Harry estava fazendo seu aniversário de 18 anos. Uma festa havia acontecido mais cedo, onde todos os membros da Ordem da Fênix, seus colegas e família compareceram.

A festa tinha corrido bem. Mas agora Harry estava sozinho na sacada do quarto de Gina, que ele passara a habitar. O escuro da noite o envolvia como um manto, dando fundo a sua tristeza.

Nem todos que ele queriam estavam ali. Ele sentia mais do que nunca falta de sues pais. De Sirius, de Remo, de Tonks, Fred, Dobby, Dumbledore... Ele sentia o muito que havia perdido.

Ele estava com Gina agora. Logo conseguiria um emprego. Logo, pediria pra casar com ela... E era horrível que não tivesse ninguém no seu lado da igreja. Só do lado da família de Gina.

Ele sentia falta de irmãos, de pais, para sentir orgulho dele... Até mesmo de seus avós mortos por Voldemort, do qual ele não sentira falta de início, mas que agora realmente lhe faziam curioso. Como seria?

A porta se abriu atrás dele, tirando-o dos pensamentos.

-       Sabe, estão se perguntando onde você foi.

-       Achei que todos já tinham ido embora – ele murmurou pra Gina sem olhar pra ela.

-       Ah, eles vão ir agora. A falta do aniversariante meio que espanta os convidados.

Harry se virou pra ela. Gina sorria, trazendo nas mãos um bolo de caneca com cobertura branca, com uma velinha espetada no morango, soltando alegres faíscas como um lindo foguetinho multicolor.

-       Feliz aniversário – ela sorriu mais ainda.

Harry sorriu com ela, colocando uma das mãos em sua cintura e a beijando de leve. Gina se afastou e quase quicou no mesmo lugar:

-       Vamos, faça um pedido!

O garoto revirou os olhos, depois sorrindo, decidiu acatar ao desejo da namorada e fechou os olhos.

“Queria que tudo isso nunca tivesse acontecido”.

Harry abriu os olhos e assoprou.

Os dois se sentaram na sacada e dividiram o bolinho felizes, lambendo o recheio de morango. Ambos adormeceram na sacada abraçadas, observando as estrelas sonolentos e preguiçosos.

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

-       Filho! Acorde e vem almoçar!

Harry abriu os olhos assustado. Estava acostumado com Gina acariciando seus cabelos para acordá-lo.

Então percebeu que Gina não estava ali. E que aquele não era o quartinho dela. Um solavanco se deu em seu coração. Onde ele estava? Onde Gina estava?

Harry olhou em volta.

Ele estava em um quarto branco médio, onde os móveis eram todos claros e agradáveis. Ele mesmo se encontrava em uma enorme cama de casal branca. Nas paredes haviam pôsters do seu time de quadribol preferido, tinha bandeirolas da grifinória, discos das esquisitonas e dos “duendeiros”. Em seu bidê (ele engoliu em seco) estava uma foto que ele nunca tirara.

Um garoto de uns dezesseis anos ria e se abraçava a seus pais, que sorriam amavelmente para o garoto. Aquelas pessoas ele conhecia. Eram seus pais. E aquele... era ele.

Mas ele nunca tirara fotos com seus pais desde que tinha um ano. E eles nunca foram com estavam na foto, Lilían com ruguinhas leves em baixo dos olhos, e Tiago com alguns cabelos brancos em meio aos arrepiados.

Como aquilo podia acontecer? Sua confusão aumentava a cada momento.

-       Harry, sua mãe está chamando! Quer que ela vá até aí de novo?

Harry falou desconcertado:

-       Não, eu já vou!

Ele desceu da cama e se olhou no espelho do armário. Sua testa estava lisa. Sem marca alguma. Ele quase desmaiou. Só devia ter uma explicação para isso. O seu pedido de alguma forma virara realidade.

E nada daquilo tinha acontecido.

Harry temeu. Ele tinha que encontrar Gina. Ele foi até a sacada e olhou para baixo. Lágrimas vieram aos seus olhos, e um soluçou se prendeu. Ele estava em Godric’s Hollow. Na casa que um dia ele visitara as ruínas. No quarto onde sua mãe morrera.

Ele esperou as lágrimas saírem, levando sua alma. Era a dor mais feliz que ele havia sentido, porque ali em baixo, em algum lugar, estavam seus pais.