Jolly Roger escrita por Luangel


Capítulo 3
A Praga...


Notas iniciais do capítulo

Oiê!!!! Peço desculpas pela demora, mas é que eu tenho provas e trabalhos da escola e eu tenhio uma fic chamada: COLETANDO LEMBRANÇAS... do Fairy tail, é a minha caçulinha e também umas das justificativas d minha demora... Então eu fiz um cap grande para deixar vocês felizes!^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/218395/chapter/3

A última cena que vi foi Akira sacando sua espada antes de sucumbir a escuridão que parecia me seduzir chamando o meu nome...

Sakura Haruno:
    Minha cabeça latejava e eu não conseguia enxergar nada além de borrões misturados, senti o forte cheiro de álcool em um pano em minha testa, eu até tentei me sentar, mas meus braços não tinham força o suficiente para se mover e muito menos para sustentar o peso de meu corpo. Não sabia há quanto tempo estava presa aquela cama, mas acho que já faz semanas, semanas de pura tormenta... De vez em quando eu acordava com sede, muita sede, pedia água, e uma figura abençoada se aproximava para pingar algumas gotas daquele liquido que parecia divino em minha boca seca. Ás vezes essa tal pessoa abençoada era meu pai, outra meu irmão e ás vezes minha mãe, que já havia falecido há anos... Às vezes sentia meu corpo tão quente que eu pensava ter morrido e ido ao inferno! Outras vezes eu sentia tanto frio que congelava desde os pés até meu ventre, me paralisando.
    Apesar das oscilações de temperatura a dor nunca mudava ou me abandonava, estando sempre presente me atacando em espasmos de dor e sofrimento. Nesses momentos eu tremia, chorava e suplicava a Deus para ser libertada desse tormento, até eu perder a consciência novamente.  Até que numa determinada manhã, eu acordei e a dor que eu sentia havia desaparecido. As cortinas em torno da cama haviam sido abertas para deixar o ar fresco da manhã entrar no lugar e então eu soube que não estava mais presa aquele colchão. Meus braços ainda estavam estranhamente pesados quando eu tentava movê-los, e a luz do sol queimava em meus olhos, mas a minha mente trabalhava a todo vapor, clara e sã novamente.     Com esforço eu virei a minha cabeça no travesseiro e para a minha surpresa Akira estava ali, parado ao lado da janela, sua silhueta recortada contra a luz dificultava a minha visão dele. Estreitei os olhos e pisquei algumas vezes para saber se aquela imagem não era somente uma criação de minha mente debilitada, mas a figura não desapareceu.
    —Akira?—Minha voz soou rouca, áspera como se eu não usa-se a um bom tempo.
Ele se aproximou da cama.
    —Sakura? Está acordada?
Eu tentei erguer meus braços para abraçá-lo, mas a força me faltou e então eu apenas sorri, eu me sentia segura com meu irmão, onde quer que eu esteja.
    —Sinto uma enorme alegria em vê-lo!
    Com os olhos verdes brilhando, o garoto segurou minhas mãos frias.
    —Também estou muito feliz em estar aqui, graças a Deus que você acordou! Tive medo de você nunca mais sorrir para mim desse jeito, querida. Não imagina o quanto eu estou feliz por vê-la recuperada.
Ele sorriu fitando os meus olhos verdes idênticos ao dele.
    —Estou ,melhor agora que você está comigo...
    —Você deve estar com fome. Veja se consegue se sentar e tomar um pouco de sopa que eu fiz. Eu a ajudarei.
Eu estava faminta! Tomar um pouco de sopa seria fantástico! Akira saiu do quarto e voltou poucos instantes depois com uma vasilha com um liquido borbulhante e de odor convidativo.     Eu ergui um pouco meu corpo e consegui me sentar. Eu estava tão fraca que meu irmão me dava sopa na boca, a sopa era fraca e rala, mas eu engoli com avidez. Depois de algumas colheradas, meu frágil estômago se dizia por satisfeito. E eu até me sentia envergonhada em estar tão dependente de Akira. Olhei para a janela onde um canto de um pássaro me chamou atenção, e então tive noção de que enquanto estive de cama, eu perdera a noção do tempo. O que será que havia acontecido no ataque pirata? O que havia... Acontecido com Itachi? Eu senti um aperto em meu coração, ao imaginar as inúmeras possibilidades onde o meu amado poderia estar...
    —Estive de cama há muito tempo?—Indaguei e a expressão de meu querido irmão se tornou séria e até mesmo entristecida.
    —Tudo estava tranqüilo até que aqueles malditos piratas chegaram, como sabe eu lutei com alguns, mas seriam muitos, então resolvi me refugiar na biblioteca, e poucos segundos depois eu te encontrei. Havia um brutamonte atrás de você e antes que eu pudesse fazer algo, aquele filho de uma meretriz atirou em você. —Akira ficou em silêncio e desviou seu olhar de ódio para a janela.
    —E então?—Perguntei querendo que ele continuasse.
    —Eu o matei. —Respondeu o Haruno voltando seu olhar para mim e eu estremeci ao imaginar meu doce e tranqüilo irmão matando alguém.
    —Os piratas ainda estão no vilarejo?—Questionei.
    —Não. —Murmurou o garoto. E mudou de assunto drasticamente, como se quisesse me esconder algo: —Ah, eu... Eu esgotei a minha licença.
    Não. Eu não podia ter ficado na cama por todo tempo em que ele estava me visitando! Tenho o tanto a perguntar, tanto a falar! A minha habilidade com arco, por exemplo, ou o cavalo selvagem capturado e domesticado por mim! O Hércules, já comia maças em minhas mãos.
    —Vai ter que ir embora logo?—Indaguei sem fitá-lo.
    —Ficarei até ficar recuperada.
Eu o fitei e o rosado sorriu para mim, como uma criancinha e eu senti vergonha, vergonha de meu egoísmo.
    Eu sou apenas sua irmã, não deveria estar no caminho dele, impedindo-o de fazer seu brilhante destino que eu sei que Akira terá.
    —Seu superior não vai se incomodar por ter se ausentado por mais tempo do que o permitido?
O sorriso inocente de meu irmão desapareceu, dando espaço para uma risada amarga e sarcástica.
    —Duvido que meu capitão fique grato por eu levar a doença de volta a Suna em minha bagagem. Se eu me atrever a me aproximar das muralhas de Konoha, ele me mataria com um tiro certeiro em minha cabeça e despacharia meu corpo para ser queimado em uma campina distante.
    —Que... Doença?—Perguntei sem ignorar o medo que crescia dentro de mim, me fazendo estremecer.
    Akira fez o sinal da cruz sobre si para se proteger contra esse mal...
    —Ninguém pode entrar ou sair de Konoha. —Disse depois de suspirar. — Estamos sitiados por soldados, não temos como escapar, até os cidadãos nos matariam! Preferem matar inocentes desconhecidos a correrem o risco de serem infectados.
A praga. Eu já ouvira falar dessa peste, eram como gafanhotos nos tempos antigos, a praga é uma maldição vinda do céu, alguns acreditam que as pragas eram enviadas por um Deus irado para punir suas criações e poucos são os que escapavam de tais punições...
    —A peste negra?—Sussurrei e o Haruno assentiu calmamente.
    —Exatamente.
    Coloquei as mãos sobre meu peito, na tentativa infantil e inútil de tentar fazer meu coração parar de bater tão forte e rápido. Eu sentia algo estranho em mim, parecia crescer a cada momento, tomando o meu corpo e o deixando dormente e gelado, essa sensação ruim... Era pânico.
    —Eu... Tive a praga?—Sussurrei olhando fixamente para o garoto a minha frente que tocou meu rosto com carinho e cuidado.
    —Você foi uma das afortunadas, minha amada irmã. Aqueles malditos piratas invadiram Konoha e pelas semanas que ficaram conseguiram espalhar essa praga pelo nosso povo. Sakura, você estar viva é um milagre, pois há uma hora, eu não tinha mais esperanças de que sua vida fosse poupada.
    —Há praga nesta casa?—Indaguei e o rosado assentiu.
    —Muitos criados já caíram doentes. Os poucos que sobreviveram fugiram para longe para sobreviver... Se é que isso ainda é possível...
    Por causa do medo, eu mal respirava, mas mesmo assim perguntei:
    —Nossos pais?
    —Papai não está bem. —Respondeu rapidamente.
Meus olhos se arregalaram e a temperatura de meu corpo pareceu aumentar. Não, eu não posso perder o meu pai desse jeito!
    —Qual é a gravidade? Ele está muito doente?—Disparei as perguntas procurando pelo menos uma resposta tranqüilizadora...
    —Não sei, não sou médico!—Esbravejou Akira passando as mãos nos cabelos, mostrando que estava tão angustiado quanto eu.
    —O que diz Tsunade, a médica do vilarejo?—Perguntei esperançosa.
    —Foi uma das primeiras a morrer. —Respondeu o Haruno e aquilo me acertou como um soco, Tsunade é... A Tsunade! Ela não morre!
    —Ninguém mandou chamar um médico da cidade?—Indaguei deixando o desespero tomar a minha fala:—Não mandou buscar um doutor, Akira?!
O rosado encolheu os ombros e desviou o olhar, mas logo respondeu:
    —É inútil. Não há mais nenhum médico disponível! Metade deles é covarde demais para visitar os pacientes com medo de contrair a doença.
    —E a outra metade?—Perguntei, mais controlada.
    —Infelizmente a outra metade morreu ou está morrendo agora.
Fechei meus olhos e suspirei tentando controlar as lágrimas que vinham embaçar a minha visão e suspirei dizendo:
    —O padre? Kakashi-sama pode ao menos confortá-lo ou lhe dar o ultimo sacramento... 
Apesar de ter perguntado eu não queria que o garoto respondesse, afinal eu tinha medo de ouvir notícias piores...
    —Eu o enterrei ontem. —A voz de meu irmão tremia, sabia que Kakashi-sama havia sido um exemplo para Akira, assim como Tsunade era para mim.
    Abri os olhos e fitei o teto que estava começando a descascar, e em meio aos meus devaneios, pensei que seria melhor se eu tivesse sido levada pela praga.
    —Teve um amargo despertar, minha querida irmã. Sinto muito, eu não pretendia dar todas as noticias más ao mesmo tempo, nem agora, quando ainda está tão debilitada e fraca. Durma um pouco, precisa descansar. —O fitei, visivelmente preocupada e o Haruno sorriu, mesmo que foi um sorriso triste e disse:— Prometo que eu ainda estarei aqui quando você acordar.
Eu me esforcei para permanecer acordada, olhando e admirando o meu belo e carinhoso irmão, mas o cansaço falou mais alto e eu me rendi ao sono... E adentrei em um pesadelo! Em meus pesadelos, haviam dezenas de carroças, todas cheias de corpos nus, que eram jogados sem piedade em mórbidas e profundas vala, que serviam como túmulos coletivos.
    Outros eram queimados em piras espalhando uma fumaça mal-cheirosa, mas o que me perturbou mais foi ver que cada pessoas que era jogada na vala ou na pira, tinha o rosto de alguém que eu conhecia, desde o senhor da mercearia do bairro até a face de minha adorável mãe já falecida. De súbito, eu acordei e infelizmente estava sozinha novamente, e tinha o estômago roncando e implorando por comida. Olhei para a janela, o céu estava escuro, a noite já chegara. E a casa estava quieta como uma sepultura. Eu não ouvia passos, vozes nem mesmo os latidos ou miados para mostrar que ainda havia vida em Konoha!Alguém vivo além de mim... Chamei por meu irmão algumas vezes, mas ninguém me respondeu, o silêncio reinava no recinto.
    O rosado havia prometido que estaria ao seu lado quando acordasse, e eu confio nele até a minha vida!Esperei por mais alguns minutos para ver se garoto apareceria, como havia prometido, mas não voltara. Com todo aquele silêncio, a tensão começava a brincar com minha mente me fazendo ver monstros na escuridão, como se eu fosse uma criançinha com medo do escuro. Segurei minha coberta com força, quase rasgando o tecido e fechando os olhos, contei até dez para que os fantasmas de minha mente desaparecessem. Não agüentando mais eu me levantei da cama e com muito esforço, consegui me manter de pé. O piso frio de madeira castigava meus pés, mas eu não me importava.
    Minhas pernas tremiam pelo esforço de carregar o meu peso, mas lentamente eu cambaleei até a porta, me agarrando as paredes e a mobília que estava no caminho, tudo para não cair, pois eu sabia que se caísse, não sairia do chão. Com meus lentos passos, eu vi a porta do quarto de meu pai. Abri a porta e dei poucos passos dentro do quarto e desejei não ter entrado naquele lugar. O cheiro de morte inundava minhas narinas, fazendo o meu estômago revirar. Eu me arrastei com dificuldade e foi quando vi o corpo de meu amado pai sentado em sua habitual poltrona, sua face estava contorcido relatando a dor que sentira, a dor que o torturou antes da morte.
    Nas mãos de meu pai havia um pequeno quadro, eu me aproximei e vi que a imagem era a de nossa família... Minha mãe estava no centro, seus longos cabelos róseos estavam soltos e um sorriso brincalhão iluminava a face dela. Do seu lado direito, estava eu, que aparentava ter seis anos de idade, eu tinha um brilho jovial no olhar e mostrava um sorriso com dentes faltando, mas eu parecia estar feliz, assim como Akira que fazia uma pose mais formal parecido com o meu pai que permanecia sério,atrás de nós três, como se fosse um rei importante. Suspirei e cuidadosamente tirei o pequeno quadro das mãos de meu pai e o abracei junto ao peito.
    E então minhas pernas fraquejaram e eu caí de joelhos, de frente com o Haruno. Sem agüentar e comecei a chorar e a pedir perdão ao meu pai por não poder ter dito que o amava antes... E agora... É tarde demais! Não queria ter brigado com ele mais cedo, se eu soubesse que ele... Morreria, as coisas teriam sido diferentes! Não sei por quando tempo eu fiquei ali, chorando, rezando pela alma dele e pedindo perdão por ser tão ingrata... Parecia que meu peito se rasgava abrindo uma ferida que não parava de sangrar. E em meio às lágrimas, eu ouvi alguém chamar por meu nome e reconheci a voz como sendo a do meu irmão. E caminhei o mais rápido que pude para o quarto dele, onde o mesmo se encontrava deitado.
    —Akira?—Chamei
    —Logo eu me levantarei para fazer a sua sopa, Sakura. —Ele murmurou fraco. —Só preciso descansar um pouco, não me sinto bem. Minha cabeça dói tanto...
    Coloquei a minha mão em sua testa que ardia. Olhei em volta tentando encontrar um pano, mas não havia nada que pudesse usar e em um ato sem pensar arranquei uma tira de minha camisola e molhei na água do jarro ao lado da cama de meu irmão e coloquei na testa do Haruno. O rosado relaxou um pouco e sorriu de lado.
    —Isso é bom. —Disse com a voz fraca. —Estou me sentindo tão quente...
    —Você adoeceu cuidando de mim. Deite-se e eu cuidarei de você e logo, logo estará recuperado.
    —O papai ele... —Disse o garoto, sua expressão ficando cada vez mais sombria e entristecida.
    —Eu sei. —Disse me concentrando em cortar outra tira de minha camisola para poder refrescá-lo melhor.
    Meu irmão fechou os olhos com grande angustia.
    —Eu me esforcei, fiz tudo o que eu pude Sakura, mas... Não foi o bastante. Não fui capaz de salvá-lo da morte.
    —Nenhum homem na Terra poderia salva-lo Akira...
    —Mas foi tudo tão rápido... —Murmurou o Haruno angustiado.
Toquei a testa febril do rosado, desejando que toda a dor que toda a dor e tristeza que sentia fosse passada para mim.
    —Fique quieto, Akira. Tente descansar um pouco.
Um espasmo de dor abalou o corpo do Haruno, fazendo uma careta surgir em seu rosto suado.
    —Quando eu morrer, você ficara sozinha. —Lamentou.
    —Não seja tolo!—Esbravejei, seca. Ele é o meu adorado irmão gêmeo, não posso continuar a viver sem ele ao meu lado. —Você só está cansado e fraco, é só isso. Você não vai morrer... —Falei para o rosado, mas na verdade eu estava tentando convencer a mim mesma de que aquilo era verdade.
    Com um esforço sobrenatural, ele deu um fraco sorriso.
    —Não quero te enganar e não quero que se engane. Sakura, prepare-se para o inevitável.
Olhei para o rosado e vi as manchas negras que fantasmagoricamente decoravam a pele dele. Akira não. Não meu irmão! Deus já havia levado meu querido pai, porque não poderia apenas poupar meu irmão?!
    —Eu tenho a praga. —Anunciou o Haruno e apesar de já saber, aquela frase me fez estremecer de medo. —Eu vi muitos outros homens e mulheres morrerem por causa desta doença, e não serei arrogante a ponto de achar que irei sobreviver. Eu estarei morto antes do final da manhã.
    Prendi a respiração, eu estava determinada, não o deixaria partir assim, sem lutar. Eu enfrentaria até Deus pela vida do rosado.
    —Você não vai morrer. Eu o proíbo! Não permitirei!—Esbravejei e Akira pegou as minhas mãos com carinho.
    —Eu já fiz as minhas pazes com este mundo, Sakura, eu estou pronto para ir ao Paraíso. Meu único pesar é que não estarei mais aqui para cuidar de você. Terá que cuidar de si mesma. Prometa-me que cuidara se si mesma com prudência.
    —Prometo. —Falei e i o Haruno suspirou e desabafou:
    —Esperava vê-la casada no verão. E eu teria dançado feliz em suas núpcias.
Balancei a minha cabeça de um lado para outro em sinal de reprovação e disse:
    —Você sabe que eu não me incomodo com isso. Casamento nunca fez parte dos meus planos.
    —Sasuke é um bom homem. Será um excelente marido para você, Sakura, ou eu nunca teria proposto o enlace. Eu o tenho como o irmão que não tive e sempre soube que você também gostaria dele.
    Mordi a língua para não começar uma discussão idiota com o garoto.
    —Vai precisar de alguém para cuidar de você quando eu não estiver mais aqui. Sei o rei, tomar conhecimento de uma jovem herdeira rica e solitária, certamente decidirá casa-lá pela maior oferta, ou com um novo favorito dono de um grande charme e nenhuma riqueza. Prometa que vai considerar a oferta de Sasuke.
Suspirei e revirei os olhos, como eu poderia pensar em casamento quando meus pai estão mortos e meu irmão está morrendo?
    —Trate apenas de melhorar. Esqueça essas tolices de casamento. Posso cuidar de mim mesma sozinha. Além do mais, você não vai morrer.
    —Prometa. —Exigiu Akira e seus olhos verdes pareciam encarar a minha alma, me deixando sem opção a não ser aceitar seu pedido.
    Por mais absurdo que considerasse o pedido, eu não podia negar em aceita-lo. Meu irmão está doente e eu o amo mais que a mim mesma.
    —Eu prometo.
Suspirei, eu prometi apenas considerar a proposta de casamento de Sasuke. Se não posso me casar com Itachi, eu não me casaria com mais nenhum outro homem!    A promessa pareceu acalmar o meu irmão, já que o mesmo deixou escapar um suspiro aliviado e fechou os olhos, com a testa franzida em resposta ao espasmo de dor.
    —Pôs fim a minha ultima inquietação.
Meu coração pareceu ter dado um solavanco ao ouvir aquela frase e enfim a realidade me atingiu como um tiro de mosquete: Eu estava diante de um homem a um passo da morte.
    —Carrego a má sorte comigo. —Disse com um sorriso sombrio em minha face. —Talvez ele nem queira mais me desposar agora... —Murmurei e Akira se moveu na cama e riu, com um som rouco e sinistro.
    —Ele jurou pela alma da própria mãe que cuidaria de você caso algo de mal me acontecesse. Assim que a praga se instalou em Konoha, mandei um mensageiro informá-lo de que tínhamos a doenças dentro de casa. Conheço esse homem, Sakura. Ele cumpre suas promessas. Posso morrer em paz na certeza de que ele virá em seu socorro assim que puder chegar aqui em Konoha.
    Com o dedo indicador eu o silenciei, colocando o meu dedo sobre seus lábios. Já tivera a praga e eu sei como é difícil falar desse jeito...
    —Fique quieto e repouse.
O Haruno fechou os olhos novamente e, exausto pelo esforço da conversa, o rosado se deixou levar pelo sono. Eu me sentei em uma cadeira ao lado da cama para velar o sono do garoto, cochilando em alguns instantes, quando eu não era capaz de manter meus olhos abertos. Eu não deixava a cabeceira de Akira, me esquecendo da fome, da sede e até de minha saúde, a dor era maior que todas as minhas necessidades físicas, a dor de ver meu irmão morrer aos poucos sem poder fazer nada... Quando o rosto abatido do Haruno ficava coberto de suor eu lavava a sua testa com um pano úmido, buscando reduzir o calor em seu corpo, enquanto orava para todos os santos para curá-lo da enfermidade.
    Ás vezes o rosado gritava devido a um pesadelo e nessas vezes eu segurava a mão do garoto e falava palavras doces de paz e amor e assim ele se acalmava um pouco... Perto do amanhecer, eu vi a respiração de meu irmão ir desaparecendo e aos poucos se tornou inexistente. Suspirei e fechei os olhos, ainda segurava a mão de Akira até se tornar fria e dura, em decorrência do fim. Eu não conseguia chorar por ele. A minha dor estava muito além para ser demonstrada por simples lágrimas... Eu não estava de luto, e sim em um lugar onde a desolação era só um novo fato de uma realidade comum. A manhã surgia no horizonte, o sol parecia frio e as cores do mundo ao meu redor haviam desaparecido. Eu estava em pé ao lado da janela, a indecisão pulsava em minhas veias. Um passo, só um passo, era somente isso que eu precisava e meu corpo se espatifaria nas pedras lá embaixo, libertando assim a minha alma dolorida para acompanhar a do meu irmão ao Paraíso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Mereço reviews?
:*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Jolly Roger" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.