Sim, Dumbledore. Mas, em v-vários momentos, eu ainda... ainda relutava e hesitava, não estava totalmente entregue. Isso veio n-no sétimo ano, quando eu ia soltar o basilisco e... e Myrtle, a Murta que Geme, acabou m-morrendo no banheiro, antes da hora. Escondi o b-basilisco de... de volta na Câmara Secreta e ele ficou t-todo aquele tempo esperando, até q-que Virgínia Weasley o soltou, influenciada p-pelo fragmento de alma do m-meu diário. Mas eu j-já havia causado uma... uma morte, ainda q-que indiretamente. Mas o ponto sem volta foi d-depois de formado, quando fui a Little Hangleton.
_Quando você... _ Harry deixou a frase na metade.
_... Matei meu pai, minha madrasta e... e m-meus avós. Tornei-me o único Riddle vivo e, ainda por cima, fiz a m-minha...
_...Primeira Horcrux. _ Harry completou.
_Isso mesmo. Voltando aos pais de Derek Mason, eu devo dizer que não s-senti satisfação nenhuma em matá-los. O Lorde das Trevas n-não mata por... por prazer, como muitos dizem. Eu havia dito a eles c-coisas que, se reveladas, prejudicariam meus planos. Eu n-não podia me arriscar a usar um Feitiço d-de Memória, pois ele poderia ser desfeito. Tive de matá-los... m-matar velhos amigos (e a voz de Voldemort tremeu, involuntariamente).
_E o que você revelou a eles, Voldemort? Tenho o direito de saber do que se tratava. _ Mason perguntou.
_Calma, Derek... Mason. Com a minha... minha morte, todos saberão. Quanto a você, Neville Longbottom, sua vida também f-foi afetada p-por mim, ainda que indiretamente, pois ... pois Bellatrix, os Lestrange e mais Bart Crouch, Jr torturaram seus pais até a insanidade. As circunstâncias acabam p-por entrelaçar minha trajetória com a de antigos amigos, p-pois sua avó materna, Fabiola Westenra, era daquela minha antiga turma do Três Vassouras, c-como Dumbledore acabou de dizer. Por... por Merlin, quantas vidas tiradas e famílias destruídas pela minha busca de poder e imortalidade e, no final, o que consegui? O Seppuku, como forma de evitar um destino humilhante. _ e o rosto de Voldemort crispou-se, não se sabia se de dor ou de tristeza.
_Mas você não pensava assim antes, Voldemort. _ Harry comentou, admirado pelo testemunho prestado pelo Lorde.
_Não, Harry Potter. A b-busca dos meus objetivos me cegava para qualquer outra coisa. Eu estava disposto a passar por cima de quem ou do que quer que fosse, a fim de atingi-los. E isso quase me fazia deixar d-de perceber muitas... muitas coisas, grande parte delas sobre você.
_Como assim, Voldemort?
_Você sempre s-sobreviveu aos nossos confrontos, desde... desde a primeira v-vez em que tentei matá-lo, você ainda com um ano de idade.
_Mas sempre tive ajuda. Com um ano, o sacrifício de amor de minha mãe me protegeu. No primeiro ano em Hogwarts, não teria conseguido sem Hermione e Rony. No segundo ano, se o Prof. Dumbledore não tivesse mandado Fawkes e se eu não tivesse sentido a energia espiritual de Gina, não teria conseguido matar o basilisco. No meu quarto ano, se não fosse novamente pela ajuda de Rony e Hermione, eu não teria aprendido o suficiente para duelar com você no cemitério e, sem os ecos dos feitiços evocados pelo Priori Incantatem, não teria tempo de escapar e voltar para Hogwarts, com a taça e o corpo de Cedric Diggory. No quinto e sexto anos, não teria sobrevivido às batalhas do Ministério e de Azkaban sem a ajuda de todos os meus amigos. Não fiz nada sozinho, Voldemort.
_Sim, Harry Potter. Você n-não fez nada sozinho mas, se você não tivesse os seus próprios méritos, não teria sobrevivido sequer ao at-ataque de Quirrell. Você, Harry Tiago Potter, sempre foi um adversário difícil, poderoso mesmo sem ter consciência disso, feroz no combate, porém leal. Posso d-dizer que você é o melhor dos inimigos que alguém p-poderia ter, se é que tal expressão é cabível.
_Você, Voldemort, me elogiando? Estou te estranhando.
_Nem tanto, Harry Potter. Lembre-se d-de que eu... eu lhe passei alguns poderes, habilidades e m-memórias, quando tentei matá-lo ainda bebê e acabei “marcando-o como meu igual”. Em contrapartida, você também acabou m-me passando algumas... algumas c-coisas, mesmo sem perceber, qualidades que já estavam no seu sangue, no seu espírito. Aprendi a respeitar um adversário de valor, reforcei os conceitos de honra que o Sensei Isamu Kobayashi me ensinou e, além disso, um pouco do seu bom coração passou para mim, embora tenha ficado inibido, oculto pelo predomínio do meu coração trevoso. Mas v-você, com isso, acabou sendo responsável por eu n-não haver perdido completamente a capacidade d-de sentir algo de bom por alguém.
_E por quem, Voldemort?
_Como eu já disse, c-com a minha morte vocês saberão. Também preciso d-dizer que seus pais, Harry Potter, não foram covardes, não imploraram piedade. Tiago m-me enfrentou até o fim, me atingindo com duros golpes antes que eu o matasse, fazendo jus à fama de c-coragem dos grifinórios. Quanto... quanto a Lílian, nem preciso dizer. O sacrifício da vida dela em favor da sua já d-diz t-tudo. Eu ofereci a chance dela viver, bastando entregar v-você a mim. Ela recusou-se, terminantemente e deu a vida por você, protegendo-o e quase me matando. A proteção aumentou quando o Feitiço do Elo de Sangue foi selado, na ocasião em que os seus tios o aceitaram. E mesmo eles, que passaram quinze anos a maltratá-lo, agora vivem em harmonia c-com você e a Bruxidade, ao ponto de seu primo estar namorando uma bruxa. Todos esses anos eu não compreendi nem aceitei a miscigenação com t-trouxas, mantive o preconceito e sabem por que? Porque eu n-não aceitava a minha parte trouxa, julgava t-todos os trouxas pelo meu pai, intolerante, preconceituoso e cruel, não hesitando em... em abandonar minha mãe quando soube da verdade. Ainda não gosto dos trouxas como um todo, embora v-vocês saibam que alguns deles acabaram por serem merecedores de respeito. Mas agora isso n-não tem mais importância alguma, com o fim do Lorde das Trevas aproximando-se.
Pediu um pouco de água, molhou os lábios e prosseguiu:
_Virgínia e Ronald Weasley. Filhos de Arthur Weasley, Ministro da Magia eleito e de Molly Prewett-Weasley, deserdada p-pelos Prewett ao casar-se com alguém que não o escolhido p-pelo seu pai. De todos eu creio que vocês foram os afetados mais cedo, pois seu bisavô perdeu a Fazenda “Emerald Lough” devido a especulações imobiliárias e fraudes maquinadas por ninguém menos do que meu avô trouxa, Thomas Riddle. Depois q-que eu os matei, fui ao Cartório de Little Hangleton e foi l-lá que tomei conhecimento dos documentos que c-comprovavam não só aquela, mas muitas outras apropriações desonestas d-de terras, por parte dos Riddle. Além d-disso, há outras coisas das quais fiquei sabendo anos... anos d-depois e que vocês dois precisam t-tomar conhecimento. Virgínia... Weasley, p-pegue um envelope que está no bolso interno superior esquerdo d-de minhas vestes. Venha, garota, n-não tenha medo. Eu já não p-posso mais fazer mal a ninguém.
Gina introduziu a mão nas vestes de Voldemort e, ao retirá-la, trazia um envelope, salpicado com o sangue do próprio Lorde das Trevas.
_Dentro d-desse envelope há uma chave de c-cofre, um n-número de conta d-de um banco em Genebra e as...as s-senhas d-de acesso. No cofre v-vocês encontrarão um documento n-no qual transfiro a metade dos bens dos Riddle para Molly Weasley.
_Para minha mãe? _ Gina perguntou _ Mas por que, Voldemort?
Saberão daqui a pouco, Virgínia Weasley. No m-mesmo c-cofre, há um outro envelope, contendo um documento q-que restabelece os direitos de Molly Weasley à herança dos Prewett. Foi tirado do... do b-bolso das v-vestes de Gwydion Prewett, depois q-que um grupo de Death Eaters matou a ele e ao irmão, Fabius.
_E a outra metade dos bens dos Riddle, Tom? _ perguntou Dumbledore.
_É p-para Bellatrix. Ela j-já tomou posse.
_Bellatrix? _ todos estavam admirados _ Mas por que ela?
_Já disse q-que logo saberão. Este é o meu legado para vocês, Weasley.
_Não compreendo suas razões, Voldemort. _ Rony comentou.
_Não pensem q-que, com a aproximação do m-meu fim eu fiquei bonzinho de uma hora para outra. Lord Voldemort ainda é o Lorde das Trevas, maligno e cruel, porém justo. Mesmo sendo q-quem sou, ainda conservo um senso de honra. Apenas devolvo a vocês o que é seu por direito, para que não tenham dificuldades se... se Arthur lhes faltar. Além disso, devo fazer jus ao meu nome d-de família.
_???
_ “Riddle”, “Enigma”. Os m-meus m-motivos só têm lógica p-para mim.
_O que você quer dizer com “...se Arthur lhes faltar”, Tom? O que foi que essa sua mente planejou? _ Dumbledore perguntou.
_Venom irá cumprir a missão q-que lhe deleguei. Matar Arthur Weasley e Amélia Bones, na Cerimônia de Posse.
_Por Merlin! Precisamos impedir! _ Harry exclamou.
_Talvez n-não dê tempo. _ disse Voldemort.
_Dará sim, amigos. _ disse Viviane de Avalon _ Poderemos manipular o tempo de modo que consigam chegar ao Ministério da Magia. O resto é com vocês.
_Obrigado, Viviane. _ Dumbledore agradeceu à Sacerdotisa-Mor.
_Eu q-queria dizer que, se pudesse voltar no t-tempo, faria tudo de novo. Exceto, talvez, fazer o que fiz com a vida de quatro pessoas: Bellatrix, Renata, Hiram e Minerva. _ disse Voldemort, com a voz um tanto embargada, mais de tristeza do que de dor.
_Minerva McGonnagall? _ perguntou Dumbledore _ Por que ela, Tom?
_Tudo a s-seu tempo, Dumbledore. Basta saber que sinto o fim chegando e a d-dor aumentando.Eu g-gostaria que v-vocês por gentileza, se preparassem.
_Está bem, Voldemort. “Vera verto Vera forma”! _ a Ninja-To de Harry retornou à sua verdadeira forma e ele limpou a lâmina com um lenço de seda. A “Espírito do Artífice” estava pronta para cumprir sua missão.
Dumbledore conjurou um balde de madeira e uma concha de bambu. Apontou a varinha para o balde e disse: “Aguamenti”! Um jorro de água pura e cristalina saiu da varinha e logo o balde estava cheio até a marca.
_ “Finite” _ disse Dumbledore e o jorro de água cessou. Tudo estava pronto.

Voldemort ajoelhou-se e fechou os olhos, postando as mãos em posição de meditação Zazen. Dumbledore e Harry colocaram-se um de cada lado do Lorde das Trevas. A expressão do rosto de Harry era dura. Ele sabia que teria de fazer aquilo, por mais brutal e repugnante que lhe parecesse. Era a única maneira de proporcionar a Voldemort um fim que fosse honroso para todos.
Dumbledore mergulhou a concha de bambu no balde e retirou-a, cheia de água límpida. Posicionou a concha sobre a lâmina da “Espírito do Artífice” e derramou a água, de modo que ela corresse por toda a extensão da lâmina, a fim de purificá-la.
_Estou p-pronto, Harry Potter. Dumbledore, jamais p-pedi perdão a ninguém na vida, por coisa... alguma. Mas queria q-que, quando encontrasse Minerva McGonnagall, dissesse a ela que s-sinto muito e que eu p-pedi para que ela m-me perdoasse. Ela... ela s-saberá a razão, quando disserem a ela e Dumbledore também saberá. E também gostaria que dissessem a Bellatrix se vierem a enfrentá-la em combate ou, menos provavelmente, se ela for capturada, que m-minha últimas palavras foram para ela e que foram: “Eu te amo”. _ disse Voldemort, uma solitária lágrima rolando pelo rosto do Lorde das Trevas, a primeira depois de décadas _ Cumpra... agora... a Profecia... Harry... Harry Potter!
Voldemort expôs o pescoço. Harry levantou a “Espírito do Artífice” e, descrevendo um arco perfeito, baixou-a com força e precisão em um único golpe. A cabeça do Lorde das Trevas separou-se do restante do corpo e rolou pelo chão. O corpo decapitado tombou para a frente, o sangue jorrando das artérias e veias seccionadas. Estava terminado.

Lord Voldemort, o Mestre das Serpentes, o Lorde das Trevas finalmente estava morto. E pelas mãos de Harry Potter, cumprindo a Profecia.

No momento em que o corpo de Voldemort tombou, uma coisa aconteceu e não só ali em Avalon, mas também ao redor do mundo. Todos os Death Eaters gritaram de dor, enquanto a Marca Negra de cada um deles desvanecia-se, evolando-se do antebraço esquerdo de cada um deles, como grotescas caveiras com cobras saindo da boca, feitas de fumaça. No Presídio de Azkaban, a quase totalidade dos prisioneiros caiu ao chão, com a mesma sensação de queimadura de quando as receberam, vendo-as desaparecerem. Aquilo serviu para denunciar um enorme número de Death Eaters por todo o mundo, tidos como bruxos supostamente respeitáveis. Aqueles que estavam perto de outros bruxos foram imediatamente estuporados e entregues aos Aurores, para interrogatório. Os que estavam em casa ou sozinhos tiveram mais sorte, em termos, pois os detidos, sabendo que o Lorde das Trevas estava morto, não hesitariam em prestar longos depoimentos, incriminando quantos mais pudessem. Em Azkaban, Lucius Malfoy olhava para o seu antebraço esquerdo, agora sem a Marca Negra, com uma expressão enigmática no rosto pálido e coçando de leve o queixo pontudo. Em Hogsmeade, Madame Rosmerta estava em casa e preparava-se para servir o almoço para ela e para um faminto Severo Snape. De repente, o professor de Poções caiu ao solo, gritando de dor e segurando o antebraço esquerdo. Ambos viram, boquiabertos, a asquerosa figura levantar-se e desaparecer no ar. Severo levantou a manga esquerda das vestes e olhou, admirado, para a pele agora limpa, sem qualquer vestígio do símbolo da Ordem das Trevas.
_O que significa isso, Severo? _ Rosmerta perguntou, espantada.
_Liberdade, minha querida! _ Severo exclamou, com um largo sorriso no rosto _ Lord Voldemort está morto e eu estou, finalmente, livre de qualquer vínculo com os Death Eaters. _ e beijou a esposa, apaixonadamente.
Longe dali, na mansão de Chamonix que servira de esconderijo para a Ordem das Trevas e a Al-Qaeda, Bellatrix Lestrange acabara de preparar um chá e servira-se de uma xícara. Uma lancinante dor de queimadura atravessou seu antebraço esquerdo e a xícara caiu ao chão. Ao ver o eco vaporoso da Marca Negra desaparecer no ar, as lágrimas rolaram de seus olhos não de dor, mas de tristeza, como não acontecia há muito tempo e ela compreendeu que seu amado Voldemort havia ido embora, para não mais voltar.
_Oh, Tommy... _ Bellatrix chorava, baixinho _ ... O que será da minha vida agora, sem você? Resta-me, agora, apenas fazer aquilo que você me pediu, meu amor. O último pedido do Lorde das Trevas.
Mudou a cor das vestes que estava usando para negro, conjurou óculos escuros, para que os outros Death Eaters que lá estavam não vissem seus olhos vermelhos e, em vez de chá, serviu-se de uma generosa dose de uísque de fogo. Pelo menos por algumas horas Bellatrix Lestrange, amada e amante de Lord Voldemort queria perder qualquer contato com a lucidez.
Em Hogwarts, Minerva McGonnagall estava na cabana de Hagrid, recebendo instruções do Guarda-Caça e professor de Trato das Criaturas Mágicas sobre como proceder em caso de resfriado de seburrelho, pois o do seu sobrinho-neto, Scott, estava doente. Scott era neto de seu irmão, Dexter. Repentinamente, seus olhos começaram a ficar pesados e a professora de Transfiguração rompeu em uma crise de choro, abraçando Hagrid. Entre soluços e lágrimas, ela disse:
_Oh, Hagrid! Eu me lembro! As memórias estão voltando. Isso só pode significar uma coisa.
_O que, Profª McGonnagall?
_Voldemort, Tom Riddle está m-morto. Hagrid, você não se lembra de quando estava no terceiro ano e Tom Riddle armou para que você fosse expulso? Nós estávamos no sétimo ano e éramos os Monitores-Chefes.
_Sim, eu me lembro. E agora estou me lembrando de que vocês eram namorados no tempo em que éramos alunos!
_Ele p-protegeu essa informação sob Feitiço Fidelius e alterou minhas lembranças para... para m-me proteger. Se as memórias v-voltaram, ele só pode estar morto, pois era o Fiel do Segredo! _ e desabou a chorar, nos braços do meio-gigante.
_Calma, Minerva (Hagrid raramente chamava-a pelo primeiro nome), calma. Lembre-se dele como ele era, antes de ficar totalmente maligno. Lembre-se de Tom Riddle e não de Voldemort. Chore o quanto quiser, o quanto precisar. Vamos, eu te levo lá para o castelo. Tome um chá e durma. Espere pela volta de Dumbledore e dos outros e aí converse com ele sobre tudo o que aconteceu. _ e Hagrid levou a lacrimosa escocesa, amparando-a carinhosamente, até o interior do castelo.

Assim que os Death Eaters em Avalon recuperaram-se da dor do desaparecimento da Marca Negra, outra coisa aconteceu. A voz de Sibila Trelawney começou a ficar rouca e seus olhos vidrados, como apenas Dumbledore e Harry Potter já haviam visto e ela falou:
_ “O Lorde das Trevas se foi, mas a semente para que sua obra continue já foi plantada. Nos anos que virão, ela germinará e florescerá, podendo trazer de volta os Dias Negros. Mas, por outro lado, essa semente florescida poderá também contribuir para que seja alcançado o tão sonhado e esperado retorno da harmonia entre bruxos e trouxas. Para que isso aconteça será preciso que, neste mundo, ocorra uma reconciliação que já ocorreu no outro, possibilitando a harmonia entre os bruxos. Sim, todas as linhagens bruxas viverão tempos de paz e união, a partir do momento no qual o sangue de Salazar Slytherin e o de Godric Gryffindor tornarem-se um só”.

Os olhos e a voz de Sibila Patrícia Trelawney voltaram ao normal e ela perguntou, olhando para todos à sua volta:
_O que foi? Eu disse alguma coisa?
Alecto ia dizer que ela havia feito uma nova profecia mas, a um olhar de Dumbledore, calou-se. Era melhor que a Death Eater trapalhona não soubesse o que havia feito. Permaneceu sentada, abraçada a Wormtail. Com a morte de Lord Voldemort, a perspectiva de cumprirem uma pena em Azkaban não lhe parecia tão ruim assim, principalmente agora sem os dementadores. Desde que pudessem estar juntos, onde quer que fosse, para ela estaria bom. Para Pettigrew também.
Harry aproximou-se de Dumbledore e disse:
_Diretor, é melhor que nós tratemos de nos mexer. Viviane prometeu manipular o tempo de modo que tivéssemos uma chance de chegar a tempo de impedir que Venom cumpra sua missão.
_Sim, Diretor. _ disse Gina _ Precisamos nos apressar...ai.
_Você está bem, meu amor? _ Harry perguntou, preocupado.
_Sim, meu querido. Posso agüentar, não dói muito. Como eu dizia, temos de nos apressar se quisermos salvar papai e Amélia Bones.
_Tem razão, Gina. _ disse Ayesha _ Vejam, aí vem Viviane.
A Sacerdotisa-Mor de Avalon aproximou-se e disse:
_Pronto, Alvo. Vocês deverão retornar às ruínas da Abadia de Glastonbury e, de lá, desaparatarem para o Ministério da Magia. Terão tempo para chegarem ao final da Cerimônia de Posse.
_Tem razão, Viviane. _ disse Mason _ Se Venom quiser matar Arthur e Amélia, a melhor hora será durante o brinde oficial, logo após o juramento do Ministro.
_Sim, Prof. Mason. _ Janine comentou _ O mais lógico seria veneno no Champagne.
_Então vamos, amigos. _ disse Sirius _ Viviane, suas sacerdotisas podem ficar de olho nos Death Eaters até os Aurores chegarem?
_Sem problemas, Sirius. Também providenciaremos ataúdes para Voldemort e Romulus. Mesmo sendo inimigos, seus corpos merecem um tratamento digno.
_Obrigado, Viviane. _ Dumbledore agradeceu e todos puseram-se a caminho.
Precisariam deter Venom a qualquer custo. Cada segundo contava.


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