Minecraft. O Ninho De Creepers escrita por Hermes JR


Capítulo 45
Uma Pequena Pausa


Notas iniciais do capítulo

"-Eu me sinto arrependida pelo o que o meu pai fez a ela a cada dia que se passa."



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   Ninguém ligou muito para a acomodação na humilde casa de Bruce, improvisaram mais duas camas no chão e ficou desse jeito mesmo. Steve e Bruce cederam a acama para as garotas por educação e dormiram no chão. As duas recusaram no início, mas Steve e Bruce também se recusaram a deixá-las dormir no chão, e assim foi.

   Quando o sol nasceu, Steve acordou no mesmo instante. Tinha as costas doloridas pelo modo como dormiu e seu pescoço estalou quando levantou.  Olhando em volta da pequena casa ele olhou todos enquanto dormiam, Bruce estava encolhido num canto e babava muito, Esmeralda estava virada de costa e Adália estava quase caindo da cama. Ele sorriu e se largou na sua cama improvisada. Conseguira chegar a salvo. Tudo o que ele julgava impossível de se fazer se mostrou possível, e mais uma vez ele escapará da morte pro um triz. Estava satisfeito por sua sorte, fora a Téfires e voltara, sobrevivera à queda, à luta com as Aranhas, ao ataque na entrada do reino e até ao período que passara lá dentro, que não fora exatamente como planejado.

   Entretanto, uma série de coisas ainda incomodava-o. Primeiramente o fato de que ele não conseguiu exatamente o que queria quando saiu nessa busca. Sua intenção era ir e destruir o Ninho com os soldados, coisa que ele não fez. Tudo o que o motivara a sair de Colina Nevada, que era simplesmente ir nessa busca e saciar sua sede de vingança, na verdade não o aconteceu. Além de que o Ninho no qual a tropa foi na verdade nunca foi exatamente o Ninho propriamente dito, e sim uma armadilha. E havia também Nicko, que ele conhecera muito ligeiramente, mas que se mostrara um companheiro tão fiel como Bruce, e agora estava morto e perdido entre escombros. Steve estremeceu só de pensar e teve vontade de xingar e quebrar tudo o que podia. Nicko não merecia uma morte assim, ele era um bom homem, mais do que isso até. Os dois passaram pouco tempo juntos, mas esse pequeno período foi o suficiente para mostrar a Steve o que Nicko era capaz. Primeiro quando ele o salvou quando os dois caíram e Steve estava inconsciente, depois quando lutaram juntos contra as terríveis Aranhas, a briga na muralha e até mesmo as conversas que tiveram juntos.

   E além desses dois motivos, um em especial o incomodava mais: a aparição daquele demônio. Quem seria aquele monstro ou o que queria eram perguntas que rondavam em sua cabeça a todo o momento. Porém, a pergunta mais perturbadora era como ele sabia quem Steve era. Além disso, ele falava sobre o que Steve fizera com ele e...

   -Já está acordado? –Perguntou Esmeralda de repente, interrompendo seus pensamentos.

   -Bom dia. –Essa foi a resposta dele.

   -Dormiu bem?

   -Não nesse chão duro.

   -Eu lhe falei que podia ficar com a cama.

   -De maneira alguma. –Respondeu ele sorrindo. –Não permitiria a uma dama e, além de tudo, princesa, dormir no chão enquanto eu dormia numa cama.

   -Quanto cavalheirismo. –Respondeu ironicamente.

   Os dois riram por um tempo e depois ficaram num silêncio pleno e confortável, diferente dos diversos outros que ele já tivera. E foi nesse clima agradável que Steve se deu conta de uma coisa.

   -E agora? Para onde você vai? –Perguntou.

   -Sinceramente, não sei. –Disse ela sem graça. –Mas sei que não posso ficar aqui. Tenho agora muitos problemas nas minhas costas, e ficar com vocês seria a escolha errada.

   -Não se preocupe com isso...

   -Tente entender, é maior do que parece. Há muito mais coisa atrás disso Steve. Você mesmo viu aquele demônio e o ele causou, além da armadilha no Ninho. Sem contar que agora Téfires está completamente desprotegida.

   -Realmente é uma situação complicada... –Afirmou.

   -Infelizmente. E não posso ficar escondida como uma covarde, como fiz enquanto a cidade era destruída. Dessa vez não. Vou ter de agir. Há alguém escondido em Téfires que é mais do que aparenta, e será meu dever descobrir quem é.

   -E quanto ao povo e ao seu pai? Repensou nos seus argumentos?

   -Farei tudo as escondidas, ninguém saberá de minha presença. –Ela fez uma rápida pausa. –Mas acho que mais cedo ou mais tarde eu terei de encontrar meu pai, não suportaria viver desse jeito.

  - Parece que você está encrencada...

   -Só parece? Estou muito encrencada.

   Adália de repente se mexeu enquanto dormia, atraindo a atenção dos dois. Esmeralda ficou olhando o rosto da garota que um dia esteve aprisionada.

   -Você sabe o que ela fez? –Perguntou Steve sem tirar os olhos dela, assim como Esmeralda.

   -Para ser presa?

   -Sim.

   Esmeralda não respondeu. Steve se virou para ela. Ela hesitava. Até que respondeu:

   -Eu me sinto arrependida pelo o que o meu pai fez a ela a cada dia que se passa.

   -Você a prendeu?

   -Não! De maneira alguma, não tenho como fazer isso ainda, e nem terei mais. Mas agora sei que o que ocorreu com ela foi mais do que uma tragédia.

   -Como assim?

   E Esmeralda explicou então para Steve tudo o que sabia sobre o que ocorrera a Adália, desde o momento que a levaram ao castelo acusando-a de bruxaria e assassinato. Falou sobre como os pais delas foram mortos violentamente e o julgamento de Adália.

   -Mas se você sabia que ela não era nenhuma bruxa, como a deixou ser presa? –Questionou Steve.

   -Steve, a magia é muito mais complexa do que eu posso explicar. A questão é que, na época eu não tinha conhecimento sobre magia, sequer sabia que ela realmente existia.

   Aquilo pegou Steve de surpresa, ele nunca havia parado para pensar como Esmeralda adquiriu seus poderes. Mas não queria perguntar isso agora.

   -E por que a deixou lá todo esse tempo se depois descobriu que ela não era uma bruxa?

   -Isso foi uma idiotice minha, mas eu também não tinha muita saída, não podia revelar meus poderes a meu pai, e nem chegar nele e falar que ela era uma pessoa inocente. Eu também não tinha como escondê-la no reino já que todos a conheciam e mesmo com todos aqueles quartos no castelo um dia a achariam.

   Eles não seguiram a conversa, pois logo perceberam que Bruce estava acordando. E aquela manhã seguiu normalmente, Bruce saiu para ver se arranjava alguma coisa para comerem e voltou com uma melancia. Eles fizeram novamente uma rápida refeição e se puseram a postos.

   -Agora eu devo ir. –Esmeralda se pronunciou quando terminaram. –Já permaneci tempo o bastante aqui.

   -Você não poderia passar nem mais um dia? –Indagou Bruce.

   -Eu não me permitiria a isso. Minha consciência pesa cada vez mais a cada momento em que penso no que fiz. Além de que, como já disse, eu ficando aqui, estou pondo a vida de vocês em risco.

   Ninguém sabia o que responder, ela realmente tinha seus motivos para partir, e bons motivos, todos já passaram por problemas demais para arriscarem passarem por outro.

   -Então acaba aqui? –Perguntou Bruce.

   -Acho que sim. –Respondeu Esmeralda. –Foi bom estar com vocês durante esses dias...

   Ela foi interrompida por um barulho de galopada. Estava baixo, mas foi aumentando. Indo até a janela, Adália confirmou o que todos temiam.

   -A sua cavalaria chegou Esmeralda.

   Os soldados que antes os perseguiam quando deixaram Téfires estavam adentrando Colina Nevada.

   


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