Nossos Momentos escrita por b-beatrice


Capítulo 16
Questões Paternas


Notas iniciais do capítulo

Oi queridas!
Um momento para agradecer Biih cullen pela linda recomendação. Me pegou de surpresa e eu não poderia ficar mais feliz! Muuuiiiiiito obrigada!
Nada mais a dizer... Boa leitura!



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Provavelmente não se passaram dois minutos, mas para mim durou muito tempo.

Assim que Edward disse que era meu pai no telefone, querendo falar comigo, não pude evitar a onda de pensamento e algumas memórias.

Eu sabia que minha mãe tinha deixado meu pai quando eu ainda era apenas um bebê, então não lembrava da época em que foram casados. Ainda assim, lembrei de passar os verões em Forks com ele quando eu era pequena. Eu odiava isso.

Lembrei da casa pequena, amarela, de dois quartos. Lembrei do meu quarto, com as paredes azuis, o teto curvado, o chão de madeira. Eu tinha passado tantos dias de tédio naquele quarto...

Lembrei também que, ainda criança havia batido pé e me neguei a ir para Forks. Charlie não brigou. Ele conversou com minha mãe e passou a ir me ver, ao invés de me fazer ir até ele. Ele não estava feliz, mas nunca reclamou.

Meu pai era assim. Ele não era de se abrir com as pessoas. Ele não dizia o que estava sentindo. Era calado, sabia respeitar limites e às vezes era comodista demais, mas havia uma coisa em sua personalidade que era inquestionável. Ele me amava. Do jeito dele, mas amava.

Estiquei o braço para pegar o telefone das mãos de Edward. Ele ainda estava ali, na minha frente, me observando.

– Alô – falei vacilante, sem ter ideia do que fazer além disso.

– Bells? Sou eu. – Charlie respondeu.

Bastou isso para uma nova cascata de memórias e pensamentos. Reconheci a voz do meu pai. Lembrei da forma como só meu pai me chamava “Bells”, lembrei de ter medo de dormir em Forks por causa dos barulhos da chuva. Eu costumava ter pesadelos.

Não era raro meu pai ter que entrar no meu quarto no meio da noite para me acordar. Alguns eram piores. Algumas vezes eu me debatia contra ele enquanto ele me chamava. Quando eu acordava, a frase era sempre essa “sou eu”.

Ele me abraçava, mostrando que fora apenas um pesadelo. Eu o abraçava de volta, sentindo o cheiro dele e ele não ia embora até que eu estivesse dormindo um sono tranquilo. E, depois disso, os pesadelos nunca voltavam.

Não dizíamos nada, apenas ficávamos ali. Isso bastava.

– Pai! – falei como se estivesse tentando segurar, mas não conseguisse. Minha voz vacilava.

– Como você está? – ele perguntou com a voz pesando também.

– Bem. – respondi sentando-me em um dos banquinhos.

– Que bom, querida. – ele falou.

Podia sentir que nossa conversa não renderia. As coisas eram assim entre nós. Ele ligava toda semana quando eu era criança para saber como eu estava, mas em geral não passava muito disso, a não ser que houvesse algo grande, que precisasse de detalhes. Fora isso, a ligação não durava mais de cinco minutos.

– Pai? – chamei vacilante, não querendo que acabasse tão cedo.

– Sim? – ele respondeu.

– Eu sinto sua falta. – falei.

– Eu também, Bells. Muito. – ele falou me surpreendendo – Você quer vir para cá? Sabe que aqui sempre será sua casa, não é?

– Obrigada, pai. – falei sorrindo – Mas estou bem aqui.

– Sei que está. – ele respondeu.

– Pai, me conta de você. – pedi.

– Bells... – ele vacilou – Não era para darmos espaço a você? Não ficar te enchendo de informações?

– Pai, por favor! – pedi realmente querendo saber como ele estava.

Minha mãe estava casada, tinha alguém para cuidar dela. De acordo com as minhas lembranças, pela primeira vez me perguntava se meu pai estaria bem tão sozinho.

– Não mudou muita coisa, Bells. Eu continuo na mesma casa. – ele começou – Eu me aposentei e troquei de carro. Um mais discreto.

Ri com meu pai. Não imaginava que andar em uma viatura incomodasse apenas a mim, mas fazia sentido. Eu era muito parecida com meu pai no lado temperamental.

– Nenhuma grande notícia? – perguntei um tanto desanimada. Em algum lugar de mim, esperava que ele me contasse que estava casado, ou namorando.

Se bem que, sendo meu pai, isso não era algo que ele contaria. E não era algo que eu perguntaria a ele também.

– Vamos deixar as grandes para outro dia, Bells – ele disse.

–Tudo bem, então. Falo com você amanha? – perguntei esperançosa.

– Não vai fazer mal para você? Com a recuperação da memória e o tudo mais? – ele perguntou.

– Não! Vai ser ótimo – respondi entendendo que, se meu pai levou tanto tempo para falar comigo, era pensando no melhor para mim. O jeito Charlie de ser.

– Então até amanhã, querida. – ele falou.

– Tchau, pai. – respondi sorrindo.

Desliguei o telefone e olhei a minha volta, percebendo agora que Edward não estava mais aqui.

Fui para sala e o encontrei sentado no sofá, olhando a cidade através da parede de vidro.

Coloquei o telefone na base e fiquei em pé, de frente para Edward, que me olhava atentamente. Minhas mãos foram sozinhas para o cabelo dele. Ele fechou os olhos por um momento apreciando o carinho.

– Como foi? – ele perguntou depois de um tempo.

– Tudo bem. – respondi – Estou com saudades dele.

– Eu imagino. – ele disse apoiando sua cabeça na minha barriga, me ofertando uma maior área de cabelo para acariciar.

– Por que saiu de lá? – perguntei.

– Não quis ser intrometido, tentei te dar alguma privacidade para falar com seu pai. – respondeu ele.

– Obrigada.

Edward então pôs as mãos em minha cintura e me puxou para o sofá com ele. Não estávamos sentados convencionalmente, muito menos promiscuamente, mas estávamos bem próximos um o outro.

Os braços dele me envolveram e o rosto dele foi para o topo da minha cabeça. Aproveitei para encaixar meu rosto entre o peito e o pescoço dele, aspirando seu cheiro delicioso.

– Então... Sem vinte perguntas? – ele perguntou depois de um tempo.

– Ele é sozinho? – perguntei.

– Seu pai mora sozinho, mas isso não significa que ele seja solitário. – ele respondeu.

– É tão triste imaginar que ele não tem ninguém para cuidar dele... – divaguei.

– Ele tem. Antes de nos casarmos você fez Jacob prometer que olharia por ele. Ele costumava ir lá pelo menos uma vez por semana. Sem contar que seu pai e o pai dele são muito amigos. E seu pai é muito querido por todos de La Push. – Edward respondeu acariciando minhas costas.

– Não é a mesma coisa. – teimei.

– Bem... – ele começou, mas depois travou.

– O que? – perguntei me afastando da nossa posição para olhar em seus olhos.

– Isso nunca foi confirmado, ok? Era só um palpite seu. – ele começou hesitante.

– Tudo bem, diga. – pedi já ansiosa.

– Você desconfiava que seu pai tinha uma namorada. – ele falou me olhando como sempre olhava quando revelava algo importante.

– Verdade? – perguntei olhando para ele.

– Sim. – ele respondeu devagar, me olhando com muito cuidado.

– Que maravilha! – respondi sorrindo muito e imaginando meu velho pai com uma namorada. – Há quanto tempo?

– Você desconfiou no final do primeiro ano da faculdade, quando voltou para casa nas férias. – ele falou ainda hesitante.

– Tanto tempo? Por que ele não a assumiu? – perguntei.

– Você tinha uma teoria de que por ela ser um tanto alegre demais ele preferia manter as coisas assim, para não ter “colisão temperamental”. Talvez ele tivesse ficado um tanto impressionado com a separação com René e preferiu não misturar o ambiente dele com o ambiente dela. Ou talvez por medo da sua reação e a reação dos filhos dela – ele disse voltando a me puxar para ele.

– Quem é ela? – perguntei curiosa.

– É uma mulher de La Push. Sue Clearwater. Era no funeral do marido dela que seu pai estava no dia em que liguei para você e Jacob atendeu. Seu pai era muito amigo de Harry Clearwater. – ele disse voltando a passar suas mãos em minhas costas.

– Você disse que ela tem filhos? – perguntei curiosa.

– Sim. Um casal. Lea e Seth. – ele disse.

– Eu os conheço? – perguntei curiosa.

– Sim. – ele riu – Seth adora você. E, modéstia a parte, é um grande fã meu. – rimos juntos. – Lea não é tão fácil. Ela meio que tem ciúmes de você.

– Por causa da relação entre o meu pai e a mãe dela? – perguntei estranhando.

– Não. Não sei se ela ao menos sabe disso. Ela tem ciúmes por Jacob. – ele falou um tanto a contra gosto.

– Eles namoraram? – perguntei.

– Namoraram e casaram. – ele disse rindo. – Nós fomos padrinhos do casamento. Eles têm um bebê de um mês, se não me engano.

– Jacob tem um filho? – perguntei assustada, saindo novamente do seu abraço.

– Tem. – ele respondeu simplesmente, avaliando minha reação. Estranhamente, ele agora não parecia cauteloso, mas um tanto magoado. – Isso te incomoda?

– É estranho. Ele era mais novo do que eu! É uma criança! – falei ainda digerindo a informação.

– Bella! – Edward soltou uma gargalhada e seu olhar tornou-se cômico – Você tem vinte e cinco anos, linda. Não é porque estamos adiando que Jacob não vai começar a aumentar a família dele. Além do mais, ele adora crianças. – ele falou brincando.

Sorri e voltei para o abraço dele. Fazia sentido.

Imaginei como Jacob seria como pai. Provavelmente o tipo de pai que faz a mãe ter trabalho dobrado. Das poucas lembranças que eu tinha dele, ele era sempre brincalhão.

De repente me peguei imaginando como seria Edward como pai. Perfeito, logo concluí. Talvez pelas lembranças que o telefonema do meu pai trouxera, me perdi pensando em Edward cuidando de uma criança nossa.

Eu já podia vê-lo segurando-a protetoramente como se o mundo não fosse digno de ter contato com ela. Já podia ver o olhar de adoração que ele dirigiria a ela.

Nos imaginei indo na cafeteria que tinha o crepúsculo pintado na parede, Edward cortando algum doce qualquer colorido para o bebê em pedaços minúsculos. Nos vi indo ao Central Park, caminhando os três de mãos dadas, com uma miudeza nossa saltitando entre nós dois.

Assim, meio sentada, meio deitada no sofá da nossa sala, sentindo o perfume delicioso de Edward, sendo acariciada por ele e imaginado-nos formando uma família, disse:

– Você seria um pai perfeito.

Pude sentir o sorriso de Edward no topo da minha cabeça. Ele me apertou em seus braços, beijou couro cabeludo, inspirando fortemente, e falou:

– Um dia nós seremos.


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Notas finais do capítulo

Lembrando que dependo dos comentários para saber a opinião de vocês. Só assim consigo aprimorar a história!
Nos vemos semana que vem?
Beijinhos!