Tédio. É a única palavra para resumir minha vida aqui em Londres. Não passou nem 5 horas que cheguei, e eu não tinha absolutamente nada para fazer.

A única opção é explorar a casa. A Sra. Turner não havia dito que eu não podia explorar. Que mal haveria nisso? Eu apenas andaria pelos enormes corredores cheio de portas, que havia na mansão. É. Isso não era uma grande aventura, mas, como dizem: "Se não tem cão, caça com o gato".

Me levantei do sofázinho que tinha no enorme quarto que eu iria ficar e abri a porta do quarto. Não havia ninguém no corredor. Beleza, o caminho está livre. Comecei a andar pelo corredor, virar e entrar em outro, apenas olhando as portas fechadas. Eu estava me sentindo uma Alice, preste á entrar no país das maravilhas, por uma das portas. A única diferença era que eu não iria para o país das maravilhas. Eu iria para Narnia. Eu apenas não sabia quando.

Passei a andar distraída por um corredor que era igual aos outros, pensando nos tempos que passei no acampamento. Como será que eles estão? Suspirei e vi alguma coisa brilhando. Olhei para trás e vi que era uma das portas, que tinha sua maçaneta com um leve brilho que logo se apagou. Franzi a testa e me aproximei da porta. Estendi a mão para abrir a porta, mas parei. O que seria aquela porta? Para onde ela me levaria? Revirei os olhos. Não deve ser nada, Lya. É só mais um porta. Mas porque é que eu não consigo acreditar muito nisso?

Voltei a estender a mão, e girei a maçaneta, abrindo a porta. Ouvi um barulho no corredor, e percebi que era uma das faxineiras das Sra. Turner. Entrei rapidamente na sala, e fechei a porta devagarinho. Me virei para olhar o que havia no quarto. Ah, não. Só mais uma porta, não é Lya? Acho que ganhei na loteria. Pisquei os olhos e sorri grandiosamente. Uou, eu estou em frente ao guarda roupa da sala vazia. Aí, será que se eu entrar eu chego em Narnia? Será que eu vou ser bem vinda lá? Será que Aslam vai me aceitar lá? Ah, para com isso Lya. Você nem sabe se vai funcionar, me repreendi mentalmente.

Andei hesitando até o guarda roupa, e abri sua porta. Assim como era descrito no livro, ele estava cheio de casacos de lã. Oh, beleza. Acho que vai ter um pouquinho de neve lá, em? Peguei um dos casacos, para um caso de necessidade maior e entrei no guarda roupa. Fui andando devagar com os olhos fechados. O que será que vai acontecer se eu bater na parte de trás do guarda roupa? Eu com certeza quebraria o nariz. Um ventinho frio bateu em meu rosto, e comecei a sentir pingos de aguá gelada cair em meu rosto. Abri os olhos. Não era aguá gelada. Era flocos de neve. Eu estou vendo neve. Estendi a mão e peguei uns floquinhos. Eram tão... tão... sei lá, era gelo. Poxa vida! Isso é melhor do que eu imaginei. Ouvi barulhos de trenó e engoli em seco. Fudeu, é a feiticeira branca. Corri de volta para o guarda roupa e me escondi entre alguns casacos que ficavam para fora. Ouvi passos se aproximando. Ergui a cabeça e espie. Não. Não era a feiticeira branca. Era o papai noel? AAH! Reprimi meu grito, e saí de meu esconderijo.

- Ah, aí está você. - ele falou sorrindo. Era impossivél não sorrir de volta para o papai noel. Ele era o papai noel. Tem algo mais emocionante do que conhecer o papai noel? Bem, tem. Mas conhecer ele é absolutamente ótimo. - Toma, você vai precisar. - ele me estendeu uma espada. Reconheci ela na hora. Era a minha belezinha. A espada que eu lutei no acampamento.

- Minha espada? - exclamei surpresa.

- Sim. Seu irmão me mandou para te entregar. - ele respondeu.

- Que irmão? - perguntei confusa. O Nico não podia ser.

"Esqueceu de mim?" perguntou Sal.

- Salazar, quem mais poderia ser? - respondeu o papai noel, ainda sorrindo. - Tenho que ir, os narnianos me esperam. Tome cuidado. - ele continuou.

O papai noel subiu no trenó e foi-se embora, me deixando com cara de retardada. Salazar! Você morreu. Como é que você deu a espada para ele?

"Eu morri. Mas reencarnei." ele respondeu. Reencarnou? Em quem? Eu conheço.

"Não posso dizer. Mas quem sabe, talvez você conheça. Você tem que descobrir por si mesma.", ele respondeu.

Caramba, Dumbledore deve ser seu parente. Não tem como ser menos misterioso, não?!

" Não. Você também é misteriosa. Só que você não percebe isso.", disse Sal.

Ah, ok. Não sou misteriosa. É só as pessoas que não me compreendem. Olhei minha espada e passei a mão na pedrinha preta que era o nariz da cobra que estava incrustada nela (?). A espada virou rapidamente um colar com o brasão da Sonserina. Dei de ombros e o coloquei no pescoço. É melhor. Ninguém vai saber que eu estou armada. Vesti o casaco que eu segurava, e comecei a andar pela neve. Ouvi um barulho de vozes, e me escondi atrás de uma árvore.

Olhei mais, e vi quatro pessoas tacando neve uns nos outros. Quer dizer, três. O quarto estava meio que excluído. O reconheci como Edmundo Pevensie. Deixei eles irem andando e fui um pouco atrás, tomando cuidado para eles não me ver. Me lembrei mais ou menos do caminho para chegar até aonde Aslam estava, pois eu já tinha visto o filme, e comecei a andar. Ouvi barulho de lobos e saí correndo. Atravessei rápido um rio congelado. Era o mesmo rio que os Pevensies atravessaram, só que ele não estava derretendo. Ainda bem! Corri por meio de umas árvores, até não escutar mais os uivos. Andei cansada, sem ter nenhum destino concreto. Aonde é que eu me meti? Estou perdida em Narnia. Em Narnia... Dá para acreditar?

É, acho que dá para acreditar. Mas se eu contar para alguém que não veio para Narnia, com certeza eles me colocariam num hospício. É, fazer o que... A vida de uma semideusa não é fácil. Muito menos á de uma semideusa que já foi para Hogwarts, é filha de um dos três grandes, é herdeira de Salazar Slytherin e está perdida em Narnia. Definitivamente, não é fácil.

Lembrei que estava com meu celular, e vi que ele tinha área. Disquei o número do Matt e esperei ele atender.

- O que foi, Lya? - perguntou ele, ao atender.

- Oi Matt, eu estou bem, obrigada por perguntar. - falei brincando.

- Lya, o que você quer? - ele perguntou irritado.

- A gentileza mandou lembranças. Mas eu estou com problemas. - falei indo direto ao assunto que não era tão direto. (?)

- Que tipo de problemas? - ele perguntou mais calmo.

- Estou perdida em Narnia. - respondi.

- É bem á sua cara se perder e... Espera, você disse Narnia? - perguntou ao entender o que eu disse.

- Sim, eu disse. - respondi tranquilamente. Qual é? Todo mundo sabe que o único perigo de se perder em Narnia é ser transformado em estátua de gelo pela feiticeira branca. Nada de mais isso.

- Em que parte de Narnia você está? - ele perguntou sério. Hum, parece que talvez eu vou ser resgatada. Se ele vim num cavalo branco eu caso com ele ainda hoje.

- Depois do rio congelado, perto das árvores que estão descongelando. - falei e olhei para trás ao ouvir passos. Era os Pevensies.

- Matt, não se preocupe. Achei os Pevensies, vou ficar bem. Onde você está? - falei e perguntei baixinho.

- Ok, estou em Narnia, no acampamento de Aslam. Te vejo em breve? - ele respondeu e perguntou rapidamente.

- Acho que sim. Até breve! - falei e desliguei, guardando o celular.

Fiz uma cara de garota perdida e comecei a andar de um lado para o outro, parecendo desesperada.

- O que aconteceu? Quem é você? - perguntou uma voz fininha.

Olhei e era a Sra. Castor que perguntou.

- Sou Lyara, e estou perdida. Você sabe aonde estamos? - perguntei parecendo que estava exitando em ir até ela.

- Estamos perto do acampamento de Aslam. - o Sr. Castor respondeu.

- Aslam? É ele mesmo que eu procuro. - falei feliz. É, agora é verdade. - Pode me levar até lá? - perguntei.

- Estamos indo pra lá. Venha com a gente. - falou a Sra. Castor gentilmente. Sorri agradecida. Eu estou prestes a conhecer Aslam, e a rever Matt. Nada é melhor que isso.