Nossos Momentos escrita por b-beatrice


Capítulo 14
Estar aqui


Notas iniciais do capítulo

Surpresa!!!
Sim! Um capítulo novinho em plena quinta-feira!
Acontece que esse fim de semana não vou ter como parar no computador, então, como vocês são maravilhosas preferi postar antes do prometido.
Espero que gostem!
Beijinhos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/220364/chapter/14

    Acordei na penumbra e imediatamente senti a falta de Edward ao meu lado. Sentei na cama para tentar ter uma visão melhor do quarto, mas ele não estava lá.

Ouvi um barulho vindo do closet e automaticamente me repreendi por imaginar coisas. Mesmo com a perda de memória eu já sabia que não existiam monstros em armários.

A luz do banheiro estava apagada, indicando que Edward não estava lá. Será que ele tinha hábito de comer de madrugada?

Um novo barulho me fez afastar a colcha que me cobria, levantar e ir em direção ao closet. Respirei fundo e abri a porta de uma só vez. Agora meus olhos já estavam se acostumando com a escuridão.

Lá estava Edward, aparentemente terminando de tirar a camisa que vestia durante o dia. Pude ver que sua calça estava jogada no chão, o que me fez perceber que apenas uma peça de roupa cobria seu corpo. Um arrepio passou por mim.

– Bella!? Está sentindo alguma coisa? – vi, mesmo na penumbra, a preocupação em seus olhos.

– Não. – respondi tentando ao máximo possível não encarar seu corpo. Já bastava tê-lo admirado mais cedo na cozinha. Eu acabaria tendo problemas cardíacos. – O que está fazendo?

– Trocando de roupa, pijamas são mais confortáveis para dormir. – ele respondeu um tanto sem jeito, mas tentando fazer graça.

– Oh! Sim. Claro. – falei debilmente ainda não conseguindo me mover.

Edward então terminou de tirar a camisa. Ainda envolvido pelo nosso silêncio, pegou um conjunto de moletom e vestiu-o enquanto eu assistia sem conseguir mover um músculo sequer.

Quando terminou, ficamos um de frente para o outro por alguns instantes. Eu por não conseguir reagir e ele por, provavelmente, estar analisando meu comportamento.

– Bella, eu sinto muito se a aposta te deixou sem graça... – começou Edward ainda sem jeito, passando a mão pelo cabelo, me deixando com muita vontade de fazer o mesmo.

– Não deixou! – me apressei a negar, finalmente conseguindo me mover para balançar minha cabeça de um lado para o outro tentando confirmar minha negativa assim que entendi que Edward estava interpretando de forma errada meu comportamento travado.

– Certo. Então... Estamos bem? – ele perguntou me olhando de forma suspeita.

– Claro. – respondi finalmente me movendo e permitindo que ele também voltasse para o quarto.

Ainda me olhando de forma estranha, um tanto receosa, Edward pegou em minha mão e me levou de volta para a cama. Quando já estávamos deitados ele nos cobriu e senti uma pontada de decepção por perder de vez a visão do corpo dele.

Ficamos um momento em silêncio. Edward devia estar tentando dormir, mas não queria deixar que ele dormisse achando que eu estava chateada com ele pelo beijo e também não estava pronta para trocá-lo por alguns momentos de sono.

– Edward? – chamei no escuro.

– Sim? – ele respondeu de imediato.

– Queria te perguntar uma coisa – falei fitando o teto, sem coragem de olhar para ele.

– Qualquer coisa. – ele respondeu se aproximando de mim.

– Como foi nosso primeiro beijo? – finalizei a pergunta mordendo o lábio inferior, um tanto sem graça de perguntar isso. Talvez ele nem se lembrasse. Ou talvez lembrasse, pelo que ele falou no parque ontem... – Quero dizer, como aconteceu?

– Eu beijei você, quando estávamos quase indo embora da clareira que te levei no nosso primeiro encontro de verdade. Lembra que falei sobre isso ontem? – ele perguntou olhando para mim e continuou após eu afirmar balançando a cabeça – Foi um tanto tenso. Eu não sabia o que você ia achar, como reagiria, o que pensaria de mim depois, o que seria de nós depois, mas no fim... deu tudo certo. – ele falou virando-se para mim com um sorriso.

– Como nós nos conhecemos? – perguntei ficando de lado para falar com ele.

– Depende do ponto de vista. – ele riu – Eu estudava em Forks e corria a fofoca de que havia uma aluna nova, a filha do chefe Swan, mas eu não me importei. De alguma forma tudo o que acontecia no ensino médio sempre pareceu muito bobo. Até que eu te vi no refeitório, sentada com os curiosos, loucos para saber sobre você, conquistando inconscientemente os corações de cada garoto. Seus olhos castanhos, o rosto em forma de coração um tanto pálido, mas com as bochechas em um lindo tom rubro. De alguma forma, você me atraiu.

– Eu conquistando corações? – perguntei cética.

– É verdade! – ele respondeu.

– Claro... Continue. – falei um pouco irônica, mas louca para saber mais.

– Você não era fútil. Assim como nós parecia estar acima das fofocas e dos escândalos da escola. Sabia que a vida não se resumia a isso. Fiquei curioso sobre você, mas depois também fiquei um tanto frustrado e com raiva. – ele falou com o olhar de culpado.

– Raiva? – perguntei sem entender.

– É. Foi a minha reação inicial. Eu sempre fui bom de ler as pessoas, saber suas intenções, suas vontades, mas não entendia você. Você não tinha reações que eu esperava que você teria. De início, então, te ignorei, tentei deixar para lá, mas depois entendi que o melhor para te entender era te conhecer melhor. Então, na semana seguinte, comecei a falar com você. – agora Edward e eu já estávamos tão concentrados em nossa conversa que, enquanto tentava imaginar como foi, não percebi quando ele começou a passar a ponta dos dedos pelo meu rosto.

– Conte mais. – pedi tomada pela curiosidade e pela vontade de ouvir mais a sua voz.

– Você continuou me atraindo. Bonita, inteligente, educada, gentil... De início eu não admiti isso para ninguém, mas Alice logo notou a mudança em mim e ela já era louca para falar com você. Acho que se fosse por ela você seria arrastada para sentar conosco e saberia do meu interesse por você na segunda semana. Rosalie, no entanto, foi mais difícil. Ela não gostou de deixar de ser o centro das atenções, mas isso não mudou nada para mim. – me perdi por um instante em seus olhos verdes. Lindos.

– E então nós ficamos amigos? – perguntei.

– Não exatamente. Começamos a conversar na escola. Um dia eu estava em Port Angeles, uma cidade onde o pessoal de Forks costumava ir para fazer compras ou passear e te encontrei perdida, andando por uma parte bem perigosa do lugar. Te levei para jantar e foi a partir daí que ficamos mais próximos.

– É totalmente a minha cara me perder e ir parar no lugar onde há mais riscos de qualquer tipo de problema. Ainda bem que você apareceu como meu herói. – falei fazendo graça.

– Depois disso passamos a nos falar mais, te levei para clareira onde tivemos o nosso primeiro beijo e começamos a namorar. Você e Alice se tornaram melhores amigas, Emmett te adotou como nova mascote, meus pais caíram de amores por você, Jasper ficou feliz por Alice ter alguém em quem despejar seus assuntos femininos e eu encontrei minha vida em você. – ele falou com um sorriso incrivelmente lindo e apaixonante. Eu provavelmente estaria caindo derretida no chão se não estivesse deitada.

– E nós continuamos namorando até nos casarmos? – perguntei imaginando como teria sido passar minha adolescência inteira namorando alguém como Edward. Eu seria digna de tanta sorte?

– Não, nós terminamos algum tempo depois. Na verdade, eu terminei. – ele falou com a voz cheia de dor e mágoa.

– Por quê? – perguntei sem entender o término e muito menos a reação de Edward.

– Carlisle aceitou um emprego fora de Forks. Não achei justo com você te prender a um namoro recente e à distância, então eu fingi que não me importava e terminei. – ele olhou para mim de forma profunda e demorada – Foi uma das coisas mais difíceis que já fiz na minha vida, Bella.

– Tudo bem. – falei acariciando seu cabelo, tentando confortá-lo – O que aconteceu depois?

– Alguns meses se passaram. Nós não nos falávamos, achei que seria melhor assim, mas não foi. Eu tentava fingir para minha família que eu estava bem, mas era óbvio que eu não estava. Carlisle decidiu voltar para o emprego em Forks. Alice foi antes da data que programamos. Ela planejava surpreender Jasper. Eles já namoravam antes e continuaram mesmo com a nossa mudança, mas Jasper tinha um estilo bad boy que a deixava constantemente preocupada com ele. – rimos por um instante. Realmente, Jasper poderia se encaixar no estilo – Ela me ligou um dia, disse que estava com um mau pressentimento sobre você e você não atendia o celular. Ela sempre tivera esses pensamentos de que pressentia o que aconteceria. Não acreditei muito, mas acabei ligando para sua casa. Seu amigo Jacob, de La Push, atendeu e disse que seu pai estava em um funeral.

– Como assim? – perguntei estranhando. – E o que Jacob estava fazendo lá?

– Vocês se tornaram próximos no tempo em que estive fora. – era inacreditável, mas resolvi deixar ele continuar – Foi a pior sensação do mundo. Achei que tinha perdido você para sempre. – ele falou me envolvendo com seus braços como se lembrar disso trouxesse a necessidade de checar se eu estava ali – Eu mergulhei em minha própria mente, minha própria dor sem deixar ninguém entrar. Não ouvia ninguém. Saí de casa sem rumo, me sentindo culpado por todo tempo perdido, por ter te deixado, por ter te abandonado... Não voltei para casa. Passei a noite vagando pela rua, fui a alguns bares, conheci pessoas sem ter a mínima noção do que estava fazendo. Quando amanheceu resolvi que não fazia sentido algum viver sem você e, agora que não teria mais a chance de te ter de volta, não faria sentido viver.

– O que quer dizer? – perguntei amedrontada, agora também sentindo necessidade de segurá-lo para garantir que ele continuava ali comigo.

– Pensei em fazer alguma loucura. Alguma coisa para acabar com a minha dor. Estava pensando em pular de um prédio, quando de repente eu te vi. Imaginei que talvez, em algum momento da noite, eu teria morrido. Eu não estava atento, de qualquer maneira, mas não me importei. Você correu para mim, me abraçou e era tão real... – ele sorriu me apertando e sendo automaticamente correspondido.

– Eu fui até você? – perguntei tentando juntar as informações, percebendo que minha voz ia ficando embargada.

– Sim, Alice te encontrou e te levou. Você me salvou de mim mesmo. Quando eu entendi que você estava bem, ou melhor, que nós estávamos bem, tudo ficou perfeito. Você ainda me amava, ainda me queria e eu não poderia estar mais feliz.

– Depois disso, então, nós tivemos o nosso “felizes para sempre”? – perguntei aliviada por ter dado tudo certo, mas um tanto triste que nossa conversa chegava ao fim.

A gargalhada de Edward preencheu o ambiente e ele me puxou para deitar por cima dele, mantendo seus braços bem presos em volta da minha cintura.

– Bella, Bella... – falou ele com voz de quem tinha muita experiência e ensinava algo a um leigo – nada é tão simples. Seu amigo Jacob levou um tempo para aceitar que eu sou o cara certo para você e não ele. Depois disso, ainda, nós nos afastamos na faculdade, apesar de continuarmos o namoro. Eu fui estudar direito em Yale e você foi cursar jornalismo em Columbia, então não conseguíamos nos ver com tanta frequência.

– Eu fiz faculdade? – perguntei quando a ficha caiu.

– Claro que sim, amor. Você sempre foi extremamente inteligente. – ele respondeu passando os dedos pelos meus fios de cabelo.

– Eu sou formada? Por que eu não trabalho? – perguntei e senti Edward se enrijecer embaixo de mim.

– Na verdade você trabalha, mas está de licença até lembrar de tudo. – ele falou pausadamente.

– Onde eu trabalho? – perguntei erguendo meu tronco e olhando para ele animadamente.

– Você é redatora do The New York Times. – ele respondeu pausadamente.

– Oh meu Deus! Como eu consegui isso? – perguntei deslumbrada.

– Com muito estudo e muita, muita dedicação. – ele respondeu com um pequeno sorriso. Naquele momento eu estava tão animada que não percebi que ele parecia um tanto receoso.

– Isso é incrível! Sobre o que eu escrevo? – perguntei.

– Você cuida de uma parte sobre cultura. Livros, teatro, cinema... Você faz resenhas, críticas, análises... – ele explicou.

– Isso é totalmente a minha cara! – me joguei na cama vibrando de felicidade. – Não acha que eu deveria ir lá? Ver como são as coisas? Talvez me ajude a lembrar.

– Claro. – ele respondeu sem muito a acrescentar – Podemos ver isso.

Ainda pensando sobre isso voltei a me deitar na cama e o cansaço acabou vencendo meus pensamentos sobre meu trabalho que fluíam na velocidade da luz. Ainda pude sentir um delicado beijo na testa e a mão de Edward apertando a minha por um instante, como se quisesse confirmar que eu estava ali.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então... É isso.
Daqui a umas duas semanas devo postar o próximo.
Por favor, comentem. Mesmo que seja para reclamar. Me dediquei de corpo, alma e coração no último capítulo e confesso que esperava mais comentários. Não é uma cobrança, ok? É um pedido.
Beijinhos!