Harry Potter e o Legado de Avalon escrita por JMFlamel


Capítulo 11
Quadribol: UM Esporte Eletrizante




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CAPÍTULO 10

QUADRIBOL: UM ESPORTE ELETRIZANTE





O primeiro jogo da temporada de Quadribol daquele ano estava cada vez mais próximo: Grifinória x Sonserina. As duas equipes treinavam como nunca, a fim de arrebentar na estréia. Harry e Draco experimentavam as mais diversas táticas e os jogadores correspondiam à altura. A fim de não desconcentrar as equipes, os gêmeos Musashi e o restante dos “Honra e Amizade” estavam pegando mais leve nas brincadeiras, embora sempre houvessem algumas vítimas preferenciais. Depois que souberam das atitudes de Baddock no Três Vassouras, pelas quais Harry lhe dera o troco com classe, o sonserino fora escolhido como alvo principal, para satisfação da jovem Amanda Wallace. O colega de Casa havia, em várias ocasiões, sido descortês para com ela, fazendo comentários extremamente ofensivos aos seus ancestrais, principalmente a Sir William Wallace, tachando-o de “Bandido Subversivo”. A escocesa resolvera que aquilo não ficaria assim. Então ela procurava atingi-lo sempre que podia, também vitimando Gram Pritchard, que não desgrudava do amigo. Da última vez a jovem sonserina havia aprontado bonito para o desagradável colega. Vendo que eles iriam para a aula de Poções, pegou emprestada a Capa de Invisibilidade de Pansy Parkinson e entrou atrás da turma. Colocou , no lugar onde Baddock e Pritchard iriam sentar, um Casulo Instantâneo e um Chumbinho Fedorento, saindo da sala em seguida. Logo que os dois sentaram-se, ouviu-se o característico “BLUORCHT!!!”,ficando os dois totalmente envoltos pela espuma que se solidificou, prendendo-os juntamente com o “agradável perfume” dos chumbinhos, que ficou nos casulos, obrigando-os a respirarem aquilo até que pudessem se soltar.
—MUSASHI & CIA!!!!! _ os dois gritaram, furiosos, contribuindo para aumentar a mística e a fama dos novos Criadores de Confusão. Sentado à mesa, com o rosto escondido por detrás de um livro, até mesmo o Prof. Snape segurava o riso.
Depois de dez voltas no campo de Quadribol, os Inseparáveis alongavam-se e comentavam sobre a partida que viria, dali a dois dias.
—Vai ser duro, Harry. _ disse Draco _ Tanto nossa equipe quanto a sua estão muito bem preparadas.
—Mas nunca vi uma melhora tão rápida em um goleiro como em Blaise. _ comentou Rony _ Nem eu mesmo subi de padrão tão depressa como ela.
—Ela teve um bom incentivo. _ Draco respondeu, com um ar maroto no rosto.
—É, ela chegou a nos dizer. _ Gina observou _ Disse-nos que aquela situação também a ajudou a pensar se valia a pena continuar sendo leal às Trevas.
—Mas o seu Feitiço Furnunculus foi bastante forte. _ comentou Janine, com uma expressão preocupada no olhar _ Ela me disse que Madame Pomfrey levou umas quatro horas para reverter.
—Eu não iria ficar parado, com um sorriso nos lábios, esperando que a Maldição Cruciatus que ela estava invocando me atingisse em cheio. Já senti seus efeitos por algumas vezes na minha vida e foi o suficiente para não querer repetir aquilo, de forma alguma. _ respondeu ele, beijando sua noiva.
—Já lhe lançaram uma Cruciatus, Draco? Quem foi que fez isso com você? _ Harry perguntou.
—Não gosto de falar nisso, Harry, mas foi o meu pai.
—Seu pai, Draco?! _ perguntaram os outros, espantados.
—Sim, gente. De vez em quando ele achava que eu não correspondia às suas expectativas ou que minha “lealdade” ao louco do Voldemort estava vacilando e então me atingia com uma Cruciatus de média a alta potência, mantendo-a por vários minutos antes de suspendê-la, para que eu não me esquecesse de quem estava no comando. A dor era enorme e eu ficava desmaiado por horas. Não sei como não enlouqueci com aquilo.E ele ainda dizia que, se eu o denunciasse, ele me mataria, não se importando com os planos de Voldemort a meu respeito. Na época eu ainda não sabia que o louco me queria como seu sucessor. Mas você também já foi atingido por uma, não foi, Harry?
—Nem me lembre, Draco. Devo essa ao Voldemort, em pessoa. Quando duelamos no cemitério da família Riddle, em Little Hangleton, ele me atingiu por duas vezes. Não se deseja isso para ninguém.
—Vamos falar de coisas mais agradáveis. _ disse Hermione, para melhorar o humor do pessoal _ Como acham que serão os N.I.E.Ms?
—Mais agradáveis, Mione? _ perguntou Rony fazendo, de brincadeira, aquela sua antiga cara de “aluno-folgado-desesperado-por-causa-da-aproximação-dos-exames”, provocando o riso de todos _ Isso é uma questão de ponto de vista.
Entre risos, todos terminaram o alongamento e foram tomar banho, ansiosos pelo início da temporada esportiva de Hogwarts.
À noite, após o jantar, estavam na Biblioteca, fazendo revisões para os N.I.E.Ms. Harry, que estava com Gina ao seu lado, olhava de vez em quando para Madame Pince e os dois seguravam o riso, lembrando-se do que haviam visto no Mapa do Maroto. Certa hora, Draco olhou para Janine e disse:
—Jan, me desculpe mas acho que vou me recolher mais cedo. Não consigo me concentrar.
—Acho que sei a razão, Draco. Aquela revelação de hoje à tarde deve ter sido bem difícil e dolorosa. Vá descansar, meu amor. Amanhã a gente se vê e você, com certeza, estará melhor. _ disse a grifinória, beijando o noivo.
—Medite, amigo. _ disse Harry _ Medite e relaxe. Verá que amanhã os problemas parecerão menores. Concentre-se no jogaço que teremos depois de amanhã.
—Isso realmente é algo no que vale a pena se concentrar. Até amanhã, pessoal. _ e retirou-se, sobraçando seus livros, indo para a Sala Comunal da Sonserina.
Até amanhã, Draco. _ os outros Inseparáveis despediram-se do sonserino.
Enquanto dirigia-se para as masmorras, perto das quais ficava a entrada da Sonserina, pensava em como aquela lembrança o afligia e o perturbava. Desde criança o pai já o havia torturado com a Maldição Cruciatus por diversos motivos, além daqueles que já dissera. Por vezes Lucius lhe dizia que aquilo era para que ele aprendesse a resistir à dor física e por outras apenas por achar que Draco merecia. Agora a opinião de Draco era de que o pai fazia aquilo por puro sadismo. Tal coisa fizera com que seus sentimentos em relação ao pai e à Ordem das Trevas se tornassem cada vez mais ambíguos e acabou por constituir-se em um fator de incentivo à sua dissidência. Por outro lado, ter seus sentimentos em relação ao pai assim tão divididos criava nele uma revolta que ele, antigamente, extravasava através do seu comportamento egoísta, arrogante e quase insuportável. Na verdade era um reflexo da pressão e da frustração por querer ter a sua própria vida e, ao mesmo tempo, dever respeito filial a uma pessoa que ele sabia não prestar. Reconhecer aquilo agora o deixava mais tranqüilo, pois lhe dava a certeza de não haver maldade intrínseca em sua pessoa. Aquilo também funcionara como uma espécie de defesa, uma barreira que ele criava para que ninguém descobrisse como Draco Malfoy era carente de afeto. O pai, obcecado por poder e fortuna, via-o apenas como o sucessor do Lorde das Trevas e, por isso, pressionava-o para que sempre estivesse, segundo os parâmetros de Lucius, à altura de suas expectativas. Quanto à mãe, Draco sabia que Narcisa não era realmente de todo trevosa e que o amava, mas era incapaz de resistir às manipulações de Lucius, que conseguira mesmo fazê-la aderir aos Death Eaters. Restava-lhe o consolo de que, na morte, ela se redimira e a Marca Negra desaparecera do seu corpo, anulando qualquer vínculo com Voldemort. Um triste consolo mas que, ainda assim, servia para confortá-lo um pouco. Ainda lembrava-se dos últimos instantes de vida da mãe e de suas palavras para ele e Janine (“...Faça-o feliz, sejam felizes, vocês dois, com a minha bênção”) antes de sorrir, fechar os olhos e morrer. Sabia também que, como uma forma de vingança contra as manipulações e a inclinação de Lucius Malfoy para o mal, Narcisa traíra-o sempre que tivera oportunidade, já desde os tempos de estudante. Inclusive, ela chegara a sair com Tiago Potter, o pai de Harry, antes dele começar a namorar Lílian Evans. Pensava em como seria um improvável casamento entre Tiago Potter e Narcisa Black. Ele, assim como todos os membros da família Potter, odiava as Artes das Trevas, enquanto que a família Black sempre fora adepta desse lado, salvo algumas exceções, tais como Sirius, Andrômeda, Alfardo e alguns outros. Será que um filho desse casal poderia vir a ser “O-Menino-Que-Sobreviveu”? Narcisa sacrificar-se-ia por ele, tal como Lílian fizera por Harry? Draco achava que sim, depois do que ocorrera em Azkaban, quando sua mãe recebera a Avada Kedavra de Lucius no seu lugar.Ainda às voltas com esses pensamentos, parou em frente a um trecho da parede e disse a senha (“Olhar de Basilisco!”). A parede correu para o lado e ele entrou pelo corredor de acesso à sua Sala Comunal.
Entrando na sala, foi cumprimentado por Nott:
—Ei, Draco, tudo bem? Eu, Vince e Greg estávamos esperando por um parceiro para jogarmos Bridge. Topa?
—Muito obrigado, Theddy, mas vou dormir mais cedo hoje. Talvez a Pansy aceite, pois ela joga Bridge muito bem.
Pansy Parkinson estava perto e disse:
—É para já, pessoal. _ e sentou-se à mesa com os colegas, para jogar.
No caminho para o dormitório, cruzou com sua prima, Valérie. Ela viu sua expressão e disse:
—Que cara é essa, primo? Já o vi em melhores dias.
—Nada de mais, Valérie. Algumas lembranças desagradáveis do passado. Mas isso agora não significa mais nada, já passou. Só preciso dormir mais cedo.
—Draco, sei que você pode até não confiar em mim pois, reconheço, sou do ramo tradicional dos Malfoy, arrogantes, preconceituosos, etc. Mas nós nos conhecemos desde crianças e sempre nos demos muito bem. Apesar do que papai, Tio Jacques e Tia Danielle possam achar, não vejo nada de mais em você estar noivo de Janine, mesmo ela tendo nascido trouxa.
—Obrigado por dizer assim e não referir-se a ela como “Sangue-Ruim”, como sei que outros em nossa família diriam.
—Não ligue para isso, “Mon Petit Dragon” pois, mesmo que o restante da famille o considere um traidor do sangue, pela sua decisão de romper com as Trevas, para mim sangue ainda é mais espessso do que água.
—Desde a infância que ninguém mais me chama assim, “Ma Petite Valchérie” _ respondeu Draco, também chamando Valérie pela maneira como se tratavam, quando crianças _ A propósito, prima, você chegou a tomar alguma decisão quanto a ser leal ou não às Trevas?
—Non, mon cher. _ Valérie respondeu _ Acho que estou esperando, tal como ocorreu com você, por um sinal. E, também, ninguém mais me chama de “Valchérie” desde que éramos crianças. Lembro-me de quando você inventou essa palavra, uma fusão do meu nome com “Chérie”, “Querida”, em francês. Eu tinha seis anos e você sete.
—Éramos felizes, naquele tempo. _ comentou Draco _ Só nos preocupávamos em brincar e sequer imaginávamos o que rolava, com os conflitos entre a Ordem da Fênix e os partidários de Voldemort... ora, prima, controle-se. O cara não pode atingi-la, aqui em Hogwarts.
—Me desculpe, Draco. Ainda tenho medo, como a maioria dos bruxos. Ah, não tive chance de lhe dizer antes, mas eu procurei por você, nas férias do ano passado.
—Você esteve na Inglaterra naquela ocasião, Valérie?
—Sim, primo. E procurei por você em Wiltshire, mas você estava em Londres, incógnito entre os trouxas, foi o que Tia Narcisa me disse. Aliás, sinto muito pela morte dela. Foi logo depois que retornei de um intercâmbio em Durmstrang. Inclusive, escrevi para você. Não chegou a ler minha carta?
—Não, mas não a joguei fora. Deve estar em minha escrivaninha, no meu quarto da Mansão Malfoy, mesmo tendo passado mais de um ano. Eu sempre peço para que Ziggy não jogue fora a minha correspondência, antes que eu a leia. E como era lá? Houve um tempo em que meus pais até pensaram em me transferir para Durmstrang.
—Bem frio, mesmo na primavera. No verão a temperatura é bem amena e os campos e matas são muito bonitos. Mas lá eles ainda têm aquela mania de ensinar Artes das Trevas como se fosse uma disciplina e não a defesa contra elas, como é em outras escolas de magia, embora não seja mais como nos tempos de Karkaroff. Aliás, foi naquela época que ele morreu envenenado, não foi? Lembro-me de ter comentado isso em minha carta.
—Sim. Eu só soube depois, porque eu estava entre os trouxas. Foi quando conheci a Jan e começamos a namorar. Depois as aulas começaram e aconteceram todas aquelas coisas. Os Death Eaters tentaram raptá-la, a mando de Voldemort... pára de tremer, Valérie. Aí eu rompi definitivamente com o lado das Trevas, ela veio para cá e, depois, manifestou magia. O resto é o que todo mundo sabe. Mas, falando em venenos, naquela época a professora de Poções em Durmstrang era Cicuta Cianevski, não era?
—Sim. Ela é a maior autoridade em remédios e venenos de toda a Europa Oriental. Aprendemos detalhes de Farmacologia Bruxa que só o Prof. Snape deve conhecer. Ela também é especialista em venenos trouxas.
—Venenos trouxas? _ Draco perguntou, intrigado.
—Oui, mon cher. Os trouxas tinham um grande conhecimento de venenos, principalmente durante a Renascença e no Japão Feudal. Eram muito utilizados nos assassinatos por motivos políticos.
—Muito interessante. O que é isso? _ perguntou, vendo uma caixa nas mãos de Valérie.
—Um tabuleiro de xadrez de bruxo. Vou jogar com Blasius e ver se ele, finalmente, consegue ganhar uma. Lembro-me de que você jogava muito bem.
—Obrigado. Mas você deveria jogar com o Rony.
—Ronald Weasley, o filho do Ministro eleito?
—Sim, prima. Ele é um excelente jogador e, com certeza, seria um adversário à sua altura.
—Vou desafiá-lo, qualquer dia desses. Bonne nuit, “Mon Petit Dragon”. Antes vou ao banheiro, pois sei que a partida vai demorar.
—Bonne nuit, “Ma Petite Valchérie”. _ Draco respondeu, dirigindo-se para o dormitório e pensando em várias coisas (“Por que será que, por mais que nos déssemos bem quando crianças, eu não consigo confiar inteiramente nela?”). Guardou seus livros, trocou suas roupas pelo pijama, escovou os dentes e caiu na cama, cerrando as cortinas de veludo verde à sua volta. Procurou meditar, esvaziar a mente, mas algumas lembranças teimavam em não desaparecer. Resolveu, então, deixar os pensamentos divagarem pelo passado.
Desde o primeiro ano invejara Harry, sentimento superado apenas no ano passado. Conhecera-o na loja da Madame Malkin, ambos com onze anos de idade, onde coincidira que estivessem experimentando os novos uniformes de Hogwarts. Naquele momento, mesmo sem saber quem ele era, sentira inveja de sua inocência e humildade, naquelas roupas vários números maiores, herdadas de seu na época obeso primo, Duda e com aqueles óculos remendados com fita. Tomara-o por um bruxo nascido trouxa, achara que ele era um, como ele próprio dizia antes, “Sangue-Ruim”, sem saber que ele era Harry Potter, o famosíssimo “Menino-Que-Sobreviveu”. O próprio Harry, mesmo depois de descobrir quem era, jamais se mostrara orgulhoso ou arrogante, muito pelo contrário, seus melhores amigos eram Rony, de origem humilde e Hermione, nascida trouxa. Desde o primeiro ano os três eram conhecidos como “Os Inseparáveis” e passaram por muitas aventuras juntos, até o quinto ano, quando Gina, Luna e Neville integraram o grupo, lutando contra os Death Eaters no Ministério. Agora ele mesmo, juntamente com Janine, fazia parte daquela turma o que, longe de envaidecê-lo ou de fazê-lo sentir-se superior, proporcionava a ele o orgulho salutar por estar fazendo a coisa certa desde o ano anterior, junto à sua amada Janine e agora com verdadeiros amigos.
Descobrira, também, que Crabbe e Goyle não eram burros nem abobados, apenas fingiam ser e que devotavam sincera amizade a ele, contrariando o que todos pensavam sobre os sonserinos, que eles não cultivavam verdadeiras amizades. Agora envergonhava-se pela maneira como tratara-os durante anos, como se fossem serviçais. Havia aprendido a reconhecer o valor das pessoas pelos seus atos e não apenas pelas suas origens. Dominara sua antiga propensão à inveja e à arrogância, conseguindo purificar seu coração e seu espírito, sem a menor tentação de voltar a ser o Draco Malfoy de antigamente. Perguntava-se, às vezes, se o seu tio-avô Jean-Marc havia passado por semelhante processo. Graças aos seus esforços e principalmente ao amor de Janine, ele era um novo homem que inclusive havia aprendido a sentir e utilizar o Ki, elevando seu espírito. Todas as noites agradecia a Deus e a Merlin por isso.
Envolvido nessas reflexões, começou a sentir-se mais relaxado até que, certo instante, sentiu o corpo leve e ficou admirado quando, ao olhar para baixo, viu a si mesmo deitado na cama. Compreendeu então que estava a realizar uma projeção astral, pela primeira vez na vida. Correspondia exatamente ao que Harry lhe descrevera, sobre os fatos após o Baile de Inverno. Em uma fração de segundo estava na Sala Comunal, vendo Valérie e Blasius entretidos a jogar xadrez de bruxo (Blasius perdendo, obviamente) e, em uma mesa próxima, Crabbe e Goyle, formando uma dupla a jogar Bridge contra Pansy e Nott. Resolveu vagar pelo castelo, incorpóreo, invisível e imponderável. Viu Filch e Madame Nor-ra a fazer a última ronda nos corredores, Dumbledore recolhendo-se aos seus aposentos, Snape e Sirius retornando de Hogsmeade e Mason, com alguns livros, a sair da biblioteca, que estava sendo fechada. Apenas Dumbledore e Mason pareceram sentir alguma presença no local. Aproximando-se do quadro da Mulher Gorda, sentiu o Ki dos amigos, na Sala Comunal da Grifinória. Atravessou o quadro e seguiu pelo corredor. Viu que Janine, Rony e Hermione já haviam se recolhido e que Harry e Gina estavam em um sofá, em frente à lareira, a tomarem uma última xícara de chá, servida pelo elfo doméstico Dobby, amigo de Harry, que o libertara (e irmão de seu elfo particular, Ziggy), o qual logo retornou para as cozinhas.
Sentados no sofá, entretidos um com o outro, Harry e Gina protelavam a hora de se recolherem, sem a menor vontade de se separarem. Em sua forma astral, Draco olhou para os dois e sorriu, contente pela beleza da cena. Porém, prestando atenção no restante da Sala Comunal, viu algo mais, um enorme perigo que o apaixonado casal sequer percebera.
Vinda dos banheiros, atraída pelo calor da lareira, ela deslizava silenciosamente, seu corpo esguio, longo e escamoso oculto pelas sombras aproximando-se mais e mais do sofá. Prevendo a tragédia iminente, pois o réptil certamente daria o seu bote em um dos dois ou nos dois grifinórios, obedecendo a um comportamento instintivo ao sentir-se ameaçada por seres vivos bem maiores do que ele, Draco desesperou-se, pois acreditava não poder fazer nada em sua forma astral. Foi então que, assim como acontecera com Harry quando alertara Snape daquela vez, as habilidades telecinéticas que ele havia desenvolvido com os treinos da AD manifestaram-se e a situação se resolveu. Uma pesada alabarda soltou-se da manopla da armadura que a segurava, caindo ao chão em um arco perfeito e, com sua lâmina afiada, dividiu em dois o corpo da serpente, fazendo um barulho bastante alto.
Harry e Gina levantaram-se do sofá, sobresssaltados, ele um segundo antes de sua noiva, pois havia ouvido o grito de desespero da serpente, em Ofidiano, um instante antes da lâmina da alabarda atingi-la.
—Harry! O que foi isso?
—Serpente! Na nossa Sala Comunal! _ disse Harry, olhando para a alabarda cravada no chão da sala e para o corpo dividido do réptil, ainda a contorcer-se. Os colegas chegavam à Sala Comunal, despertados pelo barulho da queda da arma medieval. Hermione aproximou-se e examinou a serpente, que havia parado de se mexer, abrindo sua boca com uma faca, vendo o interior todo preto e as presas agudas.
—Mamba Negra Africana! Mas como poderia estar aqui, na Escócia? _ perguntou a inteligente bruxinha, logo identificando o animal.
—Ouvi dizer que sua picada pode matar um homem em cerca de 20 minutos, se for no rosto ou no tronco. _ Harry comentou com a amiga.
—E que ela pode, em um ataque, inocular uma quantidade de peçonha com uma concentração de cerca de 100 a 150 mg de toxina. _ disse Neville, aproximando-se dos outros.
—Mas de onde ela veio? _ perguntou Dean Thomas.
—O tapete está molhado. _ disse Lilá _ Deve ter vindo dos banheiros. Talvez pelo encanamento.
—Mas isso não responde por que uma Mamba Negra estaria totalmente fora do seu habitat natural. _ comentou Parvati, olhando para a serpente, com uma expressão mista de medo e asco no rosto, abraçando Seamus Finnigan, que estava ao seu lado. A jovem bruxa hindu detestava serpentes tanto quanto Rony detestava aranhas _ Seria o mesmo que encontrar uma Naja-Gigante Indiana passeando pelas ruas de Porto Alegre no inverno.
—Concordo com você, Parvati. _ disse Janine _ Ela não poderia ter entrado sozinha. Alguém a colocou no encanamento. Resta saber quem e por que.
—Mas que foi uma enorme sorte aquela alabarda ter caído bem em cima da serpente, isso foi. _ Rony comentou, admirado.
Invisível aos grifinórios, em sua forma astral, Draco Malfoy assistia à cena, aliviado. Salvara a vida de dois dos seus amigos, anonimamente. Mas também se perguntava: “Quem poderia ter colocado aquela venenosíssima serpente no encanamento e por que ela havia ido justamente ao Salão Comunal da Grifinória? Obviamente não era acaso, fazia parte de um plano. Mas qual?”
Hermione sacou a varinha, disse “Evanesco” e fez com que os pedaços da serpente morta desaparecessem. Gina, com a sua varinha em punho, disse “Wingardium Leviosa” e a alabarda flutuou de volta para o seu lugar. Harry sabia que aquela Mamba Negra não estava ali por acaso, pois entendera seu grito desesperado em Ofidiano, que havia sido “Falhei, Mestre!”. Por outro lado, sabia que a alabarda também não havia caído por acaso. Ele percebera um Ki amigo na Sala Comunal, com uma característica interessante: ele parecia, ao mesmo tempo, estar e não estar na Sala. E ele sabia de quem era o Ki, mas não diria a ninguém, por enquanto. No dia seguinte contariam a Dumbledore sobre a presença da serpente na Torre da Grifinória.

Havia, enfim, chegado o dia do jogo Grifinória x Sonserina, com tempo encoberto e com possibilidades de temporal. Antes do jogo, no vestiário, Harry dava as últimas instruções ao time, que o ouvia atentamente:
—Temos uma vantagem em relação a eles. A Sonserina só pegou tempo bom nos treinos, ao contrário de nós, que tivemos alguns dias bem chuvosos. Dependendo do lado em que jogarmos, a direção do vento vai fazer uma grande diferença, por isso vamos precisar daqueles arremessos de efeito. Gina, O’Toole, Gilmore, vocês treinaram bastante. Estão preparados? _ e, diante da resposta afirmativa dos três, continuou _ Kane e Foster, quero precisão de mira laser de vocês dois ao rebaterem os balaços. Rony, sei que você pode fechar aquele gol numa boa, ainda mais agora, com os presentes que você e Gina ganharam de Fred e Jorge. _ o casal de irmãos estreava velozes vassouras Firebolt, cortesia dos gêmeos _ Gina, não se empolgue demais e não faça nenhuma “Manobra de Weasley” se o vento estiver muito forte. Há uma grande possibilidade de chuva, com raios e trovões. Feitiço Impervius nos óculos e, por segurança, isolem os estribos das vassouras. _ e, dizendo “Hevea”, Harry fez surgir um revestimento de borracha nos estribos de metal de sua vassoura _ VAMOS NESSA, GRIFINÓRIA!!
O time isolou os estribos das vassouras, montou nelas e levantou vôo, rumo ao centro do campo de Quadribol. Madame Hooch, acompanhada de Sirius, procedeu ao sorteio dos lados que as equipes ocupariam. A Grifinória jogaria contra o vento, o que significaria um maior esforço no vôo e o emprego de mais força nos arremessos, que teriam de ser precisos, para que os jogadores não se cansassem cedo demais. Harry deveria ser bem rápido na captura do pomo, a fim de poupar o time. A um apito de Sirius, o jogo começou e os jogadores começaram a se movimentar. O vento estava fortíssimo, impedindo jogadas tipo “Manobra de Weasley” e Finta de Wronski”. A goles estava com Gina, que passou para O’Toole, este perdendo-a para Milly, que arremessou no aro da esquerda e Rony defendeu, fazendo com que a goles fosse parar nas mãos de Gilmore, o qual esquivou-se de Renquist e Maxwell, arremessando no aro central, com um efeito que Blaise não foi capaz de neutralizar. Dez a zero para a Grifinória. De posse do megafone mágico, Ernest McMillan narrava e comentava a partida, como digno sucessor da linhagem de narradores, dos quais Fabian Sheldrake e Linus Jordan fizeram parte.
Nas arquibancadas, as torcidas manifestavam-se animadamente, sem ligar para o vento e a chuva, que começou a cair com violência, acompanhada de fortes raios e sonoros trovões. Na torcida da Sonserina, Valérie, Blasius, Pansy, Nott, Pritchard, Baddock e outros faziam uma onda verde-e-prata barulhenta e que incentivava o time, coisa semelhante ocorrendo com a torcida da Grifinória, com casacos, capas, guarda-chuvas, bandeiras e pinturas de rosto vermelhas e amarelas, principalmente Hermione, Neville, Seamus, Dean e a turma “Honra e Amizade”. Janine também se vestia com as cores da Grifinória, mas com uma pequena diferença. Sua pintura de rosto era metade vermelha e metade verde, fato aceito com naturalidade pelos colegas leões. Afinal de contas, Janine Sandoval e Draco Malfoy eram noivos. Para complementar, Luna Lovegood estava usando seu famoso chapéu-leão e, de vez em quando, fazia com que desse um rugido.
Naquele instante Renquist marcou, empatando a partida e, logo depois, Maxwell abriu uma vantagem de dez pontos, com um arremesso no aro da direita, que o vento desviou para o central, enganando Rony.
—Vinte a dez para a Sonserina, em um jogo equilibradíssimo, onde a própria Natureza joga, ora para um lado, ora para outro! _ ouvia-se a voz de McMillan, narrando e comentando _ Parece que hoje, mais do que nunca, os apanhadores deverão ser rápidos, para que os times não se encharquem em demasia. Potter e Malfoy estão bem ativos a procurarem o pomo de ouro, sabendo disso.
Realmente, Harry e Draco procuravam pelo pomo de ouro por todo o campo, tentando ver através da cortina de chuva. Se não tivessem Feitiços Impervius nos seus óculos, sequer veriam a ponta dos próprios narizes. Nesse meio tempo, Gina fez um arremesso de efeito, que Blaise previu e dirigiu-se para o aro no qual a goles entraria. Mas a bela sonserina não havia levado em conta uma rajada de vento, que desviou a goles para o aro da esquerda, onde ela estivera. Partida empatada em vinte a vinte. Mas logo Milly arremessou e marcou, mantendo a Sonserina em vantagem, dez pontos à frente da Grifinória.
Os dois apanhadores viram o pomo e iniciaram a caçada. A esperta bolinha dourada desviou-se dos dois e subiu, ganhando cada vez mais altitude, com Draco e Harry no seu encalço, indiferentes ao ribombar dos trovões e aos raios que coriscavam, perigosamente perto dos dois apanhadores. Estavam quase emparelhados, Draco apenas um pouquinho à frente de Harry, ambos aproximando-se cada vez mais do pomo, quase em uma reprise da final do ano anterior. Só que, ao que parecia, Draco estava em vantagem.
Então, quando ambos esticaram os braços e Draco preparava-se para, pela primeira vez na vida capturar o pomo de ouro antes de Harry, a Mãe Natureza resolveu intervir, para azar do loiro. Um potentíssimo raio desceu dos céus e, no momento em que Draco estava fechando a mão sobre o pomo, atingiu a sua vassoura e a carga foi conduzida através do corpo do bruxo. Ele não havia isolado os estribos metálicos de sua Firebolt.
Harry, instintivamente, fechou a mão, capturando o pomo de ouro e olhou para baixo. Draco estava caindo como uma pedra, em direção ao solo. O grifinório colocou sua Firebolt em um mergulho, imprimindo o máximo de velocidade possível, a fim de alcançar o amigo e salvá-lo. Conseguiu agarrar Draco Malfoy mas o peso dos dois, somado à velocidade do mergulho, não estava permitindo que Harry Potter mudasse de direção com a necessária rapidez. Este, então, procurou proteger com seu corpo o amigo inconsciente, pensando: “Se eu tiver de morrer, que seja fazendo algo de bom para alguém. Só sinto por causar tristeza aos meus amigos, principalmente Gina. Eu te amo, minha pequena leoa. Adeus.” Ouvindo os pensamentos de Harry, Gina voou rápido, tentando alcançá-los, desesperada com a provável morte iminente do seu noivo e do seu amigo.
Mas, naquele momento, Dumbledore moveu-se de seu lugar na Tribuna de Honra, preparando-se para lançar algum tipo de feitiço semelhante ao que utilizara para salvar Harry, quando um ataque de cem dementadores o fez cair da vassoura. Nem foi preciso.
Da torcida da Grifinória, assim como da torcida da Sonserina, várias varinhas foram sacadas e, das bocas de seus donos, foi proferido o mesmo feitiço, como se tivesse sido combinado:
— “ARESTO MOMENTUM!!!” _ exclamaram Hermione, Janine, Neville, Luna, Lilá, Seamus, Thomas, Boot, as gêmeas Patil, Pansy Parkinson, Theodore Nott, Blasius Zabini e Valérie Malfoy. A queda de Harry e Draco foi imediatamente interrompida e eles permaneceram parados no ar por um instante, até que baixaram ao solo, suavemente. Harry amparava Draco, que ainda estava inconsciente, tinha os cabelos meio chamuscados e um tom mais pálido do que o normal em sua pele, com os lábios cianóticos. Seus batimentos cardíacos eram pouco perceptíveis e sua respiração era superficial e fraca. Logo Madame Pomfrey chegou e disse:
—Em nome de Merlin! Esse garoto está tendo uma parada cardíaca! Preciso fazer alguma coisa! Afaste-se, Sr. Potter! _ e disparou, com sua varinha, um raio bem no meio do peito de Draco, que deu um salto. Imediatamente o coração começou a bater mais forte e a respiração melhorou. Ela conjurou uma maca flutuante e levou Draco para a ala hospitalar, com Harry logo atrás dos dois, o pomo de ouro ainda seguro em sua mão.
—Senhoras e senhores, em mais uma dramática seqüência de eventos Harry Potter novamente captura o pomo de ouro e ainda contribui para salvar a vida de Draco Malfoy. Agora está tudo nas mãos de Madame Pomfrey e, se bem a conhecemos, logo o nosso amigo, apanhador e monitor da Sonserina estará inteirinho, de volta ao nosso convívio. _ dizia Ernie McMillan, encerrando a narração daquele emocionante primeiro jogo da temporada.

Na ala hospitalar, os Inseparáveis estavam sentados à volta da cama ocupada por Draco, aguardando por uma reação do amigo. Excepcionalmente, daquela vez Madame Pomfrey não se opusera à presença de tantas visitas para um enfermo.
—Ele já está assim há horas. _ Janine disse, com lágrimas nos olhos. Era a segunda vez que a bela gauchinha chorava, desde que o pai havia morrido em um acidente de pára-quedismo, quando ela estava com treze anos de idade. A primeira havia sido quando Narcisa Malfoy morrera para salvá-los da Avada Kedavra de Lucius.
—Pelo menos Madame Pomfrey conseguiu reverter a parada cardíaca na hora. _ Luna comentou _ O que será que ela utilizou?
—Eletricidade pura, minha gente. Uns 400 Joules, para ser mais preciso. Foi a mesma coisa que usar um desfibrilador cardíaco trouxa. _ Harry explicou aos amigos o procedimento da experiente enfermeira _ A descarga do raio fez o coração de Draco parar e ela usou uma outra descarga elétrica para fazê-lo voltar a bater direito.
—E ele continuará a bater por Jan, pelo resto da minha vida, eu lhe prometo, meu amor. _ disse Draco, abrindo os olhos, olhando na direção de Janine e sorrindo. Sua voz estava um pouco pastosa e sua boca meio torta.
—Não se preocupem com essa paralisia facial, meus jovens. Ela passará em umas duas horas, depois que ele tomar esta poção. _ disse Madame Pomfrey, levando um cálice aos lábios de Draco, que tomou todo o seu conteúdo, com uma expressão de alegria no rosto _ Isso é uma seqüela passageira do choque que ele tomou daquele raio.
—Hmmm, Madame Pomfrey, suas poções estão ficando com um sabor bem melhor. _ Draco observou, com uma expressão divertida _ Esta tinha gosto de framboesa.
—Aproveite, porque nem sempre eu tenho tanta boa vontade, seu travesso. _ respondeu a enfermeira, com um meio sorriso nos lábios _ Agora vocês saiam daqui, todos, pois ele precisa dormir por algumas horas para acelerar o efeito da poção. Você também, Srta. Sandoval. Depois pode vir visitar seu noivo mas, por enquanto, fora daqui, todos vocês.
Janine deu um beijo em Draco e os Inseparáveis saíram da ala hospitalar.Antes que saíssem pela porta, Draco chamou por Harry, sem se importar com a cara feia que Madame Pomfrey fazia.
—Sim, Draco? _ perguntou Harry.
—Queria lhe agradecer por haver salvo minha vida. Se você não tivesse me agarrado e freado nossa queda, nem os feitiços que a turma lançou teriam sido suficientes e nós teríamos batido no chão, em grande velocidade e o impacto teria nos matado.
—Não foi nada, Draco. Apenas retribuí o que você fez por mim e por Gina.
—???
—Acha que eu não sei que aquela alabarda não caiu em cima da Mamba Negra Africana por acaso? Você estava em forma astral, na nossa Sala Comunal e usou telecinese, como já aconteceu comigo uma vez, no ano passado. Senti o seu Ki na sala e ele tinha a peculiaridade comum às formas astrais. O Ki parece, ao mesmo tempo, estar e não estar no local.
—Então você descobriu. _ o sonserino disse, sorrindo com a boca ainda meio torta e a voz pastosa _ É, Harry, parece que a minha sina é jamais ganhar de você no Quadribol. Mas, acredite, não me importo nem um pouco.
—OK, cara. Descanse e se recupere. _ disse Harry, apertando a mão do amigo e saindo da ala hospitalar para juntar-se aos outros, que esperavam por ele do lado de fora. Assim que ele reuniu-se aos amigos, eles viram que os sonserinos vinham pelo corredor, preocupados com o estado de Draco.
—Como ele está, Janine? _ Valérie perguntou, desesperada, segurando as mãos da grifinória e apertando-as _ Como está meu primo?
—Ele agora está bem, Valérie. _ Janine respondeu, tranqüilizando a loira, ambas sentando-se em um banco _ Madame Pomfrey disse que ele só precisa dormir por algumas horas, para potencializar o efeito das poções. _ Valérie tinha o rosto marcado por lágrimas.
—Obrigada, Janine. Voltaremos, então, quando as visitas estiverem liberadas. _ Valérie voltou para junto dos outros sonserinos, fazendo sinal de “tudo bem”. Eles aproximaram-se dos grifinórios e Milly comentou:
—Foi uma sorte que todos vocês tivessem, ao mesmo tempo, a idéia de lançar aquele feitiço. Conseguiram interromper a queda dos dois e salvaram-nos da morte certa.
—Sim, foi uma coisa instintiva. _ Luna comentou, aliviada, encarando os outros _ É uma daquelas coisas que ninguém explica, parece que houve uma transmissão de pensamento entre todos nós.
—Mas se Harry não tivesse agarrado Draco e diminuído a velocidade da queda, o feitiço não teria bastado. _ disse Pansy, aliviada. Mesmo com aquela sua antiga paixão por Draco superada, a jovem ainda guardava uma grande estima pelo loiro.
Os grifinórios e sonserinos seguiram pelo corredor, a rivalidade temporariamente deixada de lado, até que separaram-se, indo para suas respectivas Salas Comunais, Luna Lovegood fazendo a mesma coisa e tomando o rumo da Corvinal. Depois de um bom banho quente, estavam todos em frente à lareira. Janine comentou:
—A preocupação de Valérie era sincera, deu para sentir no Ki dela. Incrivelmente, não havia qualquer traço de malignidade, bem diferente da noite em que ela foi selecionada. Ou ela sabe ocultar muito bem o lado sombrio de seu espírito, o que é extremamente difícil de fazer ou então ela ainda guarda algumas dúvidas quanto às Trevas, o que torna a freqüência vibracional do seu Ki meio ambígua, oscilante. Ela está parecendo ser uma garota legal, mas não devemos afrouxar a vigilância. Dizem que a primeira impressão é a que fica e a que tivemos não foi boa. Vamos dar tempo ao tempo e ver como a coisa se desenvolve.
—Draco chegou a comentar que, mesmo ela sendo misteriosa desde criança, os dois sempre deram-se muito bem. _ disse Neville _ Vamos dizer a ele, depois que ele tiver alta. Aí veremos qual a sua opinião.
—Bem, eu vou vê-lo daqui a pouco, pois Madame Pomfrey já vai liberar as visitas. _ Janine disse, olhando para os amigos _ Mas esse é um assunto para discutirmos todos juntos. Você está certo, Neville. Vamos esperar que ele receba alta e aí conversaremos.
Quase chegando à ala hospitalar, Janine viu Valérie saindo. A loira havia ido visitar o primo e estava voltando para a Sala Comunal da Sonserina, mas não estava seguindo o caminho mais rápido. Em vez de ir direto para o Saguão de Entrada e, de lá, tomar o rumo das masmorras, ela parecia estar dirigindo-se para o corredor do terceiro andar. Instintivamente, Janine resolveu segui-la, pois achou aquele comportamento meio fora de padrão. Baixou o Ki e procurou bloquear a mente, em seguida executando um Feitiço de Desilusão. Continuou a seguir Valérie, fazendo o máximo de silêncio que seu treinamento Ninja poderia proporcionar, até que a sonserina entrou em um banheiro. Janine aguardou algum tempo, até que não sentiu mais o Ki de Valérie. Intrigada com aquilo, desfez o Feitiço de Desilusão e entrou no banheiro, quase dando uma trombada em um grupo de três garotas do terceiro e quarto anos, reconhecendo duas delas como Paula Benton, da Lufa-Lufa, Diana McCorkindale, da Sonserina e uma terceira, com uniforme da Corvinal, que ela não reconheceu. E foi justamente com essa última que ela quase colidiu.
—Oh, me desculpe. _ disse Janine _ quase nos derrubamos uma à outra.
—Sem problemas, Srta. Sandoval. _ disse a garota _ Meu nome é Lorraine Smollett e é um prazer, finalmente, conhecer “A-Trouxa-Que-Virou-Bruxa”, a garota que conseguiu tirar Draco Malfoy do caminho das Trevas. Com licença, preciso voltar para minha Sala Comunal pois, se o Sr. Filch ou algum monitor me pegar aqui, terei de dar muitas explicações. Até.
—Até, Srta. Smollett. _ disse Janine, entrando no banheiro e tentando sentir o Ki de Valérie, inutilmente. Olhou nos boxes e não viu ninguém. Saiu do banheiro, pensando: “Rateei feio, tchê. Ou este banheiro tem uma passagem secreta ou ela saiu, com Feitiço de Desilusão ou alguma outra coisa. De qualquer maneira ela me deu o golpe, bonitinho. Não sinto mais o Ki dela.”
Tentou alcançá-las, antes que se separassem a caminho de suas Casas e, ao virar em um corredor, ouviu uma voz conhecida:
—Srta. Sandoval, está indo à ala hospitalar, para ver o Sr. Malfoy?
—Sim, Profª McGonnagall. Só fiz uma pequena parada no banheiro... Mãe Natureza, a senhora sabe como é. _ disse Janine, tentando explicar o fato de estar fora de sua Sala Comunal àquela hora da noite.
—Está bem, Srta. Sandoval. É melhor que a senhorita fique com isto aqui. _ e tirou uma folha de um pequeno bloco _ Tome, é um passe de corredor. Com ele a senhorita poderá circular depois do horário permitido, desde que seja para ir diretamente da ala hospitalar para a Torre da Grifinória. É uma segurança para o caso da senhorita cruzar com Argus Filch ou algum dos monitores. Aliás, acho que os passes estão bem solicitados hoje. Acabei de entregar alguns, para a Srta. Benton, a Srta. McCorkindale, a Srta. Smollett e, um pouco antes, para a Srta. Malfoy.
—Muito obrigada, Profª McGonnagall. Vou indo então ver o Draco. Boa noite (“Parece que hoje ela está usando um perfume diferente. Onde foi que eu já o senti?”, Janine pensou).
—Boa noite, Srta. Sandoval. Diga ao Sr. Malfoy que torço por um pronto restabelecimento. _ e Minerva McGonnagall continuou pelo corredor, enquanto Janine ia para a ala hospitalar fazer companhia ao seu noivo.
Ela não viu que a professora de Transfiguração e Diretora da Grifinória seguia na direção de uma estátua, que representava uma bruxa de um olho só.

Na manhã seguinte, Draco recebeu alta e retornou para a Sala Comunal da Sonserina. Mais tarde, em um horário livre, perguntou a Janine:
—Jan, como era mesmo aquela história da semelhança entre o Grêmio e as múmias? Valérie me perguntou ontem à noite, mas eu me esqueci.
Sendo alvo da atenção de todos os Inseparáveis e mais Pansy, Colin e Paula, Janine respondeu:
—A semelhança, Draco é que tanto o Grêmio quanto as múmias estão cheios de faixas, mas ambos estão mortos. _ o riso entre a turma foi geral e prolongado. _ E essa, gente, é só uma das muuuuiiiiitas piadas de gremista que a gente conhece. Eles sempre dizem: “Campeão do Mundo, Campeão do Mundo”, mas a mancha da Segunda Divisão é algo que jamais se apaga. E eles já carregam essa mancha pela segunda vez.
—Eta, rivalidade Gre-Nal! Parece até Grifinória e Sonserina, nas épocas mais radicais. _ comentou Pansy.
—Você não viu nada, Pansy. _ disse Harry _ Pelo menos no Quadribol não existem torcedores rivais se massacrando uns aos outros, na saída dos jogos. No Futebol trouxa isso acontece com freqüência e, infelizmente, nosso país não dá um bom exemplo, pois aqui na Inglaterra existem os “Hooligans”, torcedores que vão aos estádios com a intenção exclusiva de arrumar brigas.
—E no Brasil não ficamos muito atrás. _ Janine falou _ Lá nós também temos muitas desordens, com as torcidas organizadas, inclusive com mortes, em algumas ocasiões.
—Triste fama para uma terra que possui o título de “O País do Futebol”, como é conhecido o Brasil no resto do mundo, mesmo que hajam destaques em vários outros esportes. _ Hermione comentou, com pesar.
—Mas esses casos são exceções, gente. Os conflitos entre torcidas resultam em processos criminais e muitas condenações. _ Janine explicou. Os amigos ficaram aliviados. Embora o Quadribol fosse o esporte bruxo por excelência, muitos deles também acompanhavam a Copa do Mundo de Futebol, a cada quatro anos. Afinal de contas, o esporte havia nascido na Inglaterra.
—Gente, logo chegará o mês de dezembro e, com ele, o Natal. Seria bom planejar o que vamos fazer, se ficaremos em Hogwarts ou se viajaremos para algum lugar tipo, por exemplo, A Toca. _ Rony comentou.
—Pois é, pessoal. _ disse Draco _ De repente, poderíamos nos reunir em Wiltshire.
—Ou melhor ainda, Draco. _ Sirius estava passando e resolvera juntar-se ao grupo _ Poderíamos, novamente, comemorar o Natal na Mansão Black, no Largo Grimmauld, Nº 12. Obviamente que as circunstâncias, neste ano, serão bem melhores do que no ano retrasado.
—É, eu me lembro. _ comentou Gina _ Pouco antes do Natal, Voldemort invadiu o Ministério possuindo o corpo de Nagini, aquela sua Naja-Gigante de estimação. Encontrou-se com meu pai e o atacou.
—Então foi isso que Voldemort quis dizer lá em Azkaban, quando disse que quase os havia deixado órfãos? _ Draco perguntou.
—Sim, Draco. _ Rony olhou para ele e respondeu _ Se não fosse o fato de que Harry estava conseguindo penetrar na mente dele e vendo o ataque do ponto de vista do agressor, era uma vez Arthur Weasley.
—Gente, o papo está ficando muito sombrio. _ Janine procurou desviar o assunto para coisas mais amenas _ Seria uma boa, Sirius. Eu e Draco estávamos pensando em passar o Natal com minha mãe e meus avós, em São Borja, mas parece que eles resolveram viajar para Punta del Este. Então, eu acho que seria uma boa. Podemos começar a planejar, o que acham?
—Perfeito. _ disseram Harry e Gina.
—Ótimo. _ disse Rony. Hermione concordou com um aceno de cabeça _ Mamãe, papai, Fred, Jorge, Gui, Carlinhos e Percy vão gostar e levar suas respectivas amadas.
—Uma festa das grandes. _ Luna e Neville comentaram _ Contem conosco.
—Então, está decidido. Vamos reunir a galera toda. Vou mandar uma coruja para Lupin e Tonks e eles vão começar os preparativos, na época adequada.Uma boa festa de Natal, para exorcizar os últimos espíritos das Trevas daquela casa.
—Acho que, desta vez, a Sra. Weasley não vai encrencar com o Mundungus Fletcher. _ Harry brincou.
—O Dunga anda bem mais tranqüilo. _ Sirius comentou _ Tonks andou dando uma dura nele, quando ele tentou vender alguns objetos antigos dos Black, que havia afanado da mansão. Não que eu me importe, pois quero distância de qualquer coisa que me lembre da obsessão dos Black pela “Pureza do Sangue”, a começar pelo lema da família.
— “Toujours Pur”, “Sempre Pura”. _ Draco disse, com um suspiro e uma expressão de “Que-Pensamento-Mais-Idiota” no rosto _ Não acredito que, no passado, eu já cheguei a pensar assim.
—É isso aí. Uma boa festa e voltaremos relaxados e contentes para Hogwarts. _ disse Sirius, contente _ Vou avisar Ayesha e Jemail. Ah, gente, lembrem-se de que haverá mais uma visita a Hogsmeade, antes do Natal. Será bom para que Harry e vocês dêem umas voltas na moto voadora. Prometo que, um dia, conto como foi que a adquiri. Uma última coisa, meus jovens. O Natal pode nos trazer grandes e inesperadas surpresas, pensem nisso.

Janine não estava olhando para Sirius e nem para Draco naquele momento, portanto não percebeu o olhar e a discreta piscadela que os dois trocaram.


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