Nossos Momentos escrita por b-beatrice


Capítulo 13
Ganhar ou Ganhar


Notas iniciais do capítulo

Olá queridas!
No dia em que contei os votos nos comentários, entendi que estavam empatados. Assim sendo, estou tentando ser justa com ambos os lados, postando o capítulo inteiro em duas semanas. Espero que todas fiquem felizes!
Alguém mais reparou que quase chegamos aos 90 comentários?? Espero que esse capítulo renda muito, porque trabalhei com muito afinco nele!
Boa leitura!



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Eu e Edward fomos para o carro de mãos dadas, porém não voltamos a nos falar.

Foi só quando já estávamos em movimento pelas ruas de Nova York que ele verbalizou o que, provavelmente, estivera pensando durante a última hora.

– Como foi a consulta? – perguntou virando-se para mim por um segundo, mas logo voltou a prestar atenção no trânsito.

– Intrigante. – respondi. Não sabia como dizer a ele que, se a Doutora Donavan estivesse certa, minha perda de memória era proposital.

Por mais que a intenção não fosse minha, era meu próprio cérebro, minha própria mente me privando das nossas lembranças.

– Certo. Se quiser falar sobre isso, estarei aqui, ok? – ele perguntou tirando sua mão do volante e apertando delicadamente a minha.

– Edward? – chamei – E se eu nunca lembrar? – olhei para ele com desespero.

– Bella... – ele riu um riso cansado estacionando o carro – Olha, eu estava segurando isso porque não queria te assustar, mas... Não posso mais evitar. – desligou o carro, virou-se completamente para mim e continuou – Eu te amo, Bella. Te amei no ensino médio, te amei na faculdade, te amo formada. Te amei em Forks, te amei em cada lugar que fomos juntos e te amo em Nova York. Te amei como amiga, te amei como namorada, te amei como noiva e te amo como esposa. Te amei quando estava certa, te amei quando estava errada... Bella, eu percebo que te amo até mesmo quando você está irritada. Quando brigávamos e você gritava comigo e algumas vezes era desesperador... Deus, aí sim eu via como eu te amava porque, não importa o que você fazia e como você reagia, só o que eu pensava era em nunca mais brigar assim e nunca te perder. Eu te amo, Bella. Não importa onde, quando ou como. Eu te amo. Essa é a constante. – quando terminou de falar ele estava sem fôlego e eu estava chocada.

Edward quebrou nossa troca de olhares e passou a mão pelo cabelo em um gesto claro de nervosismo.

– Desculpe. Sabia que não deveria ser tão intenso, mas eu precisava te mostrar que, não importa como esteja a situação, se há uma coisa que você não precisa ter dúvidas, é de que eu vou estar sempre com você. Pelo menos enquanto você me quiser. – ele falou virando-se para mim.

– Eu quero. – respondi – Sempre.

Seu rosto se aproximou do meu. Deixei minha cabeça tombar um pouco para frente, indo em direção a sua. Com isso ele se aproximou mais. Estávamos próximos, muito próximos. Eu podia sentir sua respiração em mim, o que me causava mil arrepios.

Uma de suas mãos foi para a minha cintura e outra foi para meu pescoço. Movi meu corpo para ficar mais próxima dele.

A mão que estava no meu pescoço o moveu um pouco, fazendo com que eu virasse um pouco minha cabeça para o lado, dando a ele livre acesso.

Seus lábios foram para o lóbulo da minha orelha e lentamente, tortuosamente, foram se arrastando pelo meu maxilar.

Eu sabia o que Edward estava tentando fazer. Ele tentava me dar a opção de me virar e parar com aquilo tudo, mas o resultado era me deixar cada vez mais desesperada por um beijo de verdade.

Virei meu rosto em sua direção e senti seus lábios por um instante no cantinho da minha boca. Estávamos quase alcançando o que queríamos quando seu celular emitiu um som extremamente alto me assustando e fazendo com que eu desse um pulo para trás.

Edward voltou a sentar corretamente em seu banco e puxou o celular de dentro do bolso da calça.

– Oi, Alice. – ele disse nem um pouco animado, apoiando sua cabeça no encosto do banco – Hoje? – perguntou alarmado – Não sei, vejo com ela e depois te respondo. – pausa – Certo, tchau – nova pausa e ele estava com cara de impaciente – tchau, Alice! – reclamou desligando o telefone.

– Problemas? – perguntei timidamente.

– Não. É só Alice sendo Alice. – ele respondeu desanimado.

– O que ela queria? – perguntei curiosa.

– Te chamar para fazer compras. Pediu para eu me certificar de que você saberia a importância do chamado, mas na verdade, prefiro me certificar de que você não deve se sentir obrigada a nada. – ele falou virando-se para mim novamente, mas não voltou a se aproximar.

– Ah... Até que horas posso responder? – perguntei em dúvida.

Se a doutora Donavan estivesse correta, passar um tempo com Alice seria ótimo, já que eu deveria saber que somos amigas, mas eu ainda não me sentia segura para enfrentar um passeio com ela.

– Você pode dizer não agora mesmo se quiser. – ele respondeu sorrindo – Não precisa agradá-la.

– Eu sei. É que... Eu até gostaria, mas... – Edward me olhou com um levantar de sobrancelhas, me encorajando a continuar – Sem querer ser muito grudenta e chata, não sei se estou pronta para passar uma tarde com outra pessoa e ainda por cima sem você. – confessei e acabei mordendo meu lábio ao final da frase.

– Bella bobinha, acha mesmo que eu cogitaria permitir que Alice passasse uma tarde sozinha com você? – ele perguntou dando um sorriso torto.

– Vai comigo? – perguntei sentando com postura, sem conseguir conter minha animação.

– Quem mais carregaria as sacolas? – ele perguntou apertando de leve meu nariz entre o polegar e o indicador.

– Ligue para ela, então! – falei já mal conseguindo me conter.

– Tudo bem, mandona! – ele brincou pegando o celular.

Depois que Edward deu a notícia a Alice pude ouvir um gritinho extremamente agudo e um “eu sabia!” antes dele desligar o telefone.

– Então, que tal um almoço? Não pode ir mal alimentada para praticar o esporte favorito de Alice. – ele perguntou ligando o carro.

– Claro, onde? – perguntei sem realmente me importar.

– Quer escolher? – ele perguntou enquanto colocava o carro de volta para a pista.

– Comida italiana! – gritei como uma criança jogando os braços para cima.

Edward apenas riu.

Fomos ao restaurando do qual pedimos comida no meu primeiro dia em casa. Dessa vez ambos pedimos ravióli de cogumelos e bebemos Coca-Cola. Edward chegou a perguntar se eu queria sobremesa, mas, estranhamente, eu estava me sentindo muito bem só com aquilo.

Depois do almoço fomos direto para o shopping, onde Alice nos encontraria. Antes dela chegar, no entanto, ficamos passeando de mãos dadas, assim como fizemos no Central Park. Notei que, assim como no dia anterior, de alguma forma, eu sabia onde ir, apesar de não lembrar de ter estado naquele shopping.

– Bella! – ouvi o grito de Alice segundos antes de sentir seu repentino abraço. – Você está linda!

– Obrigada – respondi virando-me para ela. Alice vestia uma saia preta com uma blusa vermelha e um cinto realçando sua cinturinha. Em seus pés scarpins pretos que lhe deixavam uns 15 centímetros mais alta e em suas mãos uma bolsa que combinava perfeitamente.  – Você, então, está maravilhosa!

– Faz parte de mim! – rimos.

– Oi Bella. – disse um Jasper um tanto tímido que se aproximava cautelosamente vestindo calça e camisa sociais enquanto Alice falava com Edward.

– Olá Jasper! – respondi tentando aliviar sua postura rígida.

– Vem, Bella, vamos trazer alguma utilidade para nossos maridos. – brincou Alice me puxando pelo shopping.

Passamos por diversas lojas nas quais Alice fazia questão de avaliar diversas peças até escolher algumas para experimentar e selecionava as que levaria. Não comprei nada com a desculpa de que eu não fazia ideia do que já tinha, o que era apenas meia verdade, já que meu humor é que não estava para experimentar roupas hoje.

Edward se solidarizou com Jasper e dividiu com ele as sacolas de Alice. Estávamos entrando no que ela dizia ser a última loja para compras enquanto nossos respectivos maridos nos esperavam do lado de fora quando o celular dela tocou.

– Rose! Você não sabe onde estou, fazendo o que, muito menos com quem! – disse ela animada assim que atendeu, não deixando Rosalie cumprimentá-la antes. – Não é nada disso, maldosa! – ela riu – Estou no shopping fazendo compras com a Bella! Vem para cá! Já estamos acabando, mas ainda podemos lanchar juntas! – chamou batendo seus pezinhos em sinal de ansiedade – Ah! Mande Emmett deixar de ser um chato e traga ele junto! – ordenou pondo as mãos na cintura, fazendo uma pose que era simplesmente a cara dela – Tudo bem! Te esperamos na praça de alimentação! Beijos!

Desligou o telefone e guardou em sua bolsa.

– Oh, Bella, você não se importa de eu ter chamado Rose para vir também, não é? – ela perguntou hesitante.

– Não, é claro que não. – respondi colocando um cabide com uma blusa que estava olhando de volta na arara. – Acho que vai ser bom.

– Vai, sim. Nós costumávamos nos dar muito bem. – ela respondeu chegando mais perto de mim com um olhar um tanto suplicante.

– Alice, preciso te contar uma coisa. Ou perguntar, não sei bem. – falei tomando uma decisão súbita.

– Você pode confiar em mim, Bella. Para tudo. – ela respondeu me olhando com toda atenção.

– Eu estava lá em casa, mexendo nas minhas coisas, me descobrindo, não sei bem... – comecei virando-me para ela – Encontrei um lembrete meu falando de uma caixa para você. Sabe o que significa?

– Uma caixa para mim? – ela estranhou – Pode ser qualquer coisa.

– Eu escrevi caixa-Cullen. – um lampejo de compreensão passou por seus olhos – Fui atrás dela e estava cheia de fotos.

– Sei do que se trata! Espera! Só fotos? – havia uma pontada de decepção em sua vós.

– Não sei bem, não olhei tudo. – respondi torcendo para que ela voltasse a falar sobre o que era.

– Posso ver com você? Era algo em que estávamos trabalhando juntas. – respondeu sorrindo.

– O que era? – perguntei ansiosa.

– Era para as bodas dos meus pais. Pensamos em fazer uma festa surpresa, na qual a própria decoração seria sobre eles e sobre a família que fundaram, além dos feitos deles. Nós estávamos procurando por fotos e notícias há tanto tempo... Você ia pedir as fotos à Esme dizendo que era para fazer alguma publicação homenageando eles e ver se conseguia mais alguma coisa, eu pegaria algumas notícias que meus pais guardam, Rosalie ia atrás dos objetos marcantes...  Enfim, é uma pena que não faremos mais, mas é bom você ter achado. – ela disse com um sorriso não muito feliz.

– Por que não faremos? – perguntei. De alguma forma seria bom sentir aquela cumplicidade.

– Faltam menos de duas semanas. Quando você sofreu o acidente paramos com tudo, não acho que daria tempo. – ela disse cabisbaixa voltando sua atenção para uma jaqueta que ela tinha nas mãos.

– Vamos tentar! – pedi puxando a jaqueta de suas mãos para ter de volta sua atenção.

– Não sei, Bella... Não acho que eu, você e Rosalie seremos capazes de fazer isso tudo sozinhas. – a tristeza dela era perceptível em seu olhar.

– E se falássemos com eles? – perguntei apontando para o lado de fora da loja.

Antes que ela me respondesse Edward entrou na loja e veio em nossa direção atraindo olhares gulosos e uma das atendentes.

– Rosalie acabou de ligar perguntando por que não estamos na praça de alimentação e por que você não atende seu celular. – disse ele a Alice enquanto passava um braço em volta da minha cintura, sinalizando para a atendente que ele estava comigo. Muito bem, Edward!

– Ah, me distraí. – Alice respondeu cortando nosso assunto – Vamos encontrá-la! – ordenou em sua pose de mini general.

Largamos as peças que olhávamos e saímos da loja. Na praça de alimentação encontramos Rosalie vestida em um tailleur cor de vinho e os cabelos presos em um coque baixo. Emmett estava logo atrás dela, vestindo roupas extremamente casuais.

Depois de todos os cumprimentarem, fomos procurar por mesas vagas onde pudéssemos nos sentar todos juntos. Enquanto isso uma conversa fácil fluía entre nós e, algumas vezes, a risada escandalosa de Emmett chamava a atenção das pessoas que estavam a nossa volta.

Quando finalmente encontramos um lugar para sentar, nos decidimos por pizza. Por insistência de Emmett, três pizzas grandes foram pedida e, por insistência de Jasper, cada mulher escolheu um sabor.

Rosalie pedira o sabor mais light possível enquanto Alce escolheu o que vinha os mais variados ingredientes. Eu, como não poderia ser diferente, pedi uma pizza de brigadeiro com morangos.

No meio da conversa entre nós seis me foi explicado que Alice era uma estilista em ascensão, Jasper era administrador e trabalhava resgatando empresas que estavam falindo, Rosalie (indo contra todos os pressupostos de quem a julgava pela aparência de modelo) trabalhava como engenheira mecânica na parte de construção e aprimoramento de carros e que Emmett (após passar por diversos cursos na faculdade) decidira fazer Publicidade e Propaganda e trabalhava produzindo comerciais voltados para o público infantil.

Foi durante essa mesma conversa que descobri que Edward era um advogado e trabalhava em um grupo de advocacia famoso por suas vitórias honradas, mas que estava em processo de venda para o Grupo Volturi, um grupo não tão honrado assim. Lembrei que no dia anterior havia ouvido Edward falar algo sobre os Volturi no telefone, mas minha atenção logo foi tomada.

– Reunião no banheiro! Agora! – mandou uma Alice repentinamente voltando à pose de mini general.

Eu e Rosalie nos levantamos e pude ouvir Emmett comentando algo sobre aproveitar o que deixamos das pizzas. Como se nós fôssemos conseguir comer mais...

Segui as duas para o banheiro e assim que entramos Alice se pôs a falar.

– Rose, Bella achou a caixa-Cullen! – ela exclamou.

– E...? – Rosalie respondeu claramente não percebendo onde ela queria chegar.

– Contei a ela sobre a festa que planejávamos e ela gostaria de voltar ao planejamento. E eu também! – disse Alice em uma falha tentativa de conter sua animação, já que seu copo não parava de se mover.

– Vocês sabem que dia é hoje? Não vamos conseguir aprontar tudo! Buffet, local, lista de convidados, convites, música, decoração, a homenagem em si... Faltam menos de duas semanas! Falamos sobre isso! É melhor não fazer a fazer algo mal feito! – Rosalie respondeu cruzando os braços em clara posição defensiva.

– Falei isso com ela – Alice continuou como se eu não estivesse ali – e Bella teve uma ideia, mas precisamos da sua aprovação.

– Que ideia? – perguntou Rosalie olhando de Alice para mim e de mim para Alice algumas vezes.

– Poderíamos falar com Edward, Emmett e Jasper. Poderia dar certo. Talvez algum deles tenha contatos com relação à festas. E eles poderiam nos ajudar a organizar. – opinei tentando me estabelecer melhor na rodinha.

– Bella, isso deveria ser uma surpresa para os Cullens. Não faz sentido falar com Edward e Emmett. Até porque, Emmett jamais saberia guardar esse segredo. – Rosalie falou, pela primeira vez ali dentro, dirigindo-se diretamente a mim.

– Eu sou uma Cullen e estou participando da organização! – Alice exclamou teimosamente e já esperava pelo momento em que ela bateria com seu pezinho no chão.

– Porque a ideia foi sua! E se me lembro bem, você é uma Whitlock! – rebateu Rosalie arrancando um pequeno rugido de Alice que percebia estar perdendo a discussão.

– Pense nisso Rose. Nós não vamos fazer nada de qualquer jeito. Nós não deixaríamos a data passar em branco e Esme e Carlisle teriam o orgulho de ter tido todos os seus filhos participando disso desde o planejamento. E tenho certeza de que você encontraria algum jeito de Emmett manter a boca fechada. – falei tirando a atenção das duas para mim.

– Tudo bem, mas vamos levar isso muito a sério! – entregou-se Rose.

– Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaah! – o grito de Alice provavelmente nos deixaria com problemas auditivos irremediáveis, mas foi bom ouvi-lo enquanto ela abraçava nós duas de uma só vez – Vou falar com eles!

– Preciso usar o banheiro! – avisei, mas ela já estava abrindo a porta para sair.

– Não demore então! – e lá se foi ela, saltitantemente nos deixando no banheiro.

Olhei para Rosalie, que neste momento dirigia seu olhar para mim.

– Eu te espero. – ela disse sem se mover.

– Certo. – respondi me dirigindo às cabines pensando novamente na mania de Edward de usar esta palavra quando estava nervoso e me perguntando se podia ser contagioso.

Quando saí Rosalie se admirava no espelho, ainda me esperando, como ela dissera.

– Bella, você sei que não venho demonstrando isso, mas você pode confiar em mim. – ela disse me olhando enquanto eu lavava as mãos.

– Oh... – não soube o que responder – Certo, então. – já começava a amaldiçoar tal palavra.

– Você não se lembra mesmo? De nada? – ela perguntou dando um pequeno passo para perto de mim, com os olhos suplicantes.

– Não. – respondi com aquela conhecida pontada de tristeza.

– Bella! – ela me abraçou de repente e me assustei ao perceber que ela estava chorando – eu sinto tanto a sua falta! Nós compartilhamos tantas coisas e agora... – sua frase foi interrompida por um soluço e envolvi suas costas com meus braços – Eu estava tão feliz naquele dia! Nunca pensei que pudesse ficar tão feliz! Queria te encontrar, te contar. Tinha te prometido que você seria a primeira a saber, mas então...

– Calma, Rose. – falei tentando acalmá-la, agora que ela se debulhava em lágrimas.

– Você não entende! Eu estava realizada! Então, o telefone tocou e eu soube do acidente. Foi tão difícil construirmos nossa amizade, foi tão difícil eu realizar o meu sonho e, agora que eu tinha conseguido, você estava internada e não acordava... Eu tive tanto medo de que você nunca acordasse... – suas lágrimas molhavam meu pescoço e seu corpo todo vibrava com os soluços.

– Eu acordei, Rose. Agora falta só... Todo o resto. – rimos juntas quando nos demos conta do absurdo que era aquela frase. Eu estava acordada, é claro, faltava apenas acordar todas as minhas memórias.

– Bella, – ela começou afastando-se de mim – quando nos conhecemos, a princípio, nós não nos dávamos muito bem. Meus pais me mandaram para Forks para que eu fugisse das lembranças de Rochester, que foi onde nasci. Eu havia sido violentada lá. Pelo meu namorado e amigos dele. Eu era modelo desde muito nova e todos ficaram sabendo – ela falou com dificuldade.

– Rose, você não precisa falar sobre isso. – tentei evitar fazê-la sofrer narrando seus sofrimentos.

– Eu tenho que fazer isso, Bella. – ela respirou fundo – Fui morar em Forks e tentar tirar aquela imagem de mim e superar. Comecei a andar com os Cullens que eram bons em ser discretos e respeitar limites. No início eu achava que eu e Edward tínhamos tudo a ver um com o outro. Nós nos sentíamos superiores aos acontecimentos escolares e éramos os mais lindos, então...

– Você e Edward... – deixei a frase no ar.

– Não! – ela respondeu apressada – Ele sempre deixou claro que não me via assim. Então um dia, eu estava saindo da escola para ir para casa. Vi Emmett correndo, ele corria todos os dias, mas nesse dia ele estava estranho. Ele passou mal, vi ele caindo como se fosse em câmera lenta. No início achei que ele estava brincando, mas depois vi que era sério. Ele não conseguia respirar direito. De alguma forma consegui colocá-lo no meu carro e levei ele para o hospital. Depois desse dia comecei a ver a forma como ele me tratava, sempre me colocando em um pedestal, comecei a admirá-lo, enxergá-lo de verdade e, quando eu vi, estava apaixonada por ele.

– Que lindo Rose. – é claro que a história dela com Emmett era linda, mas estaria mentindo se não dissesse que estava aliviada ao saber que Edward nunca tivera nada com Rosalie.

– Ele era sempre muito paciente, sempre com esse jeito bobão... – ela disse com um sorriso involuntário – Então, você chegou. E, de alguma forma, quebrou a barreira dos Cullens, principalmente de Edward, que eu mesma não havia conseguido. Ele ficou caidinho por você, Alice já te considerava amiga na primeira semana, Emmett adorava te deixar sem graça para te ver corada e eu ia ficando de fora... Levou tempo para eu te ver como amiga.

– Está tudo bem, Rose. – falei segurando em suas mãos, tentando passar algum conforto.

– Eu tinha um problema, Bella. Eu nunca poderia ter filhos. Nunca escondi isso de Emmett e ele aceitou, mas era como viver em pecado estar privando-o da chance de ter uma criança dele. Ele adora crianças! Então, você me apoio. Você correu junto comigo atrás dos mais variados tratamentos e guardava isso em segredo o tempo inteiro. Algo nosso. Você esteve comigo em cada momento de esperança, de decepção... – seus olhos vagaram por um momento – Menos no melhor deles. O dia do seu acidente.

– Eu sinto muito pelo seu problema, Rose. – falei entendendo a falta que eu provavelmente fazia a ela. Era mais que uma amizade, era um ponto de apoio – Prometo que vou fazer o possível para continuar de onde parei.

– Não vai ser preciso, Bella. – ela disse com um sorriso confidente.

– O que quer dizer? – perguntei sem entender.

– Eu estou grávida! – ela respondeu com um sorriso enorme voltando a me abraçar – Descobri no dia do seu acidente, nem tive a chance de te contar. Quando você começou a me ajudar prometi que quando desse certo você seria a primeira a saber, então, não conte a ninguém, preciso contar a Emmett antes de falar com todos.

– Rose, isso é fantástico! – eu estava realmente feliz por ela.

– Obrigada por tudo Bella. – ela falou ainda sorrindo e enxugando as lágrimas – Agora vamos antes que Edward resolva invadir o banheiro feminino procurando por você.

Rimos juntas e saímos do banheiro.

Quando voltamos à mesa eu estava em certo tipo de torpor. Assisti todos discutindo os preparativos para o evento. Surpreendentemente ou não, Jasper era o que mais apresentava ideias boas para que tudo fosse feito da melhor maneira no menor tempo.

Assisti Emmett oferecer os serviços dele para confecção dos convites. Assisti Alice exigindo ser a responsável pela aprovação ou reprovação dos modelos que ele faria. Assisti Jasper fazendo uma lista das empresas que seriam capazes de entregar todos em um único dia e a ideia de fazer um convite virtual para os que moravam longe. Assisti Edward listar os melhores lugares para fazer o evento e sugerir utilizar o salão que a empresa dele costumava alugar para as festas. Assisti o debate de todos entre quem deveria estar no que eles chamaram de lista de honra e os que deveriam ser deixados de fora.

Mesmo com tudo isso acontecendo, eu não estava mais ali com eles. Eu pensava no bebê de Rosalie. Um bebê para a família Cullen. Seria com certeza amado e mimado por todos nós.

Pude imaginar um pequeno Emmett, como aquela criança gorduchinha das fotos que eu vira na caixa, sendo disputado por todos nós nos eventos de família como o que agora era planejado.

Imaginei também uma mini Rosalie, com aqueles olhos profundos e aquele cabelo de anjo. Um pequeno anjinho para iluminar a família.

Era simplesmente fantástico.

– Tudo bem? – ouvi a voz de Edward bem próxima de mim. Percebi que todos estavam se levantando.

 – Sim, claro. – respondi vagamente levantando também.

– Tem certeza? Está sentindo alguma coisa? – perguntou ele colocando um braço em volta de mim como se eu fosse cair a qualquer momento.

– Tenho, só fiquei um pouco distraída. – respondi tentando aliviar sua preocupação.

– Tudo bem, então, mas se sentir alguma coisa, não hesite em falar. – falou ele tirando seu braço da minha cintura e voltando a segurar apenas em minha mão. De repente senti falta de ser acolhida contra ele.

– Edward? – chamei segurando sua mão com um pouco mais de força e puxando-o para perto de mim.

– Sim? – falou ele me olhando com toda atenção do mundo em seus olhos. Provavelmente ele achava que eu diria que estava me sentindo mal ou algo assim.

– Está tudo bem, eu só... – pude sentir meu rosto esquentando enquanto ele aguardava, ainda com toda concentração, minha resposta sobre o que eu estava sentindo – Eu não me importo de você ficar próximo de mim. – falei antes de ter a chance de pensar em uma forma melhor para dizer que gostava de ser abraçada por ele.

Um sorriso maravilhoso tomou conta do seu rosto.

– É bom saber disso, amor, porque eu adoro ficar grudado em você e, já que você não se importa... – falou ele com aquela voz de flerte e passando seu braço em volta de mim e me deixando o mais grudada nele possível.

Fomos em casais até a garagem do shopping e pude observar que éramos casais bem diferentes. Enquanto eu era abraçada de forma natural e amável por Edward, Emmett abraçava Rose de forma um tanto possessiva e cheia de intenções, deixando sua mão escorregar mais para baixo algumas vezes. Quando isso acontecia ela olhava-o com um olhar inicialmente de repreensão, mas que logo era transformado em um olhar provocante e cheio de promessas.

Já Alice e Jasper andavam apenas de mãos dadas, mas não com os dedos entrelaçados. Era como se fossem namoradinhos no jardim de infância. Vez ou outra ele levava a mão dela até seus lábios e deixava um beijinho delicado ali. Ela então o olhava com um pequeno sorriso e os dois entravam em uma bolha particular.

Despedimo-nos todos e cada casal foi para seu carro. Observei que cada um dos homens abriu a porta para sua mulher e me perguntei como eu pudera ter tamanha sorte. Dentro do carro Edward voltou a segurar em minha mão e observei que eu não estava com a aliança. Olhei para sua mão no volante e pude ver o elo dourado ali. Voltei a me concentrar em nossas mãos unidas e, de alguma forma, aquilo parecia certo.

O carro parou e pude senti-lo sendo desligado. Quando dei por mim já estávamos na garagem do nosso prédio.

– Podemos subir? – Edward perguntou com certa dúvida, provavelmente não entendendo meu comportamento estranho e minha súbita concentração em nossas mãos.

– Sim. – respondi sorrindo para ele.

Edward saiu e dessa vez eu já esperava que ele abrisse a porta para mim. O mesmo gesto se repetiu antes de entrarmos no elevador e antes de entrarmos no apartamento. Uma vez lá dentro, fui direto me enfiar em um pijama fofo e calçar um par de meias cheio de estrelinhas.

Quando voltei para sala Edward estava tirando suas chaves, carteira e celular do bolso e largando-as na mesinha no centro da sala. Sem perder tempo me joguei no sofá, cansada pelo dia de hoje.

– O que achou da tarde de hoje? – Edward perguntou sentando-se ao meu lado.

– Ótima! E você? – perguntei apoiando minha cabeça no encosto e fechando os olhos por um momento.

– Maravilhosa. – ele respondeu e caímos em um silêncio por alguns instantes – Cansada?

– Bastante. Nunca pensei que fazer compras com Alice consumisse tantas energias. – rimos da minha piadinha.

Senti suas mãos puxando meus pés para seu colo, me deixando de lado no sofá. Abri os olhos e pude assistir e sentir ele tirar minhas meias e iniciar uma massagem deliciosa em meus pés.

– Deus, Edward! Isso é fantástico! – soltei enquanto me deliciava com as sensações relaxantes que suas mãos me proporcionavam naquele instante.

O celular de Edward escolhera exatamente aquele momento para tocar aquele conhecido som estridente me dando um susto. Edward riu, mas não fez menção de pegar o aparelho.

– Não vai atender? – perguntei agora de olhos abertos, ainda com os pés no colo dele.

– Não, vai ser apenas Alice combinando de nos encontrarmos para voltar a focar nos preparativos da festa. – ele respondeu ainda com as mãos se movendo em meus pés.

– Talvez não. Pode ser Rosalie com uma notícia importante. – imaginei que ela já tivesse contado a Emmett sobre a gravidez e agora estava ligando para dar a notícia a todos.

– Não, com certeza é Alice. – Edward teimou continuando da maneira que estava.

Puxei meus pés dele e sentei com as pernas cruzadas em baixo de mim e me aproximando dele.

– Vamos fazer uma aposta. – sugeri – Se for Alice, você tem o direito de me pedir alguma coisa, mas se for Rosalie, eu tenho o direito de te pedir alguma coisa.

– Depende. – ele disse pensativo enquanto o aparelho continuava berrando – O que você pediria?

– Mais dessa massagem e que você me leve no colo para deitar. – falei ansiosa e desafiando-o.

– Certo, mas se eu ganhar, eu quero um beijo. – ele falou vacilante, provavelmente com medo de ter atravessado algum limite que a minha perda de memória colocara entre nós.

Avaliei a situação por um instante. Era ganhar ou ganhar.

– Apostado! – levantei correndo e peguei o celular, trazendo para ele.

Edward atendeu a ligação colocando logo em seguida no viva-voz.

– Edward! Você é lesado até para atender o telefone! – a voz de Alice preencheu o ambiente – Nós vamos para sua casa amanhã depois do trabalho! Precisamos de agilidade! Mande um beijo para Bella e diga que precisamos combinar de fazer compras para ela também! – um clique foi ouvido e percebi que Alice era tão Alice que não foi capaz de esperar nem a saudação nem a despedida do irmão.

Edward ficou de pé e estendeu a mão para que eu me levantasse também.

– Acho que tenho um prêmio para tomar. – ele disse em tom de flerte quando fiquei de frente para ele.

Após observar que não haveria resistência de minha parte ele se aproximou mais e pela segunda vez naquele dia pude sentir sua respiração extremamente perto do meu rosto.

Também pela segunda vez naquele dia uma de suas mãos foi para minha cintura e a outra para meu pescoço. Não sabia o que fazer com as minhas, então deixei-as caídas nas laterais do meu corpo.

Ele foi se aproximando mais e mais. Fechei os olhos. Pude primeiro sentir seus lábios em meu pescoço. O ar que saia pelo seu nariz me causando arrepios. Seus beijos iam subindo, fazendo um caminho que ia me torturando e levando minha sanidade para longe. Me descobri desejando profundamente aquele beijo que estava prestes a acontecer.

Enquanto seus lábios iam trilhando meu pescoço, sua mão que estava em minha cintura começava a subir e descer, enquanto o polegar de sua outra mão fazia círculos que estavam me consumindo.

Edward chegou até minha orelha e sussurrou uma frase que me deixou completamente arrepiada, sem dar atenção ao real significado.

– Eu tenho um toque diferente para cada um de nós. – caiu a ficha. Ele trapaceara. E daí? Isso não me impedia de querer aquele beijo mais que tudo.

Movi minhas mãos para seu pescoço, tentando demonstrar que eu não me importava em ter sido passada para trás e também porque meu corpo pediu por isso e não pude evitar.

Com isso ele me puxou para ainda mais perto, fazendo nossos corpos se conectarem totalmente, separados apenas por nossas roupas. Seus lábios iam por minha bochecha, agora nossa vontade ia tomando lugar da lentidão.

Provavelmente nenhum de nós dois estava preparado para a reação que tive quando nossos lábios de fato se encontraram. Foi indescritível. Sentir seus lábios nos meus era tão fantástico que só pude querer mais e desejar que aquilo nunca acabasse.

Agarrei seu pescoço com mais força e ele me puxou ainda mais contra ele.

Edward pediu passagem com sua língua e não pude evitar um gemido quando separei meus lábios e senti nossa conexão.

Agora a mão que estava em minha cintura ia ganhando caminho pelas minhas costas e não parava de se movimentar para cima e para baixo, de um lado para o outro. A mão que estava em meu pescoço já estava perdida nos cabelos da minha nuca. Minhas mãos já não me obedeciam mais, puxando fortemente os cabelos dele, sem pensar na possibilidade de o estar machucando. Em algum momento tive a brilhante ideia de sentir aquelas costas que admirei mais cedo e os braços. Foi exatamente o que fiz.

Amaldiçoei meus pulmões por precisarem de ar quando nos separamos ofegantes para respirar.

–Valeu a pena perder a aposta? – Edward foi o primeiro a falar, ainda ofegante, deixando suas mãos de volta a posição original.

– Sim. – respondi não confiando na minha capacidade de dizer algo mais elaborado do que isso.

– Você não parece muito certa disso... – ele disse voltando ao tom de flerte – Acho que podemos encontrar um prêmio de consolação.

Com isso ele me pegou no colo, me levando para a cama, assim como apostei que ele teria que fazer. De alguma forma, ele conseguiu puxar a colcha ainda me segurando.

Rapidamente ele dera a volta na cama e deitara-se ao meu lado ainda vestindo da forma que estava mais cedo. Ajeitou a colcha sobre nós, puxou meu corpo sobre o dele e ficou fazendo carinho em meu cabelo.

Naquele momento estávamos bem. Ambos sabíamos disso e palavras não eram necessárias. Ainda assim, Edward resolveu fazer graça quando eu estava na beira do inconsciente.

– Foi um prazer apostar com você, Bella. – ele disse beijando o topo da minha cabeça.

– Era ganhar ou ganhar, Edward. – respondi bem sonolenta, não sabendo se ele entenderia, mas levando-se em conta o riso satisfeito que ele soltou, dormi com a certeza de que ele entendera perfeitamente meu ponto de vista.


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Notas finais do capítulo

- Previsão para a próxima postagem? Umas duas semanas...
- Por favor, comentem!!!