Harry Potter e o Legado de Avalon escrita por JMFlamel


Capítulo 19
MEMÓRIAS DE UMA SERPENTE - PARTE 2




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CAPÍTULO 18

MEMÓRIAS DE UMA SERPENTE – PARTE 2: APRENDIZ DE FEITICEIRO







Reunidos no Salão Principal, os alunos do primeiro ano aguardavam ansiosamente pela Cerimônia de Seleção. Os olhares dos veteranos convergiam para eles, curiosos sobre os possíveis talentos que seriam revelados. De cara os gêmeos Malfoy foram reconhecidos e o pessoal da mesa da Sonserina acenou para eles, contando como certa a sua seleção para a Casa das Serpentes. Tom não fazia a menor idéia de para qual das Casas seria selecionado, mas sua curiosidade seria satisfeita logo mais. O professor de Transfiguração, Alvo Dumbledore, desceu do estrado e saiu do salão, voltando logo em seguida com um banquinho e um chapéu velho nos braços. Colocou o banquinho em frente aos alunos e ficou de lado. Um rasgo próximo à aba do chapéu abriu-se, tal qual uma boca, iniciando uma canção que dava as boas-vindas aos calouros, resumia a história de Hogwarts, enaltecia o valor da amizade sincera e prevenia quanto à tentação das Trevas. Ao término da canção ele foi entusiasticamente aplaudido por todos e o Prof. Dumbledore tirou um pergaminho de dentro das vestes, iniciando a chamada dos alunos, que colocavam o chapéu na cabeça e ele os designava para suas Casas. Foi chegando a vez dos que haviam viajado juntos no Expresso:
_Malfoy, Abraxas.
O garoto colocou o chapéu na cabeça e ele disse:
_SONSERINA!
_Malfoy, Jean-Marc.
_SONSERINA!
A mesa das Serpentes aplaudiu e fez lugar para os gêmeos. A tradição dos Malfoy em serem selecionados para a Sonserina se mantivera. O Prof. Dumbledore continuou chamando, até que, com um sorriso, disse:
_Mason, Hiram.
O jovem Hiram Mason sentou-se no banquinho e colocou na cabeça o Chapéu Seletor. Este disse:
_Hmm, difícil, bastante difícil. Mas creio que vou mandá-lo para a SONSERINA!
O garoto foi para lá, com uma expressão tranqüila no rosto. A Seleção continuou:
_McGonnagall, Minerva.
Mal ela colocou o chapéu, este logo disse:
_GRIFINÓRIA!
A jovem dirigiu-se à mesa dos Leões, na qual seus pais e avós já haviam tido assento.
_Mulciber, Conrad.
O chapéu não teve dúvidas:
_SONSERINA!
Depois de mais alguns nomes, foi chamado...
_Riddle, Tom.
O chapéu logo disse:
_Jovem Tom Riddle, você veio para Hogwarts não apenas em busca de formação e aprendizado mas, também e principalmente, em busca de você mesmo, do seu passado e de suas raízes. Sei que aqui você encontrará tudo isso, mas previno-o de que deverá ter extremo cuidado com o que vai fazer com o conhecimento que adquirir. No momento, somente posso lhe dizer que não há outro lugar para você que não a SONSERINA!
Tom sentou-se junto a Abraxas e Jean-Marc, assistindo ao restante da Seleção. A chamada continuou, aproximando-se do seu final, sendo chamados:
_Wayne, Fabiola.
Ela sentou-se e o chapéu a selecionou:
_LUFA-LUFA!
_Wigder, Renata.
_CORVINAL!
E, por último, foi chamado um garoto de vivos olhos castanhos, que falava com um sotaque italiano:
_Zabini, Salvatore.
_GRIFINÓRIA!

Encerrada a Cerimônia de Seleção, o Chapéu Seletor e o banquinho foram recolhidos e o Diretor, Armando Dippett, falou aos presentes:
_Sejam todos muito bem-vindos a Hogwarts. Considerem-na uma extensão de vossos lares e correspondam com bons resultados nos estudos. Os horários de aulas serão distribuídos amanhã, após o café. Os testes para as equipes de Quadribol serão daqui a duas semanas mas, infelizmente, não estão abertos aos alunos do primeiro ano. A Floresta Negra é proibida aos alunos e o zelador já afixou nos murais das Casas uma nova relação de objetos proibidos. Agora, vamos matar aquela que nos mata. Bom apetite a todos.
Durante o banquete de boas-vindas, a conversa era animada na mesa da Sonserina:
_Mas eu não acredito! _ disse Abraxas Malfoy _ Um “Bode” Mason na Sonserina!
_Devo ser o primeiro em séculos, Malfoy. _ Hiram comentou, com um sorriso e uma expressão divertida no rosto _ Bem, com isso os “Bodes” Mason completam o circuito de todas as Casas de Hogwarts.
_Aah, Hiram! Aqui estamos entre irmãos! _ disse Abraxas, fazendo cara de entediado _ Vamos nos tratar pelo primeiro nome.
_Sem contar que, dizendo “Malfoy”, dificilmente alguém saberá se você refere-se a moi ou a mon frére. _ Jean-Marc observou, rindo.
_Ainda assim, Jean-Marc, fica difícil de saber quem é quem, exceto pelo sotaque. _ Mulciber gracejou.
_Se eu tentar imitar o sotaque francês do meu irmão, vocês descobrem de cara. Nunca consegui. _ todos riram.
_Por que “Bode”, Hiram? _ Tom perguntou, curioso.
_Por causa disso aqui, Tom. _ e Hiram Mason mostrou uma pequena medalha que trazia, em uma corrente no pescoço. Nela apareciam, gravados, um compasso e um esquadro.
_Ordem dos Pedreiros Livres. _ Jean-Marc explicou, apontando para o símbolo na medalha _ Uma milenar Fraternidade Iniciática dos trouxas, da qual toutes les hommes adultos da família Mason são convidados a nela se iniciarem e dela fazem parte, mesmo sendo bruxos de sangue puro. Seus membros são apelidados de “Bodes” e seus filhos são declarados protegidos pela Ordem, através de uma bela cerimônia e recebem essa medalha. Est bien fort en tout le monde, principalmente en le Grand Britaine et en France.
_É, já ouvi falar dela. _ disse Tom _ Mas ela já foi muito incompreendida e perseguida durante a História.
_Assim como nós, Bruxos. _ Conrad Mulciber comentou, com um suspiro e uma cara desanimada _ Tudo o que os trouxas não entendem ou não conhecem eles temem e querem destruir.
_E era contra isso que Grindelwald lutava, contra essa intolerância dos trouxas em relação à magia. _ disse Abraxas _ E, como a melhor defesa é um bom ataque, ele tratou de defender a Bruxidade.
_E ajudou ambos os lados envolvidos na Grand Guerre a detonarem metade da Europa. Lembrem-se de Meuse-Argonne, de Yprés e outros campos de batalha, principalmente na França. _ Jean-Marc enumerou vários locais de conflito.
_Mas o Gás Mostarda, testado primeiramente em Yprés, foi uma invenção trouxa. _ Mulciber observou.
_Para a qual ninguém me tira da cabeça que o louco do Grindelwald deu sua parcela de contribuição. _ Mason finalizou.

O Prof.Dippett deu por encerrado o banquete e os Monitores conduziram os alunos para as suas Casas. Logo no início já era possível ver uma polarização de opiniões, mesmo dentro da Sonserina. Abraxas e Conrad eram ambos pró-Trevas, embora o segundo fosse mais radical. Jean-Marc e Hiram eram contra Grindelwald o que lhes renderia, no futuro, olhares atravessados e narizes torcidos entre os colegas de sua própria Casa. Quanto a Tom Riddle bem, este observava e analisava para formar sua opinião e procurava evitar conflitos e diferenças, dando-se bem com colegas de todas as Casas, a despeito da tradicional e milenar rivalidade Grifinória/Sonserina e o já conhecido desprezo que a Casa das Serpentes nutria pela Lufa-Lufa. Em relação às Águias da Casa Corvinal, a posição da Sonserina como um todo era de neutralidade. Adentrando a Sala Comunal da Sonserina, na área das masmorras, ele logo procurou pelo dormitório masculino e pelo quarto do primeiro ano. Localizou sua cama e deitou-se, depois de escovar os dentes e vestir o pijama. Cansado e saciado, dormiu quase que imediatamente e sonhou, primeiro com a jovem Minerva McGonnagall, que havia ido para a Grifinória e, depois, com uma figura masculina a quem ele jamais havia visto na vida, um bruxo alto, de barba negra e olhar astuto, que usava vestes e luvas verdes e uma capa roxa, com capuz.
Se não estivesse tão cansado e com sono teria reparado que, sobre a lareira da Sala Comunal, havia um quadro do Fundador da Casa Sonserina, Salazar Slytherin.

Nos dias que se seguiram e que, logo, transformaram-se em semanas e meses, Tom Riddle tomou contato com uma variedade de matérias bruxas e com o dia-a-dia de Hogwarts, adaptando-se rapidamente. Era bom em transfiguração, Feitiços, Defesa Contra as Artes das Trevas , Vôo e Poções. Defendia-se bem em Estudo dos Trouxas e Astronomia. Aliás, falando em Poções, o professor daquela matéria, que era também o Diretor da Sonserina, logo afeiçoou-se a Tom e a Hiram. Apesar de sonserino, membro de uma Casa que possuía tradição em dar origem a bruxos das Trevas, era contra esse lado e deixava isso bem claro. O já meio gordo Horatio Slughorn tinha olho para identificar aqueles que iriam, no futuro, constituirem-se em destaques no seio da Bruxidade.
O primeiro ano passou em um piscar de olhos e, ao seu término, a Grifinória ganhara a Taça das Casas, por uma diferença de dez pontos em relação à Sonserina. Cabe dizer que dois dos maiores responsáveis pelos pontos ganhos haviam sido, respectivamente, Minerva McGonnagall para a Grifinória e Tom Riddle para a Sonserina. Ao chegarem a Londres, depois de um ano letivo muito especial, despediram-se e Tom dirigiu-se ao Orfanato Stockwell, onde teve uma das mais tristes notícias de sua vida. Amy Benson havia morrido na semana anterior, de difteria. Não havia risco de uma epidemia, felizmente, mas o caixão tivera de ser lacrado e os funerais realizados com a maior rapidez. Naquela noite, Tom fez uma nova anotação no seu diário:
“Mesmo sabendo que a morte é algo que faz parte da vida, temos dificuldade para aceitá-la, principalmente quando ela atinge alguém próximo a nós. Amy era muito querida por todos aqui no orfanato e sua perda será muito sentida. Foi uma pena eu não ter podido me despedir dela mas, pelo menos, pude pedir desculpas pelo que fiz a ela daquela vez. Rezo para que esteja em bom lugar, o que é certo. Guardo sua foto como recordação de uma pessoa muito especial.”

Naquele dia, Tom Riddle passou a questionar o porque da morte e qual a razão dela, embora vindo para todos, atingir primeiro aqueles que ainda tinham tanto a viver. Foi o início de sua busca por modos de preservar-se da morte, mais um passo na sua metamorfose de Tom Marvolo Riddle para Lord Voldemort.

Retornando para o segundo ano em Hogwarts, reencontrou os amigos, novamente ocupando com eles a cabine magicamente ampliada do Expresso de Hogwarts, mas com uma diferença. Abraxas Malfoy não estava com eles, estando Hiram Mason sentado ao lado de Jean-Marc. Abraxas preferira ficar em companhia de outros sonserinos mais radicais.
_Está começando a haver uma certa definição de posições, mes amis. Parece que mon frére não deseja ficar ao lado de quem professa uma opinião contrária à do louco do Grindelwald.
_E agora ele assumiu publicamente a posição de conselheiro de Adolf Hitler. _ Renata comentou com os amigos _ Lembram-se das notícias de abril?
_Sim, lembro. _ disse Tom _ O bombardeio de Guernica pela Legião Condor. Mesmo o Profeta Diário deu destaque ao fato, embora seja uma guerra trouxa.
_Bem que dissemos que aquilo iria longe. _ Minerva observou.
_E mobiliza opiniões por todo o mundo. Várias pessoas de outros países envolveram-se no conflito. _ Hiram começou a citar _ Ernest Hemingway, André Malraux, George Orwell e Antoine de Saint-Exupéry, só para começar.
_Esperemos que isso termine logo e que não custe muitas vidas mais, tanto trouxas quanto bruxas. _ disse Renata.
_Ou que não seja o prenúncio de algo pior. _ Fabiola disse, preocupada.
Naquele segundo ano em Hogwarts, Tom Riddle tomou contato com novas facetas do mundo mágico, também dando início ao projeto a que se propusera, descobrir suas origens. Embora voasse muito bem, não quis fazer os testes para a equipe de Quadribol da Sonserina:
_Não, amigos, muito obrigado. Acho que a melhor posição para mim é a de oitavo jogador, na torcida pelo sucesso das Serpentes. _ e não houveram meios de demovê-lo de sua decisão. Na verdade ele não queria que nada o desviasse da sua busca de si mesmo, de quem era e de onde viera. Procurou por genealogias bruxas e linhagens, mas sem encontrar referências ao prenome “Merope”. Não escrevera a Pandora Snape para pedir que ela lhe dissesse o sobrenome da mãe, pois ela já lhe dissera que aquela missão deveria ser cumprida sozinho.
Uma grande felicidade para Tom Riddle foi a seleção de seu irmão adotivo, Arkanius, para a Sonserina, juntamente com outro rapaz de origem mestiça, chamado Tobias Prince. Tom desconfiava que aquele jovem era o meio-irmão de Arkanius, mas guardou para si suas suspeitas, principalmente pelo fato de que Arkanius e Tobias haviam tornado-se grandes amigos e ele não queria perturbar aquela harmonia. E assim o segundo ano transcorria sem novidades.
Quando chegou o Natal, Tom estava preparando-se para ficar em Hogwarts, quando Minerva foi procurá-lo, a fim de lhe fazer um convite.
_Tom, eu vim convidá-lo a passar o Natal comigo e com minha família, em Edimburgo. Papai está bastante doente e manifestou a vontade de vê-lo, pois gostou muito de você. Além disso, se você for comigo irá me deixar muito, mas muito contente, mesmo. _ e corou, enquanto apertava a mão de Tom. Novamente ela demorou para soltá-la.
_Isso é algo que deixa muito contente não só a você, Minerva, mas a mim também. Aceito, com o maior prazer.

Foram para Edimburgo, através de uma lareira, usando Pó de Flu, saindo na sala de visitas dos McGonnagall. Tom sentia um pouco de vertigem, por ser a primeira vez que usava esse meio para viajar, mas ela passou logo. Cumprimentou a Sra. McGonnagall, o irmão de Minerva, Dexter, que tinha oito anos e, por fim, o Sr. McGonnagall, espantando-se com a mudança em sua aparência.
Alistair McGonnagall era um homem alto e forte, na ocasião em que haviam se conhecido no Beco Diagonal. Ainda era alto, porém estava bastante debilitado, tendo perdido muito peso e passando a sofrer terríveis dores.
_Me diagnosticaram um câncer de intestino, Tom. Uma variedade bastante agressiva e que já invadiu o fígado e os ossos. Infelizmente essa doença, tumores malignos, ainda se constitui em um desafio para ambas as medicinas, bruxa e trouxa. Sei que meu fim é certo, mas quero ficar com minha família e amigos até o final, tendo uma morte digna.
_Não sei se existe dignidade na morte, Sr. McGonnagall. Todos sabemos que ela é inevitável mas eu acho que ela, na verdade, tira de nós toda a dignidade.
_Interessante, Tom. Isso foi o que me disse um contemporâneo de Hogwarts, um sonserino chamado Morfino Gaunt. Nunca mais soube dele, depois que nos formamos. Se não me engano, acho que ele era de Little Hangleton.
Ao ouvir a menção à cidade da família Riddle, Tom ficou atento, pois poderia ser uma pista, algum bruxo da região poderia ajudá-lo a descobrir suas origens. Anotou mentalmente “Morfino Gaunt” para procurar pelo nome, quando retornasse a Hogwarts. Já era um bom começo.
Tiveram uma excelente comemoração de Natal e, depois das festividades, Minerva e Tom retornaram a Hogwarts. Mal sabiam que aquela seria a última vez em que veriam Alistair McGonnagall com vida.
O Sr. McGonnagall morreu, poucos dias após o Ano Novo. Minerva fora dispensada para os funerais e, quando voltara, Tom lhe dera todo o apoio possível, os dois tornando-se cada vez mais próximos. Nesse meio tempo, Tom Riddle não perdia de vista seus objetivos, que eram encontrar suas raízes e preservar-se o mais possível da morte, principalmente depois que vira o que uma doença incurável e fatal fizera com o pai de sua amiga. Em sua mais recente anotação no diário, lia-se:

“Mais do que nunca devo buscar meios de me preservar da morte. Primeiro vi que ela é cruel, tira de nós as pessoas a quem mais amamos e, depois de ver o que houve com o Sr. McGonnagall, chego à conclusão de que ela é algo de humilhante, a desonra suprema. Podem argumentar que o que debilitou Alistair McGonnagall foi a doença mas, o que é uma doença como essa senão uma forma desonrosa de morte lenta? Por Merlin, preciso atingir meus dois objetivos. Esse e o de descobrir qual a minha linhagem. Conseguirei.”

Assim como Fausto, Tom Riddle começava a trilhar, ainda sem saber, um caminho perigosíssimo e sem retorno. Cada vez mais os fáceis, sedutores e aparentemente mais poderosos métodos das Trevas acenavam para o jovem.
E assim foi terminando o segundo ano letivo de Tom Marvolo Riddle em Hogwarts. Naquele ano a Sonserina levou a Taça das Casas, graças a uma esmagadora vitória no Quadribol, contra a Corvinal. Mas aquilo estava para mudar, no ano seguinte. A jovem Renata Wigder já se julgava preparada para tentar uma vaga na equipe de sua Casa.
Durante as férias de verão daquele ano, os amigos do Orfanato Stockwell começaram a notar uma mudança no jeito de Tom Riddle. Embora cortês e educado, ele estava mais distante e silencioso. Achava que era apenas pela sua obsessão em alcançar seus objetivos, mas um comentário de Dennis Bishop fez com que visse as coisas por um outro ângulo:
_Tom Riddle, você está apaixonado. _ disse Dennis, com um sorriso.
_Pensando bem, Dennis, você pode estar certo. _ Tom respondeu, depois de refletir por algum tempo. Pensava em Minerva McGonnagall e em como os sonhos nos quais a bela escocesa aparecia tornavam-se cada vez mais freqüentes. Mas a figura do bruxo, que ele agora sabia tratar-se de Salazar Slytherin, também aparecia repetidas vezes. Que significado teria aquilo? Esperava descobrir, em breve.

Indo para o terceiro ano em Hogwarts, Tom não teve oportunidade de falar a respeito de seus sentimentos durante a viagem, pois novamente estavam todos juntos na cabine, ele, Minerva, Hiram, Renata, Jean-Marc e Fabiola. Mas a oportunidade logo se apresentaria, durante uma aula de uma das matérias que começariam a estudar no terceiro ano, Trato das Criaturas Mágicas, ensinada pelo Prof. Kettleburn, um jovem que chegara de Madagascar, onde estivera estudando os animais mágicos típicos da ilha.
Ele começara com aulas sobre unicórnios, já alertando que eles, quando adultos, preferiam o toque das mãos femininas ao das masculinas. Depois que Minerva fizera um carinho no pescoço de um belo macho adulto, totalmente branco e com um longo chifre dourado saindo de sua testa e retornara para o seu lugar, Tom comentou, como quem não quer nada:
_Aquele unicórnio pode considerar-se premiado.
_Por que, Tom? Por ser acariciado por todas as garotas?
_Não, Minerva. Porque ele teve a felicidade de receber os seus carinhos.
_Eu é que iria me sentir premiada, se uma certa pessoa os aceitasse.
_E eu tenho certeza de que essa pessoa iria voar sem vassoura, se os recebesse, Minerva. _ disse Tom Riddle, olhando direto nos olhos de Minerva.

Naquela noite, após o jantar, Minerva e Tom estavam na Biblioteca, revisando matérias para uma prova oral de Poções que seria dada pelo Prof. Slughorn dali a três dias. Chegando à conclusão de que já haviam estudado o suficiente para aquela noite, resolveram ir para suas Casas. Despediram-se de Madame Barnes, a bibliotecária e puseram-se a caminho. Em um dos corredores, Minerva tirou a varinha do bolso das vestes e apontou-a para uma porta.
_ “Alorromora!” _ e após entrarem na sala cuja porta se abrira com o feitiço de Chave Mágica _ “Imperturbar! Colloportus!”. Tom, era sério o que você estava dizendo hoje, na aula do Prof. Kettleburn?
_Nunca disse nada tão sério em minha vida, Minerva. Ninguém mexeu tanto comigo quanto você. Não sei se ainda somos muito jovens para termos certeza do que é o amor mas, quem tem? Só sei que sinto tudo isso por você e que eu gosto de sentir.
Minerva McGonnagall nada disse. Apenas pousou seus livros em uma mesa, ao lado dos de Tom Riddle e abraçou o rapaz, unindo seus lábios aos dele em um beijo que dispensava quaisquer explicações. De qualquer forma, quem precisava delas?

Nos dias, semanas e meses que se seguiram, Minerva McGonnagall e Tom Marvolo Riddle constituiram-se em um apaixonado e bem-comportado casal de namorados, despertando a admiração dos colegas, tanto pelo fato de estarem sempre em perfeita harmonia no lazer e nos estudos e, principalmente, por ser um casal Grifinória/Sonserina. Para aqueles dois, a tradicional rixa entre as Casas simplesmente não existia. Nos passeios a Hogsmeade sempre passavam um tempo juntos, na casa de chá dos Puddifoot, romântico refúgio de casais felizes e enamorados, mas nunca deixavam de reunir a galera no Três Vassouras, Pub animado e que servia excelentes bebidas e petiscos, de propriedade da família McTaggert, composta por Roger, Verônica e seu filho, Angus. Lá eles tomavam canecas de cerveja amanteigada, cantavam, discutiam filosofia bruxa e trouxa, declamavam poemas de famosos poetas, tanto trouxas quanto bruxos e outros de sua própria autoria, em uma feliz harmonia, sempre o mesmo grupo e na mesma mesa: Tom Riddle, Minerva McGonnagall, Hiram Mason, Renata Wigder, Jean-Marc Malfoy e Fabiola Wayne (Embora Jean-Marc fosse um grande namorador, jamais tentara nada com Fabiola, ele sempre dizendo que era para não estragar a amizade dos dois). Vez por outra juntava-se a eles um outro casal de namorados, formado por Salvatore Zabini e Giuletta Fornari, uma garota da Corvinal. E assim prosseguia o terceiro ano de Tom Riddle em Hogwarts.
Tudo começaria a mudar, dali a algumas semanas.

Sem jamais descuidar-se dos estudos, nos quais obtinha excelentes notas, Tom fazia pesquisas paralelas para as missões que se auto-impusera, que eram descobrir sua linhagem e encontrar o caminho da imortalidade. Já pesquisara sobre a Pedra Filosofal, descoberta por Nicolau Flamel e aperfeiçoada por ele, em um trabalho conjunto de Alquimia, com Alvo Dumbledore e Adolf Grindelwald, que abandonara o grupo, roubando um enorme estoque de Elixir vitae, substância que prolongava a vida e que era obtida a partir da Pedra que, além disso, possibilitava produzir ouro sempre que se quisesse. Porém a única Pedra Filosofal existente estava com Nicolau e seu destino era ignorado. Portanto aquele caminho seria inútil, pelo menos por enquanto. Caminhando pelos corredores do castelo perdido em seus pensamentos, de repente viu-se em frente a uma tapeçaria, que representava a frustrada tentativa de um excêntrico bruxo de antigamente chamado Barnabás, o Amalucado, em ensinar trasgos a dançarem balé (“Certas coisas no mundo mágico chegam a ser engraçadas. Nem quero imaginar um bando de trasgos em um teatro, levando ‘O Lago dos Cisnes’. É totalmente fora de propósito”, pensou ele, com um sorriso). Naquele momento desejando, do fundo de seu coração, encontrar as respostas para suas perguntas ele notou, na parede em frente, uma porta negra com uma maçaneta de latão polido, na qual jamais havia prestado atenção antes. Abriu a porta e entrou, vendo-se em uma enorme biblioteca, com uma confortável sala de leitura, onde duas convidativas poltronas de Chintz situavam-se em frente a uma lareira e, sobre uma mesa, vários livros, um dos quais chamou sua atenção. Era intitulado “Genealogia Bruxa da Grã-Bretanha-Edição Atualizada”. Haviam vários volumes, cobrindo séculos de famílias bruxas da Inglaterra, Escócia, Gales, Irlanda e até mesmo da Austrália e das antigas colônias do Império Britânico.
Tom pegou um daqueles volumes e sentou-se em uma daquelas poltronas, começando a lê-lo. Encontrou várias linhagens bruxas de famílias totalmente puro-sangue, outras que tinham bruxos mestiços e ainda outras iniciadas por trouxas que manifestaram magia e começaram a formar suas famílias. Um bruxo nascido trouxa era chamado de “Sangue-Ruim (Mudblood)” por bruxos mais radicais que acreditavam ser inferior um bruxo mestiço e ainda mais inferior um nascido trouxa. Era o preconceito minando a antiga harmonia que antes existia entre bruxos e trouxas. Encontrou a linhagem da família McGonnagall, a de Dumbledore, a do Prof. Slughorn e várias outras, muitas delas abertamente ligadas às Trevas e outras totalmente da Luz. Destacavam-se, entre umas e outras, os Malfoy, fortes comerciantes de artigos mágicos, matérias-primas e poções prontas, muitas delas para Artes das Trevas; os Black, seus maiores concorrentes que, não obstante serem de sangue puro, não tinham preconceitos em investir fortemente em negócios trouxas, aumentando consideravelmente o seu capital; os Potter, um dos quais havia inventado as Capas de Invisibilidade; os Weasley, os Bones, os Prewett, sócios das Destilarias Prewett & Ogden; os McKinnon e muitos outros. Procurando especificamente por “Morfino Gaunt”, localizou o volume que cobria a época pretendida, já que o Sr. McGonnagall dissera ter sido seu contemporâneo em Hogwarts.
Abriu o volume e identificou o nome de Morfino Gaunt, ficando boquiaberto com o resultado. Descobrira que Morfino era, simplesmente, seu tio materno, irmão de Merope Gaunt e ambos filhos de Marvolo Gaunt. O nome de sua mãe encontrava-se ligado ao nome de Tom Riddle por uma dupla linha pontilhada, que significava união sem casamento e deles partia uma outra linha pontilhada, até... “Tom Marvolo Riddle”. Ao lado do nome do seu pai havia, entre parênteses, a palavra “Trouxa”. Disposto a levar aquilo até o fim, começou a ler volumes cada vez mais antigos, identificando as linhagens Gaunt e Pevereel até tempos remotos, descobrindo vários bruxos importantes, quase todos eles das Trevas.
Mas nada poderia prepará-lo para o que encontrou, em um dos volumes mais antigos e empoeirados, cujas páginas tiveram de ser manuseadas com o máximo de cuidado para que não se desfizessem, sendo mesmo necessário o uso de luvas por ele conjuradas, para auxiliá-lo na tarefa. Em uma das primeiras páginas do volume, havia um retrato impresso, meio apagado pelo tempo, reproduzindo a figura do mais antigo ancestral conhecido da família Gaunt. Quando Tom viu de quem se tratava, ficou engasgado e sem voz, precisando conjurar um copo de água para recuperá-la.
O homem no retrato era, nada mais, nada menos do que... Salazar Slytherin.
_Por Deus e em nome de Merlin! Se não estivesse escrito aqui, neste livro, eu não acreditaria! Eu, Tom Marvolo Riddle, descendente de Salazar Slytherin, um dos Quatro Grandes. Então era isso que minha querida mãe postiça, Pandora Snape, queria dizer com “Descobrir sozinho quando tivesse maturidade suficiente”. Ela queria que eu estivesse preparado para absorver essa notícia. E agora, o que fazer? Que caminho seguir? _ Tom Riddle preocupava-se com o resultado de sua descoberta. Salvo raríssimas exceções, todos os seus ancestrais bruxos haviam sido da Ordem das Trevas mas ele não sabia para que lado seguir, embora já tivesse uma certa queda pelo sedutor e aparente poder que esse lado parecia proporcionar. Além disso, era um rapaz determinado e disposto mesmo a quebrar algumas regras para atingir os seus objetivos. Raciocinando um pouco mais, ponderou que seu perfil condizia mais com o caminho da Escuridão pois, ao analisar a biografia de Slytherin, viu que haviam numerosos pontos em comum, a começar pelo fato do Fundador ter sido Ofidioglota ou seja, ele possuía o domínio do idioma Ofidiano, assim como os seus descendentes, inclusive tendo visto uma pequena referência ao boato do Fundador haver construído uma Câmara Secreta em Hogwarts, a qual ninguém jamais conseguira encontrar e onde, dizia a lenda, Salazar Slytherin havia deixado um terrível monstro, que somente poderia ser libertado por um seu herdeiro e que iria ajudá-lo no plano que Slytherin traçara antes de abandonar Hogwarts, exterminar todos os alunos nascidos trouxas, realizando uma “Limpeza étnica” na escola (“Pensando bem, ele até que tinha razão. Salvo raras exceções, tipo Renata Wigder e alguns outros, entre eles alguns de meus colegas do Orfanato Stockwell os trouxas são, em sua esmagadora maioria, intolerantes, preconceituosos e cruéis para com tudo aquilo que não conhecem ou que não podem comprar. Um exemplo disso é o meu próprio pai, Tom Riddle. Não hesitou em abandonar minha mãe quando soube que ela era bruxa, sequer importando-se com o fato de que ela poderia estar grávida, como realmente estava. Tentou, de certa forma, redimir-se ao procurar por mim e me criar. Mas, quando manifestei magia, falando com aquela cobra e salvando a vida dele, ele nem quis saber e me descartou, depois tentando comprar o meu perdão com doações em dinheiro, pensando que eu não deduziria qual a sua origem. Aceito o dinheiro que ele me manda, pois sempre posso usá-lo bem. Além disso, não aceitar poderia fazê-lo desconfiar de algo. Por Merlin, como meus olhos estão se abrindo! Vejo agora, com muito mais clareza, as Artes das Trevas como um meio de fazer com que a Bruxidade cresça até atingir a grandeza que é dela por direito. Logicamente muitos não irão concordar com este meu ponto de vista, Minerva sendo uma dessas pessoas. Deverei ser bastante cauteloso para que ninguém descubra o caminho ao qual estou me propondo a seguir, também procurando identificar colegas de todos os anos que compartilhem desta minha visão e que, posteriormente, possam constituir-se em aliados. Sim, aliados, pois descobri qual a razão das coisas terem ocorrido deste modo. Era para que eu pesquisasse minha linhagem e me decidisse, como Pandora Snape me explicou, por um ou por outro lado. Pois muito bem, decido pelo caminho que meu ancestral, Salazar Slytherin, abriu para mim, o de reconduzir a Bruxidade à sua glória e supremacia em relação aos trouxas. Isto é o que Tom Marvolo Riddle promete, isto é o que Tom Marvolo Riddle fará. Nem que, para isso, eu precise utilizar as Artes mais Negras possíveis”, foram os pensamentos do jovem que, naquele momento, abraçava a causa da Ordem das Trevas).
Tom percebeu que havia caído um papel de dentro do livro e pegou-o, lendo o que estava escrito. Eram páginas de um outro livro, explicando sobre um outro assunto que interessava a ele. Imortalidade.


“IMORTALIDADE: Sonho de grande parte da humanidade, tanto bruxa quanto trouxa, a Imortalidade foi sempre perseguida, porém jamais alcançada de forma absoluta. Os trouxas, já que não dispõem de meios mágicos para prolongarem sua vida e juventude, conformaram-se em alcançá-la através de suas realizações e de seus descendentes, os quais são parte deles mesmos. A Bruxidade também perseguiu e persegue esse sonho, tendo obtido relativo sucesso e conseguindo encontrar meios que permitissem prolongar a vida e a juventude, embora sempre houvesse um porém em cada um deles. Entre os mais conhecidos estão:
1-Pedra Filosofal: Criada pelo famoso alquimista Nicolau Flamel e aperfeiçoada por ele, Alvo Dumbledore e Adolf Grindelwald em um trabalho conjunto, proporciona ao seu detentor a capacidade de conjurar ouro do nada, em um suprimento inesgotável, além de permitir a fabricação de Elixir vitae, substância que prolonga a vida quando ingerida. Mas a pessoa fica sujeita a manter a posse da Pedra, pois se o suprimento de elixir terminar ou se ele for contaminado de alguma forma e a pessoa não mais possuir a Pedra para continuar a fabricá-lo, irá envelhecer normalmente ou, no máximo, bem mais lentamente do que o normal mas morrerá como qualquer ser humano comum.

2-Sangue de Unicórnio: O Sangue de Unicórnio, líquido vital que corre nas veias dessa espécie mágica de eqüino, é de cor prateada brilhante e sua ingestão prolonga a vida mesmo que a pessoa esteja às portas da morte mas ela, ao matar uma criatura tão pura, comete um ato tão hediondo que, no momento em que o sangue tocar os lábios da pessoa, ela estará condenada à Maldição da Semivida, tornando-se um tipo de Morto-Vivo, somente cessando essa condição se a pessoa conseguir um outro meio mágico para prolongar sua vida e, assim, livrar-se da Maldição.

3-Olho de Shiva: Diamante existente no interior da quinta Pedra de Sankhara, a única que escapou da pulverização, quando a Seita Thug foi destruída, na Índia. Proporciona juventude e poderes incríveis ao seu detentor. Maiores detalhes sobre ela podem ser encontrados no livro em idioma sânscrito, intitulado “Luzes da Trindade”.

4-Horcruxes: O meio de preservar-se da morte que melhores resultados oferece. Ainda que envolva meios de extrema crueldade, necessitando de...


Naquele ponto, a última página terminava, deixando Tom Riddle curioso e frustrado, sem saber o que mais era dito sobre Horcruxes. Ele jamais havia ouvido aquela palavra antes em nenhum outro lugar (“Horcruxes, o que será isso? Como poderei descobrir? E, se há extrema crueldade envolvida, necessitarei de muita cautela ao pesquisar pois, se eu não for cuidadoso, todos os meus planos podem ir por água abaixo”, pensou ele). Satisfeito com as informações que obtivera, saiu da sala, em direção à sua Sala Comunal. Olhando para trás, não viu mais nem a porta e muito menos a maçaneta.
_Estranho, muito estranho. _ Tom murmurou e continuou seu caminho.

O restante do dia foi gasto meditando e raciocinando sobre o que descobrira naquela misteriosa sala. Como encontraria o livro “Luzes da Trindade” sem despertar suspeitas, já que somente estudariam Feitiços Hindus no quinto ou sexto ano? Bem, não haveria mesmo muito tempo mais para aquilo, pois o ano letivo estava para terminar. Como havia prometido, Renata Wigder entrara para a equipe de Quadribol como Apanhadora, levando a Corvinal ao título, o primeiro de vários.
No Expresso de Hogwarts, durante a viagem de retorno para Londres, Tom Riddle procurou não deixar transparecer sua inclinação recém-descoberta para as Trevas, agindo normalmente com seus amigos e colegas, sempre carinhoso e enamorado de Minerva McGonnagall. Parecia que nada havia mudado, exceto por uma coisa: Hiram Mason e Renata Wigder eram o mais novo casal de namorados de Hogwarts. Quanto a Jean-Marc Malfoy, aquele justificava os anos passados na França, sendo um namorador de primeira.
_Jean-Marc, se você cair em um caldeirão com água fervente irá, com certeza, virar canja. _ Tom comentou.
_Que posso fazer, mon ami? _ perguntou Jean-Marc _ Elles me adoram e não sabem ficar sem mim.
_Acho que sou uma das poucas garotas de Hogwarts que são imunes ao charme desse penoso. _ Fabiola brincou.
_Est que tu est une fille pour le marriage, ma chérie. Você é uma garota para se casar, Fabiola. _ Jean-Marc brincou de volta _ Além disso, somos por demais amigos para que eu estrague tudo te acrescentando ao caderninho, como eu vivo dizendo.
_Merci beaucoup pela sinceridade, Jean-Marc. _ Fabiola respondeu e todos riram.
_Estou falando sério, Fabiola. Je crois que essa minha fama terminará, quando eu encontrar a garota certa.
_E isso acontecerá, com certeza, Jean-Marc. _ disse Renata, que estava abraçada a Hiram _ Mas na hora certa.
_Concordo. _ Minerva observou, de mãos dadas com Tom _ Tudo tem sua hora certa.
_Exatamente como a decisão de Renata quanto ao Quadribol. Nunca vi reflexos iguais. _ Tom estava admirado _ Um dia quero saber o segredo.
_Se ela disser, Tom, deixará de ser segredo. _ Hiram disse, olhando para os amigos.
_Só posso dizer que é algo que vem de dentro. _ Renata finalizou, com um sorriso.

Durante as férias de verão em Londres Tom Riddle levou flores ao túmulo de Amy Benson e procurou pesquisar, na Biblioteca Bruxa, tudo o que podia sobre as coisas que lera naquela misteriosa sala de Hogwarts. Sobre a Pedra Filosofal e Sangue de Unicórnio, suas leituras confirmaram o que lera. Não conseguiu encontrar nada sobre o Olho de Shiva e, muito menos, sobre Horcruxes. Aliás, havia sido bastante cauteloso para não perguntar a ninguém sobre estas últimas, pois lembrava-se de que era algo que envolvia extrema crueldade. Bem, sempre haveria tempo e oportunidade. E assim as férias terminaram e Tom Riddle foi para o seu quarto ano em Hogwarts. Propôs-se a pesquisar principalmente sobre o Olho de Shiva, procurando pelo livro “Luzes da Trindade” na Biblioteca da escola, que possuía um acervo maior do que o da de Londres. Lá ele poderia encontrar o livro e, quem sabe, alguma referência a Horcruxes. Caso não encontrasse, saberia a quem perguntar. Embora para isso ele fosse precisar de muita paciência, astúcia para fazer com que parecesse que o outro primeiro tivesse levantado o assunto e, principalmente, uma enorme capacidade de persuasão. Aquilo poderia demorar anos, mas ele sabia esperar. Era jovem e ainda havia tempo.

Na cabine, os amigos reunidos comentavam sobre o final da Guerra Civil Espanhola.
_Pois é, gente. _ Fabiola comentou _ Só assim para fazer com que grande parte das famílias bruxas comprem e leiam jornais trouxas.
_Oui, ma chérie. _ disse Jean-Marc _ Mon pére comprava o London Times e estranhava que as pessoas nas fotos não se moviam.
_Mas acho que a coisa ainda está para esquentar. _ Tom observou, com uma cara séria _ A Guerra Civil Espanhola terminou em março deste ano, mas já andaram acontecendo coisas desde o ano passado.
_Sim, Tom. _ Minerva concordou _ O Chanceler da Alemanha, Hitler, está mostrando ao que veio.
_Pois é. Aquela história do Anschluss, anexação da Áustria, em março do ano passado, não prenuncia boa coisa. _ disse Renata.
_Concordo com você, minha querida. _ Hiram levantou os olhos do exemplar do London Times e olhou para a namorada _ O Anschluss ocorreu de forma mais ou menos pacífica, um pouco por tratarem-se de países que compartilham a mesma língua e vários costumes em comum embora, com certeza, eu prefira Mozart a Wagner. Mas a expansão alemã já vem de bem antes, com a idéia de Hitler simplesmente ignorar o Tratado de Versalhes e transformar a Alemanha em uma potência militar.
_Quase toda a Bruxidade não sabe ou não se importa em saber o que está acontecendo, o que considero um erro. _ Minerva disse, abraçada a Tom.
_Sem dúvida, meu amor. Acredito que virão coisas por aí que irão afetar tanto os trouxas quanto a Bruxidade. _ Tom concordou com a namorada e começou a tecer suposições _ Vejam, ele mobilizou um formidável exército, uma marinha fortíssima e a Luftwaffe faz jus ao seu nome, sendo uma potente arma aérea. Anexou a Áustria e ocupou os Sudetos, territórios da Boêmia e Morávia, da Tchecoslováquia. Estou certo de que suas ambições expansionistas não irão parar por aí, ainda mais tendo Adolf Grindelwald como conselheiro. E a União Soviética que se cuide, pois eu creio que não vai demorar muito para que Hitler resolva ignorar o pacto de não-agressão que assinou com Stalin, em agosto.

O trem chegou a Hogsmeade e logo os alunos embarcaram nos coches, em direção ao castelo. O tempo iria provar que Tom Riddle estava certo. Naquele mesmo dia, as tropas alemãs invadiram a Polônia e chegaram à sua capital, Varsóvia. Estava inaugurada a estratégia da Blitzkrieg, a Guerra-Relâmpago. Dois dias depois, o Reino Unido declarou guerra à Alemanha. Aquele incidente seria o primeiro de muitos e, em breve, o mundo inteiro estaria envolvido em uma nova guerra, a Segunda Guerra Mundial. E ela mobilizaria tanto trouxas quanto bruxos.
Nas semanas que se seguiram, Tom Riddle dividiu seu tempo entre os estudos, os momentos com Minerva McGonnagall, sua pesquisa e um novo projeto, que era localizar e começar o recrutamento de potenciais aliados. Começou pelo lugar mais lógico, que era dentro da própria Sonserina. O primeiro a aceitar fazer parte daquele sinistro círculo que se formava foi Abraxas Malfoy, logo seguido por Conrad Mulciber. Ele nem tentou falar com Hiram e Jean-Marc porque logo viu que ali não conseguiria nada. Em compensação, as duas primas Black, Lucrecia e Walburga, aderiram imediatamente, já mostrando uma acentuada tendência a serem favoráveis às idéias plantadas por Salazar Slytherin e alimentadas por outros bruxos das Trevas, Grindelwald entre eles. Outro que logo aliou-se a Tom foi Lawrence Henstridge, também de tradicional família trevosa e que cursava o segundo ano, na Sonserina.
Em outras Casas Tom Riddle também encontrou seguidores, embora em menor número. Mas não havia problema, pois ainda haveriam mais alguns anos de escola e aquele círculo iria se ampliar. A horas mais adiantadas eles estudavam Artes das Trevas, invadindo sorrateiramente a Biblioteca e depois saindo, sem deixarem pistas que fizessem Madame Barnes desconfiar. Também treinavam todo tipo de feitiço avançado das Trevas em salas desocupadas, driblando a vigilância do zelador, Apolíneo Pringle. Quase foram pegos por algumas vezes, mas davam sorte e tinham grande habilidade, dando boas risadas depois, como se fosse uma grande brincadeira, mas sem perderem o rumo de seus planos. Aquela era uma nova e forte geração de bruxos das Trevas que se formava.
O namoro com Minerva McGonnagall continuava e Tom preocupava-se com isso. Gostava da bela escocesa da Grifinória mas sabia que mais cedo ou mais tarde chegaria o momento no qual seus caminhos seguiriam rumos opostos, pois ela era aberta e declaradamente anti-Trevas. Um dia ele teria de escolher entre o amor da garota e o rumo que estava dando à sua vida e isso, esse dilema, deixava-o triste e até mesmo meio deprimido. Mas sabia disfarçar bem seus pensamentos e preocupações, sendo um mestre nas antigas artes da Oclumência e da Legilimência, capaz de proteger sua mente e sondar as dos outros, assim sabendo quem poderia chamar para o seu grupo.
Uma única vez um colega ousou questionar sua liderança no grupo, mas arrependeu-se de haver tentado. Seu nome era Darius Goyle. Estavam em uma reunião à noite, na Floresta, quando Darius começou a discutir com Tom:
_Ora, Tom. O que é que você tem a mais do que nós que o torna líder natural deste grupo?
_Em primeiro lugar, meu caro Darius, fui eu que formei este grupo, tendo a coragem de fazê-lo sob as barbas do Prof. Dippett e do Prof. Dumbledore. Por si só isso já me faz o líder.
_E você se acha tão especial, Sr. Tom Marvolo Riddle? Como pode isso ocorrer com alguém que, até antes de vir para Hogwarts, sequer sabia quem era? À exceção de você, todos os presentes nesta sala são bruxos de sangue puro, capazes de declinar suas linhagens por séculos. E você... mestiço? Pode ao menos dizer quem foram os seus pais? _ perguntou Darius Goyle, que sempre invejara o talento de Tom nos estudos, sem saber o tamanho da encrenca na qual estava se metendo, pois aquilo obrigaria Tom Riddle a revelar o seu mais íntimo segredo, do que Goyle arrepender-se-ia amargamente.
_Tem razão, Darius Goyle. Sou mestiço. Meu pai e meu avô são trouxas, senhores de terras em Little Hangleton mas, por mais destaque que os dois possuam entre os trouxas, é de minha mãe que me orgulho. _ e o olhar de Tom Riddle endureceu, amedrontando alguns dos colegas _ Seu nome era Merope e o seu sobrenome era Gaunt.
À menção daquele sobrenome, alguns começaram a se entreolhar, admirados. Tom continuou.
_Vejo que o sobrenome não lhes é estranho. Assim como o meu nome do meio, “Marvolo”, o qual herdei do meu avô materno, Marvolo Gaunt. Estão começando a reconhecer, não estão? Pois recuem na linhagem dos Gaunt, que é entrelaçada com a dos Pevereel e sabem a quem chegarão? _ os olhos de Tom Riddle emitiam chispas de fúria, contrastando com o seu semblante tranqüilo, enquanto que sua voz ficava mais baixa e sibilante _ A ninguém menos que um dos Fundadores, um dos Quatro Grandes de Hogwarts. Aqui, meus amigos, bem à sua frente está, em carne e osso, o último que traz em suas veias o nobre sangue do fundador da Casa Sonserina, o sangue de Salazar Slytherin! _ e essas últimas palavras foram exclamadas como um desabafo, algo engasgado há anos e que, dizendo, o deixava aliviado.
Todos puseram-se em atitude respeitosa enquanto que Goyle, ainda não acreditando na besteira que fizera, balbuciou:
_N-não é possível. Não acredito que seja descendente do grande Slytherin.
_Pois então eu vou lhe provar. _ e Tom Riddle começou a sibilar em tons e timbres variados, diante dos companheiros perplexos até que várias serpentes saíram das sombras da Floresta Negra, aproximaram-se e perfilaram-se em frente a ele, em atitude de reverência. Ele acabara de demonstrar o seu domínio do idioma Ofidiano.
_Mestre! _ todos os outros colegas, inclusive Goyle, ajoelharam-se diante de Tom Marvolo Riddle, pela primeira vez dispensando a ele tal tratamento.
_Aceito o reconhecimento de todos vocês e tenho certeza de que saberão guardar segredo. Porém a desconfiança, a descrença e o desrespeito de Darius Goyle não podem ficar sem punição.
_V-vai me matar, Mestre? _ Goyle perguntou, apavorado.
_Não, Goyle. _ respondeu Tom _ Seria difícil de explicar e eu sei que você não fez por mal e me será bastante útil no futuro. Mas, para que você não se esqueça de a quem deve respeito e lealdade, aqui vai uma pequena advertência da minha parte: “Crucio!!”
Atingido pela Maldição Cruciatus Darius Goyle caiu ao solo, contorcendo-se em indescritíveis dores, as quais só cessaram quando Tom Riddle suspendeu a maldição, deixando-o deitado a arquejar, suando frio e tomado de terríveis náuseas. Em seguida estendeu a mão para o colega, a fim de ajudá-lo a levantar-se. Goyle segurou a mão que Tom lhe estendia mas, antes de levantar-se, beijou-a e prestou seu respeito:
_Meu Mestre, perdoe-me. Minha lealdade jamais vacilará novamente. _ e só então levantou-se.
_Assim espero, Darius, pois considero importante cada um de meus aliados e, assim como estendo a mão aos que me seguirem, também ela esmagará aqueles que a mim se opuserem. _ e, para todos os outros _ Que isso sirva de lição a todos vocês.
Retornaram para o castelo. Nunca mais alguém ousou questionar a liderança de Tom Riddle.

Nos meses que se seguiram, a Inglaterra engajou-se cada vez mais na guerra contra o expansionismo da Alemanha Nazista e os alunos notaram que, por várias ocasiões, Dumbledore não aparecia na escola, ausentando-se por vários dias. Todos perguntavam-se qual a razão daquelas ausências, o que só saberiam anos depois, após o término da guerra. Só sabiam que havia uma relação com o fato de Grindelwald ter assumido publicamente a condição de Conselheiro do Führer e de haver formado um exército paralelo de bruxos das Trevas, os quais compartilhavam das idéias de Hitler, quanto à superioridade ariana.

Em meio ao conflito, com a invasão da Escandinávia em abril, dos Países Baixos em maio e, finalmente, com a rendição da França aos Nazistas em 22 de junho, terminou o quarto ano de Tom Riddle em Hogwarts e ele retornou para o Orfanato Stockwell. Os amigos acharam-no diferente, mais atraente, segundo as garotas. Mas ele estava um pouco mais distante, parte por estar vendo os trouxas de outra maneira, salvo raríssimas exceções, parte por ocupar seus pensamentos com Minerva McGonnagall e com a busca de seus objetivos. A anotação mais recente no seu diário dizia:
“Embora me sinta seguro quanto aos meus objetivos, preocupo-me em como Minerva ficará quando souber. Sim, pois chegará um dia no qual ela acabará por saber o que busco e, certamente, não irá querer trilhar esse caminho comigo. Devo ester preparado para quando esse dia chegar. Não gosto de estar dividido, não combina com o que sou e nem com o que estou me preparando para ser. Deverei fazer uma escolha, a escolha de minha vida: o amor de Minerva McGonnagall ou completar a missão de Salazar Slytherin? Não quero ter, nunca mesmo, de fazer mal a Minerva, pois eu gosto muito dela. Por Merlin, espero encontrar uma solução de equilíbrio, que satisfaça aos meus objetivos e, ao mesmo tempo, mantenha Minerva fora de qualquer perigo.”
E ele a encontraria, sendo que aquele tornar-se ia o seu maior segredo, que ele carregaria por toda a vida, nunca os que privavam do seu círculo restrito, nem mesmo Bellatrix, sabendo do que se tratava.
O quarto ano de Tom Riddle em Hogwarts terminou com o segundo título consecutivo da Corvinal no Quadribol, graças a Renata Wigder e seus reflexos privilegiados (Ainda descubro como é que ela faz isso”, Tom pensava).
Durante aquelas férias ocorreu algo que deixou Tom bastante feliz e orgulhoso de seu desempenho. Chegando ao orfanato, encontrou um envelope com o timbre de Hogwarts, trazendo a lista de material para o quinto ano e algo mais: um distintivo verde-e-prata, com uma letra “M” sobreposta ao brasão da Sonserina. Um distintivo de Monitor. Aquilo deixou Tom Riddle duplamente feliz, pois poderia circular pelo castelo após o horário de recolher, mais livre para continuar suas pesquisas e, também permitir que passasse mais tempo com Minerva pois, ao lado do envelope, havia uma carta da namorada dizendo que fora escolhida como Monitora da Grifinória.

A viagem para Hogsmeade no Expresso de Hogwarts naquele ano teve uma pequena diferença em relação aos anos anteriores, pois Tom e Minerva não embarcaram junto com Hiram, Renata, Fabiola e Jean-Marc. Antes de juntarem-se a eles na cabine, participaram da reunião dos Monitores, em um vagão separado, juntamente com alguns professores. Depois da reunião, já com todos juntos, Jean-Marc comentou:
_Alors le France caiu. Les Nazis marcher pour les Champs Eliseés, mes amis. Recebemos cartas de meus tios, que moram em Paris e eles dizem que mesmo os bruxos foram atingidos, de vários modos. Parece que Grindelwald está selecionando alvos e atingindo-os com seu exército bruxo.
_E o país foi dividido em dois. _ Renata comentou.
_Sim. _ disse Hiram _ De um lado, a França ocupada pelos Nazistas.
_E do outro, o governo colaboracionista do Marechal Pétain, com capital em Vichy. _ Tom completou o pensamento de Hiram.
_Mas eu acredito que o povo francês não vai agüentar isso tudo sem tomar uma atitude. _ Minerva comentou.
_Oui, mes amis. _ disse Jean-Marc _ Eu soube, de fonte segura, que está sendo organizado um movimento subterrâneo de Resisténce a les Nazis e que dele estão fazendo parte tanto trouxas quanto bruxos. Parece que eles se autodenominam Les Maquis. Estou certo de que ouviremos grandes choses a respeito deles.
_E quanto aos seus tios, Jean-Marc? _ Fabiola perguntou _ Qual é a posição deles quanto a isso?
_Embora sejam franceses, Fabiola, meus tios seguem a tradição Malfoy e tomaram o partido de Grindelwald. Estão numa boa, enquanto que há bruxos de bem sendo perseguidos e mortos.
_Quem poderá saber quais serão os próximos alvos de Grindelwald e Hitler? _ Tom perguntou, preocupado.
_Acho que sei, Tom. _ Renata respondeu _ É só ver como os judeus estão sendo perseguidos em todos os países ocupados pelos Nazistas. Durante as férias recebi uma carta de uma amiga trouxa que vivia em Amsterdam, Deborah Kapplebaum, na qual ela me dizia que a família havia fugido da Holanda. Hoje moram na casa de parentes no Rio de Janeiro.
_Brasil? Creio que lá eles estarão tranqüilos. Fica bem distante dos países em guerra e sempre teve fama de terra pacífica. _ Fabiola comentou.
_E a Inglaterra está envolvida nisso tudo desde o início. Soube que vários bruxos alistaram-se no Exército e já foram para o Front. _ Hiram disse aos amigos.
_Alguns também aventuraram-se a entrar para a RAF. Com certeza aprenderam a não terem medo dos aviões. _ Minerva observou _ Se bem que a visão de um Lancaster, escoltado por uma esquadrilha de Spitfires impressiona a qualquer um.
_E com tudo isso, ainda temos os N.O.Ms para nos assombrar neste ano, gente. Que Merlin nos ajude. _ Tom disse, fingindo uma cara preocupada que não convenceu a ninguém, somente servindo para arrancar risos de todos os amigos. Todos sabiam que o sonserino era uma das melhores notas de toda a escola.
Chegando a Hogwarts, assistiram à Cerimônia de Seleção, na qual mais um Black foi para a Sonserina. Era Orion, irmão de Lucrecia e primo distante de Walburga. Pelo que Tom percebeu, desde cedo Orion Black já manifestava tendência a ser partidário das Trevas. Mas ainda era cedo para querer recrutá-lo para seu círculo.
Tom não esmorecia em seus esforços para tentar encontrar informações sobre o Olho de Shiva e as Horcruxes. Quanto às Horcruxes, nem sombra. Mas em relação ao Olho de Shiva, parecia que sua persistência estava sendo recompensada. Em uma ida à Biblioteca, no meio da madrugada e devidamente oculto por um Feitiço de Desilusão encontrou, no fundo de um corredor, uma estante com algumas partes meio carcomidas. Afastando alguns livros, notou uma irregularidade na parede e pressionou. No mesmo instante, uma parte da parede correu para o lado e deixou ver um escaninho, dentro do qual havia um volume. Tom Riddle puxou-o para fora e viu o que era: um grande livro, com uma capa de couro azul e verde, bordas douradas e uma mandala no centro da capa. Abrindo-o, viu que era escrito em sânscrito. Ainda que não tivessem iniciado com os feitiços hindus, ele já possuía um certo conhecimento do idioma e reconheceu o que estava escrito em dourado, na capa.

“Luzes da Trindade”, era o título do livro.
Tom não cabia em si de felicidade. Tanto tempo à procura daquele livro e agora ele estava ali, bem diante dos seus olhos. Começou a folheá-lo, conhecendo um pouco da história dos antigos sacerdotes-feiticeiros da Índia, desde que Brahma, Vishnu e Shiva, a Trindade Máxima do Panteão Hindu, ensinaram a eles os princípios da utilização das forças da Natureza e das energias do Universo, a mais pura e essencial magia (“Pena não poder ficar mais por aqui, pois já está ficando tarde. Vou guardar o livro de volta onde o encontrei e retornarei outra noite para lê-lo um pouco mais. Acho que ninguém irá encontrá-lo nesse esconderijo”, pensou). Guardou o livro no escaninho e apertou o botão oculto na irregularidade da parede, que correu de volta e fechou o escaninho. A parede ficou como se aquele compartimento secreto jamais tivesse existido. Tom recolocou os livros na frente e saiu da Biblioteca, invisível sob o Feitiço de Desilusão. Naquela noite ele dormiu como uma criança, feliz e despreocupado.

Em outra noite, na qual não houvera reunião do seu grupo secreto das Trevas, Tom Riddle estava realizando uma última ronda pelos corredores. Mesmo trilhando o caminho que iria levá-lo a ser um bruxo das Trevas, ele gostava de suas funções de Monitor. Os outros alunos gostavam dele, pois não se mostrava prepotente nem abusava de sua posição, mesmo porque não lhe convinha arranjar inimizades. Terminara de comer um Sapo de Chocolate, no qual encontrara a figura de Newton Artemis Fido Scamander, autor do livro “Animais Mágicos e Onde Encontrá-los”.
_Que bom. Esta eu ainda não tinha.
_Qual? _ ouviu-se uma voz feminina perto dele.
_Minerva! Me pregou um susto. Não esperava encontrá-la por aqui.
_Também estou fazendo uma última ronda, Tom. Qual o card que você tirou?
_Newton Scamander. Era um dos que me faltavam.
Jogou a embalagem vazia em uma lixeira e seguiu pelos corredores, de mãos dadas com Minerva, até que passaram pela estátua de Boris, o Pasmo.
_Noite quente, não? _ Minerva comentou.
_Bastante. Nem parece que é abril.
_Ainda bem que estamos aqui. _ disse ela, com um olhar bastante significativo.
_O que quer dizer? _ Tom perguntou, meio que já adivinhando a idéia de Minerva.
_ “Flores de Cerejeira”! _ Minerva disse a senha e uma porta secreta se abriu.
_O banheiro exclusivo dos Monitores. No que a senhorita está pensando, Srta. Minerva McGonnagall?
_Estou pensando que um refrescante e relaxante banho noturno não faria mal nenhum.
_Estou te estranhando, Minerva.
_O que seria de nós se, de vez em quando, não deixássemos de lado a obsessão pelos regulamentos? Venha.
Entraram no banheiro, Minerva lacrou a porta com um Colloportus e logo viram-se frente a uma banheira de mármore branco, do tamanho de uma piscina e com cem torneiras para alimentá-la, cada uma com uma pedra preciosa e produzindo um tipo diferente de espuma. Um Closet guardava centenas de felpudos roupões e toalhas, todos brancos e com o brasão de Hogwarts bordado. Entraram noCloset, e despiram-se, vestindo roupões, um de cada vez. De costas um para o outro, despiram os roupões e entraram na banheira. Deram algumas braçadas, experimentando a deliciosa sensação de nadar naquela água morna e perfumada, em meio à densa espuma que, por magia, não fazia seus olhos arderem. Tom observou Minerva e constatou que jamais havia notado o quanto eram belas as formas da jovem grifinória. Sempre a vira no uniforme de Hogwarts ou em trajes de passeio, durante as visitas a Hogsmeade e nas férias. Do outro lado, Minerva olhava para Tom e admirava seu corpo, onde os músculos bem modelados contraíam-se e relaxavam conforme ele nadava. Era um físico de Apanhador (“A Sonserina perdeu um excelente jogador quando Tom Riddle não quis fazer parte da equipe de Quadribol”, ela pensou).
Depois de nadarem, foram para um canto da banheira, ficando apenas a se olharem, em meio a uma espessa camada de espuma. Dali para trocarem um beijo apaixonado não se passou muito tempo. O calor tépido do ambiente e o contato dos corpos provocava uma sensação que eles jamais tiveram antes, um misto de amor, desejo, proximidade, amizade, respeito, admiração mútua e outras coisas mais que não saberiam descrever, mal tendo tempo de Tom conjurar uma proteção. Quando deram por si, os dois já haviam tornado-se um só e atingido alturas jamais sonhadas. Separaram-se, ainda enlevados pelo que acontecera. Ficaram ali, sentados na parte mais rasa, abraçados e olhando um para o outro, a sorrir.
_Arrependida? _ Tom perguntou, depois de fazer com que a proteção conjurada desaparecesse.
_De modo algum. _ respondeu Minerva _ Eu estava querendo isso já há bastante tempo e hoje criei coragem para tentar te seduzir.
_Sem contar que eu estava pronto e também esperando há muito para ser seduzido. _ disse Tom, com um sorriso. Beijaram-se novamente _ Acho que já está meio tarde para ficarmos por aqui, mesmo sendo Monitores.
_Tem razão. Vamos indo, então.
Enxugaram-se, agora sem constrangimentos em olharem um para o corpo do outro, vestiram os uniformes e secaram magicamente os cabelos. Após executarem um Feitiço de Desilusão, saíram de mãos dadas para o corredor, ambos invisíveis. Despediram-se com um último beijo, quando tiveram de se separar, a caminho de suas Casas.
Indo para a Sonserina, ainda extasiado depois de sua primeira vez, Tom Riddle nem reparou em uma voz sibilante, que parecia vir de dentro de uma parede e que sussurrava, baixinho:
_ “Meu Mestre está aqui e a sua presença me fez despertar. Logo nos encontraremos e eu poderei saciar minha fome. Minha fome de sangue. De sangue jovem. Rogo-vos, meu Mestre,não se faça demorar”.

O ano letivo chegava ao fim e, mais uma vez, Renata Wigder havia levado a Corvinal ao título do Quadribol. Tom vivia perguntando-se qual era o segredo dos reflexos privilegiados da amiga até que, certo domingo, descobriu.
Passava pelo corredor do sétimo andar e, ao passar em frente à tapeçaria de Barnabás, o Amalucado, notou que a porta com a maçaneta de latão polido estava novamente lá (“Estranho. Eu seria capaz de jurar que aquela porta desapareceu depois que eu saí daquela enorme biblioteca. Quem poderia estar lá, pesquisando genealogias bruxas?”, pensou).
Abriu a porta, o mais silenciosamente possível. Esperava encontrar a biblioteca que vira da outra vez, mas o que viu deixou-o de queixo caído. A sala estava completamente diferente.
Era um amplo salão, no qual viam-se sacos de treino, manequins com pontos vitais assinalados, armas estranhas, tais como: bastões longos de madeira; bastões curtos unidos por uma corrente; correntes com um peso em uma extremidade e uma foice na outra; outras com um peso e, na outra extremidade, uma espécie de faca com uma grande farpa na lâmina; estranhas adagas com guarda-mão recurvado; espadas japonesas de lâmina reta; estrelas e dardos de metal e um amplo tatame, sobre o qual duas pessoas empenhavam-se em uma coreografada luta corporal, ambas vestidas com trajes negros e capuzes a lhes cobrir o rosto. Depois que os dois terminaram aquela acrobática sessão de combate corpo-a-corpo, cumprimentaram-se com uma reverência e tiraram os capuzes, beijando-se em seguida. Eram Renata Wigder e Hiram Mason.
_Você está ficando cada vez melhor, meu querido.
_Tendo você como instrutora, desde o primeiro ano, não poderia ser de outra maneira, meu amor.
_Bem que meu pai adotivo dizia, que bruxos do bem aprendem o Ninjutsu com enorme facilidade. Você já é quase um Mestre Ninja.
_Renata, estou sentindo mais um Ki na sala.
Instintivamente, Renata Wigder lançou uma estrela de metal, uma Shuriken na direção da porta que, se Tom não tivesse rapidamente saído, teria arrancado metade do seu nariz.
_Conseguiu identificar, Hiram?
_Não, foi muito rápido. Parecia conhecido, mas tinha uma freqüência vibracional diferente, ambígua, como se oscilasse entre o bem e o mal.
_Bem, agora já foi. Acho que é melhor irmos. Um bom chuveiro...
_... Juntos? _ Hiram brincou.
_... Cada um na sua Casa. _ Renata completou.
_Desmancha-prazeres. Estava pintando um clima. _ Hiram fingiu uma expressão contrariada _ Imaginei um romântico banho a dois.
_Mais tarde, meu amor. E de ofurô, eu prometo, pode ter certeza absoluta disso. _ Renata respondeu com um sorriso, quase um convite _ Sabe que não consigo passar muito tempo longe de você.

Seguindo pelos corredores rumo à Sala Comunal da Sonserina, Tom Riddle respirava fundo enquanto sua pulsação retornava ao normal e ele secava o suor do rosto (“Caracas, sei que foi instintivo, mas Renata poderia ter me matado ou, no mínimo, me arrancado parte do nariz com aquela estrela de metal que ela lançou, aquela...Shuriken, acho que é o nome daquilo. Bem, descobri o segredo dos reflexos dela. Renata Wigder é uma Mestra Ninja, aos quinze anos de idade, quem diria. Agora sim é que eu preciso tomar cuidado, pois, segundo eu soube, os Ninjas podem sentir a energia espiritual, o Ki das pessoas, como Hiram falou. E se eles reconhecerem o meu como o que sentiram agora, pode ser perigoso para mim, pois ele já deve carregar alguma, segundo o ponto de vista de quem não é das Trevas,... malignidade. Não quero que isso afete o relacionamento que temos. Pelo menos por enquanto é melhor tentar camuflar isso e eu acho que a Oclumência poderá me ajudar”, pensava ele enquanto andava). Foi direto para a Sonserina, revisar algumas matérias para os N.O.Ms. Veria Minerva mais tarde.

Mas o segredo de Renata não continuaria sendo segredo por muito tempo e seria revelado por ela mesma. Depois dos N.O.Ms, nos quais todos saíram-se muito bem, houvera a última visita do ano letivo ao Três Vassouras. E era lá, sentados à mesa de sempre, que os amigos estavam reunidos, à volta de uma Renata Wigder bastante triste.
_Mas o que houve, Renata? Por que essa cara? _ Fabiola perguntou.
_Recebi uma carta do meu pai adotivo. Ele disse que talvez a nossa correspondência fique um tanto interrompida.
_E por que? _ Tom perguntou.
_Ele deverá refugiar-se nas montanhas, devido à mobilização do Japão.
_???
_Eu nunca lhes disse, mas meu pai adotivo é japonês. Era muito amigo dos meus pais, tendo salvo a vida deles certa vez e, quando eles morreram em um acidente de montanhismo quando eu estava com quatro anos, ele me adotou, em uma Giri ou seja, em uma dívida de honra e também porque gostava muito de mim, me criando em sua propriedade, no Japão. Meu irmão que, na época, estava com seis anos e não manifestou magia foi criado por meus tios, nos EUA. Agora ele vai ter, mesmo sendo trouxa, de se refugiar no Dojo de Magia Shinobi, nas montanhas de Kôga, a fim de que a sucessão não se perca.
_Como assim? _ Jean-Marc estava curioso.
_Bem, eu preciso lhes dizer e, finalmente, revelar o segredo dos meus reflexos. Eu sou uma Ninja ou melhor dizendo, uma Mestra Ninja.
_Uma o que? _ perguntou Fabiola.
_Uma Ninja. Os Ninjas eram guerreiros multiespecialistas do Japão Feudal, peritos em combate tanto com armas quanto desarmados, além de terem profundos conhecimentos de Química, Biologia, Herbologia, Toxicologia, Farmacologia, Psicologia, Hipnose, Camuflagem, Artes Dramáticas e muito mais. Meu pai adotivo é Instrutor-Mestre, Sucessor e Guardião das Tradições do Estilo Togakure. O nome dele é Ryusaku Komori. Além de me criar ele me treinou até que aos dez anos obtive o título de Mestra Ninja, bem no dia em que manifestei magia pela primeira vez. O Dojo de Magia Shinobi chegou a me oferecer o curso mas, por ser inglesa de nascimento, também recebi a carta de Hogwarts e a visita do Prof. Dumbledore. Então vim para cá.
_E o Mestre do Dojo de Magia Shinobi ofereceu abrigo a ele? Eles se conheciam? _ Tom perguntou.
_Sim, pois quando recebi as cartas do Shinobi e de Hogwarts, ele propôs ao meu pai que também treinasse os alunos que se interessassem por Ninjutsu e também por Kobudera, que é um tipo de habilidade Ninja semelhante à magia, acessível a quem alcançar altos níveis de treinamento, mesmo que seja trouxa. Creio que tenha a ver com desenvolvimento de paranormalidade.
_Incrível. _ Minerva estava admirada _ Jamais pensei que trouxas pudessem alcançar esse feito.
_E agora, já que o Japão está mobilizado para essa guerra estúpida iniciada por Hitler, ele precisará de um refúgio, tanto para evitar que os ensinamentos da Escola Togakure se percam quanto pelo fato de ser um pacifista e não concordar com esse engajamento. Ele me disse que estava prevendo desgraças desde que o Japão invadiu a Manchúria.
_Bem, esperemos que ele esteja errado, para o bem do mundo inteiro. _ Hiram comentou, tomando um gole de sua cerveja amanteigada _ Imaginem se, por exemplo, o Imperador Hiroito ou os generais que o assessoram dessem uma ordem totalmente fora de propósito, tipo “Ataquem os Estados Unidos da América”. Seria a mesma coisa que desobedecer o lema de Hogwarts.
_ “Draco Dormiens Nunquam Titilandus”, “Não Faça Cócegas em um Dragão Adormecido”. _ Jean-Marc comentou _ Oui, mes amis, seria a mesma coisa que um rato perturbar um dragão. Les conseqüences seriam trés terribles.
Os meses seguintes mostrariam que os temores do jovem Hiram Mason tornar-se iam a mais assustadora das realidades.

Durante as férias daquele ano letivo, Tom Riddle acabou por encontrar algo mais sobre Horcruxes, na Biblioteca Bruxa de Londres, mas não em um livro antigo ou em compêndios de Magia Negra e sim em um romance bruxo que havia pego para se distrair. Em um trecho, dois personagens discutiam:
_ “Você está louco? A que ponto chegou!”
_ “Qualquer coisa para driblar a morte.”
_ “Então vá em frente, divida sua alma fazendo Horcruxes. Para mim parece ser o mesmo que vendê-la.”

Tom ficou espantado (“Então tem a ver com divisão da alma. Realmente é algo de extrema gravidade. Mas, se dá certo, eu acho que vale a pena tentar. Vejamos se eu consigo tirar alguma informação dele, com bastante jeito. Preciso conseguir”, pensou ele). Saiu da Biblioteca Bruxa e caminhou pelas ruas de uma Londres duramente atingida pelos bombardeios Nazistas (“Maldita guerra dos trouxas, que não poupa a capital de nosso país! E os bruxos também estão sendo atingidos por ela. Não acredito que Grindelwald esteja de acordo. Bom, se bem que os bruxos que têm afinidade para com as Trevas aliaram-se a Grindelwald e aos Nazistas, sendo poupados. Mesmo assim, considero uma insanidade. Deveríamos deixar que os trouxas lutassem sozinhos suas guerras”, ponderou). Ainda meio perdido nesses pensamentos, chegou ao Caldeirão Furado e de lá passou para o Beco Diagonal, a fim de adquirir livros e materiais para o sexto ano, além de novos uniformes, pois havia crescido bastante.
Encontrou-se com vários colegas e, na Floreios e Borrões, com Minerva e a mãe. Saíram depois, em direção à Sorveteria Fortescue, carregados com o material e passaram pela entrada de uma viela escura e sombria, na qual ele jamais havia reparado antes.
_Estranho, em todos esses anos eu nunca havia notado essa passagem. Para onde ela vai?
_Ela dá acesso à Travessa do Tranco. _ Jessica McGonnagall respondeu à pergunta de Tom _ Uma parte do Beco Diagonal com lojas e outros estabelecimentos dedicados às Artes das Trevas. Um lugar que bruxos decentes procuram evitar. Dizem que, de vez em quando, até Grindelwald aparecia por lá, no século passado. Nem sei por que o Ministério permite que esse lugar exista.
Tom anotou mentalmente o nome do local. Poderia ser útil, no futuro. E comentou:
_Deve ser para facilitar a vigilância, Sra. McGonnagall. Se o pessoal trevoso ficasse mais espalhado seria mais difícil ficar de olho neles.
_É, pode ser. Mas que me desagradam e muito as Artes dasTrevas, é um fato. _ Minerva disse e a mãe concordou.

De volta a Hogwarts para o sexto ano, Tom e seus amigos viam-se frente a conteúdos mais avançados nas matérias, já visando a preparação para os N.I.E.Ms, que seriam prestados no sétimo ano e que definiriam as carreiras profissionais e pós-graduações dos bruxinhos. Ele não perdera de vista o seu objetivo de saber mais sobre as Horcruxes e sabia bem a quem perguntar, pois já havia feito todo um trabalho preparatório desde que tomara conhecimento do assunto. A oportunidade chegou quando, certa noite de sexta-feira, estavam reunidos na sala do Prof. Slughorn informalmente, após as aulas, Tom Riddle e outros colegas da Sonserina. Certa hora o assunto girava em torno de meios para prolongar a vida e o professor, que possuía um vasto conhecimento, disse:
_Bem, existem várias poções que mantêm o vigor e mesmo a aparência jovem, mas todas elas possuem efeito limitado e mais cedo ou mais tarde a pessoa passará pelo processo de envelhecimento normal do ser humano.
_Mas talvez hajam exceções não é, professor? _ Lucrecia Black perguntou.
_Sim, Srta. Black, mas todas elas têm uma condicional. Por exemplo, o Elixir vitae, condiciona a pessoa à posse da Pedra Filosofal e, até onde sei, a única conhecida está com seu criador, Nicolau Flamel. Aliás, não o vejo há anos, nem ele e nem sua esposa, Perenelle.
Como já estava ficando um pouco tarde e o professor estivesse meio cansado, além de que o vinho estava começando a pegá-lo, Slughorn deu por encerrada a reunião. Já à porta Tom, que ficara por último, perguntou ao Prof. Slughorn:
_Mas há um outro meio bastante eficaz, embora extremamente perigoso, não é, professor? Se não me engano o nome é Hor...
_Horcruxes. _ completou Slughorn, já um pouco tonto. Sim, Tom. É bastante perigoso, pois envolve divisão da alma. Mas você não quer isso para um trabalho de escola, não é?
_Tomei conhecimento do termo há algum tempo, mas não sei o que significa. Esperava que alguém com o conhecimento que o senhor possui pudesse me esclarecer quanto ao assunto e por que é algo tão perigoso.
Então o Prof. Slughorn, com a língua meio solta pelo vinho, contou a Tom Riddle tudo aquilo que sabia sobre Horcruxes, os riscos envolvidos, as condições para realizar, o ritual e as conseqüências para a alma e para o corpo, principalmente quando Tom perguntou sobre a possibilidade de alguém fazer sete delas. Satisfeito após as explicações, Tom agradeceu ao professor e saiu, para mais uma ronda antes de ir para a cama. Não poderia encontrar Minerva naquela noite, infelizmente.
Passando por um corredor em uma parte mais deserta do castelo, Tom viu várias aranhas parecendo fugir para fora do castelo e pensou ter ouvido uma voz por trás de uma parede, com uma particularidade: ela falava em Ofidiano.
_Sinto que meu Mestre está por perto, posso perceber sua presença. Liberta-me, Mestre, para que eu possa cumprir minha missão, a missão que o Fundador me confiou.
Estranhando aquele fato, o jovem olhou à sua volta, para ver se não havia ninguém por perto e perguntou, no mesmo idioma:
_Quem está aí e por que pergunta pelo seu Mestre?
_Sou aquele que o Fundador deixou para trás, com a missão de expurgar a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts dos alunos sangues-ruins, a mando de seu herdeiro.
_Então, você é a criatura da Câmara Secreta de Salazar Slytherin?
_Exatamente. E quem é você, Duas-Pernas que fala o idioma dos Rastejantes?
_Eu sou Tom Riddle, o mais jovem dos descendentes de Salazar Slytherin. Que tipo de Rastejante é você?
_Não sei lhe dizer, pois jamais conheci outros Rastejantes. Só sei que sou bastante grande e que os roedores dos quais me alimento morrem ao olhar para mim.
_Então você deve ser um basilisco, também conhecido como “Rei das Serpentes”. Você pode viver por centenas de anos, seu veneno é fortíssimo e o seu olhar mata. Sabe me dizer onde é a Câmara Secreta de Salazar Slytherin?
_Fica nos subterrâneos mais profundos do Castelo de Hogwarts. Eu me locomovo pelos encanamentos.
_Pode me dizer onde é a entrada?
_Não sei ao certo, mas parece que é em um banheiro de Duas-Pernas fêmeas, no segundo andar do castelo. Salazar Slytherin deixou instruções para que eu pudesse orientar o seu herdeiro. Procure por uma torneira que não funciona, localizada na pia central e que possui a figura de um Rastejante em relevo.
_Muito obrigado, basilisco de meu ancestral. Está muito tarde para que eu possa ir até lá hoje, mas prometo descer na primeira oportunidade que tiver.
_Ficarei a aguardá-lo, herdeiro do Fundador.

Tom desceu para a Sala Comunal da Sonserina, bastante satisfeito. Havia recebido as informações que precisava sobre as Horcruxes e ainda pôde confirmar a verdade sobre a Câmara Secreta de Slytherin. Só que ele não teve oportunidade de descer àquele subterrâneo durante o sexto ano. Vários acontecimentos balançaram os mundos trouxa e bruxo. Em 7 de dezembro, a Marinha Imperial Japonesa desfechou um ataque-surpresa à Base Naval de Pearl Harbor, no Havaí e, no dia seguinte, os EUA declararam guerra ao Japão. Era o início de uma virada no panorama da guerra, tanto no Pacífico quanto na Europa, pois os americanos atuaram em ambas as frentes. No Três Vassouras, os amigos comentavam os fatos e discutiam sobre os rumos do conflito.
_Você estava certo, Hiram. _ Minerva comentou _ O rato provocou o dragão.
_A entrada dos EUA na guerra vai mudar bastante as coisas. Eles são uma potência industrial e estão desviando a maior parte da produção para material bélico,foi o que o irmão de Renata escreveu. _ Hiram Mason respondeu.
_Ele disse na carta: “Vai chover Tanque Sherman na Europa”. E eu acredito nele. Os americanos não vão deixar barato. _ disse Renata _ E vão vir com tudo o que tiverem.
_Agora Hitler arrumou para ele. _ Tom observou _ E vai sobrar até para Grindelwald.
_Um brinde aos Aliados. _ Fabiola ergueu sua caneca de cerveja amanteigada, acompanhada pelos outros _ E que logo essa guerra estúpida possa chegar ao final.
_Apoiado, apoiado! _ disse Jean-Marc Malfoy _ Et les Nazis terão o fim que merecem.

Os amigos comemoraram o Natal, o Ano Novo e continuaram acompanhando o desenrolar da guerra, agora em duas frentes, com a entrada dos americanos. Em janeiro, os americanos chegaram à Grã-Bretanha e iniciaram suas ofensivas sobre o continente. Em 27 de maio, a Resistência Tcheca praticou um atentado contra o Protetor da Boêmia e Morávia, Reinhardt Heydrich, que morreu em 4 de junho, por hemorragias em conseqüência do ataque. No mesmo mês, a situação favoreceu o Eixo no Norte da África, com a captura de Tobruk e a chegada de Rommel a El Alamein. Em julho, a suprema atrocidade. Foi aberto o campo de extermínio de Treblinka, na Polônia.
O ano letivo em Hogwarts encerrou-se com mais uma vitória da Corvinal no Quadribol, o que levou a Casa das Águias à conquista da Taça das Casas naquele ano. Depois das férias, a turma retornou para o sétimo ano e para os N.I.E.Ms, agora com uma novidade: Tom Marvolo Riddle e Minerva McGonnagall eram os Monitores-Chefes.
Naquele ano, os caminhos de cada um iriam se definir, principalmente os de Tom.

Em uma das reuniões do grupo das Trevas, Walburga Black sugeriu a Tom:
_Mestre, se o senhor pretende seguir os passos de seu ancestral eu acho que não seria seguro utilizar seu próprio nome. Poderá atrair a atenção indevida do Ministério e será fácil para que eles o identifiquem.
_Pensando bem, Wallie, você tem razão. Necessito de um pseudônimo, um que reflita a grandeza de minha missão e que, ao mesmo tempo, provoque o medo nos corações de meus inimigos. Pensarei em algo, pode deixar.
Depois da reunião, já tarde da noite, Tom Riddle estava fazendo a última ronda nos corredores com Minerva. Despediram-se e ela tomou o rumo da Grifinória enquanto que ele foi na direção da Sonserina mas, quando ela o perdeu de vista, ele logo mudou seu rumo, indo para o banheiro feminino do segundo andar. Lá chegando, procurou pela torneira certa na pia central. Encontrando-a, fez com que a entrada se mostrasse, com uma ordem em Ofidiano:
_ “Abra-se!” _ a pia abriu-se e um túnel apareceu. Tom desceu por ele e seguiu por uma caverna subterrânea, até que encontrou uma porta de metal com serpentes. Novamente disse: “Abra-se”, em Ofidiano, fazendo com que a porta se abrisse e dando a ele acesso à Câmara Secreta de Salazar Slytherin, um amplo espaço com um caminho ladeado por gigantescas serpentes talhadas em pedra e que brilhava com uma suave luminescência esverdeada. Ao fundo, via-se uma estátua. A estátua de Salazar Slytherin _ Eis então a Câmara Secreta de meu ancestral! Finalmente eu a encontrei!
Ouviu um som e um sibilo que perguntava: “Quem está aí?”. Ao que respondeu:
_Basilisco, sou eu. Tom Riddle.
_Herdeiro do Fundador. Seja bem-vindo à Câmara. Feche seus olhos para que eu possa ver como o senhor é, meu Mestre.
_Está bem. Depois você faça o mesmo, para que eu possa vê-lo.
Depois que cada um viu como era o outro e Tom confirmou que a cobra tinha uns dezoito metros de comprimento, continuaram a conversar e traçar seus planos.
_Então é isso que faremos, Mestre? É assim que erradicaremos os sangues-ruins da escola?
_Sim, minha fera. Somente uma sangue-ruim deverá ser poupada. Eis a sua foto. Ela se chama Renata Wigder.
_E por que poupá-la, Mestre?
_Os motivos dizem respeito apenas a mim, mas devo dizer que ela é minha amiga desde o primeiro ano. Dentre todos os sangues-ruins apenas ela merecerá a nossa clemência.
_Que seja como o meu Mestre assim o determinar. Sabe, Mestre, concordo com aquela serva que lhe disse para usar um pseudônimo. Já pensou em um?
_Não, mas pensarei. Agora devo ir. Daremos início ao plano em junho, próximo da formatura. Será o fim dos sangues-ruins em Hogwarts. Mas, lembre-se: Renata Wigder deverá ser poupada.
Tom saiu da Câmara Secreta e dizendo: “Wingardium Leviosa”, flutuou até o banheiro, fechando a entrada. Em seguida retornou para sua Sala Comunal. Antes de dormir, pensou nas palavras de Walburga e do basilisco (“Realmente, preciso pensar em um pseudônimo. Algo que cause medo e que transmita grandeza, como convém ao futuro Lorde das Trevas, aquele que vencerá a morte... espere aí! A resposta está em meu próprio nome! LORDe das Trevas, aquele que vencerá, que roubará a MORTe. Se eu fizer um anagrama, uma transposição de letras englobando LORD e MORT eu posso obter o nome que eu quero, pois eu sou o Lorde das Trevas. Tom Marvolo Riddle dará lugar àquele que é o vôo da morte. I AM LORD VOLDEMORT!”, pensou ele, dormindo em seguida, contente por haver resolvido mais um problema).

No último ano Renata Wigder não participou da equipe de Quadribol da Corvinal, a fim de preparar-se bem para os N.I.E.Ms, nos quais todos os amigos saíram-se esplendidamente. Chegara o mês de junho e, com ele, novos eventos no panorama da guerra na Europa. Nos meses anteriores, os alemães haviam sido derrotados na Tunísia, confirmando a virada mas naquele mês Heinrich Himmler, Chefe da Gestapo, cometera um ato de extrema crueldade, ordenando a destruição dos guetos judaicos da Polônia. Porém, falando em crueldade, o plano de Tom Riddle ou, como preferia ser chamado pelos seus seguidores, Lord Voldemort, estava prestes a ser iniciado.
Com a finalidade de iniciar o extermínio dos alunos nascidos trouxas em Hogwarts, ele havia descido à Câmara Secreta no dia 13 e estava subindo com o basilisco, a fim de liberá-lo, mas uma morte não planejada frustrou seus planos. Um corpo no banheiro e o basilisco matando poderiam denunciar a entrada da Câmara e associar os acontecimentos a ele e seu grupo. O que aquela garota tinha de estar fazendo no banheiro naquela hora?
Uma jovem, nascida trouxa, estava no banheiro naquele momento. Ela chamava-se Myrtle e era bastante sensível, tendo sido apelidada de “Murta que Geme”. Usava óculos de lentes grossas e era por causa deles que estava ali naquela hora. Uma colega, Olívia Hornby, havia feito uma gozação com os seus óculos e ela correra para o banheiro, trancando-se em um box e começando a chorar. Naquele exato momento, Tom e o basilisco estavam saindo pela entrada da Câmara e o bruxo passava instruções à gigantesca serpente, em Ofidiano. Inesperadamente, a porta de um dos boxes se abriu e, de dentro dele, saiu uma Myrtle furiosa, dizendo:
_Escute aqui, seu pervertido! Este é um banheiro de meninas e você não pode estar aq... _ então, mesmo sem ver quem era o garoto, ela encarou os olhos do basilisco, morrendo na hora.
_Diabos, Myrtle! _ exclamou Tom, espantado _ Mas o que você estava fazendo aqui? _ e, para o basilisco _ Nossos planos deverão ser adiados. Você deverá retornar à Câmara. Mas não se preocupe, pois alguém irá abri-la, um dia.
_Já esperei tantos anos que alguns a mais não farão mal, meu Mestre.

Tom saiu dali, sob Feitiço de Desilusão e foi para a Sonserina (“Diabos, preciso dar um jeito de encontrar um responsável, a fim de cobrir meu rastro. Quem poderia... já sei! Ele é o candidato perfeito. É uma pena, pois ele não faz mal a ninguém mas sua aparência e seu jeito assustam. Infelizmente será preciso incriminar Rúbeo Hagrid, aquele rapaz grandalhão do terceiro ano, Casa Grifinória, que eu acho que deve ser meio-gigante. Parece que ele esconde uma acromântula em uma caixa, numa sala dos níveis inferiores. Sim, ele é um cara legal, mas será preciso que ele seja o bode expiatório nisso”, pensou).

Ele aguardou até que encontrassem o corpo de Myrtle e então, depois de conversar com Dumbledore, foi até o local onde Hagrid escondia a acromântula, à qual dera o nome de Aragogue, tentando capturá-la. Infelizmente o artrópode fugiu, para a Floresta Negra. Hagrid acabou sendo expulso e Tom ganhou um prêmio por serviços prestados. Seu remorso não durou muito, pois sabia que era algo que tinha de fazer, para o sucesso de seus planos.
Poucos dias antes da formatura estava com Minerva no banheiro dos Monitores e, depois de terem novamente se amado com paixão, conversavam sobre a expulsão de Hagrid:
_Não posso imaginar, Tom. Hagrid, aquele grandalhão simpático, abrindo a Câmara Secreta de Slytherin. Eu pensava que fosse apenas uma lenda. E ele acabou libertando o monstro. Não acredito.
Temendo pela segurança de Minerva McGonnagall, Tom resolveu contar a ela a verdade:
_Minerva, tenho algo para lhe dizer. É muito importante, mas eu não sei por onde começar. Tem a ver com os acontecimentos que culminaram na morte de Myrtle.
_Como assim, Tom? Foi Hagrid quem abriu a Câmara Secreta, não foi?
_Na verdade, Minerva não foi ele. Foi outra pessoa e ela não teve outro jeito senão incriminá-lo.
_Será que tem a ver com os rumores sobre um bruxo das Trevas emergente, cuja identidade ninguém ainda descobriu e que dizem intitular-se “Lord Voldemort”?
_Exatamente, minha querida. Foi Lord Voldemort quem abriu a Câmara.
_Como é, Tom? Me explique isso.
_Minerva, eu preciso lhe dizer isso pois você precisa saber, para sua própria segurança.
_???
_Já há algum tempo eu estou trilhando um caminho muito perigoso e que você, certamente, não irá querer seguir. E que eu também não quero que você siga.
_Continuo sem entender, Tom. Não me diga que esse bruxo maligno que está despontando é...
_Sim, Minerva. Sou eu. Parte por destino, parte por escolha, parte por família, eu sou Lord Voldemort. Faça um anagrama com o meu nome e descobrirá.
Minerva McGonnagall estava espantada, porém não assustada. Ela sabia, do fundo de seu coração, que Tom Riddle nunca lhe faria mal. Então, ainda abraçada a ele, pediu para que lhe contasse tudo. E o namorado lhe contou, desde a sua infância, os primeiros anos com a família Snape, o ano passado com o pai, que o abandonou como fizera com sua mãe, as pesquisas que fizera para tentar descobrir sua linhagem e driblar a morte, com os resultados aos quais chegara e os acontecimentos que acabaram culminando na morte de Myrtle. Ao final do relato, ela estava de queixo caído.
_E agora que contou tudo para mim, Tom... o que vai fazer comigo? Me matar?
_Óbvio que não, Minerva. Eu amo você e é exatamente por isso que deveremos romper nosso namoro. _ uma furtiva lágrima desceu pelo rosto dele.
_Mas se todos sabem que já fomos namorados, irão me associar a você e poderão tentar me usar para atingi-lo ou então o Ministério poderá pensar que faço parte do seu grupo.
_Não se preocupe, Minerva. A essa altura, apenas nós dois dentre toda a Bruxidade sabemos de nosso namoro. Eu já cuidei disso.
_Como, Tom? O que foi que você fez?
_Hoje ativou-se o Feitiço Fidelius que eu fiz, protegendo a informação sobre o nosso namoro. E eu sou o Fiel do Segredo, o que significa que mesmo você só está sabendo disso porque eu estou contando, pessoalmente.
_Mas você sabe que eu sou visceralmente anti-Trevas, Tom. Não poderemos viver divididos entre o amor e o dever. Você considera sua missão continuar o trabalho de Salazar Slytherin e eu, pelo meu lado, já pensei em ir para a Academia de Aurores. _ e agora as lágrimas corriam pelo rosto dela _ Eu não quero ter de um dia confrontá-lo. Eu te amo demais para isso, Tom Marvolo Riddle, Lord Voldemort ou qualquer que seja o nome que você se atribua.
_Não, Minerva. Você não deverá preocupar-se com isso, também. Você deverá esquecer que tivemos um relacionamento. _ e, àquela altura, ele também chorava tanto quanto ela _ Eu precisarei usar um Feitiço de Memória, para que mesmo você esqueça do nosso amor. Com o coração partido é isso que deverei fazer. Somente com a minha morte os dois feitiços, tanto o de Memória quanto o Fidelius irão se desfazer.
_Então faça o que deve ser feito, meu querido. Mas, antes, faça amor comigo uma última vez, ainda que essa venha a ser uma recordação que eu não carregarei.
Minerva McGonnagall e Tom Riddle amaram-se novamente com tamanho ardor, paixão e sentimento que, ao atingirem juntos o clímax, pétalas de rosas vermelhas materializaram-se do nada e caíram sobre os dois, em uma bela emissão mágica involuntária.

Depois de saírem do banheiro, seguiram pelos corredores desertos até o ponto em que deveriam separar-se, em todos os sentidos.
_É aqui, Minerva, que nossos caminhos divergirão, literalmente.
_Por favor, Tom. Um último beijo antes que eu deva esquecer tudo de bom que já tivemos juntos. Ainda bem que continuaremos bons amigos.
_Pelo menos enquanto não tivermos de nos enfrentar. Minha querida, já pensou em outra coisa, além de ser Auror?
_Bem, o Magistério sempre me atraiu. Acho que levo jeito para lecionar e, se fosse assim, adoraria ser professora de Transfiguração, assim como o Prof. Dumbledore.
Beijaram-se, ardentemente e, em seguida, separaram-se. Tom Riddle pegou sua varinha e apontou-a para Minerva McGonnagall.
_Pronta?
_Sim, meu amor. Faça-o depressa.
_ “Obliviate!!” _ Tom executou o Feitiço de Memória e, logo em seguida, implantou uma recordação falsa na mente da namorada, cujos olhos estavam desfocados pelo feitiço _ Nós jamais fomos namorados, apenas bons amigos. Você esquecerá tudo o que eu disse sobre minha trajetória para as Trevas e sobre eu ser Lord Voldemort. Também desistirá da idéia de ser Auror e irá direcionar-se para o Magistério. Somente com a minha morte suas verdadeiras lembranças retornarão. Nós apenas estávamos fazendo uma última ronda noturna pelos corredores.
Quando os olhos de Minerva voltaram ao normal, ela perguntou:
_O que houve, Tom? Sinto-me meio tonta.
_Deve ser o calor. Seria bom tomar uma chuveirada antes de dormir.
_Boa idéia. Bem, acho que vou para a Torre da Grifinória. Boa noite, Tom.
_Boa noite, Minerva. _ e ambos seguiram seus respectivos caminhos. Minerva não viu que Tom Riddle chorava, silenciosamente. Pela última vez.

As festividades de formatura correram maravilhosamente. No baile, como o pai de Minerva já havia falecido e Tom Riddle era órfão, ambos fizeram par, pela amizade que os unia. Hiram Mason foi o orador da turma e, em seu discurso, enalteceu a união, a amizade e a necessidade de se trilhar o caminho da Luz. Encerrado o baile, foram para suas Casas, passando sua última noite em Hogwarts antes de retornarem a Londres, no dia seguinte.
Na Plataforma 9 ½, os seis amigos despediram-se, indo cada um em uma direção trilhando diferentes caminhos que, mal sabiam eles, cruzar-se-iam no futuro. E não estariam todos eles do mesmo lado da linha que separa o bem do mal, a Luz das Trevas. Anos depois eles iriam se encontrar, em circunstâncias totalmente diferentes. Jean-Marc Malfoy, Fabiola Wayne, Hiram Mason, Renata Wigder e Minerva McGonnagall, todos eles teriam suas vidas afetadas pelo antigo colega e amigo Tom Marvolo Riddle, que agora abandonara definitivamente seu nome de batismo, o qual somente usava quando lhe convinha não atrair as atenções do Ministério, passando a utilizar aquele que ele mesmo criara para si, como uma identidade secreta que, depois, viria a ser aquela que passaria a usar publicamente, um nome que provocaria tamanho pavor no seio da Bruxidade, que quase todos os bruxos evitariam pronunciá-lo.

LORD VOLDEMORT.


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