Jolly Roger escrita por Luangel


Capítulo 18
Prisioneira


Notas iniciais do capítulo

Oiê!^^ Tudo bem com vocês meus queridos leitores? ^-^ Ai, dessa vez eu vindo cedo né? o/ Gente, amei escrever esse capítulo e espero que você gostem tanto quanto eu hahaha xD.



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 Sasuke Uchiha:

—Eu não sabia que era você. Está tão... Diferente!—Exclamei a observando novamente.

—Sou a mesma Sakura Haruno que sempre fui, mas agora uso vestido.—Retrucou vorazmente.

—Não imagina o quanto ele combina com você.—Murmurei e Sakura não retrucou nada, talvez não tivesse ouvido ou estava me ignorando, preferi pensar que era a primeira opção.

A rosada se virou, mostrando as duas damas que a acompanhava.

—Estas são minhas duas amigas, Senhorita Yamanaka e Senhorita Hyuuga. Elas vieram para o casamento.

A morena de olhos exoticamente claros se inclinou numa mesura formal e cortês. A loira de olhos azuis como o mar moveu a cabeça num cumprimento desajeitado e nada formal. Eu me inclinei para as duas, mas mantive meu olhar fixo em Sakura. Minha bela futura esposa. Nunca imaginei que um vestido poderia fazer tanta diferença. Tenho aqui, diante dos meus olhos, a mulher com que eu sonhei em me casar.

A rosada que sempre imaginei e que Akira ricamente detalhava. Eu ofereci meu braço e a rosada se aninhou nele. Mesmo eu estando no fundo da igreja, o sacerdote me ouviu dizer.

            —Aqui está a minha noiva.—E assim, a cerimônia começou.

Enquanto o sacerdote lia, mais ansioso e impaciente eu ficava. Eu olhei de soslaio para Haruno e me surpreendi ao vê-la tão calma, como se aquele não fosse o casamento dela e sim de algum parente distante. E assim que a parte crucial da cerimônia chegou, eu peguei as mãos frias da mulher a olhei nos olhos com firmeza, sustentando o seu olhar.

 Assim, eu sentia como se tivesse algum controle sobre ela, mas sei que tal pensamento é ridículo e ilusório.Ninguém nunca a controlará, tentar dominá-la é uma perda de tempo... Confesso que eu não tenho certeza se Sakura ainda não vai tentar fugir antes de ouvir as palavras que nos uniria para sempre como homem e mulher, então, por via das dúvidas, é melhor eu me manter atento a movimentos bruscos. Finalmente o sacerdote fez a pergunta que eu esperava ouvir.

—Sim.—Falei em voz alta e clara, e eu até me surpreendi por estar sendo franco.

—Sim.—Respondeu a rosada, sua voz estava suave e calma, mas seus olhos estavam perturbados, como se procurasse uma saída próxima, mas para meu alivio, ela não saiu correndo.

Eu abaixei a minha cabeça e alcancei os lábios de minha esposa para o beijo simbólico que selaria a união. Passei a língua por meus lábios, saboreando da sensação de tê-la beijado e realmente gostaria de estar em algum outro lugar onde eu pudesse beijá-la de verdade, não apenas roçar os lábios nos dela de maneira tão casta. Aparentemente, a Haruno não reagira ao beijo, se mantendo com a face impassível, mas eu pude notar um leve rubor traiçoeiro quando eu levantei minha cabeça. Agora a rosada é minha esposa, e prometi a mim mesmo que irei seduzi-la. Espero ansioso por essa noite, a nossa noite de núpcias.

Hoje a noite ela será minha mulher, de fato, pensei sorrindo.

Sakura Haruno:

Eu estava em pé diante dos aposentos do rei, e tinha as pernas afastadas e os braços cruzados sobre meu peito. O vestido que eu usara no casamento fora guardado junto com os outros no guarda-roupa de Hinata, como se nunca houvesse participado de tão importante ocasião. Agora, eu usava novamente calça de couro e botas gastas, como se nada tivesse acontecido, ali, eu era Akira Haruno novamente... Ok, confesso que não foi assim que eu havia imaginado a minha noite de núpcias quando eu era mais jovem, quando eu sonhava com Itachi com seus olhos generosos e porte másculo. Sasuke não havia ficado nada satisfeito quando eu me recusara a aceitar o jantar que o mesmo providenciara em seus aposentos e até eu me senti um pouco frustrada por ter que abandonar as frutas adocicadas e as geléias saborosas que Sasuke comprara, mas eu atendi ao chamado do dever.

 Eu sou uma mosqueteira e o rei devia ser protegido até mesmo em minha noite de núpcias. Suspirei, imaginando que ficar de vigilância era uma boa razão para escapar dos aposentos do Uchiha. Certamente não seria confortável passar a noite de núpcias saboreando um esplêndido banquete comemorativo, mas com o espírito pesado e pisando em ovos na presença de um homem poderoso e forte que agora era meu marido aos olhos da lei, mas nunca aos olhos de Deus. Prefiro mil vezes guardar o rei a me submeter á tentação que eu havia jurado evitar. Pelo menos tenho uma companhia, Ino estava sentada no chão segurando um cantil.

—Não sei porque temos de guardar o rei.—Ela resmungou, virando o cantil e vendo a última gota cair no chão.— E de que devemos protegê-lo afinal? Amantes desprezadas com olhos cheios de veneno? É certo que ele as tem aos montes. Há rumores de que ele dormiu com todas as criadas do palácio, sem mencionar boa parte das damas de companhia da rainha também.

—O protegemos de seus inimigos, quem quer se sejam.

A loira me olhou com descrença e disse:

—Por que ele teria inimigos? Todos o amam. O sol nasce e se põe em sua gloriosa majestade.—A Yamanaka cuspiu no chão.—É isso que penso dos reis...

A porta diante de nós se abriu e eu olhei séria para minha amiga, para que ela não falasse nenhuma bobagem.

            —Fique quieta, sua idiota, ou vai ter a cabeça separada do corpo. Alguém se aproxima.

Um pajem do rei surgiu na fresta da porta.

            —O rei deseja ver um de vocês.

A mulher ao meu lado estralou e a língua e disse:

           —Diga ao rei que ele pode ir...—Felizmente antes que ela terminasse a ofensiva frase, eu chutei o pé dela e emendei:

            —Diga ao rei que eu estou indo imediatamente. Pensando melhor, eu vou agora com você pajem.

Não contive um suspiro de alivio quando a porta se fechou atrás de mim. Ino tem um profundo desrespeito por autoridades em geral e nenhum sentimento de autopreservação. Ás vezes é perigoso ser sua amiga.

O pajem rapidamente me levou onde o rei estava. O rei, popularmente conhecido como Yondaime Kazekage estava sentado em uma cadeira de espaldar alto diante de uma escrivaninha cara, de costas para mim, escrevendo furiosamente sobre o papel diante dele. Mesmo assim eu me inclinei para as costas do soberano, me apoiando em um joelho.

            —Akira Haruno aos seus serviços, senhor.

Ele me ignorou, mas eu continuei esperando de joelhos por alguns minutos enquanto o rei escrevia, rezando para não perder o equilíbrio e cair com um estrondo, mas evitando me levantar sem sua permissão.

Finalmente, depois de alguns minutos que me pareceram eras, o homem depôs a pena sobre a mesa, usou areia para secar a tinta e sacudiu a folha. Depois ele dobrou o papel ao meio e usou parafina de vela vermelha sobre a mesa para selar a mensagem, e pressionou sobre a cera o selo de seu anel real. O rei se virou e me entregou a carta para mim sem dizer nada. Eu a peguei ajoelhada e esperei a vinda de outras instruções. O Yondaime passou a mão pelos seus cabelos ruivos. Agora ele parecia bem mais velho do eu imaginara. Ele não era mais um jovem. Pálido, ele tinha a testa marcada por uma ruga profunda.

            —Os deveres de um rei nem sempre são agradáveis.—Ele disse para mim, com um ar distraído, como quem precisava desabafar algo, nem que fosse com o primeiro guarda que surgisse no seu caminho...—Mas são deveres de qualquer maneira. Não se pode evitar o que deve ser feito simplesmente porque o dever custa revolta á alma.

            O soberano ficou em silêncio novamente e eu senti que deveria dar uma resposta.

            —Não, majestade.

            —Não gosto do que tenho de fazer, mas farei mesmo assim. Mosqueteiro, você deve prender o traidor e levar o criminoso para a prisão. Essa carta —Disse balançado a carta. — que lhe dei é para o governador da prisão. Entregue a ele a carta e o prisioneiro. Entregue a ele e a mais ninguém. Leve seu companheiro de guarda para garantir a sua segurança nas ruas. O que quer que faça, deve guardar bem o prisioneiro; mate o traidor se for preciso, mas não lhe permita uma fuga. Cuide para que ninguém mais saiba disso...

            Eu assenti, contendo um sorriso, afinal eu fui encarregada de uma importante e secreta missão para o rei. Meu coração parecia transbordar de entusiasmo. Essa é a minha chance perfeita para honra o nome de meu irmão. Vou destruir seus inimigos como se fossem insetos. Não desapontarei o rei nem trairei a confiança em mim depositada.

            —Sim, majestade.

O Kazekage se virou para o jovem pajem e ordenou:

            —Acompanhe o mosqueteiro e mostre a ele onde vive o traidor.— Depois de falar com o servo, o soberano se virou para mim, com um olhar rigoroso, o olhar de um rei que exigia nada abaixo da perfeição.— Não faça barulho. O conde Yashamaru já fugiu. Não vou permitir que outro pássaro escape da armadilha que preparei. Se o prisioneiro escapar, você pagará com a sua vida.

            Aquelas palavras, que serviam para amedrontar os mosqueteiros, me fizeram ficar ainda mais empolgada, para mim, era uma alegria indescritível servir o Yondaime com minha própria vida!

            —Sim, majestade.—E sem dizer mais nada, o homem me dispensou com um gesto.

Quando saí, Ino dormia silenciosamente no chão e depois de chamá-la algumas vezes e não obter respostas, me vi obrigada a acordá-la com a ponta de minha bota e nós duas seguimos o pajem.

A cada passo que eu dava, me coração pulsava mais rápido.

Eu estava prestes a prender um perigoso traidor da coroa e deveria guardá-lo com minha própria vida! Talvez se ele resistisse, eu poderia subjugá-lo pela força e habilidade com a espada. Eu incrivelmente não sentia medo, com Deus e o rei de Suna ao meu lado, certamente o dominarei! De súbito, o pajem parou diante de uma casa bonita em um bairro nobre bem diferente do covil horrível que eu imaginava.

            —Ela mora aí.—Sussurrou o pajem.

            —Ela?—Repeti, engolindo a seco, mas o jovem pajem jogou um objeto metálico antes de sair correndo, era uma chave.

            Por alguns momentos, eu hesitei. Eu estava preparada para dar a minha vida a serviço do Yondaime Kazekage, lutando contra seus inimigos em uma desesperada batalha de morte. Mas... Eu não me preparara para enfrentar uma mulher! Eu guardei a carta no interior de minha jaqueta, sem saber ao certo o que fazer em seguida. Com a mão repentinamente trêmula, eu abri a porta.

            —Espero que o rei nos pague um bom adicional por fazermos seu trabalho sujo.—A loira resmungou ainda com a voz sonolenta.— Não gosto da idéia de ter que prender uma mulher adormecida.

            —Argh! Você nunca pensa em nada além do próprio lucro!—Retruquei em um sussurro irritado.—A mulher é uma traidora e devemos cuidar dela.

            Com o coração repleto de determinação e nervosismo, eu ergui os ombros e segui em frente. O primeiro cômodo estava vazio, eu olhei em volta, notando a riqueza da mobília, e me dirigi a uma porta de conexão do outro lado e ao abri-la fui tomada pela surpresa. Ali, sentada confortavelmente numa poltrona, com um livro em mãos, estava uma mulher. Ela tinha cabelos castanhos e curtos na altura dos ombros, seus olhos cor de anil nos observavam com neutralidade, como se fossemos uma visita esperada, mas não amigável. Aquela era Karura, a rainha de Suna. Por alguns instantes eu não sabia como agir, uma parte de minha mente gritava para que eu guardasse a espada na bainha e me curvar; mas outra parte de mim, bem mais controlada me lembrava de que aquela mulher era uma traidora de Suna.

Ela fechou o livro e com um suspiro, perguntou:

             —Este é o meu livro favorito.—Disse me mostrando a capa que eu não pude ver devido a escuridão que nos cercava.— Veio para me matar, mosqueteiro?

Eu neguei com a cabeça, ainda incapaz de falar algo devido a surpresa.  A coragem dessa mulher perante a morte é admirável!

            —Tenho ordens de conduzi-la até a prisão.—A morena suspiro, cansada.

            —É a mesma coisa.—Murmurou se levantando da poltrona.—Por favor, permite que eu me vista antes de ser levada?

Antes de responder, eu observei o quarto cuidadosamente e pude notar que não existia nenhuma outra saído além da porta da qual eu acabara de entrar.

            —Vou esperar na ante-sala.—Respondi.—Pode se trocar, mas que seja rápida.

            —Não irei abusar de sua paciência, meu jovem.—Respondeu arrumando o grosso xale que cobria suas costas.—Não o farei esperar mais do que o necessário.

Enquanto Karura se trocava, Ino vagava pela ante-sala, examinando os objetos que enfeitavam todas as superfícies, estudando-os atentamente antes de devolvê-los aos seus lugares.

            —Eu poderia ganhar uma fortuna entregando todas essas quinquilharias ao velho Malvoisin.—A Yamanaka comentou, em voz baixa.—Tudo isso aqui, esperando para ser furtado! É o suficiente para testar a honestidade de um santo...

            —Lembre-se de que agora você é um mosqueteiro, não um ladrão.—A repreendi.

            A garota riu sarcasticamente e respondeu:

            —Uma vez ladrão, sempre ladrão. Esse é o meu lema. Felizmente para seu senso de honra, eu valorizo muito a minha pele para roubar alguma coisa da família real, mesmo que seja só bugiganga.

Eu ainda nem tinha tido tempo para ficar impaciente quando a mulher apareceu na ante-sala, ricamente vestida com um vestido azul e branco, com um decote generoso e cheia de jóias. Ela estava muito bonita, muito bonita para quem estava sendo presa...

            —Você vai para a prisão, não para um baile real.—Você não tem nada mais adequado para vestir? Vai arruinar suas belas roupas!

Eu olhei feio para Ino, ela nunca deixaria de alfinetar alguém, nem que esse alguém seja uma mulher infinitamente mais poderosa que ela... A mulher não pareceu ofendida ou irritada, só tocou o colar de pérolas que usava, parecia um pouco pensativa, na verdade.

            —Eu sou a rainha de Suna, que importância teria se eu arruinasse este vestido? Eu caminharei para morte de cabeça erguida.

Uma carruagem coberta nos esperava na rua e eu não pude deixar de admirar a postura ereta e a calma que a rainha emanava mesmo sendo conduzida para as frias e temidas masmorras de Suna.

A morena era uma prisioneira corajosa que não temia a morte. Qualquer que tenha sido a traição por ela cometida, a rainha colhia seus frutos com honra e valentia. O governador da prisão não gostou de ter sido tirado da cama àquela hora. Ele apareceu segurando uma vela e ostentando uma touca de dormir que caia sobre um de seus olhos, sinal de que ele ainda estava aturdido pelo sono.

            —O que quer aqui?—O homem resmungou do outro lado da grade.

            —Tenho ordens do rei para entregar-lhe um prisioneiro.

Apesar da minha fala, o governador resmungou algo indignado e depois disse:

            —Não precisava mandar a sentinela me acordar para isso seu tolo! Entregue-o aos guardas e pronto!

            Eu me aproximei da grade e falei em um tom mais imponente:

            —Creio que você não me entendeu. Tenho ordens recebidas diretamente do rei para entregar o prisioneiro ao governador e a ninguém mais. Aqui está a carta com as explicações.

Eu levei a minha mão ao bolso da jaqueta, mas para meu desespero, eu não encontrei o documento. Será que eu deixei car a folha em algum lugar? O rei vai ficar furioso! Para minha surpresa, Ino deu um passo a frente, inclinou-se e entregou a carta ao governador por entre as grades.

            —Escrita pelo próprio rei.

            Eu a olhei com evidente desprazer. A loira quase me matou de susto! Com seus dedos leves, a Yamanaka havia extraído a carta do interior de minha jaqueta.

            —Eu estava só praticando.—Ela murmurou para que só eu a ouvisse.—Não quero perder a prática.

Pelo menos a carta não se perdera, pensei. O governador pegou e leu a carta em poucos minutos.

            —Onde está o prisioneiro?—Perguntou em seguida.

Eu levei a rainha até o governador.

            —Aqui estou.— Ela disse com um tom seguro, orgulhosa demais para mostrar o terror que sentia.

O pobre governador, empalideceu mortalmente ao reconhecê-la. Usando um molho de chaves que ele levava preso na cintura, ele abriu o portão e se inclinou nervoso ao permitir sua entrada. Em seguida, o governador nos olhou, apavorado.

            —Prenderam a senhora Karura por ordem do rei? Estão certos de que não há nenhum engano nisso?

Eu vi a prisioneira ser tragada pelas sombras da fortaleza sombria e os portões de ferro se fecharam com um estrondo sinistro. Soltei o ar pela boca, para mim estava sendo difícil sufocar o sentimento de apreensão causado pela cena.

Eu estava ali para servir o rei, não para questionar suas ordens, e as ordens do soberano haviam sido bem claras. Por mais que ela fosse a rainha e a esposa do Kazekage, ainda era uma traidora que merecia tal destino.

            —Sim, nós estamos certos.—Respondi finalmente.—O rei não comete enganos...

Karura:

Eu me sentei no banco frio da cela da prisão. O espesso tecido do vestido me protegia do frio da noite, mas, ainda assim, eu tremia violentamente. Yondaime Kazekage não me perdoaria por ter deixado meu irmão fugir. Eu decifrei a fúria nos olhos dele quando os mosqueteiros retornaram de mãos vazias, e naquele momento eu adivinhei o meu destino. E sabia que minha punição não demoraria a chegar. Mas admito que estou surpresa com a decisão cruel de meu esposo... Poucos retornavam dessa prisão, e aqueles que conseguiam voltar tinham o corpo e o espírito alquebrados. Esse lugar é a própria sentença de morte. O rei me condenou a uma morte lenta, longa e dolorosa.

Eu enxuguei uma lágrima ousada. Pela primeira vez desde que eu o enfrentara, percebi claramente o quanto eu havia subestimado o oponente. Mesmo assim eu não sentirei pena de mim mesma. Sempre soube que ajudar Yashamaru seria arriscar minha própria vida, mas assumira o risco com alegria! O amo mais que minha própria vida, mais do que amava a esperança remota de uma salvação. Não desejo continuar a viver se o conde tivesse sido pego pelas garras de seu cunhado. Eu toquei um dos colares que levava em meu pescoço. Talvez eu ainda posso escapar, se o carcereiro for ganancioso. Afinal, eu levava as jóias não com a tolice de salvar o meu orgulho, porque uma prisioneira do rei não pode se ater a luxos dessa natureza, mas para comprar a ajuda necessária para escapar da prisão.

Qualquer um desses meus anéis em meus dedos, ou um único colar dentre tantos que eu mantinha ocultos sob meu vestido poderiam comprar facilmente a minha liberdade. Não vou colocar mais ninguém para vim me tirar do buraco que eu cavara com minhas próprias mãos. Gaara, Temari e Kankuro não tem nada a ver com isso e rezo a Deus para que não se metam nessa história.Mesmo o Kazekage sendo pais deles, quando o assunto é riquezas, nada importa para o rei... Não sou carente de recursos próprios; tenho meios para salvar a minha pele e vou explorá-los cada um antes de desistir e entregar a minha alma ao desespero.

*                                                       *                                                        *

            Sakura Haruno:

            Eu joguei a espada no chão e olhei furiosa para meu oponente irritante.

            —O que você pensa que está fazendo?!—Gritei, irada.

Sasuke baixou a espada, mostrando-se aliviado com o cessar das hostilidades.

            —Ensinando você a lutar, como eu te prometi.—Respondeu, e minha raiva aumentou.

            —E agora me transformei em frágil porcelana?! Você está tendo medo de me quebrar com o repentino deslocamento do ar.—Reclamei.—Ser sua esposa me faz menos soldado?! Você não está nem tentando passar pela minha defesa, Sasuke!

            O conde passou a mão pela testa, angustiado.

            —Sabe que não posso lutar contra você...—Murmurou.

Que bobagem é essa agora?!

            —E como eu vou aprender se você não me ensinar?—Retruquei e o moreno me encarou firmemente.

            —Não posso lutar contra uma mulher, especialmente contra aquela a quem jurei fidelidade. Lutar contra minha esposa contraria em que sempre acreditei.

Suspirei e falei, dessa mais de um modo mais controlado, mas não menos irritada:

            —Suponho que você considere as mulheres como criaturas frágeis e úteis apenas para adornar a casa. E que devem ser cobertas de jóias, veludos e sedes, e serem mantidas em torres elevadas bem longe do mundo. Não é isso?

            —Não posso lutar contra uma mulher.—Repetiu.

            Peguei a espada novamente. Vou arrancar desse Uchiha esse pensamento tolo e o obrigaria a prosseguir com seu treinamento. Ele não percebia que sua vida poderia depender disso? Determinada, eu apoiei ponta da lâmina na jaqueta dele, na altura do peito.

            —E se uma mulher insistir em lutar com você? O que você fará?—Perguntei em um tom maldoso.

            —Não creio que seja provável. Mulheres não devem lutar.—Respondeu ele, seu tom de voz era suave, mas seus olhos me fitavam com intensidade.

            —Depende da mulher.—Disparei, aproximando a ponta da espada o umbigo do homem.—Vai se defender, ou vai ficar aí esperando que eu o transforme em fatias de conde?

            —Duvido que se atreva a ir tão longe, minha querida.—Disse num tom rígido e inflexível, como se ordenasse que eu não fosse tão longe.

            Eu olhei em volta e felizmente não havia ninguém por perto para ouvi-lo me chamar de “minha querida”.

            —Talvez não.—Concordei casualmente, movendo a espada para próximo da face de meu esposo.—Mas posso prejudicar sua beleza.

Ele continuou onde estava, de punhos cerrados e olhos expressando uma ira surda enquanto um filete de sangue escorria da face arranhada.

            —Não creio que você esteja agindo com sensatez, querida.

—Por que não? Você não vai lutar comigo mesmo... Diga-me, o que eu tenho a temer então?— Eu arranhei sua outra face.— Pronto, agora terá cicatrizes idênticas, uma de cada lado do rosto.  Cada vez que se olhar no espelho, as cicatrizes o farão lembrar o que uma mulher é capaz de fazer, e por que deve combatê-las sem reservas.

—Sakura, meu bem, você está brincando com fogo...—Avisou entre dentes.

—Fogo?—Eu ri de deboche, uma risada típica de Ino.—Bah! Não há fogo nenhum em você. Você é tão cheio de sobriedade melancólica e sem ânimo quanto o mais triste monge de abadia.—Desci a espada até abaixo do seu umbigo. Certo, isso será a minha cartada final, se isso não o fizesse reagir, nada mais faria.—Fico me perguntando se tem a masculinidade de um monge jurado ao celibato.

Com um rugido de fúria provocado pelo último insulto, Sasuke agarrou a espada e a utilizou para afastar a minha espada de si.

—Eu estou avisando, eu não vou tolerar muito mais disso.—Disse colérico.

Em resposta, eu ri, satisfeita ao sentir o golpe afastava minha espada. Sucesso! Eu o enfureci ao ponto de convencê-lo a lutar!

            —Detenha-me se puder!—Gritei, risonha e empolgada.

Eu investi contra o moreno, mas ele se esquivou com rapidez. E assim, nós percorremos todo o pátio naquela dança beligerante e graciosa, de um lado ao outro, para frente e para trás, brandindo lâminas que brilhavam ao sol e se chocavam com um barulho assustador e igualmente alto.

            Mesmo com tudo o que eu fiz, o Uchiha se continha, ele não se dedicava inteiramente a luta. Não fazia movimentos positivos contra mim. O conde apenas se defendia, e isso me incomodava profundamente. Insatisfeita e frustrada, eu o ataquei deixando a guarda aberta, mas ele nem tirou proveito disso! Maldição! Eu tenho que fazê-lo esquecer que está lutando contra uma mulher! Ele não entende que o senso de honra e lealdade o colocava em perigo? Recobrando meus esforços, eu o ataquei disposta a provar que posso causar grande dano, caso não fosse devidamente contida. Com uma seqüência de movimentos que me deixara vulnerável ao contra ataque, eu investi com o conde com vigor renovado.

            Jamais ousaria usar um golpe tão perigoso contra outro oponente, mas o tolo senso de honra do homem era a segurança de que nada de ruim aconteceria. Com um último e frenético golpe, eu ultrapassei sua defesa e o acertei na barriga. Sasuke me encarou num misto de surpresa e decepção.

            —Você me cortou.—Disse num tom incrédulo.

Eu não tinha a intenção de feri-lo gravemente, eu só queria provar que era capaz disso. E a culpa me colocou na defensiva.

            —O que você esperava?—Gritei histérica. — Você estava lutando sem se defender!

            O moreno levou as mãos até o estômago e quando as removeu, havia sangue em seus dedos. O Uchiha olhou para substancia vermelha com perplexidade.

            —Nunca pensei que uma mulher pudesse fazer isso comigo.—Murmurou.

Eu olhei para o sangue horrorizada. Eu pretendi apenas provocá-lo e fazê-lo se esquecer de que era uma mulher, persuadi-lo a lutar de soldado para soldado. Meu objetivo era ferir apenas seu orgulho, mas acabei ferindo-o seriamente! Apavorada, eu joguei no chão e cai de joelhos na frente do conde, tentando examinar a gravidade do corte. O sangue rapidamente manchou sua túnica e eu senti uma forte onde de náusea.

            —Deite-se.—Ordenei com a voz trêmula.—Você está ferido. Precisa de cuidados.

            Com uma obediência fora do comum, o homem se deitou no chão de terra. Seu rosto era uma máscara de palidez e angustia.

            —Não sei se confio em você a ponto de deixá-la cuidar da ferida que você causou intencionalmente. É uma mulher cruel e fria. Ainda será a minha ruína!

Ignorando o que ele falava e concentrada no que fazia, eu abri a jaqueta de couro dele e desabotoei a camisa que meu marido vestia sob a jaqueta. Depois eu cortei a cordão da calça de couro com a ponta de minha adaga e expus o ferimento que eu havia causado. A camisa estava mesmo manchada de sangue, então eu a rasguei para usar como bandagem.

            O corte era longo, mas felizmente era superficial, e o sangramento já havia cessado. Era estranhamente reconfortante constatar que eu não havia causado nenhum dano irreversível a ele.

            —Podia ter sido pior.—Comentei enquanto cobria o corte com os pedaços de pano. —Mas não vai morrer por causa disso...

Sasuke parecia ofendido com minha falta de compaixão.

            —Mas poderia ter morrido.—Retrucou, irritado.

            —Nenhum homem digno da calça que veste morreria por conta de um patético arranhão. Duvido até que fique alguma marca.

            —Meu Deus! Essa é a compaixão que recebo?!—Disparou.—Se me houvesse atingido dois ou três centímetros mais para baixo, eu nem seria mais um homem!

            Após ouvir aquilo, eu não pude deixar de gargalhar, mas ao ver a cara carrancuda do moreno, tentei sufocar o riso na manga de minha jaqueta. Agora eu entendo o porquê da repentina e intensa palidez do Uchiha. Afinal, nenhum homem é capaz de encarar sem medo o risco de perder a virilidade. Eu me abaixei e dei dois tapinhas debochados em seu membro.

            —Não se preocupe, querido. Pelo que posso constatar, sua masculinidade continua intacta.


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Notas finais do capítulo

E aí? Mereço reviews ;-)? Recomendações *-*? Ou tomates T.T? E aí, e essa treta entre o rei e a rainha, quem vcs acham que é o vilão e quem é o mocinho? Agora é que a história começa até o próx cap xD
:*



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