Capítulo 18 - James Rogers

Se a situação não estivesse num clima tão tenso, eu teria rido da cara dos três.

Confesso que Barton, Banner e eu quase atiramos nas mulheres quando as vimos, afinal, não as conhecíamos, mas foi uma tremenda sorte da Erika ter gritado...

– Mãe!

– Mãe? – Barton repete confuso enquanto abaixa o arco.

– Erika! – a mulher mais baixa com longos cabelos castanhos da mesma cor dos da filha e olhos amendoados corre ao seu encontro, tomando-a nos braços e a abraçando fortemente contra o corpo. – Estava tão preocupada!

– Como foi que me achou? – Erika pergunta, posso ver que lágrimas rolam por suas bochechas.

Quando seus olhos azuis inchados se focam nos meus, eu logo desvio o olhar para May e sua mãe, uma mulher alta e ruiva que usa roupas apertadas. Seus olhos são verdes e seu olhar severo enquanto observa a filha.

– Mayday... Será que você nunca vai deixar de se meter em encrenca?!

Solto um riso involuntário quando escuto o apelido de May sair da boca de sua mãe... Mayday. Quase tão criativo quanto ruiva.

– Mas mãe! – May protesta. – A culpa não foi minha! N-nós fomos atacados por um cara estranho e...

– Howard Anthony Potts Stark II. – a outra mulher, mais alta que a primeira e com os cabelos ruivos menos intensos que a segunda, repreende Howard enquanto abraça-o fortemente. – Jamais faça isso comigo de novo!

Howard solta alguns guinchos enquanto tenta respirar em meio ao afeto exagerado da mãe.

– Não... Consigo... Respirar.... – ele expressa o óbvio, fazendo-me rir novamente.

Continuo a observar o reencontro entre Howard, May e Erika e suas respectivas mães com um sorriso no rosto.

Como seria o meu reencontro, digo encontro, com a minha mãe? E com o meu pai?

Será que eles me aceitariam? Será que gostariam de me ter como filho?

Suspiro.

– Nunca terei um momento desse. – Thomas comenta, infeliz, em meio aos meus pensamentos.

Eu pego seu ombro.

– Não fique assim.

– James tem razão. – Barton bufa. – Pelo menos você sabe quem é a sua mãe.

– Sim, e ela está morta, Luke.

– Mas o que está acontecendo aqui?! – a voz de Fury se manifesta da porta.

Todos nós nos viramos para encarar a figura de Nick Fury olhando com aflição para Erika, May e Howard com suas mães.

– Você! – a mãe de Howard grita enquanto vai de encontro com o diretor da SHIELD. – Sabia que tinha um dedo seu no sumiço do meu filho!

– Pepper...

– Virgínia, pra você.

– Procure se acalmar.

– Você quer que nos acalmemos como?! – a mãe de May berra totalmente irada.

– Sra. Parker..

– Mary Jane tem razão. – por fim, a mãe de Erika se manifesta. – Você simplesmente sequestra nossos filhos e espera que mantenhamos a calma como se isso fosse normal.

– Eu posso explicar, Jane! – Fury se adianta antes que elas jogassem mais acusações em cima dele. – Posso explicar tudo!

– Então pode começar. - Virgínia Stark o corta, sentando-se no sofá.

Jane e Mary Jane logo a acompanharam, mas sem em nenhum momento largar os filhos.

– Para começar... Quem são eles? – Mary Jane pergunta a Nick enquanto gesticula em nossa direção.

Eu ergo uma sobrancelha enquanto Banner apenas cruza os braços sobre o peito e Luke faz cara de ofendido.

– Estes são Thomas Banner, filho de Elizabeth e Bruce Banner. – Nick aponta para Thomas, que continua a encarar as três sem qualquer expressão legível. – Luke Barton, filho do agente Clint Barton. – Luke também nada diz, apenas imita a atitude de Banner. – E James Romanoff Rogers, filho da agente Natasha Romanoff e de Steve Rogers. – sem saber ao certo o que fazer, eu apenas esboço um sorriso torto, mas logo o desfaço.

Em resposta, Jane, Virgínia e Mary Jane nos olham boquiabertas.

– Não acredito... – Jane sussurra.

– São eles.

Uma delas, Virgínia Stark, se levanta do seu lugar para nos olhar mais de perto. Primeiro ela estuda as feições de Thomas, logo depois as de Barton e por fim chega onde estou. Seus olhos castanhos me avaliando me deixa um pouco desconfortável, mas eu não desvio meu olhar do dela, como se caso eu o fizesse, perderia o jogo.

– Você é uma mistura perfeita do Steve com a Natasha. – ela diz num tom de voz baixo enquanto estende a mão para tocar meu rosto. Sua mão é macia e seu toque suave.

Seria esse o toque maternal?

– Então é tudo verdade – Erika se manifesta, fazendo com que a Sra. Stark abaixasse sua mão e se virasse para encará-la.

– O quê você disse, Erika?

Em resposta, Erika se vira para a mãe para lançar um olhar de pura descrença.

– Por quê nunca me contou a verdade?! Sobre meu pai... Sobre a SHIELD... Sobre quem eu realmente sou?!

Jane Foster, a mãe de Erika, logo começa a chorar enquanto observa as feições da filha ficarem duras e sérias. Olho de soslaio para Thomas e Luke, eles observam a cena sem soltar qualquer ruído.

– Erika... – Jane tartamudeia. – Às vezes a verdade pode ser a ruína.

– Não interessa. – ela rebate, afastando-se da mãe. – Eu merecia saber.

– Todos nós merecíamos. – May se junta ao sermão.

– Como se vocês fossem acreditar! – Mary Jane argumenta firmemente. – O que você falaria para mim, Mayday, se eu dissesse que seu pai era na verdade um super-herói mascarado que saía por ai lutando contra o crime?

May morde o lábio inferior.

– Primeiramente teria achado que você era maluca.

– Está vendo?

– MAS... Ficaria feliz nesse momento vendo que você me falou a verdade, mesmo que eu não tivesse acreditado. Você tentou.

Mary Jane e Jane trocam um olhar de puro desespero enquanto Virgínia apenas nos encara, pensativa.

– Muito bem. – Jane suspira enquanto tenta conter o choro. – Você quer a verdade? Seu pai é Thor Odinson, príncipe de Asgard e não Donald Blake, o médico... Mas ele cuidou de você como se fosse dele depois que seu pai nos abandonou.

Quando a mãe de Erika terminou a frase, percebo que a filha foi pega de surpresa.

– O que quer dizer com isso?

Jane se ajeita no sofá.

– Quero dizer que... Ele me deixou antes mesmo de saber que iríamos ter você. – seus olhos vagam pelo vazio da sala, como se ela estivesse mergulhada nas próprias lembranças. – Ele nunca vai saber que tem uma filha... Ele sumiu... Ele foi embora. – e sua voz começou a ficar tomada pela mágoa, como se o ressentimento tivesse seguido Jane Foster durante esses longos 16 anos.

Mas a piedade não pareceu abalar nem um pouco Erika.

– Não fomos as únicas a serem abandonadas. – e aponta para mim, Luke, Thomas, Howard, Mayday, Mary Jane e Virgínia Potts. – Todos nós fomos... Mas vamos achá-los.

– Nem pensar, Erika, é muito perigoso. – Jane a corta. – Você vem pra casa.

– Todos vocês. – a Sra. Stark generaliza, encarando Mayday e Howard.

Em resposta, os três se juntam e vem para perto de nós.

– Não vamos a lugar algum. – May diz num tom firme.

– Não até trazermos nossos pais de volta.

Mary Jane solta um riso involuntário, um riso que exibe seu desespero.

– Espere um pouco... Vocês querem ir à Asgard?

– Por acaso perderam o juízo?! – Jane berra enquanto lança um olhar irado a Nick Fury. – O que foi que você disse a eles?! – ela se levanta para encará-lo rosto a rosto, mesmo sendo vários centímetros mais baixa, Jane não deixou que sua fúria passasse despercebida. – Você não vai usar nenhum deles para procurar os seus heróis! Eles são apenas crianças!

Nick apenas dá de ombros.

– Essa não é uma escolha minha... E nem de qualquer uma de vocês. – e gesticula em nossa direção. – Mas sim deles.

– E já tomamos nossa decisão. – Howard se manifesta entre nosso grupo. – Vamos ficar e trazer nossos pais de volta.

– E não há nada nesse mundo que nos fará mudar de ideia. – Erika completa.

Depois de um longo momento de silêncio, Jane Foster sai da sala com lágrimas nos olhos juntamente com Mary Jane e Virgínia Potts.

Todas choram, pois sabiam que estavam mandando os filhos para a morte.