Harry Potter e o Legado de Avalon escrita por JMFlamel


Capítulo 15
DE Bailes, Casamentos E Funerais




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CAPÍTULO 14

DE BAILES, CASAMENTOS E FUNERAIS






Depois de uma belíssima comemoração de Natal, na qual puderam reunir-se quase todos os nossos amigos, chegou o triste momento das despedidas. Afinal de contas, o tempo não pára e, para os do sétimo ano, os N.I.E.Ms aproximavam-se cada vez mais e ainda havia a continuidade da Copa de Quadribol das Casas. Mas, antes de novamente pegarem no pesado, ainda haveria o Baile de Inverno, para recepcionar o ano que viria. Marilise abraçou a todos, especialmente sua querida filha, despediu-se e acionou a Chave de Portal, retornando para o Brasil. Os Granger foram para casa, Augusta, Nigel, Ted e Andrômeda desaparataram e os nossos amigos tomaram a lareira, de volta para Hogwarts.
Saíram da lareira do Gabinete do Diretor, cumprimentando-o e retornando para suas Casas. Hogwarts estava agitada, pois o grupo As Esquisitonas estaria novamente animando o baile, que prometia ser especial, com a presença já confirmada de vários convidados de fora da escola. Só esperavam que não aparecesse nenhum corvo com um berrador agourento, embora nem mesmo aquilo tivessse empanado o brilho da festa do ano anterior.
E, na noite do baile, todos foram chegando a Hogwarts. Os primeiros foram Viktor Krum e Elisabeta Ionescu, já casados e ela grávida de uns cinco meses. Foram calorosamente cumprimentados pelos amigos e ocuparam seus lugares à mesa. Em seguida, Arthur e Molly Weasley, acompanhados por Percy e Penélope. Madame Maxime entrou no Salão Principal e logo procurou por Hagrid. Fabian Sheldrake e Linus Jordan foram os seguintes. Pansy Parkinson logo abraçou seu noivo, enquanto que uma outra garota da Sonserina, a jovem Diana McCorkindale, não tirava os olhos de Jordan.
Um outro casal chegou, em elegantes vestes a rigor, os dois logo sendo cumprimentados e abraçados pelos Inseparáveis: Cho Chang e Luke Donovan compareceram, como prometido, antes de irem de mudança para Hong Kong, onde Cho seria a nova apanhadora dos Jade Dragons. A jovem chinesa era toda sorrisos e sua alegria parecia fazê-la brilhar,tanto quanto a aliança na mão esquerda. Os dois haviam resolvido adiantar um pouco o casamento.
—Não consigo nunca deixar de pensar em como devo a vocês, Inseparáveis, tudo de bom que está acontecendo na minha vida. Superar o alcoolismo, escapar do domínio da Profª Trelawney, desenvolver uma carreira no Quadribol, nada disso seria possível se não fosse por vocês, principalmente Gina e Harry. Cada lágrima que derramei no baile do ano passado valeu a pena. Graças a vocês compreendi que aquela obsessão por Harry não me levaria a lugar nenhum e pude perceber o quanto Luke representa para mim (e beijou o marido). Minha dívida de gratidão com vocês é eterna e, se estiverem em Hong Kong, procurem por nós. O clã Chang estará à sua disposição.
—Da mesma forma, Cho. Sempre que precisar de nós, é só chamar e estaremos lá. _ Harry disse e todos os Inseparáveis concordaram.
Fred e Jorge chegaram logo em seguida, acompanhados por Alícia e Angelina. Logo entraram no ritmo e começaram a dançar, ao som das Esquisitonas. Quando viram Jordan e Diana, foram cumprimentar o amigo e logo começaram a fazer gozações com ele. Como a jovem Diana McCorkindale já conhecia a fama dos gêmeos, entrou no clima e riu junto com eles. Aliás, falando em clima, parecia estar pintando um entre ela e Linus, a quem ela já admirava desde antes do simpático rapaz se formar.
—Mas a sucessão de vocês está garantida. _ disse ela _ Há uma turma de alunos do primeiro ano que está encarregando-se de manter viva a tradição dos Criadores de Confusão de Hogwarts.
—É, eu ouvi falar. Inclusive um deles é conhecido de Fred e Jorge, não é, amigos? _ Linus perguntou.
—Jemail Bin Laden, o filho de Ayesha. Sim, nós o conhecemos. Ele é um garoto bem esperto e, junto ao resto dos “Honra e Amizade”, costuma aperfeiçoar os produtos comprados em nossa loja. _ disse Jorge _ Passamos juntos o último Natal, em Londres.
—No qual você ficou uma gracinha, todo azul. _ o irmão brincou.
—Você não ficou nem um pouquinho atrás, com aquela cara de porco, mano. _ Jorge devolveu a brincadeira e todos riram juntos.

Falando em Ayesha Zaidan, ela e Sirius haviam parado de dançar e estavam sentados à mesa, com alguns pergaminhos à frente, o que chamou a atenção de Dumbledore, que dançava com Minerva, próximo a eles. Os dois aproximaram-se.
—Sirius, Ayesha, por que estão aí sentados? _ Alvo Dumbledore perguntou ao casal _ O baile está ótimo e a música animada.
—Estávamos decidindo, Diretor, se agora seria a melhor hora para anunciarmos. _ Sirius respondeu.
—Anunciarem o que? _ Harry e Gina haviam parado de dançar, tinham ido pegar bebidas no balcão e levavam-nas para a mesa.
—Nosso casamento, meus queridos. _ disse Ayesha _ Sirius e eu decidimos que já era hora.
—Será no dia 25 de fevereiro. _ Sirius continuou _ Vamos aproveitar o fato de que eu ainda não sou o titular da disciplina de Vôo e nossa ausência durante a lua-de-mel não causará transtornos para a escola. Teremos tempo para que tudo esteja perfeito e, principalmente, para que o senhor possa se planejar, Diretor, porque fazemos questão de que o senhor seja o celebrante.
—Com o maior prazer, Sirius. Pode contar comigo para isso, pois é algo que me trará muita satisfação, o casamento de vocês em fevereiro e o de Severo e Rosmerta, em março. Dois casais de ex-alunos que se reencontraram para unirem suas vidas, depois de muitas dificuldades.
—Realmente, Diretor, não foram poucas. _ Severo Snape e Rosmerta McTaggert haviam acabado de chegar e o professor de Poções não pôde deixar de dar sua opinião _ E elas ainda não terminaram, pois somente obteremos paz com a derrota total de Voldemort... não precisa tremer, Rosmerta. Mas fico feliz de que tenha tomado juízo, Sirius. Só mesmo mulheres de alto nível, tais como Ayesha Zaidan e Lílian Potter para colocar Marotos na linha.
—Com certeza, professor. _ Harry lembrou-se da lembrança de Snape que vira na Penseira, chegando à conclusão de que seu pai devia ter suado a camisa para provar-se digno do amor de sua mãe, começando por mudar o seu perfil.
—Chega uma hora na vida de todo homem, mesmo de um Maroto, na qual ele conclui que deve deixar a “Marotice” de lado e amadurecer, Severo. Nem que seja para abrir espaço para seus sucessores. _ disse Sirius, rindo, acompanhado por todos os outros _ E parece que a sucessão está garantida, com Jemail e seus amigos.
—Deve ser a sua influência, cachorrão. _ disse Ayesha, corando de leve e beijando Sirius.
A fim de deixá-los mais à vontade, Gina e Harry retornaram para a pista de dança, enquanto a banda executava uma música que não fazia parte do seu repertório normal. Uma música trouxa, que chamava-se “I Can’t Take My Eyes Off Of You”. Pouco antes do final da música, os dois foram para os jardins do castelo e, sentados em um banco, trocaram um beijo apaixonado. Perto dali Milly e Blaise, que haviam saído para darem uma volta, ficaram paradas e de olhos arregalados com o que estavam vendo. Enquanto Harry e Gina beijavam-se, as roseiras começaram a florir, mesmo que fosse inverno, de forma semelhante ao que acontecera com Sirius e Ayesha quando estudantes, mas com uma diferença:

A cor das pétalas das rosas era... azul, em várias tonalidades.
—Vocês não perdem mesmo a oportunidade de aparecer, hein, casalzinho apaixonado? _ Blaise brincou com os dois que, somente então, perceberam o que estava acontecendo.
—Uau, Blaise. _ Gina estava admirada _ Acho que nunca aconteceu algo assim.
—Temos de dar um jeito para não chamar a atenção. _ Harry observou _ Embora as flores estejam combinando com os olhos de Milly...
—Obrigada, Harry. _ disse Milly.
—... O pessoal poderá estranhar, pois rosas azuis não são muito comuns, mesmo na Bruxidade. Vamos lá?
—OK, Harry. _ disseram as garotas. E, em coro, os quatro lançaram seus feitiços:
— “Rosae, Revertere Rubrae”! _ as rosas passaram, instantaneamente, do azul para o vermelho.
—Pronto. Agora ninguém vai achar esquisito. _ disse Blaise.
—Vocês dois precisam se casar logo. _ Millicent Bulstrode brincou, sorrindo para o casal _ Ou então qualquer dia desses teremos uma chuva de estrelas. Até mais, “Redbird e Hawkeye”.
—Até mais, “Coturno e Sandalhinha”. _ Gina e Harry despediram-se de Blaise e Milly.
—Mal sabem elas que isso já aconteceu. _ disse Harry ao ouvido de Gina, baixinho. A ruiva sorriu e beijou-o, novamente _ Sabe, não me lembrei de comentar, mas notei a falta do Dunga nas festividades de Natal da Mansão Black.
—Acho que ele ainda está com medo da Tonks, depois da dura que levou dela, por ter afanado aqueles objetos da Mansão Black enquanto Sirius estava no Mundo do Além. _ Gina comentou.
—Ou pior, Gina. _ disse Harry, sorrindo.
—???
—Ele deve estar morrendo de medo da sua mãe. _ os dois riram e foram em busca de um lugar onde pudessem ficar mais à vontade, ansiosos que estavam um pelo outro.
O casal saiu dos jardins e, através de passagens e atalhos, logo os dois estavam em frente à tapeçaria de Barnabás, o amalucado. A maçaneta de latão polido da Sala Precisa materializou-se e Gina comentou:
—No ano passado, Jan e Draco. Este ano, nós dois, minha vassourinha despenteada.
—Vamos entrar e trancar a sala, antes que alguém tenha a mesma idéia, minha pequena leoa. _ e foram usufruir de uma praia tropical, em pleno inverno inglês, só não esquecendo que deveriam estar de volta antes que Arthur e Molly Weasley fossem embora, para que pudessem se despedir.

Outro casal deixou o salão, discretamente, a fim de poderem ficar a sós e compensarem a “quarentena” forçada do Natal. Um pequeno Feitiço de Desilusão e logo Luna Lovegood e Neville Longbottom estavam atravessando as portas da mal-afamada Torre de Astronomia, as quais Luna prontamente lacrou com um “Colloportus” e os dois entraram na sala do famosíssimo sofá mas, para surpresa de Luna, o que havia em seu lugar era um estrado coberto, cercado por cerejeiras, em cujo centro havia uma mesa baixa com um fogareiro aceso, sobre o qual uma chaleira com água a aquecer exalava um suave vapor. Ao lado, duas xícaras cerimoniais, um pote, um medidor para água, outro para chá e um mexedor compunham o conjunto, completado por uma única rosa com gotas de orvalho em suas pétalas e folhas, decorando a mesa. Em um canto, ao lado de uma fonte de relaxante ruído, um macio Futon de casal encontrava-se desenrolado.
—Nev, querido! _ Luna exclamou _ Você preparou, com todos os detalhes, uma Cha-No-Yu, uma Cerimônia do Chá, para nós dois?
—Sim, Luna. _ respondeu Neville _ Achei que seria uma boa maneira de demonstrar o meu amor por você. “Indumentaria Cambio”!
As vestes a rigor de Luna e Neville transfiguraram-se em dois quimonos negros, o dela com uma zibelina prateada nas costas e outra menor, do lado esquerdo do peito. O dele trazia uma águia, também prateada. Ambos ajoelharam-se, defronte à mesinha, um de frente para o outro. A água atingiu a temperatura ideal e o fogareiro foi apagado. Neville colocou água em uma das xícaras até a altura adequada e adicionou uma medida de chá verde, mexendo por três vezes e oferecendo a xícara a Luna, que aceitou, pegando-a e girando-a na palma da mão, tomando três goles e devolvendo-a para Neville, que repetiu o procedimento por mais duas vezes, até que Luna tivesse tomado três xícaras, polidamente recusando uma quarta. Somente depois disso foi que ele serviu uma xícara para si próprio, tomando-a e pousando-a sobre a mesa, completando o ritual. Em seguida disse, em um japonês fluente, sem a menor necessidade de um Feitiço de Idioma:
— “Meu amor por você supera qualquer coisa, qualquer perigo ou ameaça. É maior do que tudo e, ao mesmo tempo, cabe dentro do meu peito. Com você e somente com você, sinto-me um ser humano completo. Sou-lhe grato por você existir e por eu te amar, Luna-chan.”
—Oh, Nev! Que coisa mais linda! O que mais posso dizer, em resposta, além de “Watashi anata suki, Neville-chan”, eu te amo. _ e beijou o seu namorado, apaixonadamente. Ambos dirigiram-se para o Futon e fizeram questão de demonstrar, através de atos, o que disseram em palavras. Aquela seria uma noite que ficaria gravada para sempre na memória do feliz casal.

Enquanto isso, o baile seguia, animado. A música das Esquisitonas estava melhor do que nunca e os casais ocupavam o salão, dançando e se divertindo. Mesmo Crabbe e Goyle, pasmem, haviam encontrado seus pares. Goyle dançava com Heloísa Midgeon que, depois de um radical tratamento para sua acne, realizado no St. Mungus, combinando feitiços, poções com seiva de bubotúberas e fortíssimos medicamentos trouxas à base de Isotretinoína, exibia uma pele lisa como a de um bebê. Tanto ela quanto Gregory Goyle estavam adorando, pois faziam questão de dançar de rosto colado. Quanto a Vincent Crabbe, conduzia a jovem quintanista da Grifinória, Demelza Robbins, com uma leveza e uma suavidade que sua corpulência jamais permitiriam adivinhar. A Artilheira reserva dos Leões formava um belo par com o Batedor titular das Serpentes. Hermione e Rony estavam dançando ali perto e ela comentou com o ruivo:
—Quem diria que nós veríamos dois sonserinos radicais, filhos de Death Eaters, a dançarem com duas garotas da Grifinória e Lufa-Lufa. A esperança da harmonia é cada vez mais forte.
—Isso me faz lembrar a canção do Chapéu Seletor no ano passado, quando ele disse: “...A, com o poder da amizade, não importando onde esteja, um correto bruxo seja.” Ele já estava prevendo que, um dia, membros de casas historicamente rivais estariam confraternizando, felizes a dançar e se divertir.
—Não só dançar, Rony. Veja só aquilo. _ enquanto dançavam, Gregory e Heloísa trocaram um terno e doce beijo _ Esse é “O-Poder-Que-Voldemort-Não-Possui”, o poder do amor.
—Tem razão, Mione. Ele é capaz de derreter o gelo de corações que acreditam não mais terem chance para a felicidade, aplacar o fogo de uma solidão prolongada, manter viva a esperança de um homem em limpar o seu nome e salvar alguém do impacto direto de uma Maldição da Morte. Sem contar que pode fazer com que um rude e tímido jovem ruivo declare à sua amada de lindos e fofos cabelos castanhos o sentimento que guardou dentro de si por anos, como o mais íntimo segredo de sua existência. Eu te amo, Hermione Jane Granger.
—Eu também te amo, Ronald Bilius Weasley. E quero, mais uma vez, demonstrar.
—E o que a senhorita propõe? _ Rony perguntou, com um olhar apaixonado, que fazia brilharem os seus olhos verdes, de uma tonalidade semelhante aos da sua irmã _ Se me permite uma sugestão, minha querida, repare que todos os outros monitores estão aqui, no salão. Creio que a Sala dos Monitores iria prestar-se muito bem para o que temos em mente.
—Tem razão, meu amor. Ela é à prova de som e, com um bom Colloportus, nossa privacidade estará garantida.
—OK. Uma saída discreta, um Feitiço de Desilusão e estaremos a caminho. _ Rony beijou Hermione e os dois saíram da pista, como se fossem tomar algo para se refrescarem depois da dança. Logo estavam invisíveis e no rumo da Sala dos Monitores, felizes e enamorados.

Como o Baile de Inverno estivesse chegando ao seu término, os casais que haviam saído para seus “passeios românticos” começavam a, discretamente, retornar ao salão. Harry e Gina, Rony e Hermione, Draco e Janine, Neville e Luna, todos estavam de volta, como se não tivessem saído dali. Uma última sessão de músicas para todos os gostos, na qual os Inseparáveis deram uma mostra do talento que haviam adquirido no ano anterior e, logo depois, a banda deu por encerrado o baile. Arthur e Molly Weasley despediram-se e retornaram para Ottery St. Catchpole. Os outros convidados retornaram para suas casas utilizando os mais diversos meios, embora alguns tivessem optado por permanecer em Hogsmeade naquela noite. A proprietária do “Coruja de Prata” estava mais do que contente.
Durante o baile, havia acontecido algo que quase ninguém havia percebido, exceto Dumbledore, que podia vê-lo, mais Mason e os Inseparáveis, que sentiram seu Ki: Alastor “Olho-Tonto” Moody estivera o tempo todo escondido debaixo de sua Capa de Invisibilidade, zelando pela segurança de Arthur e Molly Weasley. Embora não parecesse, o Auror havia apreciado bastante o baile, além do fato de que sabia do destino que cada casal apaixonado tomara naquela noite. E daí, ora bolas? Um dia ele também já havia sido jovem e sabia que, principalmente em tempos de guerra, aqueles raros, bons e doces momentos deveriam ser aproveitados, pois não voltariam novamente. Se alguém além de Dumbledore pudesse enxergar através da capa, veria o rosto cheio de cicatrizes do velho Moody esticado em algo que poderia ser identificado como um sorriso.

Lufa-Lufa e Sonserina preparavam-se para sua partida, a terceira daquela temporada, intensificando os treinamentos. Draco havia visto o desempenho do apanhador da Lufa-Lufa, Malone e sabia que, embora o apanhador da Corvinal tivesse perdido o pomo para ele no último jogo, ainda assim não era um adversário para se subestimar. E, como Malone tivesse levado a melhor por méritos próprios, a coisa seria ainda mais difícil. Então o time treinava duro e o próprio Draco fazia treinos solo, enfatizando a “Manobra de Weasley”, a Finta de Wronski” e o temido e perigosíssimo “Mergulho do Diabo” que, se mal executado, poderia ser a última manobra que o jogador faria na vida. Nos últimos dois anos o calendário dos jogos sofrera uma pequena alteração, sendo por sorteio. Por essa razão jogariam, em janeiro, Lufa-Lufa e Sonserina e o jogo Grifinória x Corvinal ficaria, não mais em maio, mas em março, próximo do Equinócio de Primavera. Grifinória e Lufa-Lufa jogariam em fevereiro, na data de sempre, pouco depois do Dia dos Namorados, além de que o jogo Sonserina x Corvinal seria no início de fevereiro. O calendário também havia ficado mais apertado.
O jogo foi, como Draco previra, bastante difícil e Sonserina venceu por uma margem apertada, de apenas vinte pontos. Aquilo significava que a equipe das Serpentes não podia nem pensar em perder para a Corvinal, no seu próximo jogo. Não havia sido por demérito de Blaise, que se esforçara o mais que pudera. Acontece que os artilheiros texugos estavam afiados e com sorte. O pomo só havia sido capturado porque o loiro arriscara tudo em um “Mergulho do Diabo” e fora bem sucedido (“Acho que Jan deve ter ganho alguns cabelos brancos depois deste jogo”, pensou ele). De fato, Janine havia ficado bem assustada e ralhara com Draco, depois do jogo. Mas a zanga durara pouco e, logo depois, junto com todos os Inseparáveis, a jovem brasileira demonstrou sua admiração pela maneira impecável com que o sonserino executara aquela difícil e perigosa manobra. Mesmo Harry Potter apenas a executara nos treinos, jamais a utilizando em um jogo da Copa das Casas. Aquilo havia valido mais trinta pontos para a Sonserina, pela ousadia e perfeição da manobra, concedidos por Sirius e Madame Hooch (“Nunca pensei que daria pontos para as Serpentes”, pensou o professor auxiliar de Vôo).
Na Sala Precisa, os Inseparáveis dedicavam-se ao estudo. Gina e Luna para os exames e os demais para os N.I.E.Ms. De repente, a porta da sala se abriu e por ela entrou um conhecido elfo doméstico, desta vez acompanhado.
—Dobby! Winky! Que bom vê-los.
—Obrigado, Hermione Granger. _ Dobby disse, feliz _ Dobby e Winky trouxeram chá e biscoitos.
—Esperamos que estejam do seu agrado. Provamos antes para sabermos se estava no ponto ideal. _ disse Winky, sorrindo. Ela vestia um novo conjunto de saia e blusa, mas com uma diferença em relação aos anos anteriores. Elas estavam limpinhas e bem passadas. A elfo também estava diferente, mais feliz e com um ar... sóbrio, sem que seu nariz de tomate estivesse vermelho. Além disso, ela e Dobby não paravam de trocar olhares, o que não passou despercebido aos casais.
—Dobby, vocês não estão querendo nos dizer nada? _ Neville perguntou, com uma expressão divertida no rosto.
—Sim, Neville Longbottom. Dobby e Winky estão juntos, já há algum tempo. Mais precisamente, desde novembro.
—Juntos... quer dizer, casados? _ Harry perguntou.
—Sim, Harry Potter. _ respondeu Winky _ Nós nos unimos de acordo com os cerimoniais dos elfos domésticos. Winky estava enfrentando sérios problemas com o alcoolismo, então Dobby lembrou-se do Prof. Severo Snape e da Poção Abstemius, que ele utilizou para curar a dependência da Srta. Chang Cho-Yen, depois do último Baile de Inverno. Por solicitação do Prof. Dumbledore, ele iniciou um tratamento e livrou Winky do álcool. Depois disso, Dobby fez com que Winky compreendesse como era estúpido não reconhecer que era uma elfo liberta, que tinha de se conformar com as roupas e que Hogwarts era o melhor lugar do mundo para elfos libertos. Dobby e Winky já eram amigos de longa data e daí para que nos notássemos como mais do que amigos não demorou muito.
—Então, com a permissão do Prof. Dumbledore, nós celebramos nossos esponsais, segundo os rituais milenares dos elfos domésticos. Inclusive, o irmão de Dobby estava presente. _ Dobby comentou.
—Ziggy? _ perguntou Draco _ Ele não me disse nada.
—Sim, Draco Malfoy. Ziggy fez questão de estar presente. E Dobby pediu para que Ziggy mantivesse a surpresa.
—Você libertou Ziggy, Draco? _ Harry perguntou ao amigo.
—Não, Harry. Ele insistiu para que eu não o libertasse, pois assim ele poderia permanecer como guardião dos nossos segredos e ninguém poderia obrigá-lo a revelá-los. Mas alguns outros elfos da Mansão Malfoy aceitaram a libertação, quando eu a propus.
—Mas quiseram continuar trabalhando para nós. _ Janine continuou a explicação de Draco _ Alguns até aceitaram um salário, quando prometemos destinar parte dele para um fundo de assistência aos elfos, quando adoecessem ou ficassem muito idosos. Uma iniciativa pioneira e que está encontrando grande receptividade entre os bruxos, pois quem possui servos obviamente os quer em boas condições.
—Realmente, Jan. _ Hermione comentou _ Os elfos estão começando a ser reconhecidos como seres de importância no mundo mágico, pela sua fidelidade e não só para servirem sem limites. Eu era muito radical com aquela história do FALE, mas cheguei à conclusão de que liberdade para os elfos deve vir aos poucos e espontaneamente.
—Melhor do que fazia uma das tias de Sirius. _ disse Harry.
—???
—Acho que era aquela que os decapitava, quando ficavam velhos demais, não era, Harry Potter? _ Dobby perguntou.
—Ela mesma, Dobby. E as cabeças ainda ficavam expostas no corredor da Mansão Black. Ainda bem que Lupin e Tonks deram destino àquelas demonstrações de crueldade. Se bem que o Monstro deixava bem claro que aquele era o seu maior desejo. Bem, chega de falar de coisas tristes.
—Tem razão, Harry. _ Gina comentou _ Dobby, você pode nos dizer como é o ritual de casamento dos elfos?
—Infelizmente não, Gina Weasley. Nossos rituais não são para os olhos humanos, sendo um segredo que nem mesmo um senhor pode exigir que seu servo revele. Só posso lhes dizer que é uma cerimônia muito bonita, na qual estamos todos em total harmonia com a Natureza. Bem, precisamos ir. Espero que esteja tudo do seu agrado. Boa noite, jovens senhores e senhoritas. _ disseram Dobby e Winky, despedindo-se.
—Boa noite, Dobby. Boa noite, Winky. _ despediram-se os Inseparáveis. O chá e os biscoitos deram a eles um novo ânimo e todos retomaram as revisões para seus exames. A Sala Precisa proporcionava a todos eles a tranqüilidade necessária para que se dedicassem aos estudos. E assim o mês de janeiro passou, em um piscar de olhos, logo dando lugar a fevereiro e a mais um jogo da temporada de Quadribol: Sonserina x Corvinal. A partida prometia ser equilibradíssima, Sonserina dependia da vitória para continuar viva na competição, Wilcox estava afiado e já havia brincado com Draco, dizendo que não daria moleza. Tudo indicava que seria um jogo tipo “um gol lá, um gol cá”, com a decisão do placar a cargo dos Apanhadores, mas um inesperado fator de desequilíbrio interferiu na partida antes mesmo do seu início, para azar da Sonserina.
Antes do início da partida, o vestiário da equipe da Sonserina recebeu a visita de Janine que, como de costume, havia ido desejar boa sorte a Draco. Ninguém mais ligava para a presença da jovem grifinória no meio dos sonserinos, provando que a rivalidade era cada vez mais sadia e menos radical. Mas, naquele dia, acabou criando-se uma situação bem desagradável, pois Malcolm Baddock e Gram Pritchard tinham ido até lá e, ao verem Janine, começaram a implicar com a garota:
—O que essa sangue-ruim está fazendo aqui? _ Baddock perguntou.
—Cale a boca, cretino! _ respondeu Crabbe _ Para seu governo, ela sempre vem desejar boa sorte ao Draco, quando a partida não é contra a Grifinória.
—Ela não tinha nada que fazer aqui, cara! _ Pritchard olhou para ela, com ar de desprezo.
—Tanto ou mais do que vocês dois. Afinal de contas, ela é noiva do Draco, caso tenham esquecido. _ Blaise Zabini observou, deixando um pouco de lado o seu disfarce de “Valentona Trevosa” e tomando o partido de Janine.
—Você, sapata carcamana, tomando o partido dessa índia da Grifinória? Estou te estranhando, Zabini. _ comentou Baddock.
—Agora já chega, sua pelota de lodo! Eu estava disposta a ir embora numa boa, para não criar encrenca, mas não gostei nem um pouco do modo como você acabou de referir-se à opção sexual de Blaise Zabini. Isso é algo muito pessoal e que não se deve discriminar e muito menos debochar. _ Janine olhou para Malcolm Baddock com uma cara que fez alguns jogadores se afastarem. Havia perigo ali para ele.
O problema era que Baddock não tinha discernimento suficiente para perceber como era grande o perigo que se aproximava. Ainda teve coragem de fazer um comentário totalmente desastrado:
—Por que, Sandoval? Também é chegada?
Draco fez menção de sacar sua varinha, mas Janine o deteve.
—Calma, meu amor. Como Harry disse, esse trasgo lesado precisará evoluir muito para adquirir a capacidade de conseguir me ofender. Vou embora, para não piorar a situação. Boa sorte, Serpentes. _ e, depois de dar um beijo em Draco, virou-se para sair do vestiário.
—Valeu, Sandoval! _ responderam os outros jogadores, agradecidos. Mas Baddock ainda não se deu por satisfeito:
—Não vá saindo assim, índia! Ainda não terminei com você.
—Pois eu já terminei, Baddock. Agora fique na sua e não vai se machucar, OK?
—Vai provar um pouco do seu próprio remédio, sua maldita bugra sangue-ruim. “Colon Exonera Plus, cum Retarda”! _ Baddock lançou o Feitiço de Diarréia Potencializado com Retardo, mas Janine estava prevenida.
— “Protego! Reversortia”! _ a bruxinha protegeu-se com o Feitiço Escudo e lançou seu contra-ataque, com um novo feitiço experimental de sua autoria, que devolvia quase todo tipo de azarações feitiços ou encantos a quem os havia lançado. O raio ricocheteou na proteção do Feitiço Escudo e em vez de desviar-se aleatoriamente, retornou para Baddock atingindo-o em cheio.
—Corra agora para o banheiro ou não terá tempo de chegar lá, Baddock. _ disse Janine _ Depois você pode conjurar ou então eu mando levarem água mineral e Poção Reidratante, embora não mereça.
A jovem brasileira estava realmente preocupada com o sonserino tanto que não percebeu que, às suas costas, Pritchard preparava-se para lançar o mesmo feitiço nela, de forma não verbal. Mas o ato dele foi percebido, ao mesmo tempo, por Draco e Blaise que, sem tempo para sacarem suas varinhas e contra-atacarem tiveram a mesma idéia e, instintivamente, colocaram-se à frente de Janine, recebendo o impacto do Feitiço de Diarréia Potencializado com Retardo ao mesmo tempo.
—Draco! Blaise! Vão rápido para o banheiro! Deixem que eu cuido desse traíra. _ Janine disse para os dois.
Blaise e Draco voaram para o banheiro e trancaram-se cada um em um box, já começando a sentir os efeitos do feitiço. Janine voltou-se para Pritchard com um sorriso no rosto, que Milly logo reconheceu como a Cara-de-Guerra” da grifinória (“Esse cara vai levar uma lição e tanto”, Millicent Bulstrode pensou).
—Lançando feitiços não-verbais, tentando me atingir pelas costas, seu traíra? Nem mesmo um Death Eater agiria de maneira tão baixa e vil. Se você se comportou como um inseto, merece passar algum tempo como um. “Vera verto Blatta”!
Atingido pelo feitiço de Janine, Gram Pritchard imediatamente foi transfigurado em uma grande barata. Ela o prendeu em uma gaiola e disse:
—Você merecia ser pisado como o inseto que é, Pritchard. Espero que algum tempo de reflexão possa melhorá-lo um pouquinho. _ e para os jogadores da equipe da Sonserina _ Gente, e agora? Como vamos fazer para que a equipe não seja prejudicada no jogo? Aliás, sinto muito por toda essa confusão.
—Deixe para lá, Jan. _ no meio daquilo tudo ninguém percebeu que Milly a havia tratado pelo diminutivo afetuoso, em vez de pelo sobrenome, como de costume entre aqueles que, aparentemente, não tinham tanta intimidade _ Você não tem culpa nenhuma. Vamos utilizar os reservas. A de Draco é Diana McCorkindale, que sempre se saiu muito bem nos treinos. Mas agora você vai ter de soltar Pritchard.
—???
—Acontece que ele é o reserva de Blaise. Sem ele ficaremos sem goleiro.
—OK. “Vera verto Vera forma”! _ Pritchard voltou à forma humana, ainda meio assustado _ Pritchard, você está em condições de substituir Blaise Zabini no gol?
—S-sim, Sandoval. Me desculpe pelo que fiz.
—Calma, cara. Você já recebeu sua lição. Agora tome esse chá de camomila para se acalmar e vista o uniforme. O time precisa de você.
Gram Pritchard tomou o chá e, mais calmo, vestiu o seu uniforme e montou na vassoura. Ele estava preocupado, pois não era tão bom quanto Blaise Zabini e, por dentro, maldizia Baddock por ele ser tão idiota e provocador. Também maldizia a si próprio, por acompanhar o amigo nas encrencas. Agora, teria de dar o melhor de si naquele jogo.

Janine não foi para as arquibancadas assistir o jogo. Em vez disso, conjurou uma máscara contra gases, ajustou-a na cabeça e correu para o banheiro do vestiário. Como era unissex, Blaise, Draco e Malcolm estavam lado a lado, cada um deles trancado em um box, sentindo os efeitos do feitiço. Se não fosse trágica, a situação seria até cômica. Draco e Blaise conversavam, enquanto tomavam água mineral e Poção Reidratante. Malcolm permanecia em silêncio e Janine logo descobriu por qual razão. A cada vez em que ele começava a falar, era interrompido por uma generosa coleção de palavrões, em três idiomas: inglês, francês e italiano. Como Janine possuía um vasto conhecimento de línguas, entendia tudo o que era dito.
—Como você está, Blaise? _ Draco perguntou.
—Não tão bem quanto gostaria, mas não tão mal quanto estava pensando que ficaria. _ respondeu a jovem, no box ao lado. E tu, come stai?
—Igual. Para nossa sorte, esses dois montes de estrume de dragão não possuem um nível de poder como o de Jan. O efeito do feitiço deverá passar em, no máximo, umas duas ou três horas.
—Ainda bem. _ Blaise comentou _ Quando ela nos lançou o feitiço lá no trem, no último verão, eu e Milly pensamos que havia chegado a nossa hora. Que bom que esses caras são uns pazzos, uns incompetentes.
—Quem é incompetente, sua Pé-40?
—Cale a boca, Baddock, seu... (seguiu-se mais uma seqüência de insultos). _ respondeu Draco.
—Precisam de alguma coisa, vocês aí? _ Janine perguntou.
—Não, Jan. Só precisamos nos manter hidratados, até que passe o efeito do feitiço. _ Draco falou, em resposta.
—Sandoval, já que foi você que aperfeiçoou esse feitiço, tem alguma idéia de como fazer para que o efeito passe mais depressa? _ perguntou Malcolm.
—Bocca chiusa, disgraciatto! _ disse Blaise, furiosa _ Se não fosse per te, stupido, nenhum de nós estaria nesta situazione, trancado neste banheiro. Você, farabuto, bem que merece ficar por aqui, até se esvair em...
—Os reservas assumiram, Jan? _ Draco perguntou à sua noiva.
—Sim, Draco. Diana McCorkindale e Gram Pritchard assumiram.
—Diana tudo bem, perché sei una buona apanhadora. Mas Gram Pritchard me deixa apreensiva. _ Blaise comentou _ O desempenho dele é bastante irregular.
—Ele estava mais calmo quando entrou em campo, depois que eu o transfigurei de volta.
—???
—Eu o havia transfigurado em uma barata mas, em função de sua posição como goleiro reserva, desfiz o feitiço. Porém, se ele é tão ruim quanto vocês estão dizendo, não sei não. _ disse Janine.
—Você o transfigurou em uma barata, Sandoval? _ Malcolm perguntou.
—CALE A BOCA, BADDOCK!!! _ disseram os três, em coro.

Dito e feito. A partida terminou após três horas, quando os efeitos do feitiço já haviam passado quase que totalmente. Por sorte Diana havia capturado o pomo, compensando os frangos engolidos por Pritchard e encerrando o jogo com um resultado que deixara Lufa-Lufa somente vinte pontos à frente da Sonserina. Mas, como a Casa de Slytherin já vinha de uma derrota frente à Grifinória no seu primeiro jogo, as esperanças de irem às finais caíram por terra. Se Malcolm Baddock e Gram Pritchard já eram malvistos pelos próprios sonserinos, a coisa havia acabado de piorar de vez.

No Dia dos Namorados todos preparavam-se para, novamente, irem passar um delicioso e romântico dia em Hogsmeade, deixando de lado todas as preocupações. Isso era bom principalmente para as equipes de Quadribol da Grifinória e Lufa-Lufa, que teriam seu jogo dali a poucos dias. Draco já estava recuperado da rebordosa, assim como Blaise. Após a liberação por parte de Filch, os dois sonserinos cruzaram olhares, ele de braço dado com Janine e ela com Millicent. Os quatro riram, lembrando-se dos acontecimentos, embora tivesse sido bastante sério na hora. O riso aumentou quando ouviram uma voz infantil dizer: “Porcifacies! Cianoderma!”. Logo em seguida, Malcolm Baddock e Gram Pritchard passaram por eles, ambos com cara de porco e pele azul.
—Agora eu descobri por que razão Amanda Wallace pediu emprestada a minha Capa de Invisibilidade. _ Draco Malfoy comentou, divertido.
— “Musashi & Cia” atenderam ao meu pedido. Eu havia solicitado que as primeiras vítimas deles fossem essas duas antas. _ disse Harry, aos risos, vendo o resultado.
—E parece que ela aprendeu bem depressa os feitiços que Angelina e Alícia ensinaram a Jemail. _ Rony observou.
—Ponto para os “Honra e Amizade”. _ Gina disse, sorrindo _ Não deixem que eu me esqueça de agradecer a eles, quando retornarmos de Hogsmeade.

Harry e Gina foram para a casa de chá da Madame Puddifoot que, naquele ano, tinha uma decoração menos espalhafatosa do que aquela de há dois anos atrás.
—Pelo menos não vai cair confete no nosso chá desta vez, Harry. Madame Puddifoot dispensou os anjinhos. _ Gina comentou _ Não precisaremos ficar tampando as xícaras a cada cinco minutos, como daquela vez em que você e Cho vieram aqui.
—Não é uma das minhas melhores recordações, meu amor. Ela armou uma cena daquelas e ficou parecendo que eu é que a havia ofendido. Só espero que, com Luke, ela controle aquele ciúme de dimensões continentais. Mas acredito que não terão problemas.
Sentaram-se a uma das mesas de canto, com macios sofás almofadados. A garçonete sorriu ao trazer o chá. Os dois estavam entretidos em um doce beijo.

Rony havia aproveitado que Hermione entrara na Loja de Penas Escriba e dera uma pequena fugida até a Encantos Brilhantes, onde Solange Hawthorne esperava por ele no balcão.
—Está aqui, Sr. Weasley. Chegou ontem.
—Perfeito, Srta. Hawthorne. Aqui está o pagamento. _ entregou o dinheiro, pegou a encomenda e o troco e saiu, encontrando-se com Hermione como se tivesse estado todo o tempo à porta da loja, admirando a vitrine. Deram-se as mãos e foram para a Dedosdemel.
Neville e Luna haviam acabado de adquirir “O Código Da Vinci” na “Magia das Letras”. Janine e Hermione já o haviam lido e Luna havia mostrado bastante curiosidade quanto àquela obra de Dan Brown, pois já havia lido “Anjos e Demônios”. Sentaram-se em um banco da praça e começaram a ler, empolgando-se com a segunda aventura de Robert Langdon.
Janine manifestara curiosidade pelo Museu Bruxo de Hogsmeade, então ela e Draco foram até lá para que ela fizesse uma visita. Secretamente o loiro agradeceu, pois precisava fazer uma pesquisa sigilosa na Biblioteca anexa ao Museu e, enquanto estivessem lá, poderia fazê-lo sem despertar suspeitas. Quando ela viu o que Draco pesquisava...
—Justamente esse tema, Draco? Mas por que? _ Janine perguntou.
—No momento eu não posso dizer a razão, Jan. Mas, quando eu tiver em mãos todos os dados de que preciso, você será a primeira pessoa a saber.
—???
—Melhor não dizer mais nada, por enquanto. Pronto, já terminei por hoje. Continuarei na Biblioteca de Hogwarts. Vamos indo? Acho que o resto da turma deve estar no Três Vassouras, esperando por nós. Creio que hoje não haverá veneno na cerveja amanteigada. _ Draco guardou suas anotações, ofereceu o braço a Janine e os dois saíram do Museu, rumo ao Pub de Madame Rosmerta.
Lá chegando, juntaram-se aos outros Inseparáveis e ocuparam a mesa de costume, em um canto discreto do bar. Quando as bebidas chegaram, os amigos acharam meio estranho, pois Rony havia mandado vir champagne em lugar da cerveja amanteigada de sempre. Algo de muito especial estava para acontecer.
—Rony, qual a razão do champagne? _ Hermione perguntou.
—A razão é você, minha querida. Como sempre. _ disse o ruivo em resposta.
—???
—Um momento como este, especial para mim e, espero, também para você, minha querida, deve ser marcado por um brinde com algo especial e não a nossa bebida de sempre.
—Ainda não estou entendendo, Rony.
—Hermione, não é segredo para ninguém que eu sempre te amei desde que nos conhecemos, no primeiro ano. No sexto ano eu finalmente criei coragem para lhe dizer. E, neste momento, há outra coisa que pretendo fazer, tendo por testemunhas nossos amigos, os Inseparáveis. _ e, retirando do bolso da jaqueta uma caixinha da Encantos Brilhantes, abriu-a, expondo um par de alianças _ Hermione Jane Granger, neste momento eu, Ronald Bilius Weasley, seu namorado, proponho que a senhorita aceite tornar-se minha noiva.
A mesa ficou em silêncio até que, com lágrimas de alegria nos olhos, Hermione abraçou e beijou Rony, dizendo:
—Mas é claro que eu aceito sua proposta, Rony. Você, por acaso, ainda tinha alguma dúvida? Eu te amo e, mais do que nunca, quero ser sua noiva e depois sua esposa! _ e Rony trocou o anel de compromisso de Hermione por uma das alianças de ouro. Ela fez o mesmo com ele. Beijaram-se, novamente.
Um brinde com o champagne trazido pela Srta. Sanders selou a cerimônia improvisada, sob os aplausos de todos os fregueses do Três Vassouras, inclusive os sonserinos. Mais um casal progredia no seu relacionamento.
—Só faltamos nós dois, Nev. _ Luna brincou.
—Isso porque as alianças que encomendei ainda não chegaram, minha querida. Não fosse por esse detalhe e a cerimônia seria dupla. _ o grifinório respondeu, depois de tomar um gole. Luna Lovegood deu-lhe um abraço e um cálido beijo.
Antes de saírem do Três Vassouras para retornarem a Hogwarts, Hermione e Rony foram calorosamente cumprimentados pelos colegas de todas as Casas e por outros fregueses do Três Vassouras, recebendo um abraço de Madame Rosmerta e um firme aperto de mão do Prof. Snape.
—Sejam cada vez mais felizes. Vocês dois merecem, pois formam um casal onde há um perfeito equilíbrio. Parabéns. _ disse o professor de Poções, contente pelo casal _ Srta. Granger, antes eu não gostava muito da senhorita, tinha um certo preconceito quanto à sua origem trouxa e costumava chamá-la de “intragável e arrogante sabe-tudo”. Acho que era porque, de alguma forma, lembrava a mim mesmo durante a escola. Eu também era um “intragável e arrogante sabe-tudo” mas, por timidez, não me manifestava tanto durante as aulas, embora minhas notas nos exames fossem quase tão boas quanto as de Lílian e dos Marotos. Agora, conhecendo-a mais, vejo que eu estava errado. A senhorita é uma excelente pessoa e será uma grande bruxa, após se formar. Parabéns aos dois, novamente.
—Muito obrigada, Prof. Snape. _ Hermione respondeu, olhando para o professor _ Vindo do senhor, que antes vivia se estranhando conosco, um elogio possui um peso bem maior. Espero que seu casamento seja bom e feliz, porque os dois merecem.
Os Inseparáveis tomaram o rumo da escola, contentes por aquele dia em que mais um casal havia reafirmado seu amor. Naquela mesma noite, Hermione mandou Píchi a Londres, a fim de levar para Elaine e Edward Granger uma carta na qual comunicava aos pais o seu noivado e o quanto estava feliz.

Os jogos de Quadribol realizavam-se com quase todo tipo de tempo, desde que não oferecesse risco de vida aos jogadores. Aquele dia, no qual realizar-se-ia o jogo entre Grifinória e Lufa-Lufa, estava quase naquela faixa. Uma chuva pesada e um vento fortíssimo que desestabilizavam o vôo das vassouras e que, por azar, a Grifinória estava atacando na direção contrária a ele. Sua força neutralizava quase todos os arremessos, mesmo os de efeito e impossibilitava manobras mais radicais. Estava bem pior do que no dia do jogo Grifinória x Sonserina e os Texugos aproveitavam-se de que a direção do vento os favorecia e arremessavam certeiramente, obrigando Rony a, praticamente, transformar-se em mais de um para guarnecer os aros. Mesmo assim, várias vezes a goles passou pelos aros da Grifinória, colocando os Leões em uma desvantagem que começava a preocupar seu capitão. Harry sabia que seu amigo estava dando o máximo de si no jogo, mas isso não mudava o fato de que a Mãe Natureza parecia estar contra eles, proporcionando um placar de cento e quarenta a cinqüenta para a Lufa-Lufa. Mais do que nunca a captura do pomo de ouro deveria ser breve. Os dois times não iriam agüentar muito tempo mais naquelas condições climáticas. Pelo menos não haviam raios nem trovões, mas aí já seria demais.
Através das lentes dos seus óculos com Feitiço Impervius, Harry divisou a minúscula esfera a bater suas asas. Direcionou a vassoura para ela, com toda a velocidade que sua Firebolt podia proporcionar, tendo Malone nos seus calcanhares. Nesse meio tempo Gina conseguiu marcar um gol em Caulfield, mas logo Anna marcou, arremessando de um modo que Rony não conseguiu defender, por mais que se esforçasse. Cento e cinqüenta a sessenta para a Lufa-Lufa. A situação se complicava, ainda mais porque os Texugos marcaram mais três vezes. Cento e oitenta a sessenta (“Preciso capturar logo o pomo antes que Rony fique nervoso e aí sim, comece a engolir frangos”, Harry pensou). Malone vinha quase colado a ele, ganhando terreno.
Em um supremo esforço para vencer o vento contrário, Harry acelerou um pouco mais a Firebolt e conseguiu fechar a mão, agarrando o pomo de ouro em uma dramática vitória que com um placar de duzentos e dez a cento e oitenta, com uma diferença apertada de apenas trinta pontos, mas que havia livrado a Grifinória de um verdadeiro massacre.
Na torcida da Grifinória todos aplaudiam estrondosamente. Draco Malfoy e Vincent Crabbe, os dois com os rostos pintados de vermelho, o loiro abraçado a Janine, estavam admirados com a vitória de virada. Depois do jogo, na festa da vitória, Crabbe também teve a oportunidade de cumprimentar e comemorar junto a Demelza Robbins, que o convidara. Embora a garota fosse Artilheira-reserva e não tivesse entrado em campo, Crabbe demonstrou o quanto a admirava por ela fazer parte daquela fantástica equipe. Desnecessário dizer que Demelza Robbins adorou. Quanto a Gregory Goyle, este também teve uma tarefa nada desagradável: consolar Heloísa Midgeon, que havia ficado bastante triste com o fato de que uma vitória quase certa escapara da equipe da Lufa-Lufa. Mesmo assim, os Texugos continuavam no páreo.

Enfim, chegara o dia 25 de fevereiro e, com ele, o casamento de Sirius Black e Ayesha Zaidan. Hogwarts havia amanhecido em festa e os convidados estavam chegando. Tonks e Lupin chegaram, acompanhados dos pais dela, Ted e Andrômeda. Moody chegou logo em seguida, com Arthur e Molly Weasley. Alto e careca, destacando-se na multidão, estava Kingsley Shacklebolt, em vestes de gala, acompanhado pelos outros Weasley, com Fleur abraçada a Gui, já mostrando inconfundíveis sinais de uma gravidez de uns quatro meses, com uma bela barriguinha. Mohammed e Samira, pais de Ayesha já estavam lá mas, devido à dificuldade para caminhar, infelizmente o Sr. Zaidan não poderia conduzi-la, delegando essa incumbência ao Prof. Mason.
Em frente ao altar montado nos jardins do castelo, Sirius aguardava, em elegantes vestes a rigor, com Harry e Draco ao seu lado e estava um pouco nervoso. Luna e Hermione estavam com seus pares, enquanto que Gina e Janine entrariam como damas de honra.
—Calma, Sirius. Geralmente os gatos é que são ariscos e não os cães. _ Harry brincou com o padrinho.
—Para mim é uma experiência toda nova, Harry. Imagine só. Eu fui padrinho de casamento de seus pais e, agora, você é um dos do meu. Como o mundo dá voltas.
—E ainda bem que elas nos reuniram. _ Draco falou _ Somente assim alcançaremos a vitória final. Mas, hoje, vamos nos dedicar a compartilhar alegria e felicidade. Vejam! Ayesha vem vindo.
Em vestes brancas, com uma tiara de ouro e brilhantes a ornar sua testa e destacar sua tatuagem de lua crescente, Ayesha Zaidan deslocava-se lentamente pelo tapete vermelho, de braço dado com Derek Mason e precedida por Gina e Janine, ambas em vestes de cor azul-clara, com o escudo da Grifinória no peito. À frente das garotas, Jemail levava as alianças, em vestes de gala negras, também com o escudo de sua Casa. O cortejo parou em frente ao altar e Mason entregou a noiva a Sirius, indo ocupar seu lugar ao lado de Lucienne Devereaux, que fizera questão de vir da Bélgica para o casamento de sua amiga e para ver Camille. Embora a bruxa belga fosse mãe, não havia se casado, razão pela qual sua filha tinha apenas o seu sobrenome.
Em luxuosas vestes verde-musgo, Dumbledore assumiu o altar, a fim de celebrar o casamento, ladeado por um bispo anglicano e por um muezin, ambos bruxos. Assim o casamento obedeceria às crenças de ambos.

—Professores, funcionários, alunos de Hogwarts e convidados. Este dia reveste-se de uma importância que muitos nem podem imaginar. Não é segredo para ninguém que Ayesha Zaidan e Sirius Black se amam desde que eram estudantes e que seu noivado sofreu uma triste e prolongada interrupção, durante o período que Sirius passou, injustamente, como prisioneiro de Azkaban, recluso na Mansão Black e no Mundo do Além. Porém, como o amor é a maior de todas as forças, nada podia separá-los e agora eles estão aqui, juntos, prontos para finalmente selarem seu compromisso através do matrimônio. _ disse o Diretor _ Sirius, Ayesha, seu amor é profundo, intenso e sincero. Isso quer dizer que nada poderá dissolver essa união. Portanto, na presença de todos nós e de representantes de ambas as crenças, devo perguntar: é firme a decisão de vocês dois?
—Sim. _ responderam Ayesha e Sirius _ Nossa decisão é firme.
—Seus sentimentos são sinceros?
—Sim. _ os dois responderam, novamente.
—É para toda a vida que assumem o seu compromisso?
—Para toda a vida e além. _ o casal confirmou a pergunta de Dumbledore.
—Em todos os momentos?
—Sim, em todos. _ eles concordaram.
—Com respeito, amor, carinho, sinceridade e dedicação?
—Com toda a certeza.
—É a palavra final de vocês dois?
—Sim.
—Então, nada mais tenho a dizer senão que, diante de todos, juntamente e com a anuência de nossos dois amigos, Patrick Wintergreen, bispo anglicano e Ibrahim Massoud, muezim islâmico, ambos egressos de Hogwarts, abençôo a união deste casal e concito-os a trocarem alianças (e, depois que as alianças foram colocadas nos dedos do casal) e considerá-los casados, tanto perante a lei bruxa quanto perante a lei trouxa. Pode beijar a noiva.
Ayesha e Sirius beijaram-se, selando a sua união. Todos aplaudiram.
O cortejo, agora com Sirius de braço dado com Ayesha, deslocou-se até o local de sua dispersão, próximo ao local da recepção. Avançando um pouco mais, Ayesha disse:
—Garotas, preparem-se. É a hora do buquê.
Todas as mulheres solteiras posicionaram-se e Ayesha virou-se de costas.
—Lá vai, meninas. Um, dois e... TRÊS! _ e lançou o buquê o qual, após uma disputa por parte das garotas, ficou nas mãos de... Hermione.
—Nem precisava, Mione. _ disse Rony _ Nosso casamento é coisa certa, depois da formatura.
—Mas não custa nada garantir, meu bem. _ ela respondeu e beijou o ruivo.
Então, foi a vez de Sirius:
—Rapazes, é a hora de vocês. Espero que estejam dispostos a uma digna batalha. _ e, tirando uma das ligas de Ayesha, preparou-se para lançá-la _ Um, dois e... TRÊS!!!
A liga foi lançada ao ar e os rapazes solteiros atiraram-se a ela, como Apanhadores disputando um pomo de ouro. No final, quem estava segurando a liga era ninguém menos que... Draco.
—Aí, cara! _ disseram os outros _ Parabéns.
—Digna de um Apanhador! _ comentou Ernie McMillan.
—Consegui ganhar do Harry, pela primeira vez na vida. _ o loiro brincou. A maior disputa pela jarreteira havia sido entre os dois.
—Uma vitória leal e honrada, meu amigo. Você e Jan merecem esse prêmio. Quero ser padrinho, como já disse no ano passado. _ e Harry Potter apertou a mão de Draco Malfoy.
Uma suave música começou a tocar e os convidados viram, no palco, uma orquestra-fantasma a tocar. Mas não era qualquer orquestra. Era uma Big Band no estilo das décadas de 30 e 40, com os seus componentes vestindo uniformes de gala do Exército Americano e o seu regente levava, nos ombros, insígnias de Major. Os casais começaram a dançar ao som daquelas deliciosas melodias, os mais jovens ainda não sabendo direito de quem se tratava. No primeiro intervalo que a orquestra fez, Dumbledore foi cumprimentá-los.
—Que bom que vocês puderam vir, Glenn. Sua música proporciona um brilho todo especial à festa.
—Não poderia deixar de atender ao seu convite, Alvo. Nós tínhamos uma apresentação para o Ministério da Magia da Itália mas, quando recebemos sua coruja, providenciamos a remarcação. _ respondeu o regente da orquestra.
A música recomeçou. Harry e Gina dançavam, ele ainda se perguntando: “Conheço essa orquestra, mas, de onde?” Foi então que, reconhecendo a música seguinte, ele se lembrou de quem eram, pois já havia visto e ouvido aquele CD, na cas dos Dursley. A música era “Moonlight Serenade”.
Dumbledore tinha toda a razão. A música da orquestra do Major Glenn Miller proporcionava um brilho especial a qualquer festa, transcendendo mesmo a morte de seus componentes. Ainda mais com a participação especial de Benny Goodman que, antes de formar sua própria orquestra, havia tocado clarinete naquela.

Depois de uma magnífica apresentação, a orquestra de Glenn Miller despediu-se, cedendo seu lugar a gente mais... viva. Um grupo de roqueiros bruxos, amigos de Sirius, ocupou o palco e começou a tocar, com seus equipamentos energizados por Feitiços Tecnomágicos. Como bônus, traziam alguns amigos trouxas para uma participação especial. Quando Draco viu quem era um deles, ficou parado, sem acreditar no que via.
—R-Robert Smith, o vocalista do The Cure! Mas eu não sabia que ele conhecia gente bruxa!
—E não é tudo, Draco. _ Janine comentou _ Veja aqueles três.
—Brian May, Roger Taylor e John Deacon! Caracas, para ficar completo, só faltava chegar uma certa pessoa mas, infelizmente, não está mais aqui.
—Aí é que está o lado bom de ser bruxo, Draco. Algumas coisas impossíveis para os trouxas, para nós só dependem de boa vontade e alguns contatos nas esferas certas. _ Dumbledore comentou, apontando para a figura fantasmagórica de um homem de ombros largos e um pouco dentuço, que aproximou-se de seus antigos companheiros e sorriu. Eles não sabiam se ficavam assustados ou felizes em vê-lo.
Afinal de contas, Farokh Bommi Bulsara ou, como era mais conhecido pelo mundo, Freddie Mercury, havia falecido a 24 de novembro de 1991, devido a complicações decorrentes da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida.
Todos os presentes deleitaram-se com uma exclusivíssima apresentação do Queen completo apenas para eles e, logo depois, foram conhecer os membros daquela lendária banda dos anos 70 e 80, apreciando bastante a inteligência e simpatia de Freddie, mas as surpresas ainda não haviam terminado.
Como Dumbledore possuía vários contatos entre os trouxas, para ele foi fácil trazer aquela convidada especial, uma senhora de corpo algo avantajado que, ao ver o fantasma de Freddie, emocionou-se e logo aproximou-se dele, Em seguida os dois foram para o palco e iniciaram um inesquecível dueto. Novamente viam-se, lado a lado, Freddie Mercury e Montserrat Caballé cantando “How Can I Go On”.
A banda de roqueiros bruxos continuou a animar a festa e Harry comentou com Dumbledore:
—Prof. Dumbledore, lembro-me de Nick-Quase-Sem-Cabeça haver comentado comigo que somente bruxos poderiam retornar como fantasmas, caso tivessem medo da morte ou alguma missão a ser cumprida. E já travamos conhecimento com vários fantasmas sabidamente trouxas, entre eles Fred Astaire, Gene Kelly, Miyamoto Musashi, os famosos do Pére-Lachaise e, agora, Freddie Mercury. O que significa isso?
—Aquele, Harry, era o pensamento corrente no tempo em que Sir Nicholas de Mimsy-Porpington vivia. Hoje sabemos que não é exatamente assim. Minha teoria de que todas as pessoas possuem potencial para a magia mostra-se cada vez mais correta e, partindo dessa premissa, qualquer pessoa pode retornar se houver a necessidade.
—O senhor está totalmente certo, Sr. Diretor. _ disse o fantasma de Freddie Mercury, aproximando-se deles. Posso ter deixado o mundo dos vivos mas, sempre que precisarem, é só chamar que eu virei. E não só eu, mas qualquer um do meio musical que já tenha abandonado o corpo físico.
—Quando tomei contato com o rock trouxa, a música do Queen como um todo sempre me fascinou. _ Gina disse a Freddie _ Mas, a minha preferida sempre será “Bohemian Rhapsody”.
—Já eu, gosto bastante de “Love of My Life” e “Somebody to Love”. _ Harry disse.
—É muito bom saber que nossas obras transcendem nossa morte, meus jovens. Isso nos torna, de certa maneira, imortais. Com licença e muito obrigado por não nos esquecerem. _ e, retornando para o palco, juntou-se ao restante da banda, anunciando aos convidados _ Senhoras e senhores, agora teremos duas músicas em homenagem a todos vocês, executadas por todos nós. “Friends Will Be Friends” e “A Kind of Magic”.
A banda executou essas duas músicas e deu por encerrada sua apresentação. Os músicos ainda permaneceram por algum tempo no local e, obviamente, Draco aproveitou para pegar um autógrafo de Robert Smith na capa de um dos melhores CDs do The Cure: a coletânea “Staring on a Beach-The Singles”.
A festa chegava ao seu fim e os convidados iam despedindo-se e seguindo seus destinos. Sirius e Ayesha montaram na enorme Harley-Davidson Fat Boy e prepararam-se para seguir viagem em lua-de-mel.
—Obrigado, Harry, por nos emprestar a moto. Prometo que vou devolvê-la em perfeitas condições. Inclusive, servirá como uma despedida desta belezinha que agora é sua.
—Sempre que quiser, Sirius. E aí, para onde irão?
—Vamos aproveitar o calorzinho do Caribe, com uma semana em Aruba, para pegarmos uma corzinha e darmos uns mergulhos. Depois levarei Ayesha para conhecer minha ilha e iremos ao Brasil. Daqui a umas duas semanas estaremos de volta. Até lá.
—Até. Boa viagem para vocês dois.
A motocicleta, com o casal montado nela e Sirius pilotando, rodou até os portões de Hogwarts e, saindo dos terrenos da escola, levantou vôo e desaparatou. Os últimos convidados de fora despediam-se e retornavam para seus lares, enquanto que os da escola recolhiam-se para dentro do castelo, depois que o aparato festivo foi desmontado e seu desaparecimento providenciado. Havia chegado ao término mais uma cerimônia para ficar marcada nas lembranças de todos.

Na segunda-feira à noite, na sala desocupada ao lado da sala de aulas de Transfiguração, os Inseparáveis dedicavam-se ao estudo, pois a vida continuava e, para o sétimo ano, os N.I.E.Ms estavam para chegar, em abril. Realizar-se-iam depois da Páscoa e antes da final do Quadribol, juntamente com os N.O.Ms do quinto ano. De repente Dobby entrou com uma bandeja, sobre a qual haviam vários tipos de chá e café.
—Boa noite, jovens senhores e senhoritas. Aqui temos os chás e cafés preferidos de cada um. Espresso, bem forte, para Harry Potter e Draco Malfoy. Cappuccino, com e sem Chantilly para, respectivamente, Neville Longbottom e Janine Sandoval. Oolong, para Rony Weasley, chá preto para Hermione Granger e chá verde para Luna Lovegood e Gina Weasley. Espero que estejam do agrado de todos. Boa noite.
—Boa noite, Dobby e muito obrigado. _ despediram-se os Inseparáveis.

Nas cozinhas...
—Dobby, você já está de volta? _ Winky perguntou.
—Como de volta, Winky?
—Você saiu, há pouco, para levar chá e café para Harry Potter e seus amigos, que estavam estudando lá no Departamento de Transfiguração.
—Como é, Winky? _ o elfo estava surpreso _ Eu não levei nada para ninguém.
—Vi você levando e estranhei que não provou o chá verde, para saber se estava no ponto. Então eu provei um pouco do que restou e achei que estava com um sabor meio di... fe... ren... t-te... _ e Winky caiu, aos pés de Dobby.
—WINKY!!! _ Dobby gritou e, logo em seguida, desapareceu dali.
Embora não fosse possível aparatar ou desaparatar dentro dos limites de Hogwarts, os elfos domésticos podiam fazê-lo, pois sua aparatação obedecia a leis um pouco diferentes das dos seres humanos. Isso era útil para as suas funções de servos e era o que havia permitido a Dobby sair da Mansão Malfoy e ir visitar Harry na ala hospitalar, quando ele estava no segundo ano e teve de recuperar os ossos do braço, que haviam desaparecido com o feitiço desastrado de Gilderoy Lockhart. Imediatamente o elfo doméstico materializou-se na frente dos Inseparáveis.
—Por Merlin, NÃO BEBAM!!! _ gritou o elfo.
Os Inseparáveis pararam, com as xícaras a meio caminho das bocas para o primeiro gole.
—Pelo amor de Deus e em nome de Merlin, não bebam nada! Ninguém tomou nenhum gole ainda, não é?
—Não, Dobby. Mas por que? _ perguntou Luna.
—Principalmente vocês duas, Gina Weasley e Luna Lovegood. Deve haver alguma coisa no seu chá verde.
—No nosso chá, Dobby? O que aconteceu? _ Gina também perguntou.
—Winky provou o chá e caiu dura aos meus pés.
—Mas foi você mesmo quem o trouxe, Dobby. Ou então... alguém com a sua aparência. _ comentou Draco.
—Se não foi Dobby, só pode ter sido... _ Neville deixou a frase pela metade.
—VENOM!!! _ exclamaram todos os outros.
Harry tirou o Identificador de Substâncias do bolso das vestes e tocou cada uma das xícaras. As outras não tinham sinal algum de substâncias estranhas. Mas, ao tocar as xícaras de chá verde pertencentes a Gina e Luna...
—Meu Deus! _ exclamou Harry _ Por Merlin, não pode ser.
—O que não pode ser, meu amor? _ Gina perguntou ao noivo.
—Gina, Luna, suas xícaras estão cheias de... Gyokuro!
Então Luna perguntou:
—Mas, Harry, Gyokuro não é o nome de uma das mais raras, delicadas e preciosas variedades de chá verde do Japão?
—Sim, Luna. Mas Gyokuro também é o nome de um poderoso veneno, feito com essa variedade de chá verde, cozido e misturado com Misso-Shiru, sopa de pasta de soja fermentada, obedecendo a tempos e temperaturas corretas de cocção. O sabor fica um pouco diferente e, quando a pessoa percebe que foi envenenada, já é tarde demais.
—E Winky disse que estranhou o fato de o falso Dobby não ter provado o chá, então provou um pouco do restante. _ disse Dobby _ E, quando cheguei, ela só teve tempo de dizer algo sobre o sabor e caiu.
—Vamos chamar o Prof. Dumbledore. _ Draco sugeriu.
—Excelente idéia, Draco. _ disse Neville e, puxando sua varinha, murmurou: “Expecto Patronum”. Imediatamente sua águia prateada saiu voando e foi em busca do Diretor. Pouco depois, Alvo Dumbledore entrava na sala.
—O que houve, jovens? Recebi a mensagem do Patrono do Sr. Longbottom e vim para cá o mais rápido que pude.
Dobby e os Inseparáveis explicaram ao Prof. Dumbledore o que havia ocorrido.
—Vamos às cozinhas, agora. _ disse o Diretor.
Logo o grupo adentrava as cozinhas de Hogwarts, onde o corpo de Winky ainda jazia, com os outros elfos domésticos à volta dela, amedrontados pela visão de sua colega morta.
Harry introduziu o Identificador de Substâncias pela boca entreaberta do cadáver de Winky e viu o que apareceu no mostrador:
—Gyokuro, com certeza. A concentração é bem grande. _ disse o grifinório, olhando para os amigos. _ Venom atacou novamente, mas errou o alvo principal. Infelizmente acabou atingindo alguém. E alguém que era próximo a nós.

Na manhã seguinte, Dobby e um grupo de elfos levaram o corpo de Winky para seus funerais que, assim como o casamento, obedecia a rituais milenares e não podia ser presenciado por olhos humanos. Somente Dumbledore esteve presente, pois o grande bruxo constituía uma exceção a várias regras.
Depois dos funerais de Winky, Dobby estava em companhia dos Inseparáveis. Seus enormes olhos verdes vertiam lágrimas e estavam bastante congestionados.
—Harry Potter, meu amigo, meu libertador. Prometa-me que tentará, de todas as formas, fazer com que a criatura malévola que matou a esposa de Dobby seja entregue à Justiça Bruxa, para que pague pelo que fez, não apenas a Winky, mas a outros.
Para espanto de todos, não foi Harry Potter quem respondeu ao pedido do elfo doméstico. Draco Malfoy aproximou-se, colocou a mão no ombro de Dobby e disse:
—Dobby, creio que falo por todos os Inseparáveis. Seu pedido será atendido e faremos tudo ao nosso alcance para que Venom seja preso, julgado e condenado por todos os seus crimes. Como seu antigo mestre eu, Draco Malfoy, assim juro e prometo. _ e, ajoelhando-se, abraçou o elfo doméstico que outrora havia sido servo de sua família.

Os outros Inseparáveis concordaram com acenos de cabeça e juntaram-se ao sonserino no abraço.
Venom não perdia por esperar.


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