Nossos Momentos escrita por b-beatrice


Capítulo 34
Reflexões


Notas iniciais do capítulo

Queridas, eu queria ter postado na quarta, mas o Carnaval me consumiu além da conta.
Eu já tinha voltado a estudar, mas agora também voltei a trabalhar, então tenham um pouquinho de paciência comigo, ok? Ainda estou me organizando!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/220364/chapter/34

Talvez tenha sido pelo tempo que passei reconhecendo meu ambiente de trabalho. Talvez tenha sido porque eu não estava me importando tanto com o que os outros pensavam. Ou talvez tenha sido porque Edward fizera com que todos os meus pensamentos se dirigissem a ele.

O que quer que tenha sido, o fato é que eu estava no elevador do jornal, indo para minha sala e, pela primeira vez, eu não estava me sentindo como se eu estivesse pisando em ovos. Eu estava leve.

Eu estava presa em pensamentos internos sobre minha última noite com Edward, sobre o que fizemos no inicio da noite, sobre os momentos de carinho que tivemos durante a madrugada e sobre a forma como dormimos agarradinhos depois disso.

Eu acordei com barulho de chuva e foi reconfortante saber que eu estava segura e aquecida dentro de casa, com Edward ao meu lado, enquanto a água caía lá fora lavando as ruas e desesperando os apressados.

Nós tínhamos acordado bem e concordamos em preparar o café da manhã juntos. Inclusive deixamos o rádio ligado para alegrar nosso ambiente enquanto fazíamos isso. O que mais me impressionou foi que quando a voz de Sinatra começou a cantar New York New York, Edward me puxou para ele e rodopiamos pela cozinha enquanto os acordes formavam a música que falava da nossa atual cidade.

Eu era um desastre total, é claro, mas me permiti tentar e isso pareceu levar Edward para um novo nível de alegria.

Agora eu saía do elevador para ir para minha sala sem conseguir limpar aquele sorriso bobo do meu rosto enquanto lembrava dos nossos momentos juntos.

– Bom dia, Bella! – Bree me cumprimentou alegremente quando me aproximei da mesa dela.

– Bom dia, Bree. O que tem pra mim hoje? – perguntei a ela.

Ela pegou uma pequena agenda com páginas coloridas e começou a relatar sobre as últimas novidades que eu poderia escrever. Havia duas exposições de artes plásticas, uma sinfonia e três novos livros que estavam em alta. Nenhuma das opções despertou meu interesse.

Sem se deter por isso, ela continuou falando, até que chegou algo que prendeu minha atenção.

– ... e depois do almoço você tem uma reunião de grupo. – ela falou.

– Espera! – pedi tensa – Reunião de grupo?

Ela olhou para mim e deu um tapa em sua própria testa.

– Desculpe, Bella! Acho que esqueci de te falar sobre isso. Não é nada muito grande, mas eu deveria tê-la preparado melhor. – ela se desculpou, me deixando ainda mais preocupada.

– Tudo bem, mas eu preciso que você me prepare agora. – falei tentando ser racional e não deixar meu desespero tomar conta da situação.

– É uma reunião que acontece todo mês. Stephenie reúne o grupo que cuida dos assuntos pré-definidos. Ela gosta de saber que todos os públicos estão sendo agradados do mesmo jeito, sabe? Sem nenhum ser menos satisfatório do que os outros. Nós temos que reunir suas últimas publicações para apresentar. – ela falou.

Certo, tudo bem. Era uma reunião com minha chefe e com várias outras pessoas. Sim, mas Steph também era minha amiga, não era? Pelo menos, tínhamos um bom relacionamento. É, tudo ficaria bem.

Respirei fundo algumas vezes e puxei Bree para minha sala. Juntei minhas últimas publicações em ordem cronológica, incluindo os que eu já havia deixado pronto esperando oportunidades para serem lançados, que acabaram sendo lançados enquanto eu não estava trabalhando por causa do acidente.

Eu ainda estava meio perdida sobre o que seria minha próxima publicação, mas Bree me acalmou, dizendo que todos estavam meio perdidos por causa do apagão de ontem. Foi impossível impedir que aquele sorrisinho voltasse aos meus lábios quando lembrei das consequências do apagão, então abaixei minha cabeça, fingindo que estava focada em uma folha que eu estava segurando.

Finalmente, pela hora do almoço, eu mesma tinha feito um planejamento.

Hoje eu observaria a lista dos melhores livros que o jornal havia feito e comentaria sobre as características comuns entre eles, já que todos se tratavam de romances. Eu teria que me virar para falar sobre a forma e os motivos para isso estar em alta nos últimos tempos, já que eu mesma não estava na ativa pelos últimos tempos.

Eu levaria o menor deles para casa e tomaria todo o tempo possível para lê-lo. Amanhã de manhã eu iria a uma das exposições de artes plásticas e faria o artigo sobre ela.

À noite eu iria a sinfonia e seria sobre ela meu artigo de sexta. Eu teria o fim de semana para terminar o livro e, com sorte, começar mais outro. De qualquer forma, o artigo de segunda estaria garantido.

Com ajuda de Bree coloquei tudo isso em ordem para apresentar caso me fosse perguntado na reunião e fomos almoçar juntas.

– Você está diferente hoje, Bella. Parece mais alegre. – ela comentou.

– Acho que meu clima bom em casa está se refletindo aqui. – comentei e me dei conta de que eu não sabia nada sobre a vida pessoal dela – E você? Você mora sozinha?

Suas bochechas ficaram um pouco vermelhas antes dela falar.

– Sim, mas esses dias meu namorado tem ficado lá em casa. – ela comentou sem olhar para mim.

– Isso é bom, certo? Significa que vocês estão bem. – comentei.

– Sim. – ela falou e suspirou com um sorrisinho – Sabe, ele é ótimo para mim. É apenas o segundo cara que eu namoro em minha vida. Eu estava assustada no início porque meu primeiro namoro teve um fim horrível e ele também já tinha muita história, mas nós estamos indo muito bem.

– Vocês se gostam, é claro que vão fazer dar certo. – falei, tentando motivá-la – Dê uma chance a ele, ele não é seu outro namorado e não vai errar com você.

– Não! Meu primeiro namorado não fez nada de errado comigo! – ela se apressou em defende-lo e vi seus olhos se encherem de lágrimas – Diego era ótimo. Éramos amigos antes de tudo e nossa relação era muito boa, sabe? Nós éramos muito parceiros.

– O que aconteceu? – perguntei levemente sem saber se ela gostaria de falar sobre aquilo.

– Nós fomos assaltados. – ela respondeu com a voz baixa, sem olhar para mim – Ele reconheceu um dos caras e atiraram nele por causa disso. Ele morreu na hora.

– Oh, Bree! – externei sem saber o que falar para amenizar aquela situação – Eu sinto muito! E me perdoe por trazer esse assunto.

– Está tudo bem, Bella. – ela falou passando suas mãos disfarçadamente por baixo dos olhos e me oferecendo um sorriso fraco – Eu acho que agora eu estou me curando.

Sorri de volta para ela.

– Ele te faz bem. – afirmei reconhecendo isso em seus olhos.

– Sim, ele faz. – ela disse com segurança – E então eu penso, se ele é capaz de me fazer tão bem assim, o que importa se ele também tem uma história?

– Ele também vem de um relacionamento complicado? – perguntei ainda com medo de estar tocando em pontos muito delicados.

– Sim. Para início de conversa, ele é pai e não se dá nada bem com sua ex-esposa, o que torna tudo muito complicado porque nessa situação quem mais sofre é a criança e eu tenho medo que ela não me aceite, achando que eu sou a culpada por toda confusão, então estamos tentando ir devagar. – ela contou.

– Eu estou torcendo por você. – falei sorrindo para ela.

– Obrigada, Bella. – ela falou olhando para mim com um sorriso sincero.

Depois disso, nosso clima de amizade foi cortado quando vimos a hora e percebi que eu chegaria atrasada a reunião se não corresse. Atraso era exatamente a última coisa que eu precisava naquele momento.

Ao entrar na sala de reuniões, depois de passar na minha própria sala para pegar tudo o que eu e Bree havíamos separado, me deparei com Steph sentada à cabeceira de uma longa mesa com várias cadeiras onde pessoas que eu já havia visto, mas não lembrava o nome, se acomodavam.

Bem, lá vamos nós.

Sentei em uma cadeira desocupada e torci para que não houvessem lugares marcados. Sorri para Steph, mas não disse uma palavra, tendo em vista que ninguém estava falando e sim checando o material que trouxeram.

Pouco tempo depois ouvi mais uma pessoa entrando e vi Max. Agora ele estava vestido de forma mais social e me dei conta de que ele devia ter voltado de suas férias.

Ao passar por mim ele deu um singelo aperto em meu ombro como cumprimento que retribuí com apenas um sorriso.

Mais algumas pessoas entraram e, alguns minutos depois, Steph começou a falar.

Eu estava tensa no início, prestando atenção a cada palavra que ela disse, mas com o passar do tempo, fui percebendo que aquilo era muito chato.

Ela estava enrolando no tópico “notícias do escritório”, que para mim estava se parecendo mais com uma oportunidade de apresentar fofocas. Fulano foi promovido, Ciclana está grávida, Beltrano, infelizmente, foi dispensado após o último escândalo dele.

Não consegui me concentrar nisso e foi aí que eu voltei a divagar sobre Edward, mas no momento eu tinha que ter cuidado para não ficar com um sorriso bobo ou com o rosto corado ou todos perceberiam que eu não estava prestando atenção.

Resolvi então que, ao invés de pensar nos acontecimentos mais recentes, eu refletiria sobre o quanto avançamos em nossa relação. Era incrível imaginar que há tão pouco tempo eu estava em um hospital tentando não surtar enquanto ele me contava sobre minha vida atual.

Sorte a minha ter a capacidade de guardar as informações para refletir sobre elas mais tarde, ou ninguém nunca me contaria nada.

Pensando sobre isso, me dei conta de que eu nunca realmente parara para refletir sobre tudo o que eu descobria, eu apenas aguardava um bom momento para isso.

Lembrei das últimas informações que tive. Max parecera cético enquanto eu contava a ele da minha atual relação com Edward. Nossa união, nosso companheirismo... Lembrei da resposta de Edward quando perguntei se brigávamos muito. Ele dissera que sim. Por tudo. Por nada. Infinitos motivos, todos sem real importância.

Parando para refletir sobre isso, parecia que vivíamos em guerra. Balancei minha cabeça tentando afastar esse pensamento e voltei a tentar me focar na reunião, mas agora o cara dos esportes falava sobre alguma coisa relacionada a (novidade!) esportes, mandando minha atenção para longe.

Voltei a pensar sobre o que Max me contara sobre a minha própria personalidade. A mulher segura, perfeitamente arrumada que sabe onde quer chegar e o que fazer para chegar. Será que isso tinha a ver com meus desentendimentos com Edward? Será que estávamos afastados?

Pensei na forma cheia de carinho com que Edward cuidava de mim. Ele me amava, é claro. O que quer que estivesse acontecendo, não era tão ruim. Era óbvio nas ações de Edward todo seu amor e adoração por mim. Ele estava sempre cuidando de mim e fazendo de tudo para me encher de mimos.

Veio então uma pontada de remorso. Edward parecia surpreso sempre que eu tentava fazer algo por ele e ele era inseguro em relação a nós. Quero dizer, não que ele mostrasse estar com dúvidas se valia a pena, isso ele sempre deixava claro. Ele demonstrava que estava comigo cem por cento.

As dúvidas dele estavam em relação a mim, não a nós. Sempre que ele me convidava para alguma coisa, eu via a insegurança em seus olhos, como se em algum momento ele fosse passar do limite. Eu lembrava perfeitamente de como ele achou que eu me sentiria mal após o nosso primeiro beijo... Ainda assim, poderia ser por causa da minha perda de memória, não poderia?

E o fato dele ser sempre surpreendido quando eu fazia algo para agradá-lo? Eu conseguia lembrar da forma como ele ficou chocado quando percebeu que eu tinha ciúmes dele quando voltamos ao hospital pela primeira vez, e quando na semana passada eu resolvera fazer nosso café da manhã... Ele parecia não conseguir acreditar que eu havia cozinhado para ele.

Eu não queria pensar nisso, voltei a tentar focar na reunião, mas agora a mulher loira sentada ao meu lado estava falando de um término de relacionamento trágico de algum casal famoso que ela foi a primeira a descobrir.

Já não seria de meu interesse apenas por entrar na vida alheia. O fato de ter a ver com um término de relacionamento, quando o meu próprio estava me dando tanto para refletir fez com que eu voltasse de imediato para minha própria cabeça.

Edward sempre parecia carregar um peso consigo. Ele parecia se sentir em dívida comigo de alguma forma e isso só tornava as coisas mais estranhas. Se era eu a chata da relação, por que ele se culpava?

O homem a minha frente começou a falar sobre política e dessa vez me forcei a ouvir, sabendo que a próxima seria eu. Ele soube ser imparcial, apresentou o que tinha para apresentar e não deu lugar para enrolação.

Steph então falou sobre a minha volta e citou que, como eu já deixava artigos prontos para publicar em situações mais favoráveis, não houve necessidade de substituição de trabalho, nem mesmo perdas ou atrasos. Ela inclusive elogiou meus trabalhos mais recentes, aqueles que eu fizera depois do acidente e dissera que, com certeza, eu estava no caminho certo.

Agradeci sem me deixar ser abalada. Eu não podia deixar meus conflitos interiores visíveis.

Fui objetiva, mostrando o que eles queriam e resguardando o que era desnecessário. Falei dos próximos assuntos sem citar como seria desesperador cumprir aquele prazo, sabendo que era melhor manter algumas coisas para mim mesma. No fim, recebi sorrisos de admiração e encorajamento e Steph voltou a falar, passando em seguida para o cara meio gótico que estava ao lado do cara da política.

Eu não consegui me concentrar em mais nada. Agora eu tinha um novo objetivo, eu precisava falar com Max.

Olhei na direção dele e ele me olhava com o cenho franzido, como se não tivesse entendido o que eu falei.

Tentei passar para ele a mensagem que precisávamos nos falar e esperava que aquele ligeiro assentir que ele me ofereceu significava que ele havia entendido.

Pareceu uma eternidade, mas finalmente a reunião acabou com Steph falando sobre um lanche que estava sendo servido na sala anexa.

Todos nós nos levantamos e senti todos se dirigindo para lá enquanto eu juntava tudo o que eu havia trago.

– Bella? – ouvi Max chegando perto e senti sua mão em meu braço, quando ele finalmente chegou – O que aconteceu com você?

Virei para ele e vi seus olhos inspecionando meu rosto à procura de alguma coisa.

– Como assim? – perguntei lembrando do comentário de Bree sobre mim mais cedo – Eu ainda estou diferente de antes?

Max ofereceu um pequeno aperto em meu braço e suas sobrancelhas estavam unidas em sinal de confusão.

– Não. – ele respondeu devagar, como se ele mesmo tentasse entender sua resposta – Na verdade, você está igual.

Aquela era a última coisa que eu precisava ouvir. Olhei em volta apenas para ter a oportunidade de desviar meu olhar dele e percebi que éramos os únicos ainda na sala de reunião.

– O que aconteceu, Bella? – ele perguntou, me fazendo olhar novamente para ele e notar seu semblante preocupado.

– Max... – eu não sabia como começar – Nós precisamos conversar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Que tal deixarem comentários para que a inspiração venha forte? Estamos chegando às partes tensas da fanfic!
Eu não acredito muito que alguém vá se interessar, mas em todo caso, aqui está o link da música que o Edward e a Bella dançam na cozinha.
http://letras.mus.br/frank-sinatra/36417/
Beijinhos e até os comentários!