Tamaran escrita por Nightstar


Capítulo 21
Dias melhores




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Uma semana havia se passado desde o retorno da viajem ao planeta natal de Estelar. Isso foi tempo suficiente para que tudo voltasse ao normal, ou pelo menos o mais normal possível, na Torre Titãs. Mutano comia seu suculento sorvete de tofu. Ciborgue dava um trato no carro... de novo. Ravena lia um livro novo e ainda maior que o último. Robin tentava se distrair com alguma coisa na tevê e Estelar... bom... desde que seus poderes haviam voltado por completo, ela passava o dia voando ao redor da torre. Era uma forma de despejar sua felicidade e experimentar uma liberdade que durante dias não sentira...

 

Porém, naquela tarde, Estelar não estava voando...

 

“Escuta... não é estranho que a Star não esteja lá fora?” Mutano perguntava de boca cheia.

 

“Por que? Vai ver ela se cansou de tanto voar...” Ravena disse sem tirar a atenção do que lia.

 

“Sei lá. Pelo que conheço dela, a Star não pararia assim... o que acha, Robin?... Robin??”

 

Não adiantava mais chamá-lo. O titã já tinha saído da sala comum.

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Estelar estava sentada na borda do terraço da torre, como sempre. Aquele era seu lugar favorito. Era onde podia pensar com tranqüilidade, ter as forças retomadas através dos fortes raios solares, descansar sem precisar se preocupar com nada ou com ninguém, e melhor, sem ser perturbada. Claro, às vezes tinha seus pensamentos interrompidos por Ciborgue ou Mutano, quando eles estavam procurando alguém para participar de mais um jogo de “Bola Fedida”. Mas isso não lhe incomodava tanto...

 

Não podíamos esquecer de Robin. Ele já a encontrou lá várias vezes no terraço e, digamos, interrompeu sua meditação. Mas, diferente de qualquer outra interrupção, aquela era diferente. Estelar nunca se sentira incomodada quando o líder subia até lá e se aproximava, muito pelo contrário, sentia-se muito melhor por ter alguém como ele por perto.

 

Ele era seu melhor amigo, o que realmente a compreendia e o que mais a ajudou a se acostumar com a vida na Terra. Estelar devia muito à ele. Muitas vezes tinha vontade de retribuir o favor... só não sabia como...

 

Bom, lá estava ela. Olhando para a distante Jump City que se opunha à ilha da torre. Pensava em tudo que passou no seu planeta, coisas ruins e outras nem tanto. Um exemplo que pairou sobre sua cabeça por um bom tempo foi a cena da caverna em que os cinco haviam se abrigado. Estava realmente feliz por ter acordado nos braços do menino prodígio... mas outra lembrança que ainda marcava seus pensamentos era de quando estava prestes a desmaiar. As vozes e imagens retorcidas se recusavam a abandonar sua cabeça, causando certa tristeza na jovem.

 

Por isso não estava voando agora. Estava sobrecarregada de lembranças e isso parecia fazer seus sentimentos oscilarem um pouco, causando até mesmo uma dor de cabeça insuportável.

 

Faria qualquer coisa para tirar tudo aquilo da mente...

 

“Star?” Ela se virou num baque e chegou a soltar uma exclamação pelo susto. “Calma, Star, sou eu!”

 

“Robin... você precisa parar de chegar de fininho!...”

 

“Foi mal, é hábito... erm... eu posso sentar aqui com você?”

 

“Ah, claro que pode...” O garoto então se pôs ao lado da amiga como fora dito. “Mas... por que veio até aqui?”

 

“Eu não te vi voando hoje, então vim para ver se tá tudo bem.”

 

“Estou sim. Só estava pensando...” Robin não pôde evitar que um leve arrepio o rodeasse com a resposta da ruiva. Não era à toa. Da última vez que ambos estiveram no terraço e ela respondeu algo parecido foi justamente quando toda aquela tortura teve início.

 

“Está triste por sua irmã, né?”

 

“Estou. Sabia que ela não gostava muito de mim, mas não sabia que podia chegar a ponto de tentar me matar...” Seu rosto ganhou um olhar cabisbaixo enquanto falava. “Mas ela tem razão. Sempre será melhor que eu... não importa o que eu faça...”

 

“Estelar, sabe que isso não é verdade.” Disse, limpando uma lágrima do rosto dela.

 

“Ela quase me matou, Robin. Só escapei com vida porque vocês interviram.”

 

“Mas isso não faz dela melhor que os outros. O que faz uma pessoa melhor que alguém é o modo de como usa suas habilidades. Estrela Negra só as usou para vingança, e ainda, com uma armadura. Não foi uma luta justa...” Ele então pousou sua mão levemente na dela para que Estelar o encarasse por um momento, e funcionou. Agora a titã tinha sua atenção voltada para o que o líder diria. “Pense. Sua irmã estava armada até os dentes, e você a venceu usando apenas os seus poderes... ainda acha que ela foi melhor lutadora?”

 

Ela então o olhou por alguns instantes para depois lhe envolver com um forte abraço. Este não era estrangulador como os de costume, mas demonstrava o quanto estava grata.

 

“Obrigada, Robin... por tudo...”

 

Ele não hesitou em retribuir o gesto. Mas nada ali era novidade. Robin sempre conseguia fazer com que Estelar se sentisse melhor usando poucas palavras, e aquela vez não foi uma exceção.

 

Os dois então se separam e permitiram que um tímido sorriso fosse estampado no rosto, e assim ficaram. Calados e se encarando. De certa forma, a impressão era que o tempo havia parado para eles, pois sequer moviam um músculo ou mesmo o olhar.

 

Pouco tempo depois, sem que percebessem, suas cabeças foram se inclinando vagarosamente para frente, de forma que seus olhos se fechassem nesse mesmo compasso. Mas não foi só isso. Sua respiração mudara, passando de um ritmo sincronizado para uma seqüência mais ofegante e nervosa. As batidas do coração se apressaram e suas mentes iam se esvaziando pouco a pouco. Parecia que nenhum garoto verde os interromperia dessa vez. Afinal, no momento estava ocupado com os outros no interior da torre.

 

Não acredito que isso está acontecendo...

 

Esse foi o mesmo pensamento de quando estiveram na caverna, e também foi o úlimo que tiveram pouco antes de fechar os olhos completamente.

 

Foi então que os lábios se tocaram.

 

Robin pôde sentir a delicadeza e a doçura dos lábios dela nos seus enquanto Estelar enlaçava ambos os braços no pescoço do garoto. Como resposta, ele posicionou as mãos na cintura dela e a puxou um pouco mais para si. Não mais pensavam, apenas agiam. Parecia que o mundo havia simplesmente desaparecido para dar lugar àquele tão sonhado momento. Eram apenas eles dois, Robin e Estelar. Sem preocupações, restrições, e o mais importante, sem interrupções...

 

Bom, pelo menos foi isso que imaginaram.

 

O casal continuou o beijo por mais algum tempo, e poderia prolonga-lo por muito mais se não fosse uma certa voz vinda da escadaria.

 

“Aham!” Alguém pigarreou. Ao ouvir aquilo, os dois se separaram com uma certa surpresa e olharam para os três que observavam da porta de saída. “Desculpe. Estamos interrompendo algo?”

 

O tom usado pelo amigo cibernético acabou fazendo uma veia pulsar levemente na testa do mascarado. Aquilo foi uma pergunta um tanto cretina, não?

 

“Só estávamos colocando... os assuntos em dia...” Disse dando uma olhada profunda nos olhos dela.

 

“É, nós vimos.” Mutano riu. “Cara, já tava na hora de vocês se acertarem! Nem mesmo em novela vi duas pessoas enrolarem tanto!...”

 

“Peraí, você assiste novela?!”

 

O verde se calou diante do maior.

 

“Como é?! Eu... quer dizer...”

 

“Então era isso que você ficava fazendo na sala às oito, quando dizia ir relaxar um pouco no sofá??”

 

“Era só o que faltava...” A empata murmurou enquanto ouvia os dois “maduros” da torre insistirem na discussão ridícula pelo corredor. “Vocês vem? O almoço já está pronto, aliás, foi por isso que subimos aqui.”

 

“Vai na frente, nós estamos a caminho.”

 

Ravena acenou com a cabeça para a colega e em seguida desapareceu na escuridão do corredor, deixando um casal se entreolhando por alguns instantes com rostos corados. Ser flagrado por Mutano eles podem até suportar, mas por Mutano, Ciborgue e Ravena já era algo suficiente para se tornar uma cena constrangedora...

 

De certa forma, eles disfarçaram bem o constrangimento.

 

“Vamos?” Robin perguntou, se levantando. A tamaraniana então fez o mesmo e deu uma risadinha tímida.

 

“Mas é claro!”

 

De braços dados, Robin e Estelar foram ao encontro dos demais titãs para mais um de seus dias comuns e monótonos. Bom, pelo menos aquele dia eles nunca esqueceriam, não mesmo!...


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