Nossos Momentos escrita por b-beatrice


Capítulo 5
Mergulho


Notas iniciais do capítulo

Capítulo finalmente postado!
Notem que este está maior do que todos os outros, em uma tentativa de compensá-las pela demora.
Peço desculpas novamente pelo atraso e gostaria de agradecer a todas, mas principalmente AlineRocn e julicosta pelo apoio e compreensão.
Enfim, boa leitura!



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Não sei ao certo como Edward fez, mas sei que ele conseguiu convencer minha família e a família dele de que o melhor para mim seria ir para casa e me ajustar a uma coisa de cada vez, o que me liberava de tentar reconhecer as pessoas.


Sentia-me aliviada. Não por não querer vê-los, mas por ter medo de não conseguir lembrar de nada e sentir de maneira ainda mais forte minha perda de memória. Sem contar com a insegurança de conhecer a família do meu marido.


Quando Edward voltou da sala de espera, após seu momento de convencer todos a respeitarem meu pequeno capricho de menina insegura e mimada, além de explicar e contornar a confusão da questão onde-a-Bella-vai-ficar, eu estava andando de um lado para o outro fazendo o possível para não agir como louca e acabar sendo internada novamente.


No momento em que o vi me senti um tanto envergonhada e podia apostar que estava corando, mas também me senti extremamente melhor e estava começando a ficar preocupada com minha reações quando ele deu aquele sorriso lindo.


– Pronta? – ele perguntou.


– Sim. – respondi com a voz um tanto fraca.


Depois disso saímos do quarto e fomos andando pelo hospital em direção à saída. A mão de Edward estava em minhas costas para me conduzir e eu me sentia eternamente grata por isso.


Ao chegarmos no estacionamento ele abriu a porta de um Volvo prata para mim, mas antes de entrar, passei alguns segundos admirando o carro.


– Lembra dele? – ele perguntou.


– Não. – respondi ainda me esforçando par lembrar.


– Tudo bem, você ainda vai lembrar. – ele sorriu, mas percebi que ele também tentava convencer a si mesmo.


Entrei no carro. Edward deu a volta, entrou pelo lado do motorista e começou a guiar o carro. Íamos pelas ruas cheias de Nova York. Eu apenas observava tudo pela janela. Em minha mente de adolescente de 16 anos eu nunca havia visitado a tão famosa cidade.


– Quer colocar alguma música? – Edward perguntou me trazendo de volta dos meus devaneios.


– Claro. – respondi. Como ele estava prestando atenção no trânsito, eu mesma liguei o som do carro e pus o CD para tocar. – Clair de Lune é uma das minhas favoritas. – falei sorrindo ao reconhecer os acordes que o piano fazia.


– É uma das nossas favoritas. – ele falou sorrindo.


Aumentei o som para apreciar melhor a música quando percebi algo.


– Edward! – exclamei – Eu estou mexendo no carro!


– Sim, você tem todo o direito de mexer. – ele disse.


– Não é isso. Eu não lembro desse carro, nunca tive contato com nenhum modelo desse carro, mas eu sei mexer! Fiz tudo automaticamente. Eu não parei para procurar onde fica cada botão, eu simplesmente fiz! Talvez eu esteja mesmo lembrando! – eu estava realizada.


– Viu só? Eu disse que você ainda vai lembrar de tudo. Alem do mais, você ama esse carro. Você mesma fez questão desse quando troquei o último. – ele disse.


– Jura? Você sabe o porquê? – perguntei tentando extrair o máximo de informações possíveis.


– Eu tinha um Volvo quando nos conhecemos. Você disse que trazia boas lembranças, então... – ele deixou a frase no ar, mas fazia sentido.


Ficamos em silêncio e eu observava a paisagem a nossa volta. Prédios enormes, lojas lindas, pessoas bem vestidas...


– Estava tocando Clair de Lune na primeira vez que você andou comigo no antigo Volvo. – ele falou do nada. – Consegue lembrar de alguma coisa assim?


Tentei focar em minha cabeça, mas não havia nada.


– Infelizmente não. – respondi me afundando no banco.


– Ainda não. – ele rebateu dando um singelo apertão em minha mão, mas logo soltando-a para passar a marcha do carro e lá mantendo-a.


Edward guiou para entrada de carros de um prédio muito bonito. Não era o mais bonito, nem tinha aparência do mais caro, mas ainda assim chamava atenção. A fachada era de pedras com janelas de vidro enormes e na entrada havia um singelo jardim incrivelmente bem cuidado.


Depois do carro estacionado, me deixei ser guiada ao elevador. Notei que íamos para o andar da cobertura. Chegando lá havia um pequeno hall, antes de duas portas que seriam entradas do nosso apartamento, decorado por arranjos de flores na parede e um quadro no espaço entre as duas portas.


– Conheço esse quadro! – praticamente gritei. – Monet, Impressão Sol Nascente. É o meu preferido! – estava com um sorriso enorme.


– Sim! – Edward parecia realizado – Lembra de quando o compramos? – ele perguntou em expectativa.


Parei para pensar. Avaliei melhor o quadro e percebi o óbvio. Aquele não era o verdadeiro. Realmente não faria sentido, ainda que tivéssemos dinheiro para comprar o verdadeiro, original, não o colocaríamos na entrada do apartamento, onde qualquer um poderia pegar.


Além do mais, havia uma cor a mais. O Sol parecia mais forte, era mais laranja e havia bronze sobressaindo na mistura. Aquilo me lembrava alguma coisa, mas não sabia dizer o que.


– Acho que não, mas tem alguma coisa. Agora eu sei que tem algo faltando. Antes eu nem ao menos me dava conta. – falei ainda frustrada.


– Tudo bem, estamos progredindo. – Edward falou e logo abriu a porta, voltando sua mão para minha cintura e me direcionando para dentro do apartamento.


Foi aí que tive uma das melhores sensações que já havia experimentado. A porta dava para uma sala com dois grandes sofás na cor marfim, que pareciam extremamente confortáveis, um de frente para o outro e, entre eles, uma mesa de mogno baixa, sendo que  de frente para a parte onde não estavam os sofás, estavam duas poltronas também marfins, cercando-a. Um pouco afastadas do centro, entre os sofás e as poltronas, estavam duas mesinhas com porta-retratos e pequenos objetos decorativos e um tapete super felpudo sob os móveis. Havia também um minibar na parede esquerda e o ambiente era lindamente decorado.


Nada disso me encantou de verdade. A melhor parte veio da parece oposta a porta e a parede à direita. Eram paredes de vidro que apresentavam a linda cidade de Nova York. A vista era maravilhosa e eu estava encantada.


Cedo demais fui puxada por Edward para um corredor que havia ao lado da porta de entrada, que conduzia a uma sala de jantar simples, porém espaçosa, na qual havia uma mesa redonda de vidro com seis cadeiras em volta.


Depois dela estava a cozinha. Também espaçosa, com um balcão grande e banquinhos extremamente fofos encaixados, além de uma bancada larga. Tudo era um tanto prateado, combinando. A pia, o fogão, o forno micro-ondas, a geladeira de duas portas e até mesmo o compactador de lixo e o lava louças integrados na bancada.


Fui guiada de volta para a sala de estar, mas seguimos sem parar nela por outro corredor, maior e mais largo e com várias portas. Ao entrar na primeira à direita me deparei com um cômodo altamente confortável.


O chão era coberto por carpete marrom e as paredes pintadas em um tom de laranja com duas grandes janelas sendo cobertas por cortinas em um tom escuro de creme. A parede da esquerda fora coberta por prateleiras, sendo que no centro dela havia uma enorme televisão. Espalhados pelas prateleiras estavam CDs, DVDs e caixas de som que imaginei serem ligadas ao aparelho de som que se encontrava logo a baixo da TV, juntamente com outros aparelhos que presumi serem videogames e um DVD. De frente para esta parede havia três pufes grandes, fofos e amarelos com almofadas espalhadas pelo chão e uma poltrona em cada um dos extremos. Um ambiente perfeito para assistir algum filme ou aproveitar alguma música.


O cômodo em frente a este era mais sério. As paredes tinham tons claros e chão era de tábua corrida, sem o carpete. Havia duas mesas um tanto bagunçadas, no fundo algumas estantes e uma raque com um impressora, uma máquina de fax e várias resmas de papel. Provavelmente era um tipo de escritório, um claro ambiente de trabalho.


A segunda porta a direita levava para um quarto de vizitas. A decoração era mais simples, mas ainda assim o quarto era um tanto pomposo.


De frente para o quarto de vizitas havia um banheiro extremamente bem arrumado e comecei a pensar que nada tudo naquela casa teria sido milimetricamente pensado e projetado.


Voltamos para o corredor e seguimos para a terceira porta do lado direito. Esta dava para o cômodo que me deixou mais desconfortável. Havia uma cama de casal gigante perfeitamente arrumada. O tapete felpudo combinava com as cortinas. Presumi que a porta exatamente ao nosso lado dava para um banheiro e que as portas de correr simétricas na parede em frente à cama dariam para o closet. Havia uma televisão entre essas portas e grandes janelas de vidro na parede oposta a porta de entrada.


Reparei em tudo sem me atrever a dar um passo a mais para dentro daquele cômodo. Era estranho entrar naquele quarto. Claro, era meu quarto também, mas minha mente gritava que aquele era o quarto de um homem adulto, fazendo com que eu me sentisse totalmente sem graça e meio que invadindo um espaço que não era meu.


Edward provavelmente percebeu meu desconforto e me puxou para fora. Ignoramos a porta ao final do corredor, voltamos à sala e eu já me encantava novamente pela paisagem quando, depois de tanto tempo, ouvi a voz de Edward.


– Pronta para seu lugar favorito da casa? – ele perguntou.


– Melhor do que aqui? – perguntei apontando para as paredes de vidro.


– Confie em mim, você vai adorar. – ele falou me estendendo sua mão esquerda, já que eu só conseguiria segurar qualquer coisa com a minha mão direita, por conta do meu braço quebrado.


Um bom observador perceberia que levei um pequeno intervalo de tempo para pegar a mão de Edward. Eu sabia que ele havia notado, mas provavelmente achou melhor não comentar, pois logo me guiou para perto do mini bar, onde pouco antes da parede de vidro havia uma porta, também de vidro que dava para um terraço.


Para variar, ele estava certo. Aquele era facilmente o meu lugar favorito. Havia quatro mesinhas espalhadas, com duas cadeiras cada uma, além de um banco de madeira e duas cadeiras combinando. Atrás das mesinhas havia uma bancada com churrasqueira e atrás do banco de madeira um balanço também de madeira com espaço para duas pessoas.


Subindo para um patamar um pouco mais elevado, todo feito por tábuas paralelas estava uma piscina com uma forma um tanto arredondada. Não era enorme, mas nem por isso era pequena.


Havia uma brisa que balançava meus cabelos e pude ver, ainda melhor do que na sala, a grande Nova York. Era lindo.


– Então, o que achou? – Edward perguntou.


– Você estava certo. – respondi descendo as escadas do patamar da piscina.


– Em geral eu estou, mas sobre o que exatamente dessa vez? – ele perguntou estendendo a mão para me ajudar a descer.


– Esse é definitivamente o meu lugar preferido e eu realmente fiz a escolha certa ao vir para cá. – ficamos sorrindo um para o outro por um instante, mas minha falta de equilíbrio estragou o momento.


Eu estava no último degrau quando escorreguei. Já me preparava para ir ao chão quando senti a mão de Edward me puxar forte pela que ele já segurava, meu corpo indo de encontro ao seu e seu outro braço passando em volta da minha cintura.


E de repente estava feito. Lá estávamos nós, em uma perfeita cena de filme. No alto de um dos prédios de Nova York, com a vista perfeita, a brisa perfeita e o momento perfeito. A luz do sol era refletida no tom cobre do seu cabelo, seu olhar ficava ainda mais lindo com aquela iluminação, o verde de seus olhos se sobressaía de mais quando combinado ao tom dos fios que caiam em sua testa, seu hálito lembrava o frescor de menta, que eu também relacionava àquele mar de verde em suas íris e seus braços eram fortes em minha volta.


Cada respiração era um estímulo para que eu me jogasse para frente e acabasse com a distância entre nós, mergulhando naquele mar, me entregando àquele momento e me deixando levar por tudo o que pudesse vir dele.



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Notas finais do capítulo

- Não posso prometer que haverá postagem na semana que vem, pois estarei entrando em provas, mas prometo fazer o possível!
- Se quiser fazer uma autora de primeira viagem feliz... Comente!