Jolly Roger escrita por Luangel


Capítulo 9
Diversão


Notas iniciais do capítulo

Oiê!*le eu desviando de uma cebola (Por que cebola? vocês vão entender quando lerem...)* Gente, peço minhas desculpas por minha demora, mas é q meu eu tive prova e ainda fui mal...T.T, então estive meio sem tempo, mas aqui está um capítulo garndão p vcs! o/ Ah,to repostando uma fic minha, é "A escolhida" do Percy Jackson, quem gosta vai lá dar uma olhadinha *-*



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                Enfim, a esposa de Sasuke, quem quer que fosse, seria abençoada por ter um marido tão corajoso e leal. Ao deitar em minha cama, não dormi de imediato como o de costume, a minha mente vagava milhas e milhas enquanto eu sentia o peso das duvidas sobre as minhas costas. Nunca me senti tão sozinha... Teimo em acreditar eu até a minha ambição em honrar a minha família se tornou um conforto frio e insuficiente no silêncio da noite, quando todas as outras pessoas dormiam nos braços daqueles que amavam... Só eu estava acordada e abandonada.

Sakura Haruno:

                Três semanas de aula. Três semanas nas quais eu me levantava antes do amanhecer para praticar cada movimento até poder correr três passos com inacreditável velocidade, saltar no ar e atingir uma pequena lagarta na parede com precisão sem entortar a ponta da espada. Mais cada vez que observava Sasuke treinar, eu me sentia tão ruim como uma garotinha, o conde lutava diferente... Treinava com determinação e sem piedade; enfrentava o desafio como podia. Eu fazia o melhor por ele. Ia além de meus limites físicos e psicológicos. Durante horas todos os dias, eu observava cada movimento do corpo esguio e forte do moreno, repetindo-os da melhor maneira possível. Corei ao perceber que felizmente ou infelizmente, eu conhecia o corpo dele melhor do que o meu, podia ver a marca da cicatriz em seus braços e no pescoço, mesmo com meus olhos fechados.

                Todos os dias eu treinava com Sasuke até quase morrer devido a exaustão, e todas as noites eu sonhava estar treinando com o conde novamente. Dia e noite, acordada ou dormindo, eu o acompanhava. Agora, sabendo da verdade, vivia apenas para receber a aprovação do moreno. A atenção obsessiva ás aulas rendia bons frutos. Já conseguia enfrentar com sucesso a maioria de meus companheiros. Já havia me conformado de que eu sempre seria melhor com o arco ou com uma faca, por que com essas armas a técnica valia mais que a força física, mas não sou mais uma imprestável com a espada. Até Jiraya-sama já havia notado a diferença e elogiara o meu progresso, comentando que estava feliz por ver que Akira não lutava mais como uma garota no campo. O Haruno ficaria orgulhoso de mim se pudesse me ver agora, pensei ao arrancar a espada da mão de meu oponente, rindo da expressão perplexa que o mesmo exibia. 

                Meu irmão sempre dizia que eu poderia fazer qualquer coisa, se assim eu decidisse. E agora, eu estava provando que ele não errara. Meu oponente era um homem moreno e muito simpático, chamado Kiba, levantou as duas mãos, em um gesto de rendição:

                —Maldição, Akira, deve estar praticando como um lunático! Ninguém mais consegue vencê-lo!

Orgulhosa e um pouco acanhada pelo elogio eu olhei de soslaio para Sasuke que me observava de um canto sombrio do pátio, no mesmo lugar que eu costumo observá-lo. Sem sombra de duvida, amanhã ouvirei várias críticas sobre o meu estilo de luta, vindas de meu tutor. Venci Kiba em uma luta honrosa, e a sensação era maravilhosa! Meus olhos percorreram a lâmina da espada, inspecionando-a, procurando indícios de rachaduras.

                Não havia nenhuma imperfeição, com extremo cuidado eu a limpei com um pano embebido em óleo, como Sasuke havia me ensinado que deveria que fazer antes de guardar a espada

                —Eu... Eu... Estou praticado com Sasuke. —Respondi e Kiba pareceu pouco surpreso:

“ Praticar” era uma palavra amena demais para descrever o que eu o conde fazíamos todos os dias. O moreno me levava ao esgotamento, mas com um sucesso tão obsoleto que, pela primeira vez, eu havia desarmado um companheiro. Alegre com minha vitória esquecia temporariamente as acidas e ríspidas palavras que ele usava durante os treinos.

                —Ah, então esse é o seu segredo! O homem é o próprio demônio com a espada. Talvez eu deva procurá-lo antes de enfrentá-lo novamente, Haruno. —Falou alegremente enquanto pegava a sua espada do chão arenoso.

                O bom humor de Kiba era contagiante. Baixei a guarda e sorri, o que se tornara raro nessa minha nova vida de soldado.

                —A sorte favoreceu-me hoje, só isso. —Justifiquei ainda sorrindo.

O moreno jogou a jaqueta sobre um ombro e passando a mão no rosto disse:

                —A sorte e muita prática. Vou ver se encontro uma bebida mais forte do que essa cerveja aguada que temos aqui. —Disse fazendo uma careta. —Alguém me acompanha?

Eu hesitei, sentindo-me tentada e dividida entre o desejo de ter companhia e a sempre presente necessidade de manter distância e cautela. Olhei de soslaio para Sasuke, esperando que ele me chamasse, mas o conde somente virara as costas e eu não pude conter um suspiro desapontado.

                —Vamos, Haruno. —Chamou Kiba com um aceno de mão. —Trabalhar demais sem nenhum sem nenhum lazer só serve para levar-nos ao tédio e á infelicidade. E você tem trabalhado demais, Akira. Deve estar precisando de um drinque. 

                A mente se dividia em duas opiniões completamente opostas: Eu poderia recusar educadamente e voltar ao meu minúsculo quarto e comer aquele mingau aguado no jantar, mas com segurança e proteção, na certeza de que ninguém descobriria o meu segredo ou eu podia aceitar o convite do moreno e desfrutar da companhia divertida e simples, afinal, Kiba é novo no grupo de mosqueteiros e não representa perigo para mim, ele nem chegara a conhecer Akira. Olhei para o lado e Sasuke havia desaparecido nas sombras além dos limites do pátio. Era inútil ficar ali na esperança de prolongar a aula do dia. Não quero abusar da boa vontade do conde, já que ultimamente, o moreno dedicava todo seu tempo livre para me treinar. Sentia que eu jamais me cansaria da presença dele, mas não queria que Sasuke se fartasse de mim.

                A amizade do conde, oferecia de maneira tão casual e recebida com tanta gratidão que chegava a amenizar a minha solidão. Ele me faz sentir como se eu pertencesse a uma parte de seu mundo, como se nunca mais tivesse de ficar sozinha. E meu desejo incontrolável por companhia decidiu por mim:

                —Vamos lá. —“Que mal poderia me fazer somente uma noite de diversão?...” Completei a frase mentalmente acompanhando Kiba.

Ora, não posso contar com a presença constante de Sasuke. Afinal, cedo ou tarde, precisarei encontrar um lugar para mim no mundo em que escolhi viver. Um drinque na taverna com o divertido Kiba seria um bom começo para mim. Só espero não me arrepender dessa decisão... A taverna estava lotada de soldados de todos os tipos e regimentos.

                Reconheci alguns, mas a maioria era completamente desconhecida por mim. Meu acompanhante foi abrindo caminho até o balcão, respondendo com sorriso agradável e debochado a todos que reclamavam de seus cotovelos poderosos. Ao quieto taverneiro, ele pediu caldo e vinho do porto para nós dois. Sentamo-nos em bancos de madeiras colocados em torno de uma velha mesa em um canto, longe da multidão que começava a apresentar indícios de embriaguez. Pouco tempo depois, o conde apareceu e evitei encará-lo, já que meus olhos certamente esboçam certa alegria em vê-lo. Mas no fim, o moreno não se juntou a nós, preferindo se reunir a um grupo mais quieto do outro lado da sala. Ele me perturbava e me colocava de guarda mais do que todos os outros do regimento, embora eu apreciasse sua companhia mais do que a de qualquer outro, também.

                Mas não quero que ele pense ser meu único amigo. Além do mais, esta noite eu estou cansada e a camaradagem de Kiba é uma coisa simples de se aceitar. Com prazer, eu tomei o saboroso e denso caldo de carne, mas tomei só um pequeno gole da bebida. Nunca tocara em nada mais forte do que uma cerveja caseira antes. Em minha situação, e com Sasuke e os outros mosqueteiros do regimento que haviam conhecido meu irmão, beber era perigoso demais e ficar bêbada estava fora de cogitação, preciso preservar a minha capacidade de raciocínio. A minha frente, Kiba estava relaxado. Antes de esvaziar todo o prato, ele já havia bebido toda a cerveja amarga e forte e pedia outra caneca. A bebida, quase que como mágica, o transformava em uma pessoa mais alegre ainda, e em pouco tempo eu me vi gargalhando como não fazia há muito, muito tempo.

                Podia sentir o olhar do conde sobre mim, mas fiz questão de ignorar, mas ás vezes eu não resistia e retribuía o olhar, embora sempre de soslaio. O moreno comia devagar, com uma expressão sombria na face. O que será que poderia incomodá-lo a ponto de torná-lo tão carrancudo em uma noite tão agradável? Eu já acabava de comer meu caldo, quando uma criada com aparência cansada e ar entediado aproximou-se da mesa com a sexta caneca de cerveja solicitada por Kiba que incrivelmente a esvaziou rapidamente.

                —A sua saúde, meu bem. —Disse ele levantando a caneca em direção da jovem que prestou pouca atenção no mosqueteiro.

Os homens da mesa vizinha eram menos polidos e mais bêbados. Um deles, um sujeito encorpado e valentão com as mãos do tamanho de pás, passou um braço em torno da cintura da criada da taverna, puxando-a sobre os joelhos.

                Levantei a minha cabeça ao ouvir o grito ultrajado da jovem. A moça tentava todo custo segurar as jarras e pratos em cima da cabeça, se levantar sem derrubar nada e tentando se desvencilhar do ousado homem, porém com as mãos ocupadas, ela não tinha forças e nem equilíbrio o suficiente para aquilo. O dono da taverna passou pela mesa carregando uma bandeja cheia de travessas e pratos fumegantes. O maldito nem tentou libertar a criada!

                —Não derrube nada, menina, ou vou descontar o preço que for perdido do seu pagamento. —Ameaçou, indiferente a situação em que a criada estava.

O valentão fardado ria dos gritos da jovem, que suplicava pelo socorro que ninguém oferecia. Em seguida, o homem agarrou um de seus seios com dedos atrevidos e insolentes. Eu estava perto o bastante para poder ver as lagrimas de pavor e humilhação nos olhos da garota, que lutava pela liberdade.

                Sem pensar no que fazia, eu me levantei e saquei a minha fiel espada. Dando alguns passos largos e eu estava de frente com o grandalhão, encostando a ponta da lâmina em seu pescoço. Minha voz saiu baixa e ameaçadora quando eu rosnei bem perto do ouvido do brutamonte:

                —Solte a moça.

Ele olhou em volta numa reação surpresa típica de um homem embriagado.

                —Está falando comigo?—Perguntou, sua voz estava arrastada e sua frase saíra embolada, quase incompreensível devido á bebida.

Já sem paciência, eu pressionei a lâmina contra o pescoço do homem com um pouco mais de força, e uma gota de sangue manchou de vermelho o colarinho da camisa do molestador.  Nunca tive e certamente nunca terei paciência com covardes que ficam assediando pessoas mais fracas e indefesas.

                —Solte a moça. — Repeti, estreitando o meu olhar sobre o homem que por sua vez, rosnou furiosamente ao sentir a dor.

Embriagado e humilhado, ele soltou a moça que correu para longe do confronto em busca de segurança.

                —Vou rasgar você ao meio por ter me ameaçado, seu filho de uma meretriz!—Vociferou enquanto sacava a espada. —Sobrevivente da praga! Empestado!

Ele era mais alto que uma montanha e aparentemente tão sólido quanto uma. Desanimada com a constatação, eu troquei minha espada afiadíssima por uma adaga igualmente mortal.

                Eu estava em guarda, com a arma pronta, desafiando-o a executar a ameaça. Por mais que meu opoente fosse um homem, eu sou mais ágil do que ele jamais poderia ser, e o vinho que ele consumira misturado a cerveja, com certeza o deixaria mais lento.  Com um rugido de pura fúria que ecoou por todo salão, o valentão empunhou a espada e desferiu um golpe violento em minha direção, exibindo mais entusiasmo do que precisão. Quase nem foi necessário girar o corpo para escapar da lâmina, que acertou um banco e o destruiu. O proprietário da taverna surgiu do nada, aparentando nervosismo diante o dano causado a sua preciosa propriedade:

                —Meu banco!—Ele gritou angustiado. —Cavalheiros, por favor, baixem as armas!

Eu ignorei o pedido, como ele também havia ignorado o pedido de socorro da jovem criada.   Ele merecia ter todo o estabelecimento quebrado como castigo pela crueldade mercenária com que tratara aquela pobre moça! Toda a minha atenção se voltava para o caos que eu mesma criara. Realmente eu não desejava matar ou ferir gravemente o valentão, apenas ensiná-lo a não mexer com mulheres indefesas que não se interessavam por seu assédio. Com um rápido giro de pulso, eu cortei o tecido que sustentava as calças do homem. Atrás de mim, o Inuzuka gargalhou ao ver o grandalhão com a calça caída. O ar frio em suas partes baixas, serviu para devolver sobriedade ao meu oponente. Com um som desarticulado de fúria, ele segurou a calça com uma das mãos e investiu contra mim, mais uma vez, os olhos revelando uma determinação quase assassina. Pelo canto de olho, eu constatei que Sasuke me observava.

                Certo, essa é a hora de mostrar ao conde como eu estive atenta ás suas lições. Girando sobre os calcanhares, eu saltei sobre a mesa atrás do grandalhão, posicionei a ponta da espada nas costas da jaqueta e a rasguei ao meio. As duas metades da jaqueta caíram de seus ombros, deslizando pelos braços e prejudicando os movimentos do homem. Ainda assim, cegado pelo orgulho másculo mortalmente ferido, ele persistiu em seus ataques, lançando-se contra mim com a calça em uma das mãos e a espada na outra, a mente focada na vingança, atacando tudo e todos que se encontrava em seu caminho. Os companheiros do grandalhão riam muito, mas foram recuperando a seriedade e perdendo o bom humor ao notarem que todo o empenho furioso do homem era inútil diante de minha habilidade espantosa e da velocidade inigualável que pertencia a mim.

                Nenhum deles gostava de ver um semelhante ser alvo de deboche de um mosqueteiro imperial. Um a um, todos se levantaram empunhando suas espadas e avançando contra mim. E em poucos segundos, toda a taverna mergulhou no caos. Bancos voavam e mesas eram tombadas. Homens lutavam indiscriminadamente, por nenhum motivo além do prazer da própria contenda. Eu me esforçava cada vez mais e torcia para que meu tutor estivesse observando. Em meio aos meus devaneios, eu acabei sendo encurralada, tendo as costas contra a parede, e o grandalhão e seus companheiros bloqueavam todas as possibilidades de fuga. Não perdi tempo lamentando minha própria tolice, já que obviamente haveria tempo para isso depois, quando estivesse em segurança, livre de problemas. Minha mente automaticamente invocava todos os truques que havia aprendido, lutava com toda a força e coragem que tinha.

                Minha tão invejável agilidade pouco valeria no canto em que me encontrava, encurralada como estava. Apesar de todo o meu esforço, os malditos se aproximavam. Estavam perigosamente muito perto, e em questão de tempo eu não poderia mais me defender. Desesperada, eu tentava identificar um rosto amigo na multidão. Kiba trocava socos com um desconhecido em um canto, ocupado demais para me ajudar. No outro lado da taverna, Sasuke assistia a tudo, levantando a espada apenas quando era necessário proteger-se de um ou outro golpe desferido em sua direção. Eu o olhei, suplicando silenciosamente por socorro, em resposta o conde ergueu uma sobrancelha, cético e cruzou os braços e não fez nenhum movimento para vir me ajudar!Maldito seja mil vezes! Pensei me esquivando de outro golpe, mas a força do impacto produziu ondas que viajaram por meu braço até o peito, e conseqüentemente, quase derrubei a espada.

                Certamente teria o pulso dolorido pela próxima semana, talvez mais. Sasuke sabe que eu estou numa situação difícil! Por que não vem me ajudar?! Outro golpe veio em minha direção e eu escapei por pouco. Não planejara começar uma guerra! Quisera apenas dar uma lição a um vilão que não conhecia boas maneiras. Quando os agressores se aproximavam para dar o ultimo golpe, surgiu do nada um mosqueteiro de minha altura e cabelos escuros e com a espada erguida, a voz denotando ferocidade assustadora enquanto ele atacava o grupo indiscriminadamente.

                —Para a cozinha. —Ele sussurrou em meu ouvido. —Podemos sair pela porta dos fundos e escapar pela alameda.

Não pude deixar de sorrir, aliviada para meu salvador.

                Ainda não consigo entender por que Sasuke me abandonou á própria sorte de uma maneira tão cruel! Se não fosse por “Meu salvador” eu seria surrada até a morte, sem nenhuma duvida. E pensar que eu comecei a pensar que o conde gostasse de minha companhia... No fim, eu me enganara. Graças a Deus e a todos os anjos do céu, alguns mosqueteiros conheciam o significado da palavra cavalheirismo e ainda socorriam um companheiro. Ainda falam “ Um por todos e todos por um!”. Mantendo costas com costas, eu e o mosqueteiro misterioso fomos nos movendo com grande dificuldade na direção da porta da cozinha, brandindo as espadas enquanto nos movíamos. O mosqueteiro moreno brigava com valentia e sem medo. Ele nem tentava retribuir os golpes que eram lançados contra nós. Apenas usava a espada para evitá-los, empurrando os agressores com sua força.

                 Com uma fluidez de movimentos e ferocidade que mantinham os inimigos afastados, nós conseguimos escapar pela porta mais próxima e a fechamos ao passar por ela.

                —Droga!—Esbravejou meu companheiro, frustrado. —Porta errada! —Exclamou, rapidamente eu olhei o lugar ao meu redor, a procura de alguma rota de fuga, mas nós dois estávamos em uma espécie de depósito, sem janelas ou outras portas.

Enquanto limpava o suor que escorria por minha testa eu disse o óbvio:

                —Estamos presos aqui.

Barris de cerveja formavam pilhas e chegavam ao teto e presuntos e réstias de cebola e outros legumes cobriam as paredes. Um soldado de cabelos claros e uniforme de mosqueteiro, como o nosso, estava abaixado em um canto enfiando cebolas nos canos das botas.

                Ao sentir nosso olhar sobre si, ele ergueu a cabeça, o rosto fino e extremamente corado (talvez por causa da bebida) refletia desânimo e choque ao nos ver. O mosqueteiro ao meu lado, aproximou-se do ladrão a passos largos e agarrou-lhe pela roupa, o pondo de pé bruscamente. Uma garrafa de vinho recentemente roubada caiu de debaixo de sua camisa e se quebrou no chão de pedras largas. O liquido vermelho, desconfortavelmente parecida com sangue começou a se espalhar, penetrando nos vãos entre as pedras. O mosqueteiro moreno chutou os cacos de vidro para um canto.

                —Abandone o produto do saque, ladrão, e ajude-nos a lutar e sair daqui. —Disse seriamente, como se fosse uma ordem, não um pedido. —Nós três teremos mais chances do que apenas dois.

                O ladrão gemeu, visivelmente desanimado, mas começou a tirar as cebolas das botas.

                —Tenho mesmo que ir?—Questionou, lamuriado. —Prefiro ficar aqui e...

                —Covarde!—Exclamei por entre meus dentes, usando uma força que não sabia que tinha parta segurar a porta contra possíveis invasores que esmurravam a porta com força, fazendo a mesma tremer. —Você envergonha o uniforme que veste!

O ladrão tirou de dentro da camisa outra garrafa de vinho e olhou para a mesma com um ar sonhador.

                —Posso lutar tão bem quanto você quando quero, —Retrucou sem desviar o olhar do vinho. — Mas há pouco esvaziei duas garrafas de um vinho excelente, e meu coração padece com a ideia de deixar para trás outras garrafas.

                O mosqueteiro moreno riu sombriamente e ameaçou o outro com a ponta de sua espada que agora brilhava fatalmente.

                —Abandone o saque, rato miserável. Não pode levar as garrafas. Elas vão prejudicar sua agilidade.

O ladrão deixou a garrafa em um canto e sacou sua espada.

                —Por liberdade, justiça e três refeições diárias. —Resmungou. —Vamos sair daqui.

Ombro a ombro, nós três abrimos caminho para fora do depósito até a porta mais próxima, para o barulho e calor da cozinha.

                —Saiam daqui, ruidosos filhos de meretrizes!—Gritou o dono da taverna furioso ao ver-nos com nossas espadas em punho, enfrentando todos os nossos adversários com ferocidade e coragem. —Saiam de minha taverna e vão brigar em outro lugar!

                Abaixei-me e assim acabei me esquivando de uma cebola que foi arremessada em minha direção. Felizmente, a cebola atingiu um de seus atacantes com um baque surdo, espalhando sua polpa podre sobre seu rosto, o que fez o homem entrar em pânico, devido a súbita ardência em seus olhos. Mas depois limpar precariamente a face com seu próprio uniforme, o soldados brandiu o punho contra o proprietário e gritou uma infinidade de palavras inapropriadas. O irado proprietário emitiu um ultimo grito de protesto e correu por uma porta lateral, posicionando ferrolhos e trancas por aonde ia passando. A criada, o motivo original de todo esse caos, não era tão covarde. Além do mais, ela queria se vingar de um insulto, e a cozinha era o seu território. Armada com uma mortal panela fumegante que pegou do fogão, a moça a girou sobre a cabeça e arremessou contra um de meus atacantes.

                —Tome isso! —A ouvi gritar, enquanto acertava as costas largas do grandalhão que a havia tocado antes. —E isso! E isso!—Ela gritava repetindo os golpes.

                O grandalhão, por sua vez, gritava feito um porco sendo esfaqueado e, depois do segundo ou terceiro golpe, largou a espada. Ela pulava de um lado para o outro, tentando tocar as costas queimadas enquanto urrava de dor e desespero. Encorajada pelo sucesso de seus golpes, a criada atacou outro adversário com um violento golpe na nuca. Houve um baque surdo quando o metal encontrou o osso duro do crânio do homem, e depois um estrondo de cerâmica se partindo quando ele caiu desacordado no chão frio de pedra. Ao verem seus companheiros vencidos de uma maneira tão inesperada e até mesmo perturbadora, os outros voltaram correndo para o salão da taverna, onde o tumulto prosseguia. A jovem criada largou a panela e levantou-se, com os braços erguidos e o rosto iluminado pelo triunfo enquanto os inimigos fugiam.

                —Desapareçam daqui, filhos de um cão sarnento!—Ela gritava, orgulha se si mesma. —E não voltem mais, ou vão levar mais paneladas!

                Inclinei-me para a criada e disse:

                — Tem uma força invejável, senhorita, e uma arma muito poderosa. —Disse sorrindo ao ver a pnelal fumegante no chão. —Nós três somos gratos por nos ter socorrido.

                —Eu é que agradeço, senhor. —Ela respondeu sorrindo. —Não gostei de ser assediada daquela maneira tão rude, mas não podia atacá-lo com as canecas de cerveja, ou teria que pagar por elas e passaria uma semana sem comer. Agora ele vai pensar duas vezes antes de se meter comigo novamente!—Respondeu exibindo um belo sorriso.

O mosqueteiro moreno riu e disse:

                —Você deu uma bela lição naquele bastardo nojento. —Elogiou. —Ficaria bem em um uniforme desses. É o tipo de companhia que eu gostaria de ter em uma batalha.

                —É melhor irem embora, senhores. —Aconselhou a criada, desfazendo seu sorriso. —O patrão já deve ter mandado alguém ir buscar os guardas, e vocês terão problemas se forem encontrados aqui, no meio dessa confusão.

                Sem esperar nem mais um segundo, eu corri para a porta, seguida por meus dois novos companheiros. Todos tinham bons motivos para não desejarem ser pegos pelos guardas. A alameda nos fundos da taverna era tomada quase que inteiramente por lixo fétido, mas mesmo assim eu ignorei o cheiro horrível e comecei a caminhar escolhendo cuidadosamente onde punha os pés, odiando sujar minhas botas naquela imundície. Afinal tinha apenas um par de botas. Mas o tropel de cavalos no final da rua fez com que eu me decidisse que as botas sujas seriam o menor de meus dos meus problemas. Estava paralisada pelo choque, sem saber para onde correr a fim de evitar a captura e a punição que sempre era imposta aos briguentos e encrenqueiros. O ladrão tratou de cuidar da própria pele. Resmungando um palavrão qualquer, ele correu.

                —Venham! —Disse aos outros dois. —Por aqui!—Falou de forma impaciente.

                Com uma agilidade surpreendente, o homem escalou o muro do outro lado da alameda.

                —Subam!—Chamou antes de saltar para o outro lado, desaparecendo na escuridão.

Eu e o mosqueteiro moreno nos entreolhamos, um olhar quase que cúmplice e assim pude perceber que seus olhos eram exoticamente perolados, suspiramos fundo e subimos o muro, não com a mesma agilidade, mas com idêntico empenho, e o encontramos do outro lado do muro. Bem a tempo, pensei. Assim que saltamos, dois guardas armados entraram no beco sujo e escuro. Um deles gritou ao vê-nos desaparecer do outro lado da muralha.

                —Atrás deles!—Gritou o guarda.

Eu e o moreno de exóticos olhos perolados, olhamos para o ladrão que suspirou com um exagero bem dramático.

                —Venham comigo se quiserem escapar. —Disse nos encarando com seus olhos azuis, como se fosse um felino. —Mas vão ter que me acompanhar. Se ficarem para trás, não porei minha pele em risco para esperá-los!

                Covarde, pensei me contendo para não revirar os olhos.

                —Rato de esgoto. —Resmungou o moreno com ar crítico.

Mesmo assim, o Sr. Rato de Esgoto era a melhor chance que tínhamos naquele momentos, por isso nós os seguimos da melhor forma que conseguíamos, pois  o ladrão era ágil como um gato! Na meia hora seguinte, passamos por cima de telhados e muros, atravessamos pátios e arcadas, e cruzamos inúmeros becos sujos como o primeiro. Eu sentia dor em um dos lados do corpo, devido ao esforço que a corrida exigia, e meus pés eram castigados pela ficção constante com o couro áspero das botas. E o moreno ao meu lado estava muito ofegante. Finalmente, o ladrão parou e todos nós nos dobramos para frente, com as mãos nos joelhos e os pulmões trabalhando duro na tentativa de recuperar o fôlego.

                —Acho... —Começou o loiro. —Que os despistamos.

                O som de vozes não muito distantes nos fez perceber que a caçada ainda não havia terminado. Meu pensamento foi às bolhas em meus pés e devido à dor, não tinha certeza se poderia continuar correndo.

                —Parece que ainda não. —Falei, quebrando o silêncio.

O ladrão encolheu os ombros.

                —Não dá mais para continuar correndo. —Concluiu, sua voz mostrava uma certeza inabalável. —Devemos buscar abrigo em algum lugar, se pudermos. Se sairmos das ruas, eles não nos encontrarão.

O lugar em que estávamos era completamente desconhecido para mim. Tudo o que eu conhecia de Suna era a hospedaria onde vivia e a rua que me levava ao regimento.

                Estava perdida.

                —Onde estamos?—Perguntei.

O loiro respondeu, dizendo o nome da rua, mas informação não foi útil para mim. Porém, o mosqueteiro moreno animou-se ao ouvir o endereço.

                —Moro a mais de um quilometro daqui. Há um espaço suficiente para nós três nos protegermos até tudo isso acabar. —Respondeu o moreno.

Por mais que detestasse a sugestão, eu não tinha alternativa senão aceitá-la. Não queria ser levada ao tribunal para receber castigo imposto a quem brigava nas ruas e em locais públicos. Como instigadora daquela confusão, eu certamente receberia o pior castigo. E se o capitão estivesse de mal humor, poderia até ser expulsa do regimento e mandada de volta para a casa da desgraça, estremeci só de pensar.

                Unira-me aos mosqueteiros para cobrir de honra o nome de Akira Haruno, não para arrastá-lo a sarjeta, que é onde ficarei se for expulsa do regimento. Meus calcanhares feridos não paravam de reclamar, mas eu segui os outros dois pelas ruas escuras, mantendo-me nas sombras sempre que era possível e permanecendo atenta para eventuais perseguidores, um ou outro guarda que ainda pudesse persistir na intenção de nos capturar. O mosqueteiro moreno vivia em uma bela casa, pouco distante da hospedaria onde eu vivia. Eu comecei a relaxar um pouco, agora me via em um território familiar. Havia sido terrível descobrir-me perdida nas alamedas e nos becos daquela parte desconhecida de Suna. Como um trio de malfeitores, nós entramos pela porta da frente sem fazer barulho e subimos aos aposentos do mosqueteiro, que ficavam no segundo andar da casa.

                O jovem de olhos perolados sentou-se com um suspiro aliviado e convidou os outros dois a fazerem o mesmo, apontando poltronas que pareciam ser extremamente confortáveis.

                —Por Deus, meus pés estão me matando!—Disse o moreno, tirando as botas e jogando-as em um canto qualquer.

Ele movia os dedos dos pés com alívio, e eu percebi que seus pés eram pequeninos e delicados demais para um homem daquela estatura, mas eu ignorei tal fato insignificante e não tardei a imitá-lo.

                —Akira Haruno, ao seu dispor, senhores. —Apresente-me, deixando o corpo cansado cair sobre uma das poltronas. —E espero não ser obrigada a correr novamente por um bom tempo!

                O mosqueteiro riu, concordando e apresentou-se:

                — Sou Neji Hyuuga.

O ladrão retirou das roupas uma garrafa de vinho, exibindo-a com grande orgulho. Relaxado e satisfeito, ele foi buscar dois copos que viu sobre um móvel e serviu generosamente doses em cada um deles, antes de beber do próprio gargalo e limpar a boca com o dorso da mão.

                —Já que estamos nos apresentando, sou Deidara. Á sua saúde, cavalheiros!

Eu bebi um gole ávido do vinho encorpado e morno. Ele desceu por minha garganta como o néctar dos deuses!


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Notas finais do capítulo

E aí? Mereço reviews? Recomendações? Sabe, espero que você tenham gostado do cap, pois eu adorei escrevê-lo ^^ Bjs, até o proxímo capítulo
:*



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