Everybody Loves The Marauders III escrita por N_blackie


Capítulo 10
Episode IX




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Episode IX

“O Flashback”

Narrado por: Peter Pettigrew

Primeira Impressão: Eu odeio flashbacks

Ouvindo: Howard Shore – Minas Morgul

“Eu levanto o meu Mago Negro,” James virou uma das cartas em sua mão, e mordi o lábio com força quando vi a figura estampada ali, “desculpa, Sirius.”

Remus puxou a calculadora, e comi mais um pedaço da minha barra. A pontuação de Sirius era mínima agora, e com certeza ele iria morrer antes da partida terminar. A aula de manhã tinha sido uma droga, e não só durante as aulas (ainda estavam avisando que o colégio estava trabalhando pra pegar SF), mas também nos intervalos, começo e final. Em resumo, o dia tinha sido uma merda.

“Não acredito que Dorcas terminou comigo.” Rem suspirou, e olhamos sarcásticos para ele. “Eu não disse que estou surpreso. Só não acredito que ela fez isso por mensagem.”

“Você não pode reclamar se não estamos sendo compreensivos.” Sirius resmungou. O celular dele estava desligado em algum lugar, para Summer não aparecer. “Não disse nada do que aconteceu.”

“Não tem muita coisa pra dizer,” Remus deu de ombros, “desde a comic con a gente estava afastado, e eu não fiz muito esforço pra me aproximar dela de novo. Sherlock Holmes não tem parceiras por isso, eu imagino. Entre descobrir sobre o admirador secreto de Emme e quem era SF, acho que errei em não dar a ela a atenção que merecia.”

“Quanta auto-análise pra quem disse que não estava pensando nisso demais.” James se desconcentrou das cartas para rir. “Porque não conversaram?”

Foi a minha vez de encarar James com sarcasmo. “Você vai mesmo falar sobre conversar da relação.”

“Eu não disse que eu faria o mesmo, calma.”

“O fato é, “continuou Rem, “nós ficamos sem falar sobre isso ou sobre qualquer outra coisa, e na festa de Emme eu percebi que ela estava meio interessada em outra pessoa.

“Quem?”

“Gideon Prewett.”

“Ele é legal, mas é sombra daquele irritante do Edgar.”

“Bom, ontem estávamos lá na sua casa, Pete, e Sirius estava tentando hackear o IP da SF, e conforme ele não conseguia e ia ficando frustrado, a minha atenção desviou do que estava fazendo-“

“Você tava jogando Mario Kart, cara.”

“Não importa, Sirius, eu estava fazendo algo e minha atenção desviou-se.” Remus mostrou a língua para Sirius. “Como estava dizendo... Eu estava prestando atenção na briga que começou na beira do sofá, e de repente senti o celular vibrar no meu bolso. E lá estava a mensagem.” Ele pegou o celular e procurou a dita cuja. “Aqui, olha: Remus, desculpa, não posso mais continuar assim. Amigos?”

“Dorcas é uma pessoa marcante mesmo.” Sirius sacrificou mais duas cartas, e percebi o pulo desesperado que ele estava tentando. James, que estava com a atenção voltada para a história, nem notou.

“Ela é,” Remus sorriu, mas depois parou, “bem, eu fiquei meio chocado, e só respondi com um ‘ok’. E voltei pra casa, né, meio aliviado, até, mas por outro lado, estava estranho, porque Dorcas tinha sido bem direta comigo... Fiquei pensando no que poderia dizer a ela no dia seguinte, no colégio e tudo.”

“Ela quis ser simpática, cara, calma.”

“Me deixa contar, Sirius. Onde eu estava? De noite, né. Ok. Então, hoje fui pra Stovington meio sem jeito, e quando cheguei, Emme foi direto falar comigo. Ela disse que não conseguia encontrar de jeito nenhum a marca daquele sangue falso, e que devia ser algum tipo genérico que vendem em qualquer loja por aí. Bom, ela me deu a amostra que eu tinha retirado, e decidi perguntar a Phil sobre ela. Eu tinha certeza de que ele saberia dizer qual a marca mais parecida com a do sangue na carta.”

Na minha cabeça, eu estava vendo Remus num estilo noir, em preto e branco com aquele jazz suave tocando no fundo, e Emmeline vestida como uma senhora dos anos 50. Me controlei pra não rir.

“Então, estava pensando nisso, e no que poderia fazer para pegarmos SF, quando vi Dorcas fechando o próprio armário, e decidi ir falar com ela. Ela percebeu que eu estava ali, e parou pra me esperar. Não parecia muito na defensiva, mas sabe como é. Dorcas tem nervos de aço.”

“Só um minuto, Rem.” Sirius interrompeu, e mostrou uma mão cheia de cartas para James. “Agora que sacrifiquei minhas cartas, quero evocar o Ezodia.”

“QUÊ?” James olhou pasmo para o chão, onde o tabuleiro com as cartas estava montado, e viu em choque quando Sirius foi baixando, uma a uma, as partes do corpo do deus ancestral. Fiquei impressionado com a habilidade de Sirius em fazer várias coisas ao mesmo tempo, sinceramente.

“Pode calcular o dano, Rem?” Sirius olhou triunfante para as cartas empilhadas, e James começou a vasculhar o próprio deck em busca de cartas melhores, mas contra o Ezodia era difícil competir. Remus puxou a calculadora, e quando Jim o encarou esperançoso, passou o indicador na garganta.

“Acabou, parabéns, Sirius.”

“Ugh, que dia viu.” James começou a recolher o baralho todo, e enquanto Sirius o ajudava (ainda com um sorrisinho no rosto), fez sinal para Remus continuar.

“Então eu disse pra ela, e aí? E ela ficou meio sem graça, e disse que tava tudo bem. E então eu disse, recebi sua mensagem. E ela perguntou se eu estava bem, e eu não sabia o que dizer, porque se eu dissesse que estava bem, o que ela iria pensar? Provavelmente que sou um sem coração que não estava nem aí pra ela. E se eu dissesse que estava péssimo, além de mentir, estaria fazendo ela se sentir mal, o que é ruim também.”

“E o que você respondeu, afinal?”

“Eu disse que iria ficar bem.” Remus deu de ombros, pensativo “Acho que deixa-la na incógnita era mais ético. E a indefinição do futuro é um tempo confortável pra eu me sentir melhor, entende? Ela pareceu aliviada, de todo modo. E aí não falei mais com ela, mas ficou aquele climão, e não sei se vamos continuar tão próximos assim por um tempo.”

“Pelo menos Dorcas foi honesta.” Sirius enfiou (isso, enfiou, ele estava meio bravo agora) o deck dentro da mochila. “Diferente de Marlene.”

“Cara, não vai te fazer bem ficar pensando nisso.” James deixou a frescura de lado e olhou sério para Sirius. Eu achei positivo, até porque nenhum dos dois é conhecido por serem bons vencedores/perdedores.

“Está difícil.”

Então, segundo flashback: Sirius descobriu que Marlene está ficando com Amos Diggory. Não foi da melhor maneira possível (também não foi da pior, tenho certeza de que ele poderia ter descoberto de jeitos bem mais deprimentes), e apesar de ele estar oficialmente com Summer, ficou com o coração meio doído.

“Mas eu espero,” ele fechou o zíper agressivamente, “que os dois sejam muito felizes. Espero mesmo, especialmente quando ela vier me dizer que é minha amiga, e que me conta as coisas.”

“Ela deve ter pensado que iria ficar sentido...” Comentei, e ele me encarou todo magoado.

“Eu? Sentido? Nunca! Ela pode ficar com quem ela quiser! Eu fico com quem eu quiser, e ela pode falar o que quiser da Summer, porque quem sabe onde meu namoro com ela pode levar? Hein? Quem sabe eu não caso com Summer? Tenho filhos, e netos, e bisnetos com ela, e Marlene com Diggory, e ficamos assim, amigos na faculdade, no trabalho, no asilo dos infernos que formos parar? Eu não estou magoado, Peter. “

“Marlene disse alguma coisa sobre Summer?” James disse inocentemente, mostrando o quanto ele consegue ser cego quanto se trata dessa garota que ele juntou com Sirius. Ela nem é tão legal assim, e vou ser franco, a imagem dela e Sirius casados e com família me fez pensar seriamente se não seria melhor mudar pra Irlanda e me esconder ali.

“As duas se detestam, James.” Remus disse como se fosse óbvio (e é), e James fez cara de ofendido.

“Deve ser ciúmes.”

“Ciúmes de quem? Marlene me disse trinta e sete vezes que não quer ser minha namorada.” Sirius cruzou os braços. “Ela não gosta da Summer, deve ter inveja, sei lá.”

“Marlene não parece do tipo que sente inveja da Summer, Sirius...” Tentei argumentar.

“E o que você sabe, Pete? Nenhuma das duas fala com você direito.”

“Ei, não precisa ser assim. E Marlene fala comigo. Summer finge que eu não existo.”

Sirius fechou a boca, e puxei a pilha de HQ’s para perto de mim. O quarto de Remus ia entrar em reforma, então estava tudo meio bagunçado.

“Anda, daqui a pouco preciso ir.” Ignorei o olhar sentido de Sirius e Remus.

Narrado por: Remus Lupin

Camiseta do dia: Despicable Me (Meu Malvado Favorito)

Ouvindo: Martin Phipps – Miseria Domine (Elizabeth I: The Virgin Queen) (Minha casa, minhas músicas!)

Depois que os caras foram embora, voltei a jogar o meu DS, e percebi que, agora que não tinha mais Dorcas, jogar Mario me trazia todas as lembranças possíveis dela. Enquanto jogava, ouvi passos na escada, e minha mãe abriu a porta com uma careta no rosto. Olhei curioso pra ela.

“Precisa de mim?”

“Não, tem uma moça lá embaixo querendo te ver.” Ela crispou os lábios, e tirei as cobertas das pernas. Ela não sabia que Dorcas me dera um pé na bunda, mas nem por isso era de ficar brava assim com pessoas que iam lá em casa.

“Algum problema, mãe?” Perguntei enquanto descíamos juntos, e ela ajeitou a blusa branca.

“Essa menina, ela é sua amiga? Porque, Remus, você pode até querer ser dos ‘legais’ e tudo o mais, mas lembra quando eu te falei que existia uma diferença em ser legal e ser delinquente? Pois é, eu estou preocupada com isso.”

“Mas o que delinquente-“ Estava super confuso até que vi quem esperava na sala. Tonks já tinha entrado, e estava comportada no meu sofá, com os pés vestidos com coturnos bem retos e as pernas de jeans rasgado num ângulo de noventa graus, com a expressão mais séria que eu já vira.

“Essa moça aqui, é sua amiga?” Minha mãe olhou cheia de censura para Tonks, que levantou com um sorriso educado. Tudo bem, ela estava com os cabelos pintados de roxo berrante, e tinha três furos na orelha e uma argola no nariz, mas o que aquilo tudo tinha a ver com ela ser delinquente?

“É sim, mãe, essa é Nymphadora. É prima de Sirius.”

“Boa tarde, Senhora Lupin.” Ela continuou sorrindo, e minha mãe deu um sorriso falso pra ela em resposta. Olhei indignado para ela, mas me ignorou e voltou pra cozinha, fazendo aquele ar de depois-conversamos-sobre-isso.

“Hey, o que está fazendo aqui?” Abracei Nymphadora, e ela sorriu mais espontaneamente pra mim.

“Desculpa aparecer do nada, é que Emmeline disse que Dorcas te chutou, aí resolvi ver como estava.”

“Emme fala com você?” Perguntei impressionado, já que Emme em geral só quebrava o código popular dela pra ficar comigo. Tonks riu ironicamente.

“Pessoalmente? Nunca! Ela me mandou uma mensagem.”

“Imaginei. Vamos subir, eu estou relativamente bem.”

“Cheguei!” Meu pai entrou em casa segurando uma pilha de papeis, e logo que encontrou com Tonks soltou uma exclamação excitada. “Oi!”

“Tonks, meu pai.” Apresentei, sorrindo sem jeito. Era sempre uma tensão apresentar meu pai, mas ele não parecia pensar do mesmo jeito.

“Que cabelos malucos, menina!” Ele se aproximou e passou a mão no cabelo dela, todo entusiasmado. Ele. Passou. A. Mão. No. Cabelo. Dela. Cara, quem faz isso? O meu pai. O meu pai super engraçado faz isso. Tonks riu.

“Semana passada eles tavam rosa. Que bom que gostou, Senhor Lupin.”

“Ah, que senhor o que? John, prazer. Conheço uma galera do show bizz que usa uma cabeleira que nem a sua. Muito legal.”

“Trabalha no show bizz?”

“Comediante.” Meu pai sorriu que nem um palhaço. “Eu te diria uma piada, mas estou tentando quebrar o estereótipo.”

Tonks continuou rindo, e sorri amarelo. “A gente tava subindo... “

“Ah, ok. Viu a sua mãe? Escutei uma piada ótima hoje sobre plantão.”

“Ela está na cozinha,” disse, e cheguei mais perto dele pra sussurrar, “não está de bom humor não, chamou a Tonks de delinquente e tudo.”

“Putz, na frente dela?” Meu pai parecia preocupado, e eu assenti. Ele balançou a cabeça.

“Não se preocupe com ela, Jude achava que eu era um delinquente quando nos conhecemos também! E veja bem, ela casou comigo! Hm, ela pode ainda me achar um delinquente... Não escute o que eu digo.”

Balancei a cabeça e segui Tonks pra cima. “Então, estou bem.”

“Sério? Que bom! Digo, não que ela terminou com você, isso é péssimo, estou querendo dizer, que bom que não está tão mal né... Opa, desculpa.” Ela conseguiu tropeçar no meu peso de porta do Mário e quase pisou em cima dos HQ’s que Pete deixou espalhados. Ri e afastei tudo pra ela sentar.

“E você, como anda?”

“Bem... Foi bizarro contar pra minha mãe do Sirius, faz muito tempo que ela não o vê, aí ficou perguntando se ele estava alto e bonito que o pai, e eu nem conheço o pai dele direito, como ia dizer? Além do mais, nem no enterro da mãe dele eu fui, nem sei o que dizer. Dizer, dizer, dizer, eu estou lesada.”

Comecei a rir do jeito espontâneo de Tonks, que tirou os sapatos e pegou alguns quadrinhos. “X-Men... Tem alguma coisa do Homem Animal?”

“Não! Você gosta dele?” Fiz careta, e ela riu.

“Gosto, ele é legal! Eu curto a DC, apesar de algumas coisas serem paia.”

“Algumas coisas?” Respondi, e pensei no quão fácil era esquecer minhas paranoias com Dorcas por perto. Mesmo ela sendo uma delinquente.

“Ah, Marvel boy! Mulher maravilha!”

“Viúva Negra?”

“Super homem!”

“Francamente, mulher!” Balancei a cabeça, e ela gargalhou. “Homem Aranha!”

“Hm, ele é bom mesmo.” Ela puxou outro quadrinho, do Batman.

“Eu adoro o Batman. Deve ser de família...”

“Nem acredito que você e Sirius são primos, cara.”

“Maluco, né? Nossa família é bizarra, nem queira começar a vasculhar esse pote. E aí, quer fazer alguma coisa?”

Puxei alguns HQ’s do Batman e entreguei pra ela. “Quando não temos muita coisa pra fazer, eu e os meus amigos lemos juntos.”

“Sou sua amiga, é?”

Encarei aqueles olhos castanhos, e sorri. “Claro que é.”

Narrado por: Sirius Black

Filme do Momento: Batman: The Dark Knight

Ouvindo: Hans Zimmer, cara. HANS ZIMMER!

A sala estava numa penumbra, e a única fonte de luz vinha da tv, onde o Coringa de Heath Ledger fazia as loucuras dele no carro. Meu pai me passou a pipoca, e eu passei para Regulus, os três muito concentrados no filme. Já devia ser a milionésima vez que eu assistia esse filme com os dois.

“Não quis chamar a Lene pra assistir hoje?” Meu pai indagou, e eu ainda não tinha conseguido descobrir porque ele estava tão tenso ultimamente. Dei de ombros.

“Não. Não estamos mais tão próximos.”

“Sério? Aconteceu alguma coisa?”

“Ela... Omitiu uma informação de mim. Importante.”

“Uma vez que você olha no abismo, o abismo olha de volta.” Reg contribuiu muito pra melhorar meu ânimo, e meu pai sorriu sem emoção pra ele.

“Acho que ele quis dizer que não precisa ficar chateado.”

“Ok.” Resmunguei, e continuei vendo o filme. Um bip chamou minha atenção, e meu pai olhou rapidamente pro celular e respondeu uma mensagem. “Quem é?”

“Mere,” ele respondeu, e sob a luz do celular, percebi que ele atualizava o email também, como se estivesse esperando alguma coisa acontecer. “você e James não estão brigados, né?”

“Não...”

“Hm, ok.”

“Acho que tenho muito do Duas-Caras.” Regulus comentou, assentindo pra si mesmo na escuridão. “Sou muito bem humorado, e muito mal humorado também. É uma dicotomia constante, verdade.”

“Você tem catorze anos, Reg.” Meu pai revirou os olhos, mas vi que ele queria dar uma risadinha. “Calma que essa montanha russa hormonal passa e você se sente melhor.”

Sorri para eles, e me levantei pra ir pegar mais chá. Se James estava vindo, era bom ter a minha coleção de Batman: a Série Animada pronta. Meu pai chegou um pouco depois, porque a cena da transformação do duas-caras deixava ele ansioso, e ficou disfarçando longe da tv.

“Chegou a cena do olho exposto?” Ri por debaixo da xícara, e ele assentiu distraído.

“Não sei porque precisam mostrar o olho... Alguns públicos não gostam desse tipo de exposição...”

“Certo... Escuta, pai, posso te perguntar o que tá acontecendo?”

“O que? Como assim?”

“To achando você estranho, só isso.”

“Ah... Uns pepinos no trabalho, só isso.”

Crispei os lábios. Meu pai tinha um emprego muito flexível, e não falava muito dele pra gente. Eu sabia que tinha alguma coisa com escrita e computadores, mas além disso, era tudo um grande mistério pra mim. Pelo menos ele sempre estivera perto para Regulus e eu, e raramente nos deixava de lado pra trabalhar. Talvez isso estivesse cobrando seu preço, finalmente. Me senti culpado.

“Posso ajudar em alguma coisa?”

“Nah, não precisa esquentar a cabeça, deixa que eu resolvo.” Ele deu um soco fraco no meu ombro, e forçou um sorriso no meio do rosto preocupado.

“Se precisar...”

A campainha tocou, e ele pareceu aliviado por não precisar continuar a conversa. “Tá tudo em ordem, Sirius, não precisa se preocupar.” Ele foi até a porta e abriu, e Dona Mere entrou com James, apertando os olhos pra ver na escuridão. Enquanto ela e meu pai se cumprimentavam, James escorregou até mim com um pacote na mão, e fez uma careta antes de dizer:

“Eu não consigo me acostumar com eles juntos, pelo menos não a parte física. Ugh.”

“Sei como é, cara. Que é isso?”

“Ah, eu recebi no correio, mas estávamos de saída, então não consegui abrir ainda... Mas veio de NYC, então deve ser ostentação do meu pai.”

“Achei que ele tinha parado com isso... Chá?” Ofereci, e ele aceitou a caneca em forma da cabeça do Homem-Aranha.

“Valeu... Ele tinha, mas sabe como é, ele é bem determinado. Deve achar que eu não lembro que ele costumava fazer isso e resolva mudar pra Nova York agora.” Jim pousou o embrulho no balcão, e pelo comparativo, notei como ele era fino. Quando passou o dedo na diagonal na frente do pacote, vi o símbolo da Apple através do rasgo.

“Putz, ele te deu um Ipad, cara!” Meu faro tecnológico me atraiu para aquela caixa que nem açúcar atrairia formigas (ou diabéticos), e arregalei os olhos conforme James ia abrindo tudo. Quando abriu a caixa, tirou o aparelho com muito cuidado, e olhou para si mesmo refletido na tela sensível ao toque, impressionado.

“Dessa vez ele se superou! Pena que meu notebook não esteja aqui...”

“Calma.” Cheguei mais perto e apertei o botão central, e como esperava, o sistema estava configurado já. Na verdade, uma foto já estampava a tela como papel de parede: o pai de James abraçando a madrasta dele, os dois segurando uma cartolina com os dizeres “se prepara que vem surpresa por aí!”.

Franzi a testa, e James correu o dedo meio hesitante pela tela. No canto, um aplicativo em forma de álbum de fotos se destacava, sendo o único diferente dentre os ícones padrão. Dona Mere chegou perto, e fez cara de entusiasmada diante do aparelho.

“Bacana... O que é isso, querido?”

“É um IPad, mamãe...” Jim pressionou o ícone novo, e quando a nova imagem iluminou seu rosto, uma expressão quase cômica de surpresa o deixou de boca aberta. Dona Mere parou de sorrir, e depois saiu de perto. Pousei minha xícara no balcão.

“Que foi?”

“Meu pai...” James virou o Ipad.

A foto principal era quase a mesma do papel de parede, exceto que nem o pai de James, nem a madrasta dele seguravam o cartaz. Em vez disso, podia-se ver o que a cartolina estava escondendo, um barrigão de grávida da nova mulher do Sr. Potter.

Embaixo, numa legenda saltitante, cinco palavras dançavam na tela, e James não conseguia parar de rir.

VOCÊ VAI TER UM IRMÃO!

Narrado por: James Potter

Meta Atual: Não parecer tão entusiasmado sobre o bebê na frente da minha mãe

Ouvindo: Episódio da série animada do Batman (adoro a casa de Sirius)

“Puxa, seu pai foi... Eficiente.” Mamãe sorriu fraco enquanto jantávamos, e me vi tendo de me esforçar pra não olhar para a foto de Chris grávida. Ela tinha até aquelas camisetas divertidas, tipo as do Remus, exceto que a legenda “Um nerd vive em mim!” estava posicionada de forma que ficasse em cima do barrigão. Eu sempre quis ter um irmão ou irmã!

“É bom pra ele.” Roger comeu mais um pedaço de pizza (Benito cozinha muito bem mesmo), e olhou compreensivo pra ela. Mamãe sorriu, mas percebi que tinha ficado magoada.

“Será que agora que tem um bebê você vai morar em Nova York?” Regulus resmungou, e Roger olhou feio pra ele.

“Isso não tem nada a ver, Regulus. Se James quiser ficar aqui, ele é tão bem vindo quanto ao lado do pai dele. Certo, Jim?”

Assenti, e ele sorriu pra mim. Mamãe olhou assustada para o Ipad, como se ele fosse uma bomba que meu pai mandara com um portal de tele transporte embutido. Segurei a mão dela sobre a mesa, e a encarei com a melhor expressão de não-eu-não-vou-pra-nova-york. Ela sorriu agradecida.

“Vão ver o seu seriado, anda.” Ela fez carinho na minha orelha, e Sirius levantou entusiasmado da cadeira, abaixando que nem um cachorro pra pegar um último pedaço da pizza.

“DEUS TE ABENÇOE, BENITO. Anda, James.”

Entramos no quarto dele, e Regulus já tinha se enfiado no quarto, sem acender as luzes. “Sério que agora ele passa o tempo todo no escuro?”

“Aham.” Sirius ligou a tv. “Meu pai disse que a conta de luz diminuiu depois que Reg entrou nessa fase. Ele passa o tempo todo no escuro, e eu não faço a menor ideia do que ele fica fazendo no quarto. A teoria do meu pai é que ele está tentando aprender braile, mas sejamos realistas, né.

“Você já abriu a porta com ele lá dentro?”

Sirius riu.

“Já. Ele estava deitado na cama, de barriga pra cima, olhando o teto, James. Olhando o teto!”

“Espero que essa fase dele passe, né.”

“Eu também! Só gostaria que meu pai estivesse melhor.”

“Porque não pergunta pra ele?”

Sirius selecionou o episódio em que paramos. “Já fiz isso, ele disse que era problema no trabalho, mas insistiu que eu não me preocupasse com isso.’

“Vai contar do post da SF?” Perguntei, meio tenso de tocar nesse assunto. Sirius arregalou os olhos.

“Eu não! Deixa quieto.”

Assenti, e não consegui prestar atenção no episódio com aquele Ipad do meu lado. Será que meu irmão vai usar óculos que nem eu?


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