Jolly Roger escrita por Luangel


Capítulo 8
A verdade


Notas iniciais do capítulo

Oiê! Como vão vocês meus mosqueteiros? Enfim, peço minhas humildes desculpas pela demora, mas eu ñ tive tanto tempo p escrever e a preguiça tmabém não ajudou muito o meu estado de espírito ><. Eu gostei d fazer esse cap e espero q também gostem de lê-lo.



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Depois, eu o fiz repeti-lo até adquirir rapidez. Só quando o Haruno demonstrou precisão cirúrgica e velocidade lampejante, eu o deixei largar a espada para descansar um pouco.

Sasuke Uchiha:

Akira não emitira nenhuma queixa e nem pedira para parar ou repousar, mas era possível perceber que ele estava á beira da exaustão. A praga podia tê-lo modificado de muitas maneiras, mas felizmente não alterara sua força de vontade e nem sua ânsia insaciável de sucesso.

  —Se continuar praticando com esse empenho, logo aprenderá a lutar novamente. —Falei.

  O Haruno estava tão ofegante que mal conseguia falar.

    —Bom... —Murmurou passando a manga da camisa na testa, secando as gotas de suor que escorriam por sua pele.

      —E espero que não esqueça tudo outra vez... —Falei tentado não soar decepcionado.

     —Nunca mais esquecerei uma única lição. —Assegurou o rosado, sua voz soava firme e o seu olhar confiante, parecia que o seu vigor havia voltado em dobro.

     Não pude evitar olhá-lo de forma curiosa. Ele era apenas um ano mais jovem do que eu, mas recentemente, essa diferença se tornara quase um abismo nos separando cada vez mais.

      —Por que quer tanto lutar?—Perguntei, houve um tempo em que acreditava saber o motivo, mas agora não tenho mais certeza de nada quando o assunto é Akira Haruno.

Antes de responder, o rapaz pegou o cantil que levava preso á cintura e sorveu vários goles de água.

 —Que homem não quer?—Retrucou, soando indiferente. —Para poder me insultar novamente com segurança?—Disparei, minha voz estava fria.

—É claro. —Confirmou me fitando, seus olhos verdes mostravam o quão tolo ele era para tal ato.

 —Naquele dia teria me matado. —Falei, e apesar de ser uma afirmação, a frase soara como uma pergunta que foi prontamente respondida:

   —Sim.

   Incrivelmente não havia vestígio de arrependimento em sua voz. Ele não se desculpava, apenas... Admitia o fato, como se fosse uma situação banal entre nós.

   —Por que me odeia tanto, Akira? —Sussurrei estreitando o olhar sobre Akira. —Por que tentou me matar?

O Haruno estreitou o olhar gélido sobre mim, seus olhos pareciam ter perdido o brilho, se tornando opacos e sombrios, como duas fendas.

 —Por que você está vivo, Sasuke. —Respondeu com uma frieza incomum.

   Estava confuso, esse argumento não faz sentido!

 —Por que estou vivo? O que quer dizer?—Indaguei e o rosado a minha frente me fuzilou com o olhar, tencionando os ombros e fechando as mãos em punhos tão rígidos que eu fui capaz de ouvir seus ossos estalando, clamando para que a pressão sobre eles diminuísse.

  —Você está vivo... —Repetiu e sua voz agora demonstrava ódio, quase nojo a meu respeito, me deixando extremamente ofendido. —E meu ir... Todas as pessoas que eu amo estão mortas.

    Além de confuso e ofendido agora eu estou preocupado com a saúde mental do garoto. A morte da irmã, Sakura, havia enlouquecido o rapaz? Sua dor havia sido tão intensa a ponto de destruir-lhe o juízo?

   —Todos que amava? Você enviou noticias sobre a doença de sua irmã, mas relatou que todos os outros moradores da casa estavam em plena saúde!—Exclamei.

    —Sakura foi a primeira a adoecer. —Respondeu, seus olhos estavam focados no chão, mas seu olhar estava doloroso e ele parecia ser bem mais velho do que eu, lembrando do seu passado. — Ela levou a praga á nossa casa. —Os olhos dele brilharam de forma agonizante por causa das lagrimas, e sua voz soava embargada agora. —Um a um, todos foram adoecendo depois dela. Meu pai e os criados. Todos. Minha irmã foi a ultima a morrer, lutou até o fim.

   As palavras penetraram fundo em minha mente. Minha confusão desapareceu agora eu podia compreender por que Akira havia perdido a leveza de espírito e atitude amistosa de sempre.

—Eu... Não sabia. —Murmurei. —Sinto muito por isso.

—Eu os enterrei sozinho. Todos. E os criados foram para uma vala comum. Corpos e mais corpo empilhados até não haver mais nenhum espaço naquele maldito buraco! —Agora o Haruno falava depressa, como se as palavras queimassem em sua garganta. O rosado estava tão absorto em suas lembranças que parecia nem se lembrar de minha presença. —Depois eu os cobri com terra. —A essa altura lágrimas lavavam o rosto do rapaz. —Todos morreram. Até a pessoa que eu queria me casar!

O que eu poderia dizer? Engoli a seco, nenhuma palavra seria adequada para expressar a compaixão que eu sentia naquele momento ou a minha solidariedade diante do relato de horrores por ele testemunhados.

 —Eu tentei ir ajudá-lo. —Falei olhando para o chão, minha voz soava arrastada, quase que sem vida.

O rapaz levantou a sua cabeça bruscamente, secou o rosto com as mãos sujas e fez um visível esforço para recuperar o controle de suas emoções.

  —Homens melhores que você temem a praga. —Retrucou, sua voz estava ácida e acusadora novamente.

 —Não foi a praga que me deteve. —Abri minha camisa, revelando a cicatriz que marcava a minha pele desde o peito até a cintura. O local ainda estava avermelhado e um pouco inflamado, e a sutura repuxava a pele de maneira furiosa e ás vezes latejava um pouco. —Foi isto aqui.

Sakura Haruno:

Senti meu estômago protestar diante da visão da horrível cicatriz. Comparado aquilo, o corte que causara com minha espada era apenas um arranhão sem nenhuma importância. Era como se ele houvesse sido atacado e rasgado por uma matilha de lobos famintos! Aquela horrível marca não podia ter sido causada por causa de uma simples espada. Cuidadosa e hesitante eu estendi a minha mão e toquei a região vermelha com a ponta dos dedos.

   —O que foi isso?—Sussurrei analisando a ferida.

   —Um golpe de forcado. —Respondeu calmamente.

 Limpei o rosto com a manga da camisa novamente. Sei que homens e soldados não choravam, mas simplesmente não consegui controlar as malditas lágrimas. Sempre mantive a dor engarrafada dentro de meu coração por tanto tempo que não consegui impedi-la de transbordar numa torrente depois de aberta a primeira brecha.

  —Como...?—Perguntei.

   —As estradas para Konoha estavam bloqueadas, e os habitantes não deixavam ninguém passar, nem entrar, nem sair de lá. Temiam que a praga se disseminasse. Sei como amava a sua irmã, e levava comigo um medicamento, uma poção que o médico do imperador garantiu ser eficiente contra praga.

Lágrimas borraram os meus olhos novamente. Pensei na horrível morte de meu irmão e em como poderia ter sido facilmente evitada, se as coisas tivessem sido de outra maneira.

—Tentou... Levar o remédio até nós?—Sussurrei sem deixar a surpresa de lado.

 —Sim, mas fui detido por um grupo de camponeses quando me aproximava de uma vila próxima a Konoha. Eles não deram ouvidos ás minhas suplicas. Não me deixaram passar e seguir minha viagem. Queriam saber por que eu viajava em momento tão impróprio. Acharam que eu fugia de algo, acharam que eu fugia da praga. Exigiam que eu revelasse com que doença Deus havia me amaldiçoado. Não acreditaram quando expliquei que havia saído de um lugar livre de enfermidades. Duvidavam que um medicamento feito pelo homem pudesse ser mais forte do que a praga. Estavam enlouquecidos pelo medo. Tentei correr, romper aquela barreira humana, mas eles eram muitos. Agarram-me e me derrubaram do cavalo. Agradeço a Deus por ter sobrevivido, pois naquele momento a minha única certeza era a morte.

 —Recuperou-se bem. —Disse, mas era impossível banir de minha voz o ressentimento. Sasuke estava vivo, apesar de tudo, enquanto as pessoas que amo estão... Mortas.

—Um sacerdote encontrou-me e cuidou de minhas feridas. Apesar de seu empenho, a ferida infeccionou, e passei boa parte do inverno doente, com febre alta e constante. Mesmo em meus momentos de lucidez, eu não conseguia nem me levantar da cama. Juro que tentei encontrar um mensageiro que pudesse levar o medicamento até vocês, para a sua irmã, mas todos me julgavam como louco, achavam que eu estava delirando em conseqüência da febre. De qualquer maneira, nenhum deles se arriscava a viajar no meio do inverno a uma casa infestada pela praga. —Sasuke desviou o olhar, como se não gostasse de se lembrar daquilo. — Quando me recuperei o suficiente para voltar a minha jornada, fui informado de que Sakura havia morrido e que você viajava de volta para reintegrar o nosso regimento, em Suna.

Eu me encolhi ao ouvir aquelas palavras, o meu coração doía por tudo o que havia enfrentado até agora, me deixando afogar na culpa provocada pelo que acabara de ouvir. Errei ao julgar o conde, e ainda planejava assassiná-lo enquanto, durante todos esses meses, ele arriscara a própria vida para me salvar! E teria salvado Akira também, se pudesse. Não nos abandonara no momento de necessidade, como eu havia repetido a mim mesma durante tanto tempo.

Suspirei e com a pouca dignidade e educação que me restara eu me levantei mesmo que cambaleante para tentar reparar os meus erros da melhor forma possível.

—Peço desculpas pela maneira que agi ao revê-lo. —Falei fazendo com que o moreno me fitasse, surpreso. —Estava muito perturbado. Julgava que houvesse ignorado o meu pedido de ajuda por medo... —Pigarreei para tentar limpar a garganta. As palavras pareciam parar numa barreira invisível e retornar ao meu peito, ameaçando sufocar-me. Precisei de um grande esforço para poder verbalizá-las. —E... Retiro tudo o que disse contra você. Agora compreendo que não tinha razão para acusá-lo de covardia.

Sasuke inclinou a cabeça para o lado e exibiu um sorriso torto, um sorriso que eu nunca havia visto na vida, era tão... Diferente vê-lo sorrindo assim!

                —Está desculpado, Akira. —Disse por fim.

                —Agradeço pela aula. —Falei depois de um longo e quase que constrangedor silêncio.

Eu estava tão acostumada a vê-lo como um inimigo, que agora não sei mais lidar com essa súbita mudança.

                A sede de vingança havia sido a minha fonte de força quando nem mesmo o desejo de preservação da honra me teria mantido em pé. Perder essa força tão propulsora tão repentinamente me deixou com uma incomoda sensação de estar perdida, completamente sozinha. Minha única alternativa é acreditar no conde. O corpo do moreno não pode mentir. Eu vi a ferida com meus próprios olhos e até cheguei a tocá-la! E... Ele se feriu por mim.

                Na verdade, Sasuke quase morreu para me salvar! Tenho muito o que pensar agora, mais do que jamais imaginei ser possível. Quero ficar sozinha e me dedicar inteiramente a esses pensamentos. Juro que sinto a minha nuca arder por causa do olhar do conde sobre mim, mas isso não importa agora, pensei tentando não tropeçar em meus próprios pés.

                —Volte amanhã. —Sugeriu o moreno aumentando o tom de voz, para que eu o ouvisse.

                E eu em resposta acenei, concordando. Certamente estarei pronta para outra lição ao amanhecer, embora já não desejo mais usar esse conhecimento contra meu professor. Continuaria aprendendo e aperfeiçoando para cobrir de honra o nome Akira Haruno. Sorri sem humor, meu irmão sempre esteve certo... Sasuke não é um covarde. É um homem honrado e que merece todo o meu respeito. Quase morrera na tentativa de levar até mim o medicamento tão necessário.

                Não tentarei mais matá-lo, não mais... Mesmo assim, não posso permitir que o conde se aproxime demais. Somente guardando uma certa distância prudente dos companheiros conseguirei proteger meu segredo. Aprenderei com o moreno, mas, mesmo assim, evitarei sua amizade da melhor e da mais sutil forma possível, como também evitarei a amizade de outros mosqueteiros. Jamais serei como uma boa companhia como Akira fora para ele e... Incrivelmente, tão pensamento me aborreceu, mesmo sabendo do porquê de minha “isolação”.

                Sasuke é um homem honrado, o melhor espadachim que jamais conheci. Confesso que eu teria apreciado conversar com o conde, não como Akira, mas como a Sakura teimosa, tagarela e bonita, compartilhar com o moreno os meus medos tenebrosos e esperanças absurdas, seria... Até bom fazer parte de sua vida. Após pensar isso, senti minha face corar e mesmo sem ninguém por perto para me ver vermelha, eu abaixei a cabeça, fitando o chão de terra, escondendo a minha face com a grande aba do chapéu de mosqueteiro.

                Sorri ironicamente, agora entendia o porquê de Akira escolhe-lo como meu noivo. Fiz uma prece silenciosa e breve, pedindo desculpas a alma de meu irmão por ter duvidado tanto de sua sabedoria. O rosado me conhecia melhor do que eu mesma. Foi até capaz de escolher um homem que eu poderia amar e respeitar. Com pesar no peito, acabei concluindo que ele me lembrava Itachi. Ambos eram como um falcão, um predador furioso e ao mesmo tempo inteligente e fiel.

                Tapei a minha boca com a mão, abafando um soluço que se eu contivesse rápido, logo, logo eu começaria a me desfazer em lágrimas salgadas de dor novamente. Com a outra mão livre puxei o cordão que havia em meu pescoço,debaixo de minha roupa, e neste cordão estava a chave que Itachi me dera antes de falecer. Encarei a peça feita de ouro, o que aquilo poderia ter de valioso além de ser o único registro de que Itachi se lembrar de mim? Certo, já basta de lagrimas por hoje, Sakura, ordenei a mim mesma, voltando a andar.

                Enfim, a esposa de Sasuke, quem quer que fosse, seria abençoada por ter um marido tão corajoso e leal. Ao deitar em minha cama, não dormi de imediato como o de costume, a minha mente vagava milhas e milhas enquanto eu sentia o peso das duvidas sobre as minhas costas. Nunca me senti tão sozinha... Teimo em acreditar eu até a minha ambição em honrar a minha família se tornou um conforto frio e insuficiente no silêncio da noite, quando todas as outras pessoas dormiam nos braços daqueles que amavam... Só eu estava acordada e abandonada.


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