“Gaara riu, quase que de forma ácida e a Yamanaka sustentou o olhar do ruivo de uma maneira pouco feminina e fina como suas roupas a tentavam deixar e naquela hora eu percebi que a loira odiara aquele homem.”

Sakura Haruno:
Temi que Ino estragasse todo o nosso disfarce com a aquela antipatia pelo príncipe, mas felizmente, a loira não falou nada, o que já era um grande sacrifício para a mesma já que a sua língua acida e afiada parecia não se conter atrás de seus dentes.
—Ah, creio que a nossa jovem amiga é tímida.—Disse Gaara, sua voz era grave e tinha um tom autoritário como os de sua classe, sem desviar os olhos da Yamanaka que notavelmente não gostou de ser chamada de “amiga” e “tímida”.
A mosqueteira arqueou uma de suas sobrancelhas e não abaixou a cabeça, submissa, perante ao olhar do homem, o que poderia ser visto como uma afronta ou uma tolice vindo de uma dama.
Mas de qualquer modo, o ruivo manteve um sorriso zombeteiro e discreto em seus lábios, como se a garota a sua frente, fosse uma diversão. Temari por sua vez acariciou o brinco de pérola que usava e disse com um sorriso simpático:
—Não precisa ficar embaraçada, minha querida, mas já que insiste...— Enquanto a princesa olhava para os lados, a corte entendeu o recado da loira e em questão de segundo, o recinto estava vazio.—Muito bem, acredito que agora vocês podem falar.—Disse a mesma, a sua voz agora carregava um pouco de impaciência, espero que tudo isso tenha uma justificativa.
Eu sabia que Ino estava irritada demais para dar uma noticia tão delicada e então, estando no salão vazio, eu não medi palavras ao dizer:
—A mãe de vocês Karura, a rainha de Suna, se tornou prisioneira de seu pai. Fui enviada pelo irmão dela, o duque Yashamaru para pedir ajuda para libertá-la e também por que é um direito de vossas graças saber que Karura foi aprisionada sem nenhum motivo aparente.
Eu sabia que quando eu falasse a reação não seria boa, imaginei de tudo o que poderia acontecer, mas em um primeiro momento, tudo o que tivemos como resposta foi um silencio efêmero e fúnebre, que foi logo quebrado com a voz tremura de raiva de Temari, quase gritando no salão onde há poucos segundos nos recebera tão alegremente como antigas amigas:
—Isso é algum tipo de piada de mau gosto?
Sasuke deu um passo a frente, retrucando para a princesa raivosa:
—Minha esposa não mente!
A loira respirou profundamente, já se preparando para expressar em palavras a sua indignação, mas logo que a mesma começou a falar, seu irmão se pronunciou de maneira bem veemente:
—Já basta, Temari!—Gritou o ruivo, numa ira que ele parecia impossível de nutrir por debaixo de toda aquela pose nobre e controlada que ele sustentava com naturalidade.
A loira se calou e tudo o que se ouviu no salão foi o tamborilar irritante e rítmico dos dedos de Gaara contra o trono. E ficamos ali, pacientemente esperando que o ruivo abrisse os seus olhos e esboçasse alguma reação e quando o fez, sua voz saira controlada, quase paternal, porém firme.
Seus olhos estavam opacos e penetrantes, pareciam carregar naquelas orbes azuis, o dom de extrair a verdade das línguas de qualquer um ali presente. Antes, ele parecia um príncipe arrogante, agora, parecia um rei temível:
—Tem certeza do que diz?
Eu engoli a seco ao vê-lo me dirigir uma pergunta, mas respondi sem desviar o olhar:
—Sim, certeza absoluta. Fui eu quem a prendi.
Em resposta, Temari arqueou uma sobrancelha, descrente e presunçosa antes de disparar sua frase pingando a veneno:
—Você? Uma mulher? É impossível.
—Sim, eu sou mesmo uma mulher.—Respondi calma e seriamente, pouco me importando com o escárnio de Temari, deixando que a minha indiferença a calasse.— mas também servi como mosqueteira na guarda real.
—Está brincando?—Murmurou a loira, embasbacada.
Estando preparada para a descrença, afundei a minha mão no bolso do casaco de Sasuke e tirei dali uma pequena adaga e brinquei habilmente com a arma por entre os meus dedos, de maneira precisa e hipnótica para depois devolvê-la para o moreno.
—Eu nunca brinco.—Retruquei, soando firme como eu gostaria.
—Vejo que não.—Respondeu Gaara, um pouco mais calmo, parecendo até se divertir com suas convidadas e então o Uchiha começou a falar e eu me contive para não acabar corando ali, principalmente quando Gaara arqueou uma de suas sobrancelhas:
—E ela é ainda melhor quando se trata de arco.Ainda é razoável com a espada, mas está melhorando bastante. Ela é uma aluna admirável e muito aplicada com o que se compromete a fazer. Tem mais agilidade do que os outros, mas falta-lhe força, algo que também vem sendo melhorado com os treinos. A concentração também exige atenção, por que ela perde de vista o objetivo final quando se envolve no calor da batalha.
—Tem mais alguma informação sobre o conde Yashamaru?—Perguntou Gaara e eu mordi o meu lábio inferior, notando que eu não tinha muito o que dizer:
—Eu realmente não sei o real motivo por que o Kazekage fez Karura como sua prisioneira, e o conde Yashamaru também está de mãos atadas, assegurou a nós que ficaria em Suna, escondido da ira do soberano. Ele me pediu para procurá-lo.
—Por que o meu tio te procurou?—Perguntou o ruivo, como se eu soubesse a resposta.— Por ser mulher e certamente acabar se apiedando com a situação da rainha?
—De uma forma ou outra, ele descobriu que eu era quem a havia prendido e por isso veio ao meu encontro. Ele não sabe que eu sou uma mulher.
Temari e o irmão trocaram olhares cheio de significados misteriosos e soltaram risadas educadas, como que se lembrassem de alguma piada interna.
—Me desculpe, mas é que posso imaginar em como meu titio teve dificuldades para resistir a você dentro de um disfarce de mosqueteiro.— Disse a princesa, risonha novamente.— Aposto que você se tornou um rapaz muito bonito. Oh, como ele ficaria mortificado, se descobrisse que tentara seduzir uma mulher!
—Então, por que você concordou em vir?—Perguntou o príncipe, ignorando completamente a fala da irmã mais velha.
Eu suspirei, pensando em tudo o que eu poderia responder... honra, compaixão ou por simplesmente não conseguir compactuar ao ver uma mulher ser punida pelo capricho de um homem poderoso.
—Ele me pediu para salvá-la e invocou minha honra de soldado. Aceitei a missão por ser mulher.