Everybody Loves The Marauders III escrita por N_blackie


Capítulo 12
Episode XI




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Episode XI

“Hohohohahamwaaaaaa!”

Narrado por: Peter Pettigrew

Primeira Impressão: Vou ver Zoe de novo!

Ouvindo: Flogging Molly – Seven Deadly Sins

“E então, eles vão mesmo?” Zoe indagou, esfregando uma mão na outra para aplacar o frio intenso que fazia na região da casa dela. Dei de ombros, e tomei um gole do meu chocolate quente antes de responder.

“Acho que sim, mas devia ter visto a cara de enterro que Roger vem fazendo desde que recebeu o convite. Sirius disse que ele telefonou pra tia e desde então não para de fazer carranca pra todo mundo.”

Ela mordeu o lábio de um jeito muito fofo. “Gente, mas a família dele não deve ser tão ruim assim...” (Ao fundo pude ouvir Malone cantando uma versão maluca de “Dúlamán” em gaélico, como se fosse ópera) “mande minhas boas energias pra ele, então.”

“Falando em mandar as coisas... Quando você vem?” Tentei não soar ansioso, mas senti o rosto esquentar conforme ela sorria e fingia apertar as minhas bochechas à distância.

“Ai, coisa fofa! Estamos calculando que nem doidos aqui, fique tranquilo. Até Maire entrou na vaquinha! Ryan ficou doido, mas nem ele consegue ficar emburrado pra disfarçar que quer conhecer Remus.”

“Rem também está querendo conhece-lo...” Sorri só de pensar no cheiro açucarado da minha gordinha.

Falando no diabo, meu telefone começou a vibrar, e quase morri do coração antes de finalmente pôr as mãos nele e atender. Pela tela do computador, Zoe tampava a boca com as mãos, abafando uma risada divertida.

“Fala, inferno!” Ofeguei, imaginando o que Remus iria querer comigo àquela hora da noite. Do lado de fora da minha janela, o frio nublava o jardim, e a humidade que eu podia sentir no ar indicava que, em breve, poderia ter neve caindo por aí. O aquecedor do canto do meu quarto brilhava em vermelho, e me aproximei dele para atender o que Remus poderia querer.

“Ei, Hulk, calma aí!” Ele exclamou do outro lado, e ouvi o tema de The Tudors no fundo. “Escuta, eu preciso da sua ajuda.”

“Se for outra tentativa de pegar o Edgar, Remus-“

“Calma, calma, dessa vez eu juro que é sério.”

Já devia ser a décima vez que Remus vinha com esse papo de ser sério, e na verdade nunca é exatamente. Desde que ele me ligou berrando que nem um palhaço em dia de estreia que Edgar Bones estava a fim de Emmeline, nunca mais tive um minuto de paz. Primeiro, ele passou uma semana inteira reclamando e planejando jeitos de forçar Edgar a confessar, sem nem trocar uma palavra com o dito cujo a esse respeito, e só parou quando Sirius ameaçou contar para a SF sobre isso. Depois, passou mais outra semana tentando falar com Edgar, que magicamente desaparecia toda santa vez que ele tentava. Bones conseguiu faltar dois dias por causa de uma gripe (que a mãe dele justificou pela mudança no tempo, o que deve ter deixado ele louco) e depois simplesmente evaporou. Só agora que o recesso está quase aí ele pensa que vai conseguir encurralar o desgraçado do Bones. Ah, claro, em todas as fases acima pra quem vocês acham que ele estava ligando para narrar a epopeia?

Não! Não para James, que passa metade do tempo dentro do laboratório com fones de ouvido e gravadores, nem para Sirius, que está sendo gradativamente absorvido pelo corpo de Summer. Sobrou todo esse drama para o pobre gordo solitário aqui, e Zoe certamente só está rindo porque não é obrigada a bancar a assistente de mágico do Remus toda vez que ele enfia na cabeça que o mictório é um bom lugar pra botar uma armadilha para Edgar, e acaba todo sujo de água de privada e tinta preta (longa história).

Fiquei em silencio encarando o meu aquecedor, tentando não colocar toda a minha impaciência pra fora de uma vez só, e acabar ofendendo-o de formas inimagináveis. Remus me esperou falar por dois minutos, exatamente, antes de começar a contar a história de outra carta que chegou, dessa vez manchada de pó de arroz.

“Sabe o que é pior, Pete?” Ele sussurrava no telefone, e suspeitei que Dona Jude já devia ter começado a criticar a obsessão dele com o caso, “eu sei quem ele é. Eu sei. Agora, ele não sabe que eu sei, claro, mas eu sei que eu sei, e não posso dizer a Emme que eu sei antes que ele saiba que eu sei, e eu possa força-lo a dizer a Emme que eu sabia que ele sabia que ela não sabia e o fiz fazer ela saber que eu sabia, mas não contei porque ela tinha que saber por ele que sabia. Sério, Pete, não posso continuar vivendo numa realidade em que Edgar Bones é apaixonado por Emmeline Vance, e eu não posso contar que sei a ela, tendo que correr atrás dele para que ele saiba que eu sei-“

“OK! EU ENTENDI QUE VOCÊ SABE!” Gritei, respirando fundo logo em seguida para recuperar a minha calma enquanto recorria ao meu estoque emergencial de Mars Bars dentro do gaveteiro intitulado ‘Fixing a Hole’. “Qual o seu plano?” Suspirei finalmente.

“Não posso mais fugir dessa responsabilidade. Não com o feriado de Natal chegando. Pete, vou confrontá-lo.”

“Faça isso, é bom.” Rolei os olhos.

“Mas e se ele tentar me enrolar?”

“Daí você repete essa ladainha de você saber que ele sabe, o mata de tédio e acaba com esse drama. No enterro dele nós contamos.”

“Pete?”

“Fala, Rem.”

“Está ocupado?”

“Não,” menti, dando pra trás com medo de deixa-lo chateado, “só que se você não fizer algo pra acabar com essa história, quem vai fazer sou eu. E vou falar com Sirius.”

“OK, OK! Como vocês são, hein.”

Desliguei. Sobre a minha cabeceira, a melodia de Eleanor Rigby soou acelerada, e o relógio deu meia noite. Me arrastei até a escrivaninha e mirei o computador, mas Zoe havia desligado com uma mensagem de boa noite. Peguei a caneta e risquei mais um dia até ela vir pra cá, e meu coração ficou mais leve.

Narrado por: Remus Lupin

Camiseta do dia: Eu sei o que você fez no verão passado.

Ouvindo: Trevor Morris – Messenger of War (The Pillars of the Earth OST)

A primeira coisa que fiz quando botei os pés no corredor de Stovington naquela manhã fria e chuvosa foi procurar Edgar Bones. Eu sabia que ele estaria na aula comigo dali a poucos minutos, mas precisava pegá-lo num momento em que não pudesse escapar, ou preencher as frases – monólogo dele com drama e incoerência. Diante do armário era a oportunidade perfeita.

“Edgar.” Me posicionei diante das costas de Bones, e os irmãos Prewett me olharam surpresos, acenando, mas não dei mais que um aceno de cabeça aos dois. Eddie girou nos próprios calcanhares e me encarou, parecendo cordialmente impressionado com a minha presença ali.

“Lupin! Mas que surpresa, precisa de algo? Sinto muito, mas não temos mais papéis para o musical. Os mais inferiores ficaram com o seu amigo...”

“Não é sobre isso que vim falar com você, Bones.” Interrompi, fazendo uma nota mental de contar a Sirius que Edgar desprezava o papel dele. “Se puderem nos dar licença, preciso ter um bate – papo rápido com Eddie.” Olhei insistente para Gideon e Fabian. Os dois tinham a postura relaxada, mas olharam para Edgar em busca de instruções.

“Uhn... Nos vemos na sala, então.” Bones avisou, e os dois assentiram antes de entrar. Quando finalmente me vi sozinho com ele, encarei seu rosto como nunca havia feito antes. Ele tinha uma ossatura fina, que só não era delicada porque terminava num queixo quadrado e quase sempre empinado, com uma boca fina quase sempre crispada em desdém enquanto olhava para mim. O cabelo cacheado estava como sempre, arrumado e posicionado em curvas provavelmente modeladas com um secador (pelo menos isso ele e Emme têm em comum), combinando com sobrancelhas grossas que naquele exato momento estavam erguidas, esperando meu confronto. Os seus olhos eram castanhos como os meus, mas emitiam um brilho que me deixava desconcertado, porque ele sempre tentava transmitir a força de um filme dramático por trás de cada olhar. Dessa vez não estava sendo diferente.

“Então, Lupin, o que precisa de mim?”

“Escuta aqui, eu sei o seu segredo.” Falei, muito mais agressivo do que eu tinha ensaiado mentalmente, e Edgar franziu o cenho.

“Que segrego? Ora, francamente, Lupin-“ Ele tentou se desvencilhar de mim, mas os meus anos servindo de saco de pancadas tinham me ensinado algumas coisas, e uma delas era como encurralar alguém nos armários daquele colégio. Com um movimento rápido, coloquei o meu braço entre o corpo dele e a saída, forçando-o a recuar, respirando forte.

“Emmeline Vance vem recebendo cartas há quase um ano. Elas são suas.”

“Mas você ficou doido-“

“Não adianta negar, Bones, eu entendi tudo. Os poemas qualquer um podia ter escrito, mas só você e Davis têm acesso ao sangue falso do almoxarifado do auditório na quantidade ridícula que encontrei, e o seu personagem usa pó de arroz pra caramba nas mãos e no rosto. As cartas estavam cheias disso, mas aaaah, você foi esperto. Achou que eu estaria distraído demais pra lembrar que EU MESMO vendi as duas coisas pra você! E eu estava, mas já percebi tudo. Qual era o seu plano? HEIN? HEIN?”

Só quando terminei de falar notei que a lapela da camisa dele estava respingada de baba, e me afastei um pouco antes que nossos narizes se tocassem. Bones estava tão pálido que eu podia ter dito que ele estava com o pó de arroz ainda no rosto.

“Você é mesmo um chucro, Lupin. Meus poemas são geniais.”

“Não desvie do assunto! Você vai entrar naquela sala e contar a Emmeline o que fez.”

“Porque? Você não vai me intimidar assim!”

“Acha que só porque ela é linda e usa maquiagem não tem sentimentos, é? Seu babaca almofadinhas!”

“Seu palerma!” Ele pareceu ofendido, e passou agilmente por debaixo do meu braço. “Seu patife! Como ousa duvidar do que eu sinto por Emmeline? Dediquei meses para aquela poesia, minhas histórias têm saído melhor, meus sonetos se encaixam perfeitamente, tudo por causa dela! Emme é uma deusa, uma musa inspiradora!”

Devo confessar que estava esperando por muita coisa, menos isso.

“Conte a ela o que sente!”

“Não!”

“Se você não contar, vou transformar a sua vida num inferno. Emme merece saber!”

Edgar bufou. “Primeiro, pare de cuspir. Segundo, a minha irmã trabalha na polícia, e se você continuar tentando me intimidar, vou... Vou contar pra ela. E terceiro, não vou me expor assim para cumprir seus caprichos, entendeu?”

“Você vai contar pra ela, Edgar.” Vociferei. “Ou melhor, não conte, e pare de mandar as cartas. Ela não merece um covarde idiota que nem você. Você tem até o fim do recesso.”

Bati os pés pra longe dele, e quando entrei na sala, Sirius perguntou o que havia de errado antes de Summer mandar um bilhetinho pra ele. Dei de ombros e fui até o fundo, a cabeça muito cheia pra prestar atenção. Um minuto depois ele entrou, borrifando um líquido azul em torno da gola da camisa e abanando a mão quando os Prewett tentaram falar com ele. Antes de sentar, ele e eu trocamos olhares, que sustentei até o último segundo.

A cadeira ao meu lado se mexeu e me sobressaltou, e fiquei vermelho que nem o meu cachecol quando vi Emmeline.

“Aconteceu alguma coisa, Remie?”

“Não, só tive uma discussão.”

“Com quem?” Ela tirou o material e posicionou do lado do caderno colorido.

“Hem... James.”

“James?”

“Isso, ele anda enfurnado no laboratório, tal, aí falei com ele e discutimos.”

“Oh, Remie, James está muito recluso mesmo...”

“Nah, é o jeito dele.”

“Hm, ok.”

Ficamos em silencio alguns minutos, enquanto Hamilton explicava o Humanismo, e fiquei pensando como poderia fazer Bones confessar. Não, não acho ele um criminoso pelo que fez, mas Emme tem direito de saber, não tem? Não me sentiria bem simplesmente dizendo a ela, sei lá, e se ela se decepcionar?

No que estou pensando, meu deus? É Edgar Bones, claro que ela vai se decepcionar.

Bom, de qualquer forma as cartas precisam parar, e o único jeito de isso acontecer é ele falar com ela. Pensativo, não notei que Emme tinha passado um bilhetinho por debaixo da mesa, e me olhava de lado sorrindo. Peguei a folha enfeitada e cuidadosamente desdobrei.

Obrigada por tudo, Remie, meu detetive favorito! Fica triste não J

Olhei de relance para ela, e decidi que Edgar definitivamente iria ter que falar com ela, ou não merecia Emmeline. E eu ia fazê-lo falar, ah se ia.

Narrado por: James Potter

Meta Atual: Me convencer de que não estou ficando doido

Ouvindo: Minha própria voz, no fone

Olá, meu nome é James Potter, hoje é dia 29 de Novembro de 2010, e falo do laboratório de física aplicada de Stovington High, Londres, horário local, duas da tarde.

Minha voz estava soando patética no fone, e a cada gravação de progresso eu chegava à conclusão de que não tinha talento para nada que precisasse essencialmente dela. Meu guarda-pó estava impecavelmente limpo, o que não é de se surpreender considerando que estava trabalhando com física, não química. Era mais um adereço mesmo, um enfeite no meu ego.

Projeto número 3, ensino médio, Feira de Ciências de 2011. Bom, estive trabalhando com ondas sonoras, mas queria algo que pudesse ser prático e atraísse a atenção do público leigo, de forma que apenas colocar ondas no projeto de forma genérica não seria o suficiente.

Enquanto instalava alguns componentes na placa mãe, vi de canto de olho as gêmeas chegando, cada uma com um avental diferente, e carregando o que, na distância e posição que eu estava, podia ser tanto um rádio desmontado quanto um computador. As duas acenaram, e ergui de leve a mão para retribuir o aceno.

Lily também mencionou que coisas práticas fariam mais sentido numa feira escolar, e embora estejamos pouco próximos desde o verão, me deixei convencer pelas palavras dela. Não pude dizer o que decidi fazer, entretanto. Snape a ronda como um corvo em carniça, e sempre que tento conversar com ela ele aparece e a tira de perto de mim. Ainda preciso pensar o que vou fazer a esse respeito.

“Jim?” Ouvi a voz abafada de June (Ou Jane?) acompanhar um cutucão no meu ombro, e pousei delicadamente os instrumentos que usava e tirei os fones. “June e eu achamos uma mesa perfeita para o que precisamos. A Professora Bines topou nos ceder aquela lá, só que não conseguimos mexê-la direito.”

“A massa é alta demais?” Caminhei até a mesa que ela tinha apontado, no fundo da sala. Sobre a superfície de madeira polida haviam alguns livros e rabiscos que reconheci como meus. De fato, parecia pesada. “Se não pudermos carrega-la assim, que dirá com o equipamento em cima, Jane.”

“Pensamos em instalar rodas, mas a furadeira ganhou da gente.” June sorriu amarelo, e me vi sorrindo amarelo também. Eu tampouco sabia operar uma furadeira direito (mamãe nunca deixou, dizia que era perigoso). Sirius sabe.

“Falo com Sirius, ele faz o favor.” Cocei o queixo, e assentimos. “O que trouxeram?”

“Um notebook, para programar.”

“Hm, ok. Se tiverem alguma dificuldade avisem antes de Sirius vir instalar as rodas. Ele entende de programação.”

“Beleza.”

“Beleza.”

Me voltei para a minha bancada, e vi Lily e Snape conversando de novo. Parecia que ele a levava ali de propósito, e eu só queria saber porque.

Narrado por: Sirius Black

Filme do Momento: Algum que não envolva eu ir ver minha tia no Natal

Ouvindo: Summer

“E aí eu falei pra ela, querida, você acha mesmo que eu estou te copiando? Claro que não né. Ai, eu usei você um pouquinho, desculpa, mas tive que fazer, ela estava querendo se achar porque, tipo, Twister e ela estão meio juntos, mas amiga, alôÔ, você já viu o meu namorado? Tipo, eu te chamei de namorado, desculpa também por isso, mas não podia sair por baixo, né?”

“Aham...”

“E você é mega gostoso, então eu falei pra ela, ô fofa, minha filha, você viu com quem eu tô saindo? Até parece que eu vou ficar dando bola pra ela. Tonta.”

Ok, pode parecer que não estava prestando atenção... Realmente, eu não estava. Summer é muito linda, e boa pessoa até, mas desde que fomos inesperadamente convidados para passar o Natal com a minha família (além da prisão de Mintch), não estava muito inclinado a prestar atenção no que a nova namorada do Twister disse ou deixou de dizer. A princípio tinha ficado impressionado com a capacidade que Summer tinha de abstrair todos os problemas, mas com o tempo eu meio que queria falar deles, e ela não dava sinal de que iria tocar no assunto tão cedo.

Agora já estávamos em Dezembro, e a cada dia que passava, meu pai parecia mais ansioso em relação a encontrar com a família. Eu, em teoria, deveria ficar minimamente chateado com isso, mas eu sabia que não podia culpa-lo por detestar os Black. Digo, tudo bem crescer sem família além dele e Regulus (mamãe era filha única, a mãe dela morreu jovem também, e o meu avô teve um infarto faz uns dois anos), considerando que todos são corruptos, lobistas, entre outras coisas piores.

Enfim, Summer não estava nem aí.

“Hey, acho que estou a fim de ir embora daqui.” Comentei, me desvencilhando do abraço dela e pegando minha mochila do chão. “Não estou muito bem?”

“Foi alguma coisa que eu disse?” Ela fez beicinho, e se levantou também. “Podemos ir até a sua casa...”

“Não, Summer, prefiro ficar um pouco sozinho, ok? Não to bem.”

Ela pareceu meio decepcionada, mas milagrosamente não disse nada. Acenei e subi na moto, acelerando até em casa para descobrir Regulus com a cara enfiada no computador, digitando com a testa franzida. A calça dele estava tão apertada que minhas pernas formigaram em solidariedade, mas o Reg emocional-quero-morrer não parecia ligar pra isso.

“Ei, achei que estivesse evitando tecnologia.” Brinquei, tentando disfarçar minha tristeza. Ele rolou os olhos pra cima, como se eu fosse patético.

“Duuur, Sirius, e eu estou, ok?” Ele soltou um grunhido frustrado e apertou o Enter com raiva. “Remus ligou aqui tipo, sei lá, umas trezentas vezes sobre o lance daquele blog deprimente, e você não tava aqui pra receber, então ele tipo, me pediu pra olhar isso, tá?”

Ótimo, mais uma preocupação para acrescentar à minha cesta de presentes de fim de ano. Sorri amarelo para ele, e enchi a jarra de água para ferver. “Foi mal.” Limpei a garganta, culpado, e ele só soltou um barulho esquisito com a garganta. “Hum... Você achou alguma coisa?”

“Talvez.”

“Ué, então conta.” Cheguei mais perto, e ele mudou a aba para uma tela alternativa, cor de rosa também, mas numa espécie de calendário. Reg suspirou (não sei porque) e levou o cursor do mouse até a primeira data. Era dali a três dias.

“Eu, tipo, tive que fuçar um pouco, mas peguei a senha dela.” Ele mostrou no diretório acima, e me senti ainda mais culpado do que antes. Talvez, se tivesse me esforçado de verdade, tivesse feito a mesma coisa. “Era uma palavra enorme, cheia de símbolos e com duas letras fonéticas no meio, vocês estão procurando alguém muito mais inteligente do que anteciparam, apesar desse layout chamativo.”

Depois, ele voltou para o calendário. Suspirei fundo, e me censurei internamente por ter me deixado afastar tanto de programar. Regulus, meu irmão vitoriano, conseguiu algo que eu teria demorado minutos pra fazer.

“Agora vem a parte, tipo, literalmente creepy, “ ele apontou para o primeiro dia, “Sirius, é sério agora, eu não sei como continuar, você precisa descobrir quem é essa mina. Isso aqui é um calendário.”

“Eu estou vendo, Reg.”

“UUUGH, Me escuta! Que saco! Ó, presta atenção, esse calendário tem tipo, uns cem posts marcados e agendados, que já foram escritos e estão aí pra serem postados nessas datas. Acontece que a partir daí meu acesso ficou doido, apareceu uma caixa pra por outra senha, aí tudo virou webdings e talz.”

“Então não é ela quem posta? O blog posta por si mesmo?”

“Tipo assim. Mas essa não é a parte creep. Até o site dar pau, eu consegui os títulos dos dois próximos posts, um para o dia 7, essa semana, e outro para o dia 15, antes do recesso aí de vocês. Os dois são do anuário, e pelo visto estão em ordem alfabética.”

“Isso é bom, podemos ver quem serão as próximas vítimas dela, não?”

Regulus soltou outro barulho irritado. “Bom, não vamos precisar adivinhar muito, né. Somos nós dois.”


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