Touched By Hell escrita por raquelsouza, milacavalcante


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Tenho tanta coisa pra dizer sobre esse capítulo, mas nada disso interessa agora então por favor leiam as notas finais.

Obs: Não tenham medo de mim.

Sem mais delongas, o último capítulo de Touched by Hell.



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POV Percy

Saí do refeitório sem saber exatamente o que fazer. Deveria ir até o chalé verificar? Mas para quê? Se Gabe estivesse mesmo lá isso só pioraria as coisas para todos.

Fiquei dando voltas pelo perímetro da escola pensando numa solução para tudo isso. Ainda era difícil de engolir que Gabes, meu padrasto, fosse uma pessoa tão sádica e cruel.

Pensei então na minha mãe. Será que ela sabia das coisas que ele fazia? Meu Deus! Será que ele fazia isso com ela? Num ato de raiva soquei a grade da escola e me arrependi em seguida ao ver o sangue pingar na grama.

Como a grade estava repleta de ferrugens e eu não lembrava de ter tomado uma vacina antitetânica, fui em direção a enfermaria. Xinguei-me por ser tão estúpido a ponto de socar uma grade enferrujada.

– Percy, estava a sua procura. – alguém disse colocando a mão no meu ombro.

– Estava indo na enfermaria, se me der licença. – disse me desvencilhando do professor Arthur.

Ele segurou meu braço com força.

– Eu posso cuidar desse corte... – ele disse apontando para a minha mão -... enquanto conversamos. Venha.

Pensei em simplesmente ir embora, mas se ele estivesse suspeitando de algo, eu só estaria me entregando. Além disso, essa poderia ser a minha chance de descobrir quem era aquele homem.

Caminhamos em silêncio até a sala dele, no prédio dos professores.

Sua sala tinha o mesmo padrão do resto da escola: antigo e fedorento. As únicas decorações eram uma mesa no centro – onde ele sentou numa ponta e eu em outra -, um quadro negro rabiscado com palavras sem nexo e um armário, de onde ele tirou um kit de primeiros socorros.

Ele pediu a minha mão e eu a estendi hesitante.

– Aprendi primeiros socorros no exército. – ele disse limpando o corte com álcool.

–Hum. – respondi simplesmente.

– Pontos não serão necessários. – ele disse passando uma pomada e enrolando minha mão com uma gaze. – E você tem que estar com as vacinas em dia para ser permitido na escola então não vai morrer de tétano.

– Obrigada. – disse sério.

Arthur mudou de posição na cadeira, seu semblante assumindo uma expressão séria e compenetrada.

– O que eu vou te dizer agora é estritamente secreto, Percy.

Fiquei em silêncio esperando ele começar a falar.

– Eu vou confiar em você assim como preciso que confie em mim. – ele disse levantando e andando até o quadro negro. Ele o tirou da parede, exibindo um cofre. Não me surpreendi, já encontrara passagens secretas por aqui então um cofre não era grande coisa.

Porém me assustei com o que ele tirou de lá: uma arma e um distintivo. Ele os expôs em cima da mesa.

– Você sabe o que é isso? – ele perguntou sentando-se novamente e apontando para os objetos sob a mesa.

– Você é policial. – respondi surpreso. Será possível?

– Sou detetive federal. – ele me corrigiu. – Estou disfarçado nessa escola porque estou trabalhando em um caso que deve lhe interessar.

– Gabe. – disse sem pensar.

Arthur levantou uma sobrancelha aparentemente contente com a minha resposta.

– Então você sabe... – ele disse entrelaçando as mãos embaixo do queixo. – Que seu padrasto é um criminoso;

Hesitei por um momento antes de responder.

– Sim. – respondi.

Ele assentiu.

– O que eu gostaria de saber é como e o que você sabe?

– Faz diferença? – disse pensando em como não citar Annabeth.

– Quando falei com a sua mãe ela disse que você não sabia de nada, entretanto você sabe, como? – ele perguntou se inclinando na minha direção.

Não respondi.

Arthur suspirou e se recostou na cadeira.

– Veja bem Percy, você deve me convencer de que não é cumplice do seu padrasto agora ou devo te prender.

– Como é? – perguntei exaltado. – Você não pode me prender.

– Tanto posso, como vou se você não começar a me falar o que sabe. – ele me ameaçou.

– Se você me prender Gabes vai saber que vocês estão atrás dele. – blefei.

– Ele já sabe. – ele respondeu sorrindo vitorioso e então seu sorriso sumiu. – Percy, você pode ser meu aliado.

– Como posso saber se você é mesmo confiável? – perguntei.

– Sou um policial. – ele ironizou. – Claro que você pode confiar em mim.

Eu ri sem humor.

– Gabes é meu padrasto. Como posso saber que você não trabalha pra ele? – perguntei.

– Bom argumento. – ele disse e ponderou por um momento.

– Que crimes Gabes cometeu? – perguntei.

Arthur pegou uma pasta no armário e espalhou uma série de papéis pela mesa.

– Lavagem de dinheiro, homicídios, tráfico de drogas e alguns outros.

– Se você sabe que ele fez tudo isso porque não o prende? – perguntei.

– Faltam provas, testemunhas e leis melhores. – ele disse dando de ombros.

Pensei se deveria dizer o que sabia.

– Como a minha mãe fica nisso? – perguntei preocupado. Era óbvio que ela sabia mais do que eu pensava. Será que ela sabia sobre Annabeth?

– Sally é a minha maior aliada e companheira. – ele disse com um semblante furioso. – Mas não pode nos ajudar com muita coisa.

– Ele já fez algo contra ela? – perguntei e ele hesitou.

– Isso é confidencial, Percy. – ele respondeu, seu rosto entregando.

Senti a raiva subir para a minha cabeça. Gabes havia feito mal a minha mãe e a minha namorada debaixo do meu nariz.

– Eu lhe conto tudo, mas antes me diga o que ele fez com a minha mãe. – rosnei entre dentes.

– Não sei se é uma boa ideia você saber ainda... – ele disse e eu dei um soco com a mão cortada na mesa.

– Diga. – disse trincando os dentes.

– Estupro, maus tratos e espancamento. – ele disse inexpressivo.

Passei alguns minutos olhando para o nada, absorvendo o fato. Aquele desgraçado maltratara a minha mãe e a minha namorada. Ele espancara a minha mãe e eu nunca tinha percebido.
Eu vou mata-lo.

– Estupro e pedofilia. – disse com firmeza.

– Você o quê? – Annabeth gritou vindo na minha direção com um olhar mortal.

– Eu contei tudo para Arthur. – falei sentando na cama dela.

– E porque você fez isso, Percy? – ele perguntou andando de um lado para o outro no quarto, seu rosto agora demonstrando um profundo medo. – Vamos morrer.

– Ele é detetive federal. - eu disse me defendendo.

Annabeth fez cara de raiva novamente.

– Se eu disser que sou a Rainha da Inglaterra você acredita também? Seu idiota! – ele começou a me bater.

– Annabeth, se acalme! – disse segurando suas mãos e então seu rosto. – Precisamos confiar nele. Eu não posso deixar que ele toque em você de novo, por favor, eu te imploro.

– Você não entende, Percy. – ela disse me abraçando e encostando a cabeça no meu ombro. – Eu não posso arriscar perder todos vocês.

– Ele fez o mesmo com a minha mãe. – disse sufocando com o significado dessas palavras.

Annabeth se resetou.

– Sinto muito. – ela disse. –Mas o que eu posso fazer?

– Fale com Arthur, escute o que ele tem a dizer. – disse olhando-a nos olhos.

– Não posso, é muito arriscado. – ela disse abaixando a cabeça.

– Você pode, meu amor. – disse levantando seu queixo e beijando seus lábios. – Essa é a chance de acabar tudo isso. Acabar tudo. Você não quer isso? – perguntei suavemente.

– Mais que tudo. – ela respondeu. – Mas isso não vai acontecer, Percy, as coisas só vão piorar.

– Não diga isso. – eu disse apertando-a contra o meu corpo, logo vai acabar.

POV ANNABETH

As coisas vão indo de mal a pior. Como posso confiar em alguém que horas antes eu estava fugindo por achar que era cúmplice do Gabe?

Está cada vez mais complicado se dar ao luxo de confiar.

Estava sentada em uma cadeira de frente para Arthur, o falso professor e sim detetive federal que coincidentemente eu beijei.

Ele sorriu e meus pelos se eriçaram. Não queria contar nada para ele, nada. Não queria contar nada pra ninguém, não queria piorar as coisas. Queria apenas que esse pesadelo acabasse.

– Olá Annabeth. – ele disse finalmente. – É bom vê-la, apesar das circunstâncias.

– Porque estava disfarçado na escola? – perguntei sem rodeios. – É um pouco longe de Gabe.

Arthur se recostou na cadeira.

– Sally pediu para ficar de olho em Percy e em você, garantir que nada aconteceria enquanto vocês estavam aqui. – ele disse honestamente.

– Você fez um péssimo trabalho. – disse bufando.

– Ele tocou em você na escola? – ele perguntou surpreso.

Não respondi.

– Você pode confiar em mim, Annabeth. – ele disse. – Eu vou ajuda-la e não vou descansar até que aquele desgraçado seja preso para sempre.

– Eu espero. – disse fechando os olhos e respirando fundo.

Percy entrou na sala e sentou ao meu lado. Tinha pedido pra ele me acompanhar isso, não tinha coragem de dizer tudo para Arthur. Então diria para Percy.

– Certo Annabeth. – Arthur começou pegando um gravador em colocando em cima da mesa. – Eu sei que isso é algo difícil de compartilhar mas precisamos que você nos diga tudo.

Engoli em seco. Tinha a sensação que havia engolido areia.

– Eu preciso mesmo fazer isso? – disse me sentindo uma criança novamente. Não queria pensar no começo do meu pesadelo.

– Precisamos de testemunhas. – ele disse.

– Não há outras? – perguntei aflita. Isso seria um inferno.

– Vivas não. – ele respondeu sério.

Senti meu corpo afundar na cadeira. Espero que eu não me junte a lista de mortos do Gabe. Percy segurou a minha mão, tentando me acalmar.

– Isso não é muito encorajador. – rebati limpando a palma da mãos no meu jeans.

– Diga todos os detalhes, por favor. – ele disse ligando o gravador. – Tudo vai ficar bem.

Encarei o gravador séria.

– Meu pai disse a mesma coisa antes de me vender. – eu disse.

Percy me encarou surpreso.

– Foi quando começou? – Arthur perguntou.

Respirei fundo duas vezes, me preparando para o que viria.

– Sim. – respondi. Respirei mais uma vez, pronta para reviver todo o terror na minha mente.

– Comece dizendo o seu nome, por favor. – Arthur disse. – Leve o tempo que precisar.

Suspirei pelo nariz e comecei a falar.

– Meu nome é Annabeth Chase e sofro abuso sexual desde os 8 anos de idade.

Fechei os olhos e deixei as lembranças me inundarem.

Um quarto de criança. Meu pai em abstinência. Gabe me chamando de mocinha. Gritos de dor. Apenas flashes de algo que eu queria que nunca tivesse acontecido. Que não estivesse na minha mente, na minha história.

– Meu pai é viciado em drogas, Gabe... Gabriel Ugliano fornecia drogas para ele sempre que ele quisesse sem pagar nada, acumulando dívidas. – engoli em seco. – Um dia Gabe cobrou a dívida que já estava em milhões e meu pai não tinha o dinheiro. Gabe ia matar a minha família se ele não pagasse a dívida. Meu pai, Frederick Chase, tentou negociar mas Gabe não aceitou.

Pausei respirando pesadamente, tentando controlar o misto de sentimentos que sempre me invadiam quando eu lembrava disso. Raiva, mágoa e acima de tudo uma imensa tristeza por o que meu pai havia feito comigo.

– Como você sabe disso? Você tinha oito anos. – Arthur perguntou.

– Frederich me falou isso numa das nossas brigas, eu já tinha 12 anos e morava nos EUA. – esclareci.

– Continue. – ele pediu.

Apertei a mão de Percy.

–Então Gabe propôs que me aceitaria como pagamento. – senti um arrepio passar pelo meu corpo. – Se meu pai me desse a ele a divida seria salva.

– Então ele me deu ao Gabe como se eu fosse um cachorro. – continuei deixando a ira me invadir. – Meu próprio pai deixou eu ser estuprada, ele causou isso.

Respirei fundo para me acalmar, sentindo meu corpo cansando dessa montanha russa de sentimentos.

– A primeira vez foi em minha casa aqui em Nottingham. Atena Chase, minha mãe, teve que trabalhar a noite inteira e eu estava sozinha em casa com meu pai como todo dia. Passávamos o dia juntos, éramos muito próximos. – disse sem conseguir esconder a tristeza. – Eu subi para o meu quarto, estava esperando Frederick, que toda noite me contava uma história e me dava um beijo de boa noite.

Fechei os olhos.

– Gabe entrou no meu quarto. Eu não estranhei, ele estava sempre lá em casa e era amigo do meu pai. – senti as lágrimas se formarem. – Gabe perguntou minha idade e eu levantei oito dedos. – refiz o gesto. Me sentia a mesma criança na hora em que aquele monstro me tocara pela primeira vez.

– Ele sorriu e disse que ia me mostrar uma coisa que só as mocinhas faziam. Então ele começou a tirar meu pijama e eu fiquei espantada e disse que não queria mais saber, mas ele me segurou na cama e afastou as minhas pernas, tirando a sua roupa. E então... – o nó que estava em minha garganta se fechou, estava difícil respirar. Respirei fundo algumas vezes, tentando fazer a minha respiração voltar ao normal. – Doeu. Doeu demais. Eu gritei por minha mãe mas ela não estava em casa. Eu gritei por meu pai, mas ele não vinha. Depois que acabou, Gabe foi embora e eu fiquei enrolada na cama soluçando.

Antes de cair no sono Frederick entrou no quarto e beijou minha testa. Ele estava chorando, porque eu senti algumas de suas lágrimas caírem no meu rosto. Ele pediu desculpas e foi embora. Não me sentia confortável em contar isso pra ninguém. Como ele pode simplesmente pedir desculpas e ir embora como se nada tivesse acontecido? Porque ele tinha feito isso comigo?

Um soluço escapou da minha garganta. Estava chorando e não tinha percebido. Limpei as minhas lágrimas com a costa da mão.

– No outro dia, Atena disse que tinham mudado o seu horário de trabalho para a noite. Claro que Gabe tirou proveito disso e quase toda noite ele estava no meu quarto, me obrigando a passar pela mesma tortura dia após dia. Quase um ano depois, minha mãe disse que nos mudaríamos pros EUA porque ela foi transferida. Fiquei tão feliz por ficar longe dele, mas nas férias nós sempre voltávamos para cá e os abusos continuavam.

Parei para tomar fôlego. Não ousava olhar para Percy.

– Tentei fugir de casa várias vezes mas ele sempre me achava, mesmo do outro lado do oceano. Crescer com isso não foi fácil, acabei me tornando uma pessoa ruim, fazendo coisas que eu tenho vergonha até de falar, tudo pra esquecer o que aconteceu e viria acontecer novamente. Eu fazia coisas pra chamar atenção de minha mãe, que nunca percebia o que acontecia. Ela só via as coisas ruins que eu fazia. – suspirei. – Até que um dia ela se estressou e quis me mandar de volta para cá para morar com Sally. Imagina só? Morar na mesma casa que Gabe? Isso seria um inferno. Depois descobri que isso era ideia de Frederick, é claro.

– Quando cheguei descobri que iria estudar no internato, estava com medo de ficar em um só lugar durante tanto tempo, exposta pra Gabe quando ele quiser então liguei para casa e meu pai disse que tinha feito isso pra me manter longe de Gabe. – ri sarcasticamente. – Que ideia ridícula, não? Fazer eu morar na casa dele e me botar num internato para me manter longe dele? Isso era tentar me proteger?

Parei por um momento, finalmente criando coragem para olhar para Percy.

– Ela nunca soube, minha mãe. – disse. – Tentei contar, mas ela não acreditou. Claro que não acreditou, Gabe é amigo dela desde o ensino médio, ela confia nele.

– Não sei como ainda estou viva. – confessei. – Fugi e lutei contra Gabe várias vezes, ameacei-o e fiz de tudo para fugir, mesmo sabendo que ele poderia matar a minha família. Ele dizia que eu só estava viva por ele gostar de mim, ele dizia que eu era a sua favorita, seu bichinho de estimação.

– Porque não contou a policia? – Arthur perguntou.

– Não adiantaria nada e ele mataria todos nós. – eu disse. – Não posso arriscar a vida dos meus pais, mesmo com tudo isso. Família é família.

Parei de falar. Continuava a fitar Percy, meu olhar preso ao dele. Sua expressão indecifrável.

– Você pode me dizer o local onde os abusos acontecem? – Arthur perguntou depois de um momento.

– Em uma cabana fora da cidade. – respondi fazendo o silencioso caminho pela floresta até a cabana.

– Você sabe a localização exata? – ele perguntou.

Olhei para Percy pedindo ajuda.

– Mountain Hill, propriedade particular de Gabe, perto da reserva. – Percy disse.

Arthur anotou o local em um caderno e parou a gravação.

– Qual é o plano? – perguntei.

– Não gostaria de tomar uma água ou um ar fresco antes? Você deve estar exausta. – Arthur perguntou.

– Estou bem. – disse firme.

Arthur assentiu e cruzou os braços.

– Precisamos de um flagrante. – ele disse me olhando sugestivo.

Entendi de imediato. Percy também.

– Não. De jeito nenhum. – ele respondeu levantando da cadeira. – Você prometeu que não deixaria ele tocar nela de novo.

– As provas que temos podem deixa-lo preso com direito a fiança, ou seja, nada... mas um flagrante seria incontestável. – Arthur dialogou.

– Não. – Percy disse de novo.

– Eu aceito. – eu disse inexpressiva e Percy me encarou chocado.

– O que? – ele perguntou exasperado. – De jeito nenhum.

– Se esse é o único jeito, eu topo. – respondi olhando para Percy. – Prefiro passar por isso uma última vez do que arriscar a vida de todos, inclusive a sua, Percy.

Percy me olhou consternado.

– Não há nenhum outro jeito? – perguntou a Arthur.

Ele não respondeu. Percy sentou-se novamente.

– Continue. – disse determinada a fazer qualquer coisa para destruir Gabe.

Agora que a chama da esperança se acendera, eu iria até o fim para conquistar a minha liberdade e acabar com esse pesadelo.

– A partir de amanhã ficaremos de tocaia na sua casa e próximos a cabana, atentos a qualquer saída do carro, o seguiremos e esperaremos pelo flagrante. – Arthur disse.

– Isso é um plano vago. – Percy disse sério e sentando-se novamente.

– Só amanhã? – perguntei receosa. – Vamos para casa hoje.

Arthur levantou da cadeira e guardou o gravador no armário.

– Preciso organizar uma equipe. – ele disse. – Essa noite você está por sua conta.

– Nossa, muito obrigada. – respondi.

Arthur suspirou.

– Claro que eu vou deixar dois oficiais disfarçados por perto só por precaução. – ele avisou.

– Pelo menos isso. – Percy resmungou.

– E você não saia de perto dela em hipótese nenhuma. – Arthur ordenou a Percy.

– Nem precisava falar. – ele disse sério.

Minhas orelhas esquentaram. Isso não era hora para ficar sem graça.

– Podem ir, boa sorte. – Arthur disse.

Vamos precisar, pensei comigo mesma ao sair da sala.

Percy segurou a minha mão quando estávamos no corredor.

– Percy, alguém vai... – tentei protestar.

– Qual é o sentido de escondermos? – perguntou – Logo isso acabará e poderemos ficar juntos de verdade.

– Não estamos juntos de verdade? – protestei.

– Não precisaremos manter segredos. – ele esclareceu e parou. – Eu poderia te beijar até no corredor dos professores.

– E ser expulso logo em seguida. – eu disse olhando para os lados.

– Seremos mesmo. – ele disse e me beijou. Fechei os olhos e nos separamos rapidamente.

– Ei, o que é isso? – alguém falou.

– Corra. – eu disse sem olhar para trás. Só parei quando cheguei ao meu quarto, com Percy logo atrás.

Me joguei na cama e Percy deitou ao meu lado.

– Você está preocupado? – perguntei acariciando seu rosto.

– Sim e você? – ele respondeu em seguida.

Fechei os olhos e pensei por um momento.

– Não por mim. – respondi. – Alguém vai se machucar.

Ele me aninhou em seus braços.

– Ninguém vai se machucar. – Percy disse sem muita certeza.

–Vai dar tudo certo. – eu disse com uma falsa esperança.

Tinha a impressão de que tudo daria muito errado.

Estava no portão da escola esperando Percy e torcendo para que Sally vinha nos pegar. Éramos os últimos a ir embora e eu estava ficando nervosa com a demora de Percy.

Vi o carro de Gabe se aproximar do portão. Pensei em me esconder até Percy aparecer, mas isso seria inútil então fiquei ali, sendo cegada pelos faróis.

O carro parou na minha frente. Fiquei parada sem fazer nada. O carro foi desligado e a mala foi aberta. Fui lentamente até a parte de trás do carro e coloquei minha mochila lá. Diabos, onde está Percy?

Olhei para dentro da escola e o vi do outro lado do pátio, vindo pra cá.

Fiquei enrolando atrás do carro até ele chegar, sua preocupação visível.

– Não nos entregue com essa cara. – sussurrei.

– Estava te procurando. – ele sussurrou de volta.

– Eu estava aqui. – disse e falei alto o bastante pra escutarem dentro do carro. – Você é um idiota mesmo.

Percy me olhou confuso até entender.

– Você é que é uma otária. – ele respondeu fechando a mala.

Percy abriu a porta da frente e levou um susto. Abri a porta de trás imediatamente, com medo de quem poderia estar ali.

– O que diabos você está fazendo aqui? – perguntei ao meu pai que estava dirigindo.

Ele fez cara de ofendido.

– Entrem logo, crianças. – ele disse ligando o carro. Olhei preocupada para Percy antes de entrar no carro e fechar a porta.

Frederick começou a dirigir.

– Como você está, Annabeth? – ele logo perguntou. Percy não disse nada, mas pude sentir que ele estava lembrando do que eu tinha falado antes.

– Ótima e você, Frederick? – perguntei inexpressiva. – A propósito, o que você está fazendo aqui?

Ele olhou rapidamente para Percy e me encarou pelo retrovisor.

– Te visitar. – ele respondeu simplesmente.

Ele não iria dizer nada com Percy aqui. Esfreguei as palmas das mãos na minha calça. Isso não está indo bem. O que ele poderia ter vindo fazer aqui?

Fizemos o caminho pra casa em um silêncio tenso. Chegando em casa, Sally e Gabe nos esperavam na soleira da porta. Gabe estava com a mão ao redor da cintura de Sally, como um casal feliz esperando os convidados.

Percy saiu do carro rapidamente e parou por um momento.

Por favor Percy, não nos entregue agora.

Achei que ele iria correr até Gabe e bater nele mas ele deu a volta e esperou Frederick abrir a mala. Não consegui conter o suspiro de alívio que soltei e Frederick olhou pra mim com uma pergunta nos olhos.

Saí do carro sem dizer mais nada. Percy tirou nossas mochilas da mala e seguiu até a porta, onde parou e discretamente puxou Sally para longe de Gabe para abraça-la. Gabe olhou para mim com um sorriso doentio.

Minhas mãos começaram a tremer. Rezei para que ele não soubesse de nada e que a vinda do meu pai seja apenas coincidência.

– Eu não ganho um abraço, Percy? – Gabe perguntou depois que Percy soltou Sally e tentou puxá-la para dentro.

Percy sorriu e deu um abraço rápido nele. Estava quase caindo no chão de tanto que me tremia. Percy olhou para mim rapidamente e entrou puxando Sally.

Andei até a porta, olhando para baixo para evitar olhar para Gabe. Mas claro, ele não deixou eu entrar antes de falar com ele.

– Olá Annabeth. – ele disse sorrindo satisfeito. – Gostou do presentinho que eu trouxe pra você?

– Saia da frente. – disse olhando para baixo.

– Estou com saudades garota. – ele disse fazendo menção de tocar em mim.

Meu pai se aproximou rapidamente. Gabe sorriu mais uma vez e me deixou passar. Saí correndo dali o mais rápido que pude até meu quarto. Desabei na cama e reprimi o grito da minha garganta. Chorei tudo o que continuava entalado em mim. Percy entrou no quarto minutos depois e correu até mim, me abraçando.

– Logo vai acabar. – ele sussurrou enquanto eu chorava em seus braços. – De uma vez por todas.

Ele ficou comigo mais um tempo até Frederick entrar no quarto e me ver abraçada com ele na cama. Percy deu um pulo da cama e ficou ali parado, sem saber o que fazer.

– O que você está fazendo, Annabeth? – ele perguntou fechando a porta rapidamente. – Você perdeu a cabeça?

Olhei-o sem expressão.

– O que você quer? – perguntei sentindo raiva.

Ele olhou para mim e Percy.

– Percy, por favor saia, preciso conversar com Annabeth a sós. – ele disse contendo a raiva.

Percy olhou para mim e eu assenti para ele ir. Ele olhou sério para Frederick e saiu do quarto. Meu pai se aproximou de mim.

– Você ficou maluca? Quer matar todos nós? – ele perguntou segurando meus ombros. – Ele mora aqui com Gabe.

Me desvencilhei de suas mãos.

– Diga o que quer e saia daqui. – eu disse me levantando.

Frederick sentou na beira da minha cama.

– Você falou para Atena. – ele disse sério.

– E ela não acreditou. E daí? – perguntei ficando nervosa.

Ele se mexeu desconfortavelmente na cama.

– Ela encontrou minhas drogas lá em casa e agora está em dúvida se tudo o que você disse era verdade. – ele disse sério. – Estamos nos divorciando.

Desabei na cama chocada e aliviada. Não sabia o que dizer.

– Eu vou levar você de volta. – ele continuou. – Vamos embora amanhã.

Comecei a chorar de alívio. Finalmente iria embora. Mas então me lembrei com quem estava lidando.

– Gabe não vai me deixar ir. – eu disse. – Ele vai me seguir lá em casa como antes.

– Vamos fugir. – ele disse. – Para algum lugar bem longe. Já providenciei documentos novos e passagens para o Amazonas.

Suspirei fundo. Será que ele acredita mesmo que isso funcionaria?

– Não vou fugir. – eu disse triste.

Ele levantou exasperado.

– É claro que você vai. – ele disse – Não pode ficar aqui com ele, vai acabar morta.

Limpei uma lágrima.

– Prefiro morrer a passar a vida fugindo com medo. – respondi. – Não vou fazer isso.

Ele negou com a cabeça.

– Isso é loucura, Annabeth. – ele disse se ajoelhando na minha frente e pegando meu rosto com as duas mãos. – Por favor minha filha, eu não quero te perder.

Sorri sem humor.

– Você não quer me perder? – perguntei. – Isso vindo de você soa até engraçado, considerando que foi você quem me colocou nisso.

Sua expressão assumiu um tom de imensa tristeza.

– Eu sei. – ele disse. – Eu me arrependo muito disso, mas por favor, não desista agora, eu vou dar um jeito.

Neguei com a cabeça.

– Eu vou dar um jeito. – disse confiante. – Saia daqui.

Ele me olhou magoado e saiu.

Deitei exausta na cama e fiquei encarando o teto. Fui tomar banho e quando terminei Sally anunciou o jantar. Vesti meu jeans e um moletom e desci.

Comi meu jantar calada, assim como Percy. Gabe ficava puxando assunto com meu pai que respondia tudo de forma vaga.

Terminei de comer e saí da mesa sem dizer nada, me dirigindo de volta ao meu quarto. Mudei de ideia e tranquei a porta do meu quarto então fui para o quarto de Percy.

Percy chegou logo depois de mim no quarto, corri para abraça-lo.
– Ei, como você está? – ele perguntou baixinho.
– Não sei. – confesso. Estava exausta pela explosão repentina de sentimentos mas feliz pela ideia desse inferno acabar.
– O que você acha que Frederick veio fazer aqui? – ele perguntou preocupado.
Me afasto hesitante de Percy, passo minhas mãos por seu cabelo e sorrio minimamente.
– Ele queria me levar embora. – disse desviando o olhar.
Percy me olha assustado.
– Mas...
– Mas eu não vou. - interrompo-o - Não quero viver o resto da minha vida fugindo. Eu vou ficar e resolver logo isso.
Percy continua me encarando estupefato.
– Por um momento eu fui bom o bastante por pensar em convencer você a ir com ele.
– Felizmente você não é um cara bom. - digo rindo um pouco.
– Ei. - protesta ele.
Puxo-o para a cama e deito-me ao seu lado, absorvendo o seu calor e seu cheiro.
– Eu queria parar aqui, nesse momento, pra sempre. - digo baixinho.
– O que disse?
– Nada.
Olho para Percy e o beijo calmamente aproveitando cada minuto, cada segundo e cada respiração.
Me separo lentamente dele e olho com desejo em seus olhos, como se ele me entendesse, começa a passear com suas mãos por todo o meu corpo.
Percy morde o lóbulo de minha orelha, e eu solto um gemido. Ele puxa minha camisa para cima, e suas mãos deslizam pelo meu pescoço até meus seios, seu toque é delicado. Ele continua até minha cintura, em direção ao meu quadril. De repente, alguém bate na porta.
– Percy! - grita Sally.
Percy me olha e eu faço um sinal para ele responder.
– Oi mãe. - ele finge uma voz de sono.
– Desculpa te acordar, mas estou saindo com Gabe e Frederick, você vai ficar bem?
– Vou mãe.
– Cuide de Annabeth por mim, até amanhã.
Assim que ouvimos a porta da sala se fechar, soltamos um suspiro.
Relaxo minha cabeça no ombro de Percy.

– Acha que Gabe foi mesmo embora? – ele pergunta preocupado.

– Por enquanto. – eu disse. Respirei fundo e tentei relaxar. Já que eu poderia morrer amanhã era melhor que eu morresse feliz.


– Onde nós paramos? – pergunto sorrindo minimamente.
– Você quer continuar?
Afasto minha cabeça e olho em seus olhos.
– Sim. - digo. - Mas se você não...
Puxando minha cabeça pra trás, Percy me beija, sua língua apressada, carente. Solto um gemido em resposta e acaricio seu rosto. Ele tira meu short com gentileza, bem devagar, até que está afagando minhas costas nuas e em seguida, correndo o polegar ao longo de minhas pernas.
Minhas mãos estão tremendo, mas mesmo assim consigo tirar sua roupa, agora somos um emaranhado de corpos com a respiração acelerada.
Percy roçou os quadris nos meus, porém, em vez de deslizar para dentro do meu corpo, o movimento terminou em uma carícia que nos fez gemer.
– Eu vou te amar pra sempre, Annie. - ele sussurrou.
O ouvi inspirar profundamente junto aos meus cabelos. Puxei sua cabeça para perto de minha boca e lhe dei um beijo ardente. Correspondendo com paixão, Percy penetrou-me.
Ele lançou a cabeça para trás e emitiu um som de prazer. Com a respiração irregular, Percy fitou meu rosto e pegou minha mão.
– Estou machucando você?
– Não. - consegui responder.
Percorri com a língua o pescoço dele, deliciando-me quando ele estremeceu. Percy afastou devagar os quadris, torturando-me, antes de investir de novo profundamente. Ofeguei com a incrível sensação, fechando os olhos, saboreando os músculos do corpo flexível e ágil contra o seu. Envolvi-o com minhas pernas, desfrutando daquela conexão intensa que há entre nós.
Percy mordeu o lábio quando eu enterrei as unhas em suas costas.
Erguendo os quadris, acompanhei o seu ritmo e ao mesmo tempo em que ele abaixava a cabeça e beijava-me profundamente.
Sem conseguir refrear-me, meu corpo explodiu em milhares de convulsões de prazer. Soltei um gemido alto.
Percy esperou até que eu parasse de tremer. Ao abrir os olhos, deparei-me com seu sorriso. Sorri de volta.

– Eu amo você. – sussurrei. Ele beijou a minha testa e caiu ao meu lado.

Vesti sua camisa e me aninhei em seu peito, me sentindo pela primeira vez feliz e protegida. Acabei adormecendo antes que me desse conta.

Acordei com um estalo no rosto. Levantei assustada e senti outro tapa no meu rosto. Caí de novo na cama com minha mão no rosto.

– Sua vagabunda. – Gabe vociferou. – Você me traiu.

Ignorei-o e procurei Percy pelo quarto. Me resetei ao ver que ele não estava mais ali.

– Onde está Percy? – perguntei aflita. – O que você fez com ele?

Me encolhi ao ver a mão dele levantar em minha direção de novo, dessa vez acertando meu ombro.

– Como ousa falar dele? – ele disse ameaçadoramente. – Sua vagabundazinha, você transou com meu enteado.

Olhei para a porta aflita, pensando em correr. Gabe percebeu.

– Você quer fugir? Fuja. – ele disse e sorriu. – Mas eu vou matar Percy, Frederick, sua mãe e todas as pessoas que você conhece. Um por um. E no fim ainda mato você.

– Não, por favor. – implorei. – Não machuque ninguém.

Gabe riu.

– Cansei de você garota. – ele disse e agarrou meu cabelo. Ele começou a me arrastar pra fora do quarto e então escada abaixo até a porta de entrada que já estava aberta. Onde estava Percy?

O seu carro estava estacionado na frente da casa. Tentei fugir dele mas ele me deu um chute no joelho que me fez ir ao chão e continuou me arrastando pro carro. Ele abriu a porta de trás e me jogou lá dentro.

– Eu já volto. Não ouse fugir garota ou sabe o que vai acontecer. – ele ameaçou e voltou para dentro.

Percy estava no carro.

– Graças a Deus. – ofeguei a vê-lo. Ele tinha sido espancado e estava amarrado.

– Annie, me desculpe, isso é culpa minha. – ele disse mas eu o silenciei com um beijo.

– Tudo bem, vai ficar tudo bem. – disse desamarrando-o. – Você vai correr daqui.

– Eu não vou te deixar sozinha. – ele disse.

– Você vai sim. – eu disse. – Corra e chame a polícia.

Terminei de desamarrá-lo e o beijei rapidamente, sabendo que essa poderia ser a última vez que o veria.

– Eu amo você. Corra. – eu disse empurrando-o para fora do carro.

Ele me olhou relutante e saiu do carro correndo. Gabe apareceu na porta com Frederick logo atrás e viu Percy correndo para longe. Ele tirou uma arma da cintura e apontou. Sai do carro e corri em sua direção.

Ele atirou antes que eu tivesse a chance de impedir. Parei e olhei para Percy.

Senti meu coração parar ao vê-lo cair no chão.

– Não. – gritei e corri cega de raiva até Gabe.

Consegui arranhar seu rosto e tentei soca-lo, mas ele era mais forte e me jogou no chão, pisando no meu estômago e mantendo o pé lá. Ele apontou a arma para a minha cabeça.

– Atira. – gritei. – Atira.

– Gabe, não faça isso. – Frederick interveio.

– Cale a boca ou eu atiro nos dois. – ele respondeu ameaçadoramente.

Ele ponderou por um momento e guardou a arma.

– Ponha-a no carro. – ele disse a Frederick tirando o pé de cima de mim. Respirei profundamente e gemi de dor.

Frederick me carregou nos braços até o carro. Gabe fechou a porta e acelerou até onde Percy tinha caído. Segurei a respiração, aflita. Ele não podia morrer. Não podia.

Gabe saiu do carro e olhou para ele por algum tempo. Por fim o pegou e o colocou no carro de modo brusco.

Olhei para Percy e chorei de alívio quando vi seu peito subindo e descendo. Ele estava respirando, mesmo que desacordado. O tiro pegara no braço. Graças a Deus.

Gabe me encarou pelo retrovisor. Seus olhos faiscando de raiva, ele voltou a dirigir.

– Vamos sair dessa. – Frederick sussurrou pegando na minha mão. Normalmente eu não deixaria ele fazer isso mas dessa vez eu não me importei.

O portão da casa estava fechado o que o fez parar o carro para esperar o porteiro abrir. O porteiro se aproximou do carro antes de abrir o portão.

– Está tudo bem, chefe? – ele perguntou olhando para dentro do carro e arregalando os olhos quando viu Percy. – Ouvi barulhos de tiros.

– Abra o portão. – Gabe mandou sério. O porteiro assentiu e abriu o portão. Gabe andou com o carro até onde o porteiro estava e apontou a arma pra ele, dando um tiro no peito.

Eu gritei. Gabe voltou a dirigir como se nada tivesse acontecido.

– Porque você fez isso? – gritei para ele.

– Ele nos viu. – ele disse sério. – Agora cale a boca antes que eu atire na próxima pessoa que eu ver na rua.

Olhei para os lados assim que atravessamos o portão. Arthur disse que haveria dois policiais disfarçados. Onde eles estariam?

Gabe acelerou e ganhou velocidade. Segurei a mão de Percy. Gabe não falou nada até entrarmos na floresta, em direção a cabana.

Rezei para que a polícia estivesse nos esperando com uma emboscada no chalé, mas não havia nada. Comecei a respirar ofegante, temendo por minha vida.

Gabe estacionou o carro na frente do chalé. Um de seus homens abriu a porta do carro e carregou Percy pra dentro.

– Saiam. – Gabe disse. Eu e meu pai obedecemos sem teimosia.

Gabe olhou para a cabana a sua frente e se virou para nós sorrindo. Frederick se pôs na minha frente.

– Veja Frederick. – ele disse apontando para o chalé. – Não é um lugar bonito?

– É um lugar bonito corrompido pelas coisas horríveis que você fez aqui. – ele respondeu inexpressivo.

Gabe deu de ombros e avaliou o chalé novamente.

– É perfeito, feito de uma madeira muito valiosa e rara. – ele disse.

Frederick olhou ao redor, ponderando.

– Corra quando eu mandar. – ele sussurrou para mim e falou mais alto. – Gabe, porque quis me mostrar isso?

– Há homens espalhados ao redor. – sussurrei de volta lembrando de quando tentei fugir.

– Droga. – ele xingou baixo.

Gabe virou para nós de novo, seu sorriso virando ameaçador.

– Ora, achei que você quisesse conhecer o lugar em que eu estuprei a sua filha diversas vezes. – ele disse sorrindo. – Vamos entrando, sintam-se em casa.

Frederick rosnou e o sorriso de Gabe ficou ainda maior.

– Não gostou? – ele disse e olhou para mim. – E você? Você gosta daqui, não é? Tivemos bons momentos aqui.

Senti minhas pernas começarem a tremer. Tentei esconder o medo que estava sentindo, mas Gabe sabia. Não dava para enganá-lo, ele é como um animal que fareja o medo da presa, se deliciando com isso antes de atacar.

– Vá para o inferno. – respondi segurando a mão de Frederick. Precisava sentir um pouco de segurança, mesmo que seja inútil agora. Não havia lugar seguro.

Gabe se aproximou com passos rápidos. Frederick se colocou entre mim e ele. Gabe parou e o encarou.

– Saia da frente. – ele disse. – Ou eu te mato.

Frederick não se mexeu. Gabe sorriu.

– Frederick. – ele suspirou. – Você é meu amigo, mas às vezes é tão estúpido.

Frederick não se mexeu. Dois homens saíram da floresta furtivamente. Por um momento pensei que era a polícia e senti meu coração quase explodir de alívio, mas quando Gabe os viu e estalou os dedos, o desespero me invadiu.

– Não! – gritei indo até Gabe. Os dois homens seguraram meu pai enquanto Gabe o socava no rosto e no estômago. Pulei em sua costa e comecei a arranhá-lo com toda a minha força, mas logo um terceiro homem me puxou dele e me segurou.

– Não o mate! – gritei. – Por favor, eu te imploro.

Gabe o chutou no estômago e meu pai vomitou sangue. Em seguida, ele veio até mim e segurou meu rosto com força.

– Você não quer vê-lo morto, minha querida? – ele perguntou ameaçadoramente. – Ele te vendeu pra mim.

Não respondi.

– Não o mate. – repeti com dificuldade. Gabe sorriu e me beijou. Engoli a bile que se formou na minha garganta e cuspi na cara dele quando ele me largou. Gabe limpou o rosto com a camisa e sorriu. Em seguida me deu um tapa.

– Bem vinda ao inferno, querida. – ele disse e apontou para meu pai que estava desmaiado. – Leve-o para dentro e o amarre.

– O que você vai fazer conosco? – perguntei amedrontada pelo rumo que tudo estava tomando.

Gabe me encarou por um minuto antes de responder.

– Você já não me serve mais para nada. – ele disse. – Amarre-a na cama.

Tentei me desvencilhar mas foi inútil. Qualquer coisa que eu tentasse seria inútil agora. Minha vida estava presa a Gabe, ele é quem decidiria o que aconteceria.

Estava esperando o pior.

O cara que me segurava me carregou para dentro do chalé. Fiquei me debatendo enquanto ele tentava me amarrar na cabeceira da cama.

– Pare de se mexer. – ele reclamou e me deu um tapa.

– Porque está fazendo isso comigo? – perguntei entrando na beira do desespero.

– Pagando dívidas, assim como você. – ele disse prendendo uma das minhas mãos e imobilizando meu corpo. – Mas diferente do seu pai, eu não deixaria ninguém fazer isso com a minha filha.

Gemi de dor quando ele apertou o nó com força.

Nesse momento Gabe entrou arrastando meu pai amarrado pelo chão e sentando-o numa cadeira de frente para a cama.

– Sinto muito por tudo. – ele disse chorando. – Você me perdoa?

Olhei para a lâmpada no teto e não respondi.

Gabe logo em seguida voltou arrastando Percy que permanecia inconsciente, sua ferida no braço continuava jorrando sangue.

– Não faça nada com eles. – implorei. – Por favor, não faça.

Gabe o colocou na cadeira de qualquer jeito e se virou para mim.

– Fique quieta. – ele rosnou. – Pare de choramingar.

Fechei os olhos e rezei para que pelo menos Percy saísse vivo daqui, ele não tinha nada a ver com tudo isso.

– Quando ele acordar, nosso showzinho começa. – ele disse deitando ao meu lado. – Quem sabe assim ele aprende a não pegar o que é meu.

– Eu não sou sua. – respondi automaticamente. Levei uma bofetada na cara.

– Você não é mais minha. – ele disse e apertou meus seios. – Mas vai ser uma última vez antes de eu te matar.

Engoli em seco e fechei os olhos.

– Mas só quando o garoto acordar.

Esperar pela morte é a coisa mais desesperadora que existe. Você tenta se acalmar e aceitar a morte, mas seu instinto de sobrevivência procura algo pra se agarrar a vida. No momento, a única coisa que me mantinha viva era Percy ficar desacordado.

– E se o garoto não acordar? – Frederick perguntou a Gabe. – Ele está perdendo muito sangue.

Ele vai acordar, eu sentia isso. Ele sairia vivo daqui. Não importa o que eu tenha que fazer, ele sairia vivo daqui.

– Quando ele morrer, eu mato vocês. – ele disse e voltou a jogar no celular.

Perdi a paciência.

– Como pode ser tão cruel? – falei com a voz firme mesmo sentindo meu corpo tremer. – Você o chamava de filho.

Gabe nem levantou os olhos do celular.

– Assim como Frederick te chama de filha. – ele respondeu.

Meu corpo estremeceu de raiva. Forcei o pulso contra as amarras e elas só apertaram mais.

– Se bem que ele pode levar dias pra morrer e eu não tenho todo esse tempo. – ele refletiu consigo mesmo. – Está decidido. Se ele não acordar em meia-hora, eu mato todos.

Fiquei em silêncio, esperando. Tinha meia-hora de vida. Dizem que quando se está para morrer, um filme da sua vida passa diante dos seus olhos. Eu não via isso. Só conseguia ver o teto do quarto, a luz fluorescente piscando como se estivesse prestes a queimar. Nunca mais veria o sol. Ou as estrelas. Não teria um futuro. Uma vida da qual se orgulhar.

Senti o medo me sufocar e fiquei sem ar. Tentei respirar fundo mas não consegui, senti meu rosto ficar vermelho. Gabe apenas me observava.

– Respire Annabeth. – meu pai ordenou. – Não desista agora.

Tentei respirar mais algumas vezes até que finalmente o ar preencheu meus pulmões. Comecei a chorar, o cansaço e desesperança aparecendo finalmente. Iríamos morrer.

– Ora, ora, ora. – Gabe disse levantando. – Veja quem está acordando a tempo.

Ergui a parte superior do meu corpo até sentir meus ombros estalarem. Percy estava se mexendo, meio sonolento. Deu um pulo quando sentiu a dor do tiro. Arregalou os olhos e encontrou os meus.

– Não. – ele sussurrou baixo.

Comecei a lagrimar ao ver a dor e o medo em seus olhos. Eu o condenara.

– Sinto muito. – sussurrei para ele. Tinha certeza que ele tinha ouvido.

Gabe bateu uma palma.

– Senhores e senhorita. – ele disse sorrindo sádico. – É hora do show.

– Perdão Annabeth. – Frederick disse. – Perdão minha filha.

Encarei-o sem dizer nada.

– Você vai sair daqui, aguente só mais um pouco. Eu prometo. – ele disse confiante.

– Annie. – Percy sussurrou agora completamente acordado. Ele olhou pra Gabe como se não o conhecesse. – Porque está fazendo isso?

Gabe levantou da cadeira e o encarou com desprezo.

– Você causou isso. – ele respondeu simplesmente. – Se tivesse ficado longe das minhas coisas, você não estaria aqui.

Percy negou com a cabeça.

– Annabeth não é uma coisa. – ele respondeu. – Você é um monstro.

Gabe sorriu e começou a desabotoar a calça. Senti a cor fugir do meu rosto e Percy começar a se debater na cadeira gemendo de dor, sua ferida sangrando cada vez mais.

– Feche os olhos, Percy. – pedi com a voz esganiçada. – Por favor, não veja isso.

Gabe tirou as calças e colocou os joelhos na cama, ficando de frente para mim. Ouvi Percy grunhir enquanto tentava se livrar das amarras.

– Feche os olhos, Percy. – pedi novamente mas sabia que ele não o faria.

– Saia de cima dela. – ele gritou. – Eu vou matar você.

Gabe sorriu para mim.

– Não seja bobo. – ele disse passando a mão pelo meu corpo. – Eu é que vou matar todos vocês.

Ele rasgou a blusa que eu estava usando, expondo meu corpo. Gabe começou a tocar nos meus seios, seus olhos explodindo em um desejo doentio.

– Pare Gabriel. – ouvi meu pai pedir. – Não toque nela.

Gabe apertou meus seios com mais força e me deu um tapa no rosto.

– Ela é minha. – ele urrou. – Você me deu ela Frederick, então eu posso fazer o que eu quiser.

Frederick urrou de raiva quando ele me deu outro tapa. Senti um líquido quente escorrer pelo meu queixo enquanto pontos pretos cegavam a minha visão, vi o rosto de Gabe sorrir a minha frente antes do outro tapa vir e eu apagar.

POV PERCY

Gabe continuou espancando Annabeth mesmo ela estando desacordada. Senti uma dor lancinante no braço quando me contrai tentando soltar os nós. Olhei para Frederick mas ele apenas olhava para a cena em transe.

Me sacudi tentando quebrar a cadeira ao ver Gabes tirar a calcinha de Annabeth. Não podia deixar aquilo acontecer. Não podia.

Gabe gargalhou e olhou para mim.

– Isso é tudo culpa sua, moleque. – ele disse levantando e vindo até mim. Gabe parou bem na minha frente e me deu um soco com tanta força que eu senti que ia desmaiar de novo. Aguentei firme.

– Agora eu vou estuprar a sua namoradinha na sua frente. – ele disse com o rosto a centímetros do meu. – E depois vou mata-la.

Urrei de raiva e tentei quebrar a cadeira novamente mas sem sucesso. Gabe riu e foi até Frederick que continuava em silêncio.

– Por que você está tão quieto? – ele perguntou. – Você sabe que eu não estou fazendo nada demais, não é? Ela é minha.

Frederick continuou inexpressivo.

– Ela é a minha cadela. – ele disse e riu da própria piada. – E você é meu verme viciado que vendeu a própria filha. Você é pior que eu, Frederick.

– Eu vou matar você. – Frederick disse ameaçadoramente. Gabe riu e deu um tapinha na cabeça dele.

– Bom garoto. – ele disse e riu, virando-se de volta para Annabeth.

Frederick mexeu as mãos rapidamente e eu percebi que ele tinha cortado as cordas com uma faca pequena. Gabe não percebeu quando ele levantou e veio até mim, começando a cortar as minhas cordas.

– Uma garota tão bonita. – Gabe falou acariciando as partes de Annabeth. – Tão bonita. Uma pena eu ter que mata-la depois disso.

Frederick rosnou e começou a cortar mais rápido.

– Ora, ora. – Gabe disse sem olhar para trás. – Vejam quem está acordando bem a tempo.

Gabe então se posicionou em cima de Annabeth que começou a se debater e deu uma estocada. Annabeth gritou na mesma hora em que eu gritei. Gabe gargalhou e virou para nós a tempo de ver a corda cair no chão.

Ele levantou rapidamente e foi em direção as suas calças, onde havia uma arma. Frederick correu em sua direção e tentou esfaqueá-lo na mesma hora que Gabe deu um golpe nele. Enquanto eles brigavam, corri até Annabeth e comecei a soltá-la da cama.

– Agora não. – disse quando ela ia começar a dizer algo. Soltei um de seus braços e pulei por cima dela para soltar o outro. Senti que meu braço estava explodindo em dor e trinquei os dentes, me concentrando em soltá-la.

– Fujam! – Frederick disse antes de levar um soco e deixar a faca cair no chão. Gabe rosnou e partiu para cima dele, pegando a faca ao seu lado.

– Não! – Annabeth gritou na mesma hora em que eu a soltei e um grito de dor ecoou na cabana.

Gabe levantou rapidamente e olhou para mim com ódio.

– Você é o próximo. – ele disse ofegante e partindo para cima de mim.

– Corra Annabeth. – gritei antes de levar o primeiro soco e cair no chão. Não consegui ver se Annabeth tinha saído do quarto mas esperava que sim. Tentei revidar mas não era bom em lutas. Gabe me deu soco após soco e eu tinha certeza que iria morrer.

Pelo menos tinha a esperança de que Annabeth sairia viva daquele inferno.

Ouvi um tiro na mesma hora em que outro soco veio e tudo ficou preto.

POV ANNABETH

Vi Gabe cair por cima de Percy e tinha certeza que tinha matado os dois. Caí de joelhos ao lado de Percy e empurrei Gabe que me encarou com os olhos mortos arregalados e a marca do tiro na testa.

Encostei a cabeça no peito de Percy e comecei a chorar de alívio quando ouvi seu coração bater.

– Graças a Deus. – disse e beijei seus lábios.

– Annabeth. – ouvi a voz do meu pai ao meu lado. Engatinhei até o seu lado e chorei ao ver a faca cravada no seu peito. – Me perdoe.

Meu pai começou a chorar e respirar com dificuldade.

– Eu me arrependo tanto do que eu fiz. – ele chorou. – Me perdoe.

Limpei as suas lágrimas com a costa da mão.

– Está tudo bem. – disse chorando. – Você está perdoado, aguente firme.

Ele passou a mão no meu rosto carinhosamente.

– Eu amo você, filha. – ele disse e sorriu para mim antes de seus olhos ficarem inexpressivos.

Fiquei um tempo ali sem acreditar que meu pai tinha morrido. Diversas vezes desejei que ele morresse e agora que isso tinha acontecido eu só queria meu pai de volta.

Comecei a soluçar e sacudi-lo.

– Volte. – disse balançando-o. – Por favor, pai, não morra.

Coloquei a cabeça no seu peito e fiquei lá chorando pela morte do meu pai até que alguém pegou no meu ombro.

Olhei assustada esperando que fosse um dos empregados de Gabe que viessem me matar mas apenas era Arthur.

– Está tudo bem agora. – ele disse olhando para o corpo de Gabe do outro lado do quarto e meu pai ao meu lado. Outras pessoas começaram a entrar no quarto. – Acabou.

Não lembro direito o que aconteceu depois. Parecia que tinham me drogado pois algum tempo depois as lembranças desse dia eram apenas um borrão na minha mente.

Arthur me deu a sua camisa pois eu estava tremendo. Não estava tremendo apenas de frio, mas também de dor e alívio ao ver o corpo de Gabe ser levado dentro de um saco plástico. Percy foi levado numa maca até uma ambulância.

Os homens de Gabes estavam todos presos e algemados dentro das viaturas. O corpo do meu pai havia sido levado para longe de mim e eu estava novamente sozinha ali.

E me sentia extremamente segura.

A minha volta havia muitos policiais fazendo o seu trabalho sem prestar atenção em mim, mas mesmo assim, o sentimento de segurança veio ao entender que tudo tinha acabado. Gabe estava morto.

Eu estava livre.

A sensação de liberdade me invadiu com tanta força que eu caí de joelhos no chão arenoso e comecei a chorar alto. Eu estava livre. Chorei pela minha liberdade. Chorei pelos anos de sofrimento. Chorei pela morte do meu pai.

Sorri para a vida que ainda teria.

Arthur me levou para a casa de Percy onde eu encontrei a minha mãe e Sally me esperando na entrada de casa. Minha mãe não esperou nem eu sair do carro e correu até mim me abraçando com muita força.

– Meu Deus, Annabeth, minha filha, me desculpe. – ela chorou enquanto me abraçava. – Você me disse e eu não acreditei. Achei que nunca mais ia te ver.

– Eu amo você. – eu disse retribuindo o seu abraço.

Não lembro o que aconteceu depois que eu cheguei em casa mas logo me vi no hospital sendo cuidada por um médico enquanto esperava notícias do Percy, que estava no meio de uma cirurgia quando eu cheguei.

Imaginava que cada minuto de espera era um minuto a mais de vida. Percy estava vivo. Eu continuava viva. Gabe estava morto. Sorri ao perceber o quão fantástico isso era.

Horas depois a cirurgia de Percy tinha acabado e ele podia receber visitar. Sally quis ir primeiro e eu não protestei, afinal, era a mãe dele.

Quinze minutos depois ela saiu e eu pude entrar. Entrei em silêncio sem saber o que dizer.

Sentei na cadeira de plástico que tinha ao seu lado e fiquei ali sem falar nada.

– Você está horrível. – ele finalmente disse e pegou a minha mão.

Sorri com lágrimas nos olhos e apertei a sua mão.

– Ei, não chore. – ele disse fazendo menção de se sentar mas eu o empurrei de volta.

– Não seja doido de querer sentar. – eu disse querendo soca-lo por fazer esforço. – Você levou um tiro.

Percy me olhou sorrindo.

– Só você pra querer brigar comigo enquanto eu estou numa cama de hospital. – ele disse e puxou a minha mão para os seus lábios, dando um beijo nela. – O que aconteceu?

– Eu o matei. – disse olhando para o meu colo. Percy não falou nada por um tempo.

– Acabou. – ele disse sorrindo. Notei lágrimas em seus olhos. – Estamos seguros. Você está segura e eu posso mostrar o meu amor por você pra quem eu quiser.

Sorri e levantei para beijá-lo.

– Eu amo você. – disse e senti minhas bochechas ficarem quentes. Ele sorriu e levantou um pouco a cabeça para me beijar.

– Eu amo você. – ele respondeu sorrindo.

E eu sabia que nada no mundo era tão verdadeiro quanto aquelas palavras.


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Notas finais do capítulo

Não quero me gabar, mas esse capítulo ficou do c****lho né? Não nos deixem, ainda falta o epílogo da estória.
Então gente, eu tenho uma pequena reclamação pra fazer. Acho que pelo meu nome vir depois, muita gente acha que eu faço menos na história e acabam esquecendo que eu escrevo 50% de TBH. A Raquel disse que é porque vcs tem medo de mim porque eu que escrevo as partes de drama, estupro e as partes mais darks mas isso não é desculpa pra eu ser deixada de lado porque eu sou legal (e humilde). Falem comigo também! Eu estou sempre de bobeira no twitter (@euinwonderland), no instagram e no snap (milacavalcante), além de escrever no blog (http://welcomettjungle.blogspot.com.br/) então falem comigo porque eu quero conhecer vocês!

Com o momento reclamação acabado, eu só posso agora agradecer a todos vocês por continuarem acompanhando TBH até o fim, mandando reviews e recomendações lindas. Escrever TBH foi desde o início muito complicado por ter um teor dramático e psicológico muito grande. Eu gosto de fazer pesquisas então eu dediquei um tempo enorme procurando casos parecidos com o da história, muitas vezes me emocionando e escrevendo ao mesmo tempo, mas acredito que foi um tempo muito bem gasto. Eu chorei demais com essa história, Jesus Maria José! Espero de verdade não ter decepcionado vocês de jeito nenhum. Muito obrigada a todos vocês! Mil beijos, Kamila Cavalcante.