Tamaran escrita por Nightstar


Capítulo 5
Rastros




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Tamaran era um planeta com florestas muito densas. Florestas densas significavam perigos grandes. Por isso não era muito bom deixar o T-Ship em qualquer lugar...

 

Estava decidido. Talvez tudo fosse uma armadilha para os titãs, e por isso não arriscariam pousar na civilização. Assim que avistaram uma clareira entre as árvores enormes e retorcidas, desceram a nave até o solo e abriram as cápsulas.

 

“Atenção, titãs, temos que disfarçar nossa nave. Peguem arbustos, árvores ou qualquer outra coisa que tenha folhas e galhos e a cubram.” Robin descia primeiro, já dando as primeiras ordens.

 

“Pra quê tudo isso?!”

 

“Caso algum soldado tamaraniano passar voando no seu turno ou um bicho resolver entrar nela...” Ele lembrava muito bem de quando vivenciou isso. Tinha que admitir, encontrar um ser alienígena na cápsula da Estelar não foi muito agradável daquela vez...

 

Sem dizer uma palavra, os outros titãs começaram a prender as vegetações no casco da nave. Galho por galho sendo amarrado juntamente com as folhas. Quando terminaram a etapa, já haviam se passado quase 20 minutos. Isso fez o líder ficar mais nervoso. Para Robin, cada segundo era valioso.

 

“Acho que já chega.” Ravena disse, observando de cima.

 

“Concordo com ela. E agora?”

 

“Bom, Mutano, acho melhor nos separarmos. Assim coletaríamos informações e pistas mais rapidamente...”

 

“S-sozinhos? Cara, e se eu topar com um daqueles cachorrinhos que ficam no castelo??

 

“Se transforma em algo maior, ora!”

 

“Mesmo assim, não acho uma boa idéia!”

 

“Que tal assim, caso algo aconteça você pode pedir ajuda pelo comunicador...” A idéia de Ciborgue era boa. Todos concordaram. Assim, ficou combinado que se encontrariam na nave em uma hora e, se não tivessem nenhuma pista, iriam secretamente à civilização. O plano era ver se havia algo de suspeito por lá antes de planejar qualquer ataque.

 

Então, os titãs se separaram. Cada um para um lado diferente, contando apenas com a própria sorte.

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Robin andava pela floresta densa observando a tudo ao seu redor. Tentava não deixar um só detalhe escapar de vista. Qualquer mínimo objeto poderia servir como pista para encontrar a titã. Por isso, era bom ficar bem atento.

 

Porém, a cada passo que dava se sentia ainda mais frustrado...

 

Estou nessa floresta já faz uns 15 minutos e não encontrei nada...

 

Robin tinha se culpado pelo ocorrido pelo menos umas dez vezes naquele dia. Mesmo assim, não se cansou de continuar sua própria tortura. Achava que devia tê-la impedido de ir, talvez até contar... o que sentia...

 

Realmente, isso o desanimava cada vez mais. Se ele era um perito em mistérios, um verdadeiro detetive e líder dos titãs, por que não tinha percebido que tudo havia sido uma armadilha para ela??

 

Fui um idiota!

 

Repetia essa frase para si sem parar. Segundo ele, foi a tolice que pôs sua melhor amiga em perigo naquele planeta... será que suas habilidades de menino-prodígio estavam desaparecendo? Não. Não poderia acontecer algo tão grave assim com ele, poderia?

 

Sem tais habilidades e conhecimento, Robin voltaria a ser um inútil como quando pequeno. Afinal, ele já era o único sem poderes da torre.

 

Com um longo suspiro, se sentou na pedra mais próxima e apoiou a cabeça nas mãos. Começou a refletir sobre os últimos três dias. Sobre os momentos que teve com Estelar pouco antes de partir. Quem dera se tivesse dito o quanto a amava... talvez isso a teria feito voltar atrás de sua decisão...

 

“bip-bip-bip” Era o comunicador que estremecia em seu cinto. Não hesitou em atender, mas o tom de sua voz continuava desanimador.

 

“Robin falando...”

 

“Ei Robin, eu to no fim da floresta.” Era Mutano, pela imagem da tela, ele devia estar escondido sob algum buraco. “Eu vi a civilização... bom... não exatamente vi, mas...”

 

“Como assim ‘não exatamente’?”

 

“A cidade tá ali, mas tá completamente vazia! Não tem nenhum tamaraniano lá...”

 

Por trás da máscara, Robin levantava uma das sobrancelhas. Como assim vazia?! Mas antes de fazer qualquer outra pergunta, o titã verde prosseguiu com o relato.

 

“Eu até pensei em dar uma xeretada por lá, mas me lembrei do que voc~e falou sobre armadilhas. Talvez Estelar tivesse sido atacada quando foi visitar sua cidade...”

 

“*suspiro* Odeio admitir, mas você tem razão. Avise aos outros sobre isso e...”

 

Robin parou. Tinha avistado algo que lhe roubou toda a atenção que estava dando ao metamorfo.

 

“Robin? Você tá aí??”

 

“Erm... Mutano, vá se comunicar com os outros que eu falo com você depois!” Disse pouco antes de desligar o aparelho. Robin fitava algo bem ao lado da pedra onde estava sentado. Algo no chão. Rapidamente, se agachou e começou a examinar o que havia encontrado.

 

Eram marcas profundas. Parecia até que alguém havia pegado uma pedra e atirado com toda a sua força naquele solo macio. Mas quando Robin passou o dedo indicador pelas bordas, percebeu que a terra estava queimada.

 

Starbolts...

 

Ele reconheceria tais queimaduras em qualquer lugar. Já tinha notado como os poderes da tamaraniana destruíam os objetos em meio às lutas ou na sala de treinamento da torre. Eram marcas idênticas.

 

Mas ele não podia esquecer de que estava em Tamaran. Isso significava que qualquer outro poderia ter causado aqueles danos. Não necessariamente Estelar...

 

Espere um pouco!

 

Robin viu que as marcas continuavam, não só pelo chão, mas pelas árvores. Muitos galhos estavam quebrados e com queimaduras nos pontos de ruptura. Os troncos também pareciam bem danificados. Por quê alguém atacaria a floresta dessa maneira?

 

Talvez não estivesse atacando, mas...

 

“Se defendendo... alguém estava em perigo aqui!” Robin pensou em voz alta enquanto perseguia os rastros. Porém, para sua surpresa, as marcas acabaram poucos metros adiante.

 

Ele olhava pelos arredores. Para o chão, para o alto, não importava a direção. Os vestígios haviam simplesmente desaparecido.

 

“Droga!” Ele murmurou, dando mais um suspiro de frustração. Era horrível quando, ao encontrar uma pista muito importante, descobrir que ela acabava antes mesmo de mostrar o que havia acontecido. Parecia que o mistério da titã era mais difícil de se solucionar do que pensavam. “E agora... o que vou fazer?...”

 

Robin apoiou uma das mãos na árvore ao lado enquanto a outra era passada nervosamente pelo rosto. Aquilo que estava vivenciando era pior que qualquer outro enigma. Principalmente porque envolvia uma pessoa querida para ele. Mas quando sua mão se afastou do rosto, ele percebeu algo estranho em seus pés.

 

Se abaixou para verificar. Era um líquido viscoso e avermelhado...

 

Sangue!

 

Isso mesmo, era sangue. Não era fresco, mas também não chegava a estar seco, o que significa que a luta devia ter sido apenas a algumas horas. Mesmo assim, todo o chão estava respingado com o líquido juntamente com pequenas poças. Parecia que, quem quer que fosse, teria sido terrivelmente atacado. Por isso acabaram-se as marcas de starbolts. A essa altura, a vítima já estaria inconsciente, talvez pior.

 

Não. Não pode ter sido Estelar. Talvez qualquer outro tamaraniano, mas não ela. Tomara que eu esteja certo...

 

Ele então notou um volume em uma das pequenas poças vermelhas. Algum objeto permanecia em seu interior. Algo pequeno.

 

Quando Robin o pegou, percebeu que era sólido e arredondado. Uma espécie de semi-esfera. Mas infelizmente não foi possível ver o que realmente era. Estava imunda por ter sido banhada em sangue misturado a terra.

 

Pelo menos tinha como limpa-lo se usasse sua capa como pano. Assim fez. Mas o que viu acabou assustando-o ainda mais.

 

A semi-esfera era, na verdade, uma das pedras esverdeadas que Estelar carregava no uniforme. Pelo tamanho, devia ser a que ficava bem abaixo do pescoço.

 

Então era mesmo Estelar.

 

Tinha que ter acontecido algo para que a jóia se soltasse daquela maneira. Talvez um golpe do inimigo. Se fosse uma das pedras que ficavam nas luvas da garota, Robin entenderia, pois provavelmente teria se soltado com um soco dado como defesa. Mas então o que faria algo daquela região se soltar.

 

O inimigo deve ter dado golpes fortíssimos repetidas vezes, e ainda, usando alguma arma. Isso seria suficiente para derramar tanto sangue e soltar a pedra.

 

Agora, Robin estava realmente preocupado. Tudo o que pôde pensar em fazer foi agarrar o comunicador e apertar alguns botões.

 

“Titãs, preciso que me encontrem agora!!”


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