Everybody Loves The Marauders III escrita por N_blackie


Capítulo 2
Episode I


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, primeiro capítulo! A partir da semana que vem, episódios novos serão postados toda sexta feira, então não se preocupem :)



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Episode I

“O Último Dia”

Narrado por: Peter Pettigrew

Primeira Impressão: Grupos Grandes de RPG sempre dão merda

Ouvindo: Howard Shore – Concerning Hobbits (Da trilha de Sociedade do Anel)

“Vocês andam mais ou menos, hm, dois quilômetros, e veem um imenso castelo no fim de sua estrada.” Remus narrou, encarando a todos nós com expectativa. Eu sinceramente espero que ele não tenha colocado um monstro de nível dentro desse castelo, ou com certeza vou morrer. “As torres são altas, conservadas e negras, e um cheiro muito bom vem de dentro de algumas das janelas. Contudo, algo parece errado. O que vocês fazem?”

“Acho que Lily pode detectar vida aqui, não pode?” James sugeriu, e quase engasguei no biscoito que estava comendo no meu canto. Vish, isso não vai dar certo...

“Ah, você acha?” Lily respondeu, e me parabenizei com outro biscoito por finalmente poder ver o futuro. Sério, ele achou mesmo que ela não ia ficar irritada? Ah, James... “O que mais a Lily pode fazer por você?”

“Eu não quis dizer isso! Você é uma maga, é pra isso que serve ter um mago no grupo!”

“Mestre?” Lily virou para Rem, e fiquei com pena dele. Já é difícil ser mestre de um grupo pequeno, mas de um grupo grande, e com todos os nossos problemas...

“Se quiser usar o feitiço para ajudar sua companhia, Lil, pode-“

“Use o feitiço!” Sirius implorou, nervoso. Dorcas, que estava do lado de Remus, também estava bem ansiosa, e não era à toa. Veja, ela estava dentro da torre. Hehe.

“É, Lil, depois você mata o James!”

“Humf.” Lily fez esse som estranho mesmo, e cruzou os braços. “Bem, pelo Sirius eu jogo um Detect Life.”

“Joga o D20, por favor.” Rem parecia aliviado. Lily pegou o dado de vinte lados que estava perto e jogou. Ficamos todos na expectativa, até que ela deu um soquinho no ar.

“15!”

“Hum, então você consegue ver, mas só até cinco metros de vocês. E você vê duas figuras guardando as portas, e uma no segundo andar, perto da janela.”

“Ela não consegue ver a torre?” Dorcas bateu os cílios com um sorrisinho. Rem negou.

“Mal, não pode não. O que vocês fazem agora?”

“Emme, porque não bate na porta?” Sirius fingiu desembainhar um machado de guerra das costas. “Dá em cima dos guardas, sei lá.”

“Francamente, isso é tão grosseiro!” Emme ficou ofendida. “Porque você não faz isso? É uma garota também, ou se esqueceu?”

“Ei, eu sou uma garota feia, não lembra da minha descrição?”

“Que espécie de descrição é essa?” Marlene riu, e ri também. Quase cinco horas atrás, quando começamos a partida, todos leram as descrições de seus personagens, e a de Sirius começava exatamente assim. “Sou uma garota feia.”

“Ninguém lembra?” Ele bateu nos joelhos, exasperado. “Ninguém? O que estavam fazendo?”

“Posso pedir um pouquinho de pressa, estou meio presa aqui...” Dorcas reclamou.

“Não pode dizer que está presa, Dorcas! Ninguém sabe!” Remus reclamou, e com um pouco de razão. De um laptop posicionado numa cadeira perto de mim, Zoe chamou.

“Pete, abra a porta você, enquanto eles brigam!”

“Eu?” Engoli meu biscoito com pressa, e calculei quanto de dano ainda sobrava pra eu recuperar. Mais ou menos uma hora antes disso, um monstro nos atacou no rio, e Lily errou o feitiço de nos fazer voar através da água e em vez disso me jogou lá dentro. Conclusão: quase morri, e estou recuperando os danos até agora.

“Se Peter abrir a porta, vai morrer.” Lily argumentou. “Ok, eu abro a porcaria da porta!”

“Se quiser eu posso abrir...”

“Não se meta na minha abertura de portas, James.”

“Ok, desculpa.”

“Rola o D20, Lil.”

“Tá... Treze, ah, bosta.”

“Você abre a porta, mas assim que termina, os dois guardas saltam para fora. São dois trolls, não muito altos, mas segurando dois porretes grossos e cheios de cravos.”

“Eu avanço no primeiro...” Sirius se entusiasmou, e pegou o dado, “desvio de um golpe... D16... E depois quero acertá-lo na cabeça.”

“D20...”

“D...20!!!” Sirius rosnou, e começou a travar uma luta imaginária com o ar. Emmeline bateu palmas, e Zoe balançava uma bandeirinha da Irlanda enquanto gritava “Vai Sirius... Quero dizer, vai Cassandra!”

“Eu vou no segundo, com espada e escudo.” James empunhou os dois no ar, e pegou o dado. “D13, ah, droga.”

“Você só consegue acertar de resvalo o segundo troll.” Rem narrou.

“Vou lançar chamas mágicas nele,” Lily interviu. “D... 14. Ah, meu deus.”

“As chamas criam uma parede em volta do segundo troll... Mas prendem Emmeline dentro.”

“Ah, não!” Ela se irritou, e colocou as mãos na cintura. “Vocês dois são... Ah, são uns patetas! Sirius, me ajuda!”

“Não consegue abaixar o fogo?”

“Vou tentar... Com o meu tambor de barda!”

“Joga o dado!”

“Estou jogando... Ah, não acredito, D20! Que os divinos abençoem o coração de quem fez esse dado!”

Troquei um olhar surpreso com Zoe. Emmeline estava jogando Skyrim, é isso? Animada, ela tocou um ritmo num tambor improvisado, e até Rem parecia feliz que ela não tinha morrido.

A porta da casa de Sirius abriu, e pulamos em conjunto, assustados, quando Roger entrou com umas compras. Ele e a Dona Mere tinham saído com Regulus pra deixar a gente à vontade, e perdemos completamente a noção do tempo. Logo, o cenário que ele deve ter encontrado era algo parecido com a sala de jogos de um hospício. Emmeline segurando um balde virado do contrário, Dorcas com um daqueles chapéus cônicos com véu saindo do topo, James segurando a tampa de uma panela e uma colher de pau, e Sirius com um machado imaginário, só que com uma peruca comprida que Phil emprestara. Marlene e Zoe ainda não tinham jogado a rodada delas, mas Lene estava já com seu próprio protótipo de espada.

“E aí, quem está ganhando?” Roger colocou as sacolas na pia, e Sirius revirou os olhos.

“Não é jogo de ganhar ou perder, pai! Eu já expliquei como RPG funciona...”

“Ele provavelmente não estava ouvindo, duh.” Regulus zombou, e fiquei particularmente ofendido por Sirius. Esse menino está impossível desde que fez catorze anos. “Aliás, sinto muito, James. E Lily.”

“Por quê?” Os dois perguntaram ao mesmo tempo. Regulus tirou o celular do bolso e jogou na mesa, rindo baixinho da cara de desespero que James fez. Antes que ele pegasse o telefone – e eu fiquei até feliz por isso, porque provavelmente teríamos de fazer uma vaquinha para pagar o celular arrebentado de Regulus depois disso – Marlene pegou, e digitou a senha mais rápido do que Sirius faria. Não sei como ela sabia da senha do Regulus, pensando bem.

“E aí? Aquela... Aquela maldita escreveu alguma coisa, hein? HEIN?” James arrepiou os cabelos, tipo, um milhão de vezes, e estendi meu saco de biscoitos pra ele. E em troca da minha generosidade, o que ele faz? Pega CINCO e coloca na boca.

Marlene correu os olhos pelo texto na tela, e ficamos todos apreensivos olhando para ela. Sirius e Emmeline tentaram espiar, mas ela não deixou. Comecei a comer meus biscoitos mais depressa, e deixei dois em cima do laptop para Zoe não se sentir deixada de lado.

“Que foi?” Dona Meredith colocou uma bacia de docinhos em cima da mesa, e se juntou na nossa hipnose coletiva de esperar Marlene dizer o que o blog dizia.

“Bem,” Lene baixou o telefone, e eu podia sentir a tensão em volta da mesa, “James Potter e Lily Evans, conhecidos por Jily, ah, sério, não vou ler essa porcaria inteira... Ela está se auto parabenizando, ok? Porque conseguiu fazer os dois terminarem.”

“SF não teve nada a ver com isso!” Lily reclamou.

“Não?”

Lentamente comecei a me levantar e ir para a cozinha. Desde que voltamos de San Diego, todas as conversas que envolvem os tópicos “SF”, “James x Lily” e “término de namoro” terminam nessas discussões de quem está certo ou não. Então eu prefiro sair do olho do furacão, ver um pouco de tv, coisas assim.

Ou eu tento, né.

“DR número vinte?” Roger me perguntou, e percebi que ele estava escondido atrás da meia parede, comendo um sorvete sozinho com uma colher. Franzi a testa.

“O que está fazendo aqui?”

Ele colocou o indicador sobre a boca. “Ei, eu não fico gritando com você quando está escondido. E eu poderia, veja bem.”

“Desculpa.” Sacudi os ombros. Roger revirou os olhos e continuou ali. Acho que está um pouco cansado de dar conselhos amorosos pra todo mundo. Do notebook, ouvi a voz de Zoe me chamando:

“Petie, tenho que ir!”

“Porque?” Me aproximei, e James estava se justificando pela milhonésima vez.

“Não a beijei de propósito, eu te disse-“

“Você mentiu pra mim, é claro que eu ia acreditar!”

“Nos falamos mais tarde?” Mandei um emoticon de beijo e coração para ela. “Desculpa pela bagunça.”

“Gente...”

“Esquece, Rem.” Disse, e comecei a juntar as fichas. Remus suspirou e me seguiu. Tem sido... frustrante lidar com James e Lily no mesmo lugar, e ela é meio que nossa amiga agora, então não tem muito como dizer “hm, agora que o seu namoro com James está meio que acabado então... tchau?”

Hm... Brincadeira, claro que não pensei nisso. Claro que não.

“Eu acho que o que vocês precisam é de um bom lanchinho, hein.” Dona Meredith empurrou dois pedaços bem grossos de brownie nas mãos dos dois, e olhou feio até que Jim e Lily enfiassem eles na boca. Sorri amarelo e levantei a mão.

“Eu e Zoe também brigamos...”

“Cala a boca e pega o brownie, Pete.” Marlene revirou os olhos e saiu de perto, seguida por Sirius. Remus já estava jogando cartas com Emme e Dorcas. Dei de ombros e peguei dois pedaços pra compensar o stress.

Narrado por: Remus Lupin

Camiseta do Dia: Bow For de Dungeon Master! (Ajoelhe para o Mestre!)

Ouvindo: James e Lily discutindo

“Você acredita em qualquer coisa!” Jim balbuciou com a boca cheia de brownie. Baixei a minha carta da forma mais não-passiva-agressiva possível, mas tava difícil. Dorcas deu uma olhada para o lado, e peguei rápido no pulso dela.

“Não faça contato visual.” Sibilei.

“Está me chamando de crédula? Porque eu sei o que isso significa, aliás!”

“Não sei se foi uma boa ideia jogar hoje...”

“Não foi sua culpa.” Emme pegou na minha mão, mas logo tirou –a dali, provavelmente por algum olhar de Dorcas na nossa direção. Minha relação com as duas tem... bagagem. “Lily e James estão sendo infantis e imaturos.”

“Nisso eu posso concordar.” Dorcas embaralhou as cartas de novo, distribuindo sete para cada. “Só porque SF escreveu meia dúzia de palavras, Lily não podia ter acreditado... Por outro lado, James realmente mentiu sobre ter beijado aquela menina...”

“E fez a vida da Lil um drama constante.” Emme assentiu. “Ninguém aguenta tanta pressão emocional.”

Ri de nervoso, porque se dependesse de escapar de “pressão emocional” (seja lá o que isso for) Dorcas teria de me dar um pé na bunda também... Toda a história com Emmeline, nossas idas e vindas... ÉÉÉÉ, Melhor não pensar nisso por enquanto.

“Se tivesse me deixado explicar-“

“PAREM!” Sirius se levantou, e acertou um tapa que em outras circunstâncias poderia quebrar a mesa. E, para esclarecer, essa outra circunstância seria a mesa ser feita de plástico. Emmeline soltou um gritinho agudo e se levantou, Dorcas jogou as cartas para cima, e Peter guinchou alto, e quase engasgou com o brownie que enfiou na boca de montes. “Parem, os dois! SF já falou mais do que eu consigo lembrar sobre mim, parem de discutir por causa dessa porcaria!”

“Acho que seria melhor a gente ir, hein.” Lene fez Sirius sentar com uma pressão de leve no ombro, e chamou Lily e as meninas. “Tomamos um chá na minha casa, que tal? Rem, marque outra reunião com o grupo mês que vem, que tal? Vamos, Lil, não, não vai abraçar ninguém, só vamos... Um chazinho vai resolver esse problema, hun...” E acenou enquanto passeava pela sala segurando Lily. Ela puxou Emme e Dorcas de perto de mim (e eu não sei porque, as duas estavam em paz), parou para agradecer Dona Mere (onde o Roger foi parar? Olhei em volta e ainda não encontrei), e ainda deu um beijinho de despedida em Sirius... Na bochecha, evidentemente.

“To indo, mãe!” Dorcas se soltou rápido e me deu um selinho, rindo. “Melhor obedecer, acho que ela vai sedar a Lily e eu preciso impedir.”

“Eu não to estressada, só pra deixar bem claro.” Lily rolou os olhos e ergueu o queixo, numa atitude admirável de tentar manter a dignidade. James estava vermelhão e tinha abaixado a cabeça, meio deprimido. Lene, com um sorriso que estava me deixando desconfortável, foi dando ré até a porta, abriu e saiu, fechando com uma risada nada amigável.

Quando elas saíram, e a sala finalmente ficou em silêncio (e meus ouvidos pararam de zumbir), Roger apareceu atrás do balcão da cozinha, com um olhar assustado e a boca cheia de sorvete.

“Elas já fowram?” Ele engasgou um pouco, e engoliu um monte sob o olhar de censura da Dona Mere, que pegou um maço de guardanapos e entregou pra ele. Sirius parecia ter visto uma stripper (muito, muito feia, claro) saindo de um bolo.

“Você estava aí atrás? Sério, pai?”

Ele sorriu amarelo, e eu quis gargalhar na cara deles. Peter arrumava a plataforma Zoe com um tique atrás de mim, e olhava a todo instante para James como se ele fosse um palhaço na caixa.

“Eu achei que ser sincero fosse ajudar” Ele reclamou, finalmente (FINALMENTE, FINALMENTE, FINALMENTE, Desculpem o exagero, vou parar agora.) quebrando o silêncio. Sirius fez uma expressão igualzinha a daquele cara do History Channel que acredita em aliens.

“James.”

“Talvez a sua sinceridade não tenha sido bem... Como posso dizer sem ofender que ele foi um idiota?” Pete puxou os cabos e começou a enrolá-los na mão, pensativo. James estreitou os olhos.

“Realmente, talvez se tivesse omitido alguns detalhes ela não tivesse ficado tão brava.”

“Mas vocês ouviram o que ela disse?” Jim se levantou e guardou as coisas agressivamente. Procurei Sirius, e percebi que todos trocavam olhares estranhos. É, acho que ninguém ouviu o que Lily disse. “Ela ficou dizendo que perdeu a paciência de lidar com os meus dramas? Que dramas que eu tenho? Me digam! QUE DRAMA?”

“Ow, hey, ei, ei,” Sirius sorriu amarelo e tirou os braços do Jim da posição teatral em que estava, “agora não importa, ok? Acabou, bola pra frente... Vamos fazer outra coisa.”

“Podemos fofocar.” Pete riu. “Tipo a sua relação de amigos com benefícios com Marlene, hein?”

“Hein?” Roger grunhiu.

“Hein?” Sirius ficou da cor do sangue falso com o qual ele tinha pintado o machado falso dele.

“Amigos com benefícios?” Regulus engasgou na própria batata frita, e olhou para o irmão com os olhinhos cheeeeeios de hormônios.

“O que é isso?” Dona Mere franziu o cenho, e uma súbita sensação de desajuste social subiu pela minha garganta.

“Nada. “Minha voz saiu mais fina do que eu esperava. “Falando nisso, podemos fazer alguma coisa legal, claro, tipo Skyrim. Hun? Que tal? Skyrim, isso.”

James mudou a expressão. Ah, Skyrim. Obrigado, Bethesta.

“Vamos, pelo menos Lydia não se estressa comigo.” Ele pulou pro sofá, mas puxou o notebook. Ainda ouvi Dona Mere perguntando pra Regulus e Roger sobre Amizade com Benefícios, e Roger a puxou pra um canto pra provavelmente sussurrar a definição no ouvido dela.

Procurei meu próprio computador, feliz por poder me perder em Skyrim e esquecer daquele drama todo, mas não pude evitar de pensar que talvez Emme estivesse certa. Somos um grupo muito dramático.

Sirius tinha acoplado três telas novas ao lado da tv da sala, e cada uma delas tinha um cabo comprido que ia até nossos notebooks. Achar as telas foi meio difícil, mas James conseguiu duas do pai dele, e os meus pais tinham uma escondida no armário, que meu pai ganhou num concurso há algum tempo.

Assim, pudemos ver nossos jogos iniciando concomitantemente, e senti como se um peso tivesse sido tirado das minhas costas. A sombra do primeiro dia de aula ainda pairava na minha cabeça, claro, mas quando eu entro em Skyrim, parece que tudo vai embora.

Não me julguem, por favor.

James é um Breton, nativo de High Rock com preferência por escudos e espadas. Ele adora morar em Whiterun (que é muito bonita, porém calma e excessivamente simples, na minha opinião), e é casado com Lydia, sua housecarl. Ainda não adotou crianças, mas acho que daqui a pouco ele vai.

Quando a tela dele acendeu, lá estava Bernard, seu personagem.

Sirius é um nord – nenhuma surpresa aqui, claro – com um machado de duas mãos e armadura pesada, como sempre. Ele é casado com Aela, a caçadora, e adora colecionar títulos (que fica cuspindo na cara de todo mundo que faz a pergunta: quem é você?). Adotou duas menininhas que estavam mendigando, e por mais que ele insista que não, tem um xodó pelas duas que beira a patologia. Ele tem o péssimo hábito de salvar o jogo no meio de lutas decisivas, e quando terminou de carregar, quase tive um ataque quando quase cinco draugr deathlords avançaram em cima dele, e Sirius (ou melhor, Sirium, o nome SUPER criativo que ele inventou) já entrou na batalha.

Peter é um ogro (é sério, tenho certeza de que ele está querendo compensar alguma coisa), chamado Galug Og Bir e que usa armadura pesada e duplas adagas para atacas. Totalmente contraproducente, se me perguntar, mas acho que ele criou esse personagem de brincadeira e agora pegou carinho por ele. Está muitíssimo bem casado com a ogra que trabalhava de ferreira em Markarth e agora vive lá felicíssimo lutando contra a falta de crianças ogras para se adotar.

Eu? Ah, a curiosidade. Meu nome é Talyn, high elf proveniente das Summerset Isles, melhor mago de guerra/arqueiro da província, e casado com a linda e melhor companheira de batalha de todos os tempos, Mjoll. Nos aventuramos juntos em todo lugar, enquanto conversamos e trocamos experiências prévias de batalha. Até agora só adotei Lucia, a menina de Whiterun, e a levei para morar em Solitude, onde pratico a alta política com meus amigos influentes.

Eu sou muito bom. Muito mesmo.

“AAAAAAAAAAARGH!” Sirius e Sirium gritaram ao mesmo tempo, e eu na minha paz (claro que tinha salvado o jogo no colégio de magia, é o meu lugar favorito) quase levei um susto e cai no abismo congelado. James estava começando a participar da campanha para apoiar o Império, e Sirius estava meio que chateado por isso.

“Vale a pena começar a quest principal agora?” Pete coçou o queixo. “Digo, eu fico sem saber com tantas opções.”

“Se for se aliar ao Império comece antes que Sirius passe dessa dungeon, ou ele vai ficar com raiva que nem ficou de mim. “

“SKYRIM É DOS NORDS!” Sirius desceu o machado incandescente num morto-vivo que chegou perto dele. Ele já tinha suspeitas de mim por ser High Elf, então estava quase me aliando aos Stormcloaks só para me deixar em paz.

Narrado por: James Potter

Meta Atual: Falar com o comandante imperial antes que Sirius perceba

Ouvindo: DOVAKHIN, DOKAKHIN, EU NÃO SEI MAIS CANTAR, LÁLÁLÁ, LÁLALÁAAAAA

Desde a minha conversa tensa com Lily, andar por Skyrim, sem rumo ou missão, tem sido minha terapia. Depois de ter chegado da melhor viagem da minha vida, esperando para vê-la e falar com ela, sou recebido com quatro pedras na mão. Ela me pressionou, eu disse que era mentira (e era! Eu nunca dormiria com Melissa!) e no fim das contas acabei contando do nosso beijo. Forçado, sem querer, mas beijo.

Ela chorou, ameaçou rasgar o meu Homem-Aranha número 230, quis jogar meu Nintendo no chão, mas logo consegui acalmá-la o suficiente para dizer o que estava planejando desde que percebi que ela estava brava comigo. Pedi desculpas, e disse que a amava.

Isso, eu usei a palavra com “A”.

Não sei se devia ter dito isso, mas não queria a raiva dela de novo. E de fato, apesar de ter terminado comigo mesmo assim – com a desculpa de que eu tornava a vida dela um drama constante, uma mentira, MENTIRA – não deixou de ser minha amiga. Ou, na definição de amizade que ela inaugurou, uma pessoa que me trata educadamente, mas que nas oportunidades oferecidas me responde de forma passivo-agressiva. E essa é a nossa relação agora. Eu estava triste, claro, mas de certa forma estava feliz também. E não, não estava bêbado. Em outro momento, talvez na época do Nate, ela ficasse comigo. Mesmo com todo o drama (que existe segundo ela), e com as minhas justificativas, se ela não tivesse amadurecido tanto, talvez ainda estivéssemos juntos.

Mas ela me largou, e não virou a cara para mim. Eu fiquei admirado com o crescimento pessoal dela, mesmo que isso signifique que não vamos ficar mais juntos.

Uma caravana imperial me surpreendeu no caminho, e parei subitamente no jogo. Estava distraído pensando nela de novo, que até esqueci do que realmente estava me incomodando antes.

“Eu preciso desmascarar essa blogueira.” Sussurrei, e sem querer esbarrei no botão de gritar. O céu de Skyrim escureceu, e uma chuva pesada começou a cair. Os trovões retumbavam aleatoriamente.

“Todos nós precisamos.” Sirius saiu da dungeon vitorioso, e começou a viajar diretamente para a capital, provavelmente para vender o que tinha conseguido. “Mas vamos conseguir, cara, calma. Lily vai te perdoar.”

“Eventualmente.” Pete completou, e desviou o olhar quando o encarei.

“Marlene não disse nada?” Perguntei esperançoso. Sirius e Marlene eram como unha e carne agora – como diria a minha mãe – e não paravam de se falar por computador, celular, pessoalmente, e tudo o que você consiga imaginar. Até onde eu sei, não existe essa história de “amizade com benefícios” entre eles, mas os dois não desmentem quem diz, o que também me faz pensar que talvez, na cabeça deles, exista sim.

Muito complicado pra minha vida agora.

“Ela só disse que Lily está meio chateada, mas quando perguntei mais ela falou que não podia ficar cacarejando os segredos dos outros pra mim.”

“E vocês estão se pegando?” Peter sorriu. Não tem um assunto que fique?

“Vocês ficam interessados demais na minha vida com Marlene,” Ele só riu como sempre faz. “cara, você e Zoe precisam conversar mais a sós.”

Peter ficou roxo.

“Cara, to meio cansado.” Suspirei, e olhei no relógio. “Acho que vou pra casa.”

“Não quer dormir por aqui? Acho que a Dona Mere...”

“Ela já vai também.” Olhei para a cozinha, onde Roger e a minha mãe conversavam e riam juntos, zombando descaradamente de mim e da minha vida amorosa ridícula. Sirius assentiu.

“O que quer que funcione pra você, Jim. Nos vemos amanhã?”

“Claro, não posso faltar no primeiro dia, né.”

Desliguei, e larguei o teclado e o mouse para ir até o quarto de Sirius buscar a mochila. Ele tinha trocado alguns dos quadros da parede por pôsteres que compramos na comic com, tinha emoldurado os ingressos e pendurado em cima da cama, e sobre a escrivaninha tinha posto a nossa foto coletiva em fantasias, uma foto nossa com a minha mãe, Roger, e Regulus, e do outro lado, meio escondida atrás de uns livros, tinha uma foto de Marlene no dia do paintball, com os cabelos soltos e uma maquiagem militar. Um bilhetinho estava atado ao lado do porta-retratos, e aproveitei que estava sozinho e resolvi chegar mais perto para ler.

Um beijo do front, Lene! Estava escrito, e um coração desenhado do lado. Era impressionante como Sirius e ela conseguiam viver assim. Separados, amigos e tal. Gostaria de conseguir o mesmo com Lily. Ou melhor, não gostaria não.

Gostaria que ela voltasse pra mim.

“Ei!” Sirius exclamou da porta, e soltei um grito, soltando a mochila que tinha acabado de pegar de cima da cama dele. “Um guarda pode ficar nervoso, um homem se aproxima com sua arma desembainhada!”

Coloquei a mão no peito, e o encarei com a respiração de um guaxinim enjaulado (não se enganem, sabem como soa). “Você é mal, sabe disso?”

“Sou um Lord Sith, James. É a minha natureza, cara.”

“Vá pro Tártaro.” Xinguei, e passei por ele com a mochila jogada nas costas.

Preciso que as aulas comessem.

Narrado por: Sirius Black

Filme do Momento: True Blood (Série, que seja)

Ouvindo: Jace Everett – Bad Things

“Isso. É. Impossível.” Marlene gargalhou enquanto dois vampiros viravam de ponta cabeça e, enquanto se mordiam, faziam coisas que fazem esse seriado ser +18. Já era noite de domingo, e Remus e Pete tinham acabado de sair quando ela bateu de novo na minha porta, perguntando se todos já tinham ido embora. A deixei entrar, claro, e fomos fazer nosso novo programa de domingo, ver um pouco de True Blood. Meu pai e Regulus tinham ido dormir, provavelmente cansados do dia.

“Talvez pra vampiros que conseguem subir em paredes...” Comentei, e olhei de lado esperando sua reação. Marlene ergueu a sobrancelha para mim.

“Certo... Como James ficou?”

“Ah, reclamão e deprimido... Nada diferente. Lily?”

“Também. Ela ficou me perguntando como eu fazia com você.”

“Peter estava interessado nisso também.”

“Já cansei de dizer que não somos namorados, “ela se encostou no meu ombro, e passei a mão no dela. “Agora não falo mais nada, deixe que pensem o que quiserem.”

“Verdade. Ah, não, cara, odeio quando sai sangue... Ugh, dali.”

“Deve ser bem desconfortável.” Marlene riu, e a olhei com ressentimento. “Estou ansiosa pra amanhã.”

Devo confessar que estava, também. Marlene era minha amiga mais próxima, e ter alguém além dos caras com quem conversar nos intervalos seria um salto gigantesco em comparação com a vida que vivia no ano passado. Sorri para mim mesmo.

A última cena cortou para os créditos, e senti Lene se desvencilhando de mim. Ela arrumou o cabelo e me encarou. Os olhos dela refletiam a luz que vinha da tv.

“Bom, acho que tenho que ir.”

Fica, minha mente asquerosa insistiu, e sorri mecanicamente. Cala a boca, cérebro.

“É, cuidado no caminho pra casa.” Brinquei.

Fica.

Ela riu, e me deu um selinho. “Até amanhã, colega.”

A levei até a porta, e quando ela saiu, tive vontade de pegá-la pelo pulso, puxá-la para dentro e tascar um beijo direito nela. PORÉM, CONTUDO, como diria Remus, ela é minha amiga. Não posso perder isso, não mesmo. Então, em vez disso, a deixei ir.


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