Nossos Momentos escrita por b-beatrice


Capítulo 36
Fuga


Notas iniciais do capítulo

Oi queridas!

Trago boas e más notícias!

Eu continuo com os mesmos problemas (por isso a demora). Além disso, vocês vão querer me açoitar quando chegarem ao final desse capítulo! (já vou começar a me esconder)

A boa notícia é que eu sou Beward, então tenham um pouco de fé em mim! Eu prometi um final feliz e vou cumprir!

E, finalmente, a melhor notícia é que Nossos Momentos ganhou mais uma recomendação! Muito obrigada, maribella, você não sabe o quanto suas palavras me fizeram feliz!

Boa leitura!



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Eu ainda continuei segurando o telefone em minha mão por um tempo. Mesmo sem querer admitir, parte de mim gostava de acreditar que ele ligaria de volta e que, de alguma forma mágica, ele me mostraria que estava tudo bem entre nós.


Eu o conhecia por menos de duas semanas e já me sentia rasgando pela ameaça de que não fôssemos dar certo.


Como podia ser? Em tão pouco tempo eu já estava totalmente entregue a ele.


Parando para avaliar, Edward fora de um estranho até o amor da minha vida tão rapidamente... Ele soube passar pela etapa de ser alguém que me apoiava, alguém por quem eu me apaixonava, até chegar a ser aquele alguém que eu amava.


E agora, caia diante de mim que havia algo errado conosco. Sempre houve. Eu só não conseguia ver. Ou talvez eu não queria.


Era tudo uma bagunça completa.


Eu sabia que estávamos indo mal. Muito mal. No entanto, eu não fazia ideia do motivo para isso. Ainda assim eu me sentia tão traída pelo fato de que ele simplesmente escondeu isso de mim...


Eu já deveria ter percebido que o tipo de amor que Edward demonstrava por mim não era normal. Venerar tanto uma pessoa... Poderia ser apenas amor? Ou havia também consciência pesada?


E por que eu não conseguia deixar de sentir que parte de toda turbulência era culpa minha? Bom, é preciso sempre dois lutadores para começar uma luta.


Eu respirei fundo. Nós conversaríamos, nós nos entenderíamos e nós concertaríamos isso. Pronto. Nós ficaríamos bem.


Meu mantra foi interrompido pelo barulho da porta se abrindo. Ouvi Edward entrar sem demonstrar o mínimo de pressa. Era como se ele quisesse evitar isso, ou como se simplesmente não estivesse disposto.


Quando entrou em meu campo de visão, ele não estava olhando para mim. Apenas se concentrou em colocar sua pasta no chão, ao lado do sofá em frente ao que eu estava e tirar seu paletó e gravata antes de se sentar de frente para mim, ainda sem me dirigir o olhar.


Ele apoiou seus cotovelos nos joelhos e sua cabeça em suas mãos. O tapete entre nós parecia mil vezes mais interessante do que eu. Seu cabelo estava apontando para todas as direções, dando claros indícios de que ele passara sua mão por ele diversas vezes em seu nervosismo.


Quando ele finalmente me olhou, percebi que eu estivera tensa, rígida e segurando minha respiração desde que ele chegara, já que seu olhar frio me fez enrijecer ainda mais, se é que era possível.


– Você pode me explicar agora o motivo para ter vindo para casa com seu colega Max? – com isso, meu mantra foi atirado para bem longe da minha cabeça.


Sua voz era tão exigente e as últimas duas palavras soaram tão debochadas que meu nível de irritação chegou ao alerta vermelho.


– Por que eu não deveria ter vindo? – rebati de imediato largando o telefone para cruzar meus braços.


– Porque eu sou seu marido! Eu deveria te trazer para casa! Será que você não pode esperar quinze minutos de atraso meu? Você tem que correr para ele? E se queria tanto vir para casa, você não podia ter pego um maldito taxi? – a voz dele se alterou e suas perguntas eram tão ridículas que me fizeram enxergar vermelho.


– Qual é o seu problema? – perguntei exasperada – Eu quis vir para casa mais cedo. Ele é meu amigo. Ele me ofereceu uma carona. Ele me fez um favor.


Pontuei cada frase tentando demonstrar a ele a simplicidade da situação.


– Tinha que ser ele? E você não poderia ter me avisado? Eu estive preso em uma reunião infernal, preocupado por não ter conseguido te avisar que atrasaria e quando ligo para o jornal me falam apenas que você já foi! Você tem ideia de como eu fiquei preocupado com você? – eu teria me derretido com suas palavras se não fosse o tom acusatório que ele depositava em cada uma delas.


– Eu estava conversando com ele quando decidi voltar para casa! Isso me deixou pensativa e eu realmente esqueci de te avisar. – não ofereci minhas desculpas, ainda estando muito irritada com ele para isso.


– Ah, então é isso? Você vai para o trabalho, fica conversando com seu amigo Max, resolve sair mais cedo e me esquece? – seus olhos queimavam em mim, no pior sentido possível.


– Você é tão absurdo, Edward! – deixei escapar em um fôlego, olhando para o lado para desviar meu olhar daquelas acusações sem sentido.


– Eu sou? Porque até agora eu não estou vendo em que parte eu estou errado. – ele decretou.


– É exatamente isso! – gritei me levantando do sofá – Você está tão focado em sua insegurança que você está apenas direcionando tudo para as suas acusações sem sentido! Você não está vendo o problema real!


– Então me diz qual é o problema real, Bella! – ele gritou de volta se levantando também.


Eu precisei tomar fôlego duas vezes antes de conseguir colocar para fora com a voz vacilante.


– Nós somos o problema. – saiu apenas em um sussurro, mas eu soube que ele me ouviu no momento em que suas sobrancelhas tremeram e sua postura de ataque vacilou.


– Do que você está falando? – ele perguntou um pouco hesitante, chegando um pouco para trás.


– Eu e você, nosso relacionamento, nosso casamento... Estava tudo indo mal, não estava? – perguntei já sabendo a resposta.


– Seu amigo Max te disse? – ele perguntou com o deboche de novo.


– Edward, cresça! – falei rispidamente – Eu estou conversando com você. Eu quero ouvir de você! Não faça eu me arrepender disso.


A última parte saiu como uma súplica e vi ele voltar a passar sua mão pelo cabelo enquanto ele sentava de volta em seu lugar.


Observando seu gesto, fiz o mesmo, esperando que ele dissesse alguma coisa.


– Eu já te disse o que aconteceu entre nós, lembra? A rotina nos pegou. – ele falou claramente fugindo.


– Não pode ter sido só isso. – declarei.


Ele tomou algumas respirações antes de começar.


– Quando eu te pedi em casamento, nós estávamos bem. Havíamos acabado a faculdade, estávamos juntos... Havia aquela sensação de “nunca mais vamos brigar de novo” que vem após cada desentendimento, sabe? Eu tinha conseguido um emprego no grupo, você estava iniciando no jornal... Começamos por baixo, mas as expectativas eram boas. Tudo deveria ir bem... – ele suspirou – Mas não foi assim.


– Nós voltamos a nos desentender. – afirmei e ele concordou com a cabeça.


– Nós dois queríamos progredir no trabalho. A estúpida fome de sucesso de recém formados! Eu me afogava em cada caso e você se dobrava e desdobrava para fazer tudo o que o jornal exigia e se destacar. Não era fácil. – ele balançou a cabeça melancolicamente como se estivesse lembrando da época – Nós acordávamos desesperados com o horário, nós nos desencontrávamos em almoços, nós pulávamos jantares, nós virávamos noites acordados, cada um com seus objetivos... Nós nos esquecemos.


– Nós apenas... esfriamos? – perguntei com um frio na barriga.


Eu poderia lidar com raiva, mas indiferença? Estaria além dos meus limites.


– Nós tentamos retomar, eventualmente, mas piorou tudo. Perder uma hora do dia com nossos encontros era o fim do mundo para você e eu era incapaz de chegar menos do que vinte minutos atrasado! – ele falava com mágoa, deixando claro que não culpava apenas a mim por tudo – E, então, nós estávamos de fato progredindo no trabalho, o que exigia ainda mais de cada um de nós.


– Isso nos afastava mais. – deduzi sem precisar de mais pistas.


– Você parecia ter mil eventos para ir! Você queria me levar, eu sei disso! Você realmente tentou usar cada um deles para me tornar parte maior da sua vida, mas eu estava sempre atrasado, sempre te atrasando, sempre te atrapalhando, sempre pensando no que eu poderia estar fazendo quanto ao meu trabalho... Acabou sendo mais fácil eu simplesmente não ir. – ele falou dando de ombros.


Ele respirou fundo antes de continuar.


– E, de repente, havia esse tal de Max, ocupando meu lugar. Ele também tinha pouco tempo de formado e também estava batalhando por uma posição melhor lá. Ele te acompanhava quando eu não ia, você o acompanhava quando ele pedia... Vocês trocavam favores e se aproximaram rápido. Eu não gostava disso, mas eu não tinha o direito de reclamar. Você sabia que eu não gostava, mas também sabia que eu não reclamaria. – ele suspirou – Eu tentei te surpreender um dia. Chegar a um evento estúpido que você teria que ir e mostrar que eu podia te apoiar. Quando eu cheguei, eu praticamente levei um choque. Você estava linda, incrivelmente linda, mas estava com ele e vocês combinavam perfeitamente.


Eu não sabia se me espantava, se ria ou se bufava com essa ideia.


– Eu devo ter ficado um bom tempo parado te admirando de longe, pensando em como chamar sua atenção para mim. Alguma mulher que estava lá veio puxar conversa comigo e eu a dispensei, mas antes dela ir ela comentou que eu deveria desistir de você porque sua ligação com o cara ao seu lado era muito óbvia. Ela não fazia ideia de que eu era o seu marido! – ele soltou um rosnado de raiva – Aquilo me deixou puto! Até quem não te conhecia via como vocês fluíam! Eu cheguei até você e ele e fiz questão de me apresentar marcando meu território, mostrando a ele que você era minha. Foi a sua vez de ficar puta. Você praticamente me implorou para eu ir embora e esse foi o fim dos meus convites para te acompanhar em eventos.


Um silêncio incômodo tomou a sala e ficou para mim a tarefa de quebrá-lo.


– Nós nos afastamos ainda mais. – falei.


– Malditamente mais. Eu não tinha tempo para você, você não tinha tempo para mim, você tinha uma crise de ciúmes absurda a cada vez que me via próximo de alguma mulher e eu era rasgado a cada vez que via uma foto sua com Max em algum evento ou mesmo ouvia falar no nome dele. – ele deixou suas palavras jorrarem – Era um inferno! Quero dizer, voltar para casa deveria ser uma sensação de alívio, mas parecia ótimo fugir para o trabalho, ao mesmo tempo em que isso me enchia de culpa por não estar ajudando em nada na nossa relação.


– Era assim que estávamos quando eu sofri o acidente? – perguntei.


– Pior. – ele declarou.


– O que aconteceu? – perguntei sentindo um vazio no estômago.


Edward enterrou sua cabeça em suas mãos e puxou seus cabelos de uma forma que achei que fosse arrancá-los.


– Você percebe que eu não te levava ou buscava do trabalho, não é? – ele não esperou minha resposta – Mas você sabe que seu carro está aqui no prédio.


– O que aconteceu, Edward? – perguntei voltando a soar ríspida, querendo que ele dissesse logo o que quer que fosse.


Seus ombros começaram a tremer e eu não sabia se ele estava chorando ou se era apenas por causa de sua respiração que se tornava irregular. Talvez fossem ambos.


– Seu acidente foi culpa minha. – ele declarou a voz cheia de culpa.


– O que quer dizer? – perguntei sem acreditar e sem entender.


– Você não foi trabalhar de carro naquele dia por culpa minha. – ele afirmou duramente antes de continuar – Nós nunca dormíamos separados quando estávamos ambos em casa, não importava a gravidade da situação, éramos sempre nós dois na nossa cama. Naquela noite tudo passou dos limites. Você me acusou, eu te acusei e eu estava tão farto de você me acusando injustamente de ser infiel que me levantei e saí catando alguma coisa para me vestir enquanto te informava que estava saindo para merecer cada uma das suas acusações. Eu só posso imaginar o inferno de noite que você passou. Quando eu voltei para casa na manhã seguinte vi seu carro na garagem, mas você não estava em casa. Me ligaram no meio da tarde para contar que você havia sido atropelada enquanto voltava do almoço para o trabalho.


Eu estava chocada. Era muita informação para ser processada.


– Então você me traiu? – perguntei após alguns momentos cheia de nojo em minha voz.


– Eu não consegui. – ouvi seu sussurro – Eu passei por alguns bares e uma boate, mas eu não queria flerte. Eu queria que fosse algo rápido e eficaz. Eu passei em frente a uma casa de stripp que com certeza me ofereceria o que eu quisesse, mas então eu vi o quão baixo eu estava indo. Eu queria, mais que tudo no mundo naquele momento, eu queria poder te substituir, mas então eu percebi que seria impossível e que, não importava o que eu queria, era de você que eu precisava. Eu dirigi bêbado por horas até resolver passar a noite sozinho em um motel qualquer enquanto contemplava meus próprios fracassos.


Ouvir aquilo tudo doeu mais do que eu poderia imaginar. Ele não havia consumado o ato, mas isso não diminuía o fato de que ele realmente o quisera fazer.


– Por que toda essa urgência em me trair? – perguntei sem conseguir conter a dor em minha voz.


– Chega, Bella. – ele pediu, mas eu não poderia aceitar mais disso.


– Edward, responda! – falei rudemente.


– Porque você me traiu primeiro! – ele falou e voltou a olhar para mim.


Aquilo sim me quebrou por completo. Sua declaração, seu olhar, seu desespero.


– Eu cheguei de uma viagem alguns dias antes disso, era de madrugada e você não estava em casa. – ele continuou a contar – Você passou a noite com ele. Eu não queria acreditar que você tinha feito isso, eu fiz de tudo para não acreditar! Então, alguns dias depois, quando eu estava me convencendo de que tínhamos esperança, de que ficaríamos bem, eu encontrei um teste de gravidez na sua bolsa. Eu te confrontei sobre isso e você não tinha resposta para mim. Eu te perguntei e você simplesmente fugiu disso. Sem se defender, sem se desculpar, apenas jogando tudo de volta para mim. Foi nessa noite que eu saí de casa.


Eu estava completamente paralisada.


– E depois disso tudo, você ainda me acolheu e venerou desse jeito? – perguntei chocada.


Ele me olhou como se a criatura absurda na sala fosse eu.


– Bella, você não vê? A culpa é minha! Não só do acidente, mas de tudo o que veio acontecendo! Eu deveria ter te tratado melhor, eu devia ter demonstrado mais o meu amor por você! Devia ser eu te apoiando, te abraçando e te beijando todos os dias! Quando nos casamos eu assumi o compromisso de estar com você em todos os momentos! Se estamos aqui agora a culpa é minha! – Edward jorrou suas palavras em uma torrente de emoção como se estivesse segurando aquilo tudo por muito tempo.


Ainda assim, era tão errado!


– Edward, seja racional. – pedi tentando manter a calma – Eu assumi o mesmo compromisso que você. É necessário haver duas pessoas para brigar. Fui eu quem não se defendeu quando foi acusada de infidelidade! Você não pode tomar tudo para você! Quero dizer, como você pode ainda estar comigo?


– Bella, presta atenção em mim. – ele falou com a mesma tentativa de controle que eu, contornando a mesa entre os sofás e vindo ficar em minha frente, colocando suas mãos em meus ombros para ter todo meu foco – Eu te amo! Quando eu saí naquela noite isso veio incrivelmente forte para mim e eu percebi que eu não posso te substituir! Nós precisamos concertar isso e tudo vai ficar bem! Você é minha vida e, enquanto você me quiser, eu te quero.


Seus olhos eram muito concentrados nos meus e vi como ele tinha fé em cada uma de suas palavras. Aquilo me assustou como nada poderia ter me assustado.


– Edward... – falhei em minha primeira tentativa de dizer o que eu estava pensando – Eu não posso.


Vi em seus olhos o quanto aquela minha frase o quebrou.


Tirei seus braços de mim e me virei de costas para ele por um instante.


– Isso é tudo tão, tão, tão errado! – falei olhando pela janela e vendo que deveria ser realmente tarde porque, além do céu estar completamente escuro, havia pouquíssimas janelas com luzes acesas – Eu preciso processar isso.


– Bella... – eu podia ver ele lutando com suas palavras.


– Por favor, Edward. – implorei mesmo de sabendo que ele não veria meu olhar.


Ele suspirou aceitando meu pedido. Claro que ele aceitaria.


– Eu vou tomar um banho. – ele falou e ouvi seus passos indo em direção ao quarto.


Cansada da paisagem, segui para a cozinha, tentando também colocar o máximo de distância possível entre nós e sentindo que o ar do apartamento me sufocaria a qualquer momento.


Ainda era inacreditável que eu pudesse ter traído Edward. Ainda mais com Max. Ele me diria alguma coisa, não diria? Ou daria algum indício? Minha parte racional logo achou isso ridículo. Como seria? “Ei Bella, eu só queria te contar que antes de você perder a memória você traiu seu marido comigo, mas somos tão amigos que as coisas entre nós podem continuar como estão!”


Pateticamente absurdo!


Fazia total e completo sentido agora Edward relutar tanto para finalmente avançar em nossa relação. A desculpa de usar camisinha para evitar uma gravidez indesejada...


Eu não estava grávida, estava? Se eu estivesse eu saberia, não saberia? Teriam visto no hospital e me contado. Oh Jesus! Eu poderia ter perdido o bebê no acidente? Um bebê que era fruto de uma traição minha?


Não! Eu não conseguia acreditar que eu pudesse ter traído Edward, não importava o quão ruim estivéssemos.


O ar no ambiente parecia cada vez mais pesado e eu precisava encontrar uma forma de controlar minha ansiedade em sair correndo dali.


Peguei uma garrafa de água da geladeira e bebi sem me importar em pegar um copo. Assim que fechei a porta da geladeira, no entanto, meus olhos foram parar em uma forma que eu nunca havia reparado. Havia um chaveiro de parede, muito sutil com apenas uma chave pendurada.


Senti o frio na barriga e a adrenalina passando por mim quando os pensamentos começaram a correr pela minha mente.


Não pode ser.


Chegando mais perto, percebi o símbolo da Mercedes nela. Trouxe-a para minha mão e a apertei como se fosse um bote salva vidas.


De repente, eu tinha achado uma saída para não sufocar.


Corri de volta para a sala, encontrando minha bolsa onde eu a deixara. Catei minhas chaves da porta e ainda parei para me certificar de que eu tinha tudo o que pudesse vir a precisar em casos de emergência. Como se esse por si só não fosse um.


Chaves para abrir portas, chaves para ligar o carro, carteira com dinheiro para necessidades, celular para emergências... Estava tudo ali.


Enquanto colocava tudo no lugar, encontrei um bloquinho de post its rosa chiclete em minha bolsa. Parei para ouvir o barulho de água, indicando que Edward ainda estava no chuveiro, me dando meu espaço.


Senti um aperto por ele. Eu não podia simplesmente sair, mas também não sabia o que deveria dizer a ele.


Resolvi deixar um bilhete. Catei uma caneta de dentro da bolsa, fui o mais sincera possível, puxei a folhinha e colei-a na porta de vidro que dava para a varanda, sabendo que ele a encontraria, porque eu provavelmente iria para a varanda tentando escapar daquela sensação de sufoco e ele me conhecia bem o suficiente para saber disso.


Eu tinha acabado de abrir a porta quando ouvi o barulho suave da água cessar. Sem me dar tempo para pensar novamente e me arrepender da minha decisão, fechei a porta e voei para o elevador.


Enquanto o esperava, não pude deixar de olhar novamente para a porta do apartamento. Meus olhos voaram para o quadro que enfeitava o pequeno hall que ficava entre o elevador e nosso apartamento.


Impressão Sol Nascente. Aquele Sol tão estranhamente poderoso cheio de laranja e de brilho cor de cobre... E a água parecia resplandecer em alguns pontos, com seus flashes verdes.


Como o cabelo e os olhos de Edward.


A realidade me bateu ao mesmo tempo em que o elevador chegou e pulei para dentro dele, antes que qualquer coisa tivesse a chance de me impedir.


Chegando à garagem, corri para o carro não sabendo quanto tempo tinha até que Edward notasse que eu não estava mais lá, sem saber se ele viria atrás de mim.


Entrei no carro jogando minha bolsa para o banco do passageiro. Puxei o sinto com certa brutalidade e finalmente liguei o carro, torcendo para que eu realmente ainda soubesse dirigir.


E eu soube.


Então, enquanto eu tomava meu caminho para fora da garagem e para dirigir pela madrugada nova-iorquina, tendo meus problemas mais imediatos resolvidos, voltei a pensar em Edward e em qual seria sua reação ao ver que eu não estava no apartamento.


Minha esperança era que ele lesse meu bilhete, mas era uma esperança não muito esperançosa considerando o que eu havia escrito.


Meu consolo é que eu havia sido completamente sincera, talvez pela primeira vez em muito tempo. Me agarrei a esse pensamento enquanto repassava mais uma vez minhas palavras.


“Edward,

Não sei o que dizer.

Tudo parece errado. Nada parece bom o suficiente.

Estou saindo para pensar. Encontrar algo que sirva.

Com amor,

Bella”


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Notas finais do capítulo

Lembrem-se: se me matarem, jamais saberão a continuação! Por favor, confiem em mim!

Se vocês repararem, muita coisa citada nesse capítulo tem a ver com detalhes de capítulos anteriores. Não é fundamental para entender a história, mas eu sou complexa, então meu planejamento também é!

O capítulo foi enorme e comentários são mais que bem vindos nesse momento tenso!

Beijinhos!