Capítulo 20 - May Parker (Mayday)

E a demonstração acaba com as últimas palmas vindas de Nick Fury, Maria Hill e os outros quatro diretores da SHIELD cujos nomes eu me esqueci.

– Excelente desempenho. – Hill começa, seus passos são voltados a nós seis, que estamos um ao lado do outro, formando uma linha pronta para ser julgada. Eu estou ao lado de Luke e de uma Erika que morde os lábios inferiores sem parar. – As habilidades de luta e o domínio de armas parecem dominadas. – e observa James, Luke e Thomas. – Devo dizer que, para a quem teve apenas um mês e meio para treiná-los, vocês três estão de parabéns.

Olho de soslaio para os três, ambos estão com um sorriso enorme no rosto e com o peito inchado.

Ai ai... Como são orgulhosos...

– Mas. – Nick Fury logo corta Maria Hill, e se aproxima de nós seis. – Isso não quer dizer que passarão no exame final.

Posso sentir Erika se retrair ao meu lado enquanto eu engulo seco. Tento observar Howard pelo canto do olho, ele é o único de nós três que parece calmo.

– Estão prontos para o desafio final? – Fury pergunta a Erika, Howard e a mim. – Pois saibam que se aceitarem, não há mais volta. Ganhar será uma questão de sobrevivência.

Respiro fundo. Estou pronta para morrer? Estou pronta para pelo menos tentar lutar pela minha vida?

– Eu estou. – Howard é o primeiro a falar.

Demorou cinco minutos antes que alguém se manifestasse.

– Eu também. – Erika diz ainda trêmula.

Todos olham para mim agora, aguardando uma resposta. Olho para Howard e Erika, ambos me encaram com um olhar encorajador, como se tentassem fazer eu me sentir mais forte, mais confiante de minhas habilidades. Já Luke, James e Thomas me olham com dúvida e até mesmo com receio, como se eu estivesse segurando os sonhos deles em uma mão e um martelo em outra.

– Eu... Estou.

– Excelente. – um dos diretores de manifesta (que bom, eles não são mudos). – Então que comece a disputa!

[x]

– Mayday, está na escuta? – Luke me pergunta pelo comunicador.

– Na escuta, sim, respirando, talvez. – respondo entre fortes bufadas de ar. Estou usando um collant que o pessoal de pesquisa prática dos uniformes (que para mim não passam de costureiros) desenvolveu, muito parecido com o traje da mãe de James, a Viúva Negra, por baixo da minha blusa amarela e meu jeans preto. Disseram-me que quando a hora chegasse, eu deveria guardar a minha identidade com uma máscara se eu não quisesse que meus adversários me encontrassem mais tarde.

No começo, eu não havia entendido nada. O que eles queriam dizer com “meus inimigos me encontrarem mais tarde”?

Claro que eu não iria notar antes, afinal, a última tarefa é algo totalmente diferente do que havíamos feito desde então.

A última prova era nada mais nada menos que jogar nós seis no mundo real, onde o perigo está em cada esquina ameaçando cada ser humano fraco e indefeso que necessita da nossa ajuda.

Avante Vingadores!

E nada melhor para termos uma boa experiência do que nos colocar no comando da segurança do Central Bank of New York City.

Que coisa mais clichê...

– Alguma coisa interessante aconteceu? – Luke volta a me perguntar.

– Uma velhinha tentou colocar a torradeira num dos cofres de mais alta segurança. – digo entre risos. – Isso parece ser algo interessante?

Luke demora a voltar a dar algum sinal de vida.

– Talvez... Eles aceitaram o depósito?

– Mas é claro que não.

– Então não foi nada interessante.

Nós dois rimos.

– Quanto tempo mais teremos que esperar, Luke? – indago enquanto solto um longo suspiro. – Estou sentada aqui dentro por pelo menos uma hora e nenhum lunático apareceu para tentar roubar nada.

– Mayday, tenha paciência. – ele me responde. – Você está batendo com o pé no chão desde que chegamos.

– Como sabe disso? – questiono e quase de imediato começo a olhar para os lados, tentando achar a figura alta e esquia de Luke. Mas tudo o que eu encontro são banqueiros gordos e pessoas impacientes esperando por atendimento. Coitadas.

– Ah, ruiva, eu não estou entre vocês...

– O que quer dizer com isso? Onde estão os outros?

Luke bufa.

– Thomas e Howard estão lá fora cuidando da entrada. Já James e Erika estão aqui dentro junto contigo. Tente localizá-los.

Faço o que ele me pede e começo a procurar por James e Erika. Rapidamente eu avisto James, ele está vestindo um terno preto com uma gravata tão azul quanto seus olhos, sua mão esquerda está segurando uma maleta enquanto ele finge aguardar na fila do atendimento ao cliente.

– Achei o James. – digo ao Luke.

– Ele está parecendo um verdadeiro idiota vestido como um executivo, não? Agora tente localizar a Erika.

Meus olhos continuam a percorrer o enorme salão do banco, às vezes, eu acabo me perdendo com a quantidade de gente ou paro para observar pessoas bizarras, como uma mulher que possuí os cabelos brancos e escandalosos ou um careca que parece nunca ter recebido um tratamento bucal.

Até que eu a encontro. Ela está atrás de um balcão, vestida exatamente como uma funcionária do lugar. Erika está fingindo ser uma atendente do banco.

– É ela quem está ajudando aquele careca estranho?

– Ela mesma.

– Ótimo, já localizei os dois. O que eu faço agora?

– Espero o inimigo. – e desliga o comunicador.

Xingo-o por uns três minutos enquanto volto a reencostar meu corpo contra a coluna e esperar pelo nada.

– Desse jeito eu vou acabar dormindo... – resmungo. – Esses vilões do século XXI não passam de amadores e...

Então eu sinto um arrepio na coluna. Meu sentindo aranha começa a apitar dentro de mim sem parar como um pisca alerta.

“Algo está errado, Mayday, algo está errado.”

Algo está errado… Mas o quê?

– Howard? – chamo pelo meu querido amigo no comunicador. – Thomas? Alguém na escuta?

– Eu estou, Mayday. – Howard responde.

– Assim como eu. – Thomas também se manifesta.

– Pessoal, algum de vocês notou algo de estranho aí fora?

Dois minutos depois recebo uma resposta de Howard.

– Não... Nada.

– Por que a pergunta, May? – Thomas questiona.

– E-eu não sei... Mas sinto que algo está errado.

– Bem, certamente não é aqui fora. – Howl me garante.

– Mas vamos continuar de olho. – Thomas assegura.

– Ok. – e eu desligo.

Não posso ficar parada, tenho que ver o que está acontecendo de estranho por aqui.

Levanto-me do banco e começo a andar pelo salão, observando cada pessoa dentro do lugar.

– Ruiva? – Luke volta a me chamar.

– O que é?

– O que você está fazendo?

Eu o ignoro e continuo a andar pelo salão e encarar as pessoas que parecem suspeitas. Começo com uma mulher que parece não saber exatamente como se vestir para ir ao banco, sendo que está usando apenas pijamas.

Nah, nada ameaçador.

– Mayday? – Luke persiste.

– Há algo errado aqui, ok? – eu respondo, um tanto quanto alto já que várias pessoas começam a olhar para mim como se eu fosse louca. – Er... Quero dizer, eu já deveria ter sido atendida há pelo menos uma hora!

– Você não é a única. – um dos integrantes da fila, um jovem alto de cabelos negros e olhos castanhos me responde. – Mas, se estiver interessada em esperar comigo, eu vou adorar. – e me dá uma piscadela.

Engulo seco. Não sei o que responder para a evidente cantada. Olho de soslaio para James, ele parece se divertir com a cena enquanto Erika me olha boquiaberta.

– Amor, enfim te encontrei! – eu me viro para encarar um Luke vestido com uma camisa branca, calça social e sapatos pretos e finos. – Por onde esteve? – e me pega pela cintura, puxando-me para perto de si enquanto olha para o garoto que me cantou, com desdém. - Posso ajudá-lo em alguma coisa?

O moreno nada diz, apenas olha Luke com raiva e desvia sua atenção de volta para a fila.

– Você não sabe mesmo ser sutil, não é mesmo ruiva? – Luke me repreende e me conduz de volta para o banco de onde eu parti. – Por que não simplesmente segue o combinado?

Eu tapo sua boca com a minha mão.

– Me escuta! – peço num tom urgente. – Meu sentido aranha apitou...

– Sentido aranha...?

– Tem alguma coisa errada aqui. – eu termino, ignorando seu comentário.

Luke olha para o lado, seus olhos azuis exibem sua concentração enquanto tenta localizar algum possível inimigo.

– Pra mim tudo parece estar sob controle, ruiva.

– Não...

Eu continuo a olhar para os lados com atenção. Algo está escapando de mim... Mas o quê?

Percebo que James e Erika olham em nossa direção com certa preocupação. Como se eu tivesse perdido a cabeça.

Eu não estou louca.

– Mayday? – escuto Erika me chamar no comunicador.

– Estou ouvindo.

– Olhe para cá.

Obedeço e cautelosamente viro minha cabeça.

Eu sabia!

O homem alto e careca com quem Erika estava conversando está na verdade apontando-lhe uma arma. Ela tenta parecer calma, mas eu também ficaria inquieta vendo que um sujeito está apontando uma arma para mim e mais ninguém parece notar.

Enquanto eu observo a situação, percebo que há pares de olhos sobre mim. Não somente os de Luke, mas os da mulher com a longa cabeleira branca. Volto meu olhar para encarar o dela e quase que imediatamente um pensamento me vem à cabeça.

É ela.

Levanto-me bruscamente de onde estou e começo a caminhar em sua direção. Em resposta, a mulher começa a se afastar de mim andando na direção oposta.

Eu aumento minha velocidade e em resposta, ela aumenta a dela.

Quando percebo, nós duas estamos correndo dentro do banco.

– May, o que você está fazendo? – James me pergunta.

– Ajude a Erika, ela precisa de você.

– O que há de errado?

– Homem armado. Seja sutil.

– Pode deixar.

Eu desligo a linha com James e me conecto com Howl e Thomas.

– Gente, cubram a saída, tem alguém querendo escapar.

De repente, eu acabo trombando com alguém.

– Desculpe-me! – peço.

Foi o meu maior erro.

Foram apenas 5 segundos de distração, mas foi mais que o suficiente para eu perder meu alvo de vista.

Mas que merda!

– Onde você está? – eu sussurro entre os dentes.

– Bem atrás de você.

Assim que me viro, a mulher dos cabelos brancos me dá um sorriso malicioso e pula em mim.

Deixando tudo totalmente escuro.