Minecraft. O Ninho De Creepers escrita por Hermes JR
Notas iniciais do capítulo
"As horas se seguiram, e entre uma conversa e outra eles tentavam arrumar uma resposta, apesar de não terem uma pergunta."
Steve já se sentira daquele jeito antes, mas desta vez era diferente. Sua visão estava turva e confusa, tudo o que ele via na verdade parecia fazer parte de um sonho. Tudo parecia tão distante e surreal, e cada passo parecia um salto num buraco sem fundo. Os estrondos e barulhos vindos de Téfires iam ficando cada vez mais distante, mas na verdade eles nunca estiveram tão próximos assim. Steve podia perceber que Bruce gritava, assim como a filha do rei, que parecia estar num verdadeiro desespero, e até aquela garota que ele não sabia quem era. A única coisa que ele ainda conseguia fazer era correr.
Steve não sabia ao certo quanto tempo passou correndo, e não esperava saber. Eles só pararam quando Esmeralda se jogou no chão, num ato de desespero. Ela estava vermelha como o fogo que queimara o reino e chorava tanto que seus olhos pareciam uma cachoeira. Steve queria poder ajudar, pois se sentia em dívida pelo o que ela fez, mas como ela, acabou por se largar no chão e apagar ali mesmo.
Quantas horas se passaram era um mistério, assim como onde estavam. Steve se levantou e olhou a sua volta. O sol parecia começar a surgir no horizonte. Procurando pelo resto das pessoas que estavam com ele, ergueu-se e deu uma olhada. Havia uma fogueira bem baixa e do lado dela estavam Bruce, a filha do rei e a outra garota que ele não conhecia. Todos pareciam estar dormindo, exceto pela garota de cabelos vermelhos, que estava sentada ao lado do fogo, olhando para ele.
Steve se aproximou e se sentou do lado dela.
-Obrigado. –Ele disse.
A garota virou o olhar para ele e logo tratou de voltar a encarar as chamas.
-Você não me deve nada. –Ela respondeu friamente.
Steve a encarou sem entender o que ela queria dizer com isso.
-Como não? Você me salvou, salvou Bruce, salvou a todos nós.
-E? –Ela deu uma pausa pensando se devia continuar. –Quantas pessoas morreram? Eu não fiz o suficiente.
Ele queria poder confortá-la, mas sequer sabia direito quem era ela.
-Meu nome é Steve. –Ele disse, erguendo a mão num sinal de comprimento.
-O meu é Esmeralda. –Ela respondeu, mas não retribuiu o gesto dele.
Depois de um silêncio mais do que desconfortável, Steve decidiu quebrá-lo:
-Não fique assim. Você está viva, não há porque lamentar.
-Claro que há! –Ela se exaltou de repente. –Eu fui uma tola! Já imaginava que não poderia enfrentar aquela coisa e mesmo assim eu o fiz! E agora?! Agora Téfires está destruída e centenas de pessoas foram mortas!
Steve recuou um pouco. Se assustou com a reação dela.
Os minutos se seguiram. Ele não queria arriscar falar com ela daquele jeito, não parecia uma boa ideia.
Observando as brasas queimarem, Steve tentava manter o pensamento afastado do que acontecera. No reino, mas era praticamente impossível. Os muros caindo, os gritos dos soldados que foram queimados, os barulhos das paredes caindo. Era tudo tão tenebroso.
-Esmeralda. –Steve não conseguia se conter. –O que era aquilo monstro?
Ela não respondeu.
-Vamos, por favor.
Esmeralda sequer olhou ara ele. Ela continuou encarando o fogo. Impaciente, Steve reagiu:
-Olha, eu sei que você está mal como que aconteceu, mas você não é a única. Eu também faço parte disso, mesmo que não queira, e o que eu quero é somente uma resposta, então se puder, por favor, me diga logo.
Mesmo assim a resposta demorou a vir.
-Você não entenderia.
-O que? Já passei por mais coisa do que possa imaginar.
-Você simplesmente não entenderia! Eu acabei de jogar minha vida fora! Preciso de espaço!
-E o que aquele demônio tem comigo?
-Nada! Ele na verdade só queria te matar por livre e espontânea vontade!
-Então como sabia meu nome? –Indagou Steve. –Por que ele falou comigo? O que ele queria dizer?
Esmeralda parou de chorar por um instante e olhou Steve nos olhos.
-Ele falou como você? –Steve concordou com a cabeça. –Mas... Quem é você?
-Agora estamos fazendo progresso.
-Você é de Téfires? É um bruxo?
Esmeralda de repente sacou uma adaga e pulou para cima de Steve, imobilizando-o no chão. Ela pôs a arma no pescoço dele e fez a pergunta novamente:
-Quem realmente é você?
Steve afastou a adaga de seu pescoço e respondeu:
-Eu sou Steve, e agradeceria se saísse de cima de mim. E não, não sou nenhum bruxo.
Esmeralda hesitou, mas se levantou e saiu de cima de Steve.
-Acho que começamos mal. - Comentou Steve se recompondo.
-Não há tempo o suficiente para melhores apresentações. –Esmeralda guardou a adaga. Agora ela já estava bem melhor. –Mas acho que é possível fazermos melhor. Você é de Téfires? Nunca te vi.
-Não, na verdade não sou de lugar nenhum. –Respondeu. –Mas acho que posso lhe dizer que vim de Colina Nevada.
-Colina Nevada? Para a missão do Ninho?
Steve hesitou.
-Mais ou menos. Na verdade eu e meu amigo fomos presos sem motivo algum e...
-Você não foi na busca? Não sabe o que ocorreu então? –O olhar dele foi o suficiente para ela saber que ele não sabia de nada. –Parece que foi tudo uma armação...
E Esmeralda contou sobre o ocorrido na caverna, como tudo veio abaixo e como muitos soldados perderam a vida. Não entrou em detalhes, até porque nem ela sabia todos.
Quando terminou Steve pareceu desolado. Ele não conseguia imaginar a cena, devia ter sido horrível. Pensou nas palavras de Bruce, ditas a dias atrás, de que todas essas missões a ninhos e ataques a monstros sempre foram falhos, e parece que dessa vez não foi diferente. E de repente veio a sua mente a imagem de Nicko, será que ele teria conseguido sair de lá? Não adiantaria perguntar a Esmeralda, ele pensou, já que ela não devia conhecê-lo.
-Mas acho que tudo isso tem uma ligação... –Comentou Esmeralda.
-Ligação? –Questionou.
-Sim, quer dizer, olhe só o tanto de coisa incomum acontecendo ao mesmo tempo. Primeiro vocês chegam em missão lá em Téfires, e até então ninguém sabia da chegada de vocês, e depois a missão era uma armadilha... Além desse ataque de hoje... Não pode ser pura coincidência.
-Mas pelo que disseram em Colina Nevada vocês já estavam informados de nossa chegada.
-É eu sei. Dave disse isso a meu pai...
Steve se lembrou de Dave, havia tempos que não pensava nele.
Depois de alguns minutos Bruce acordou, mas continuou deitado olhando o fogo, e logo dormiu de novo. Esmeralda parecia muita tensa, Steve queria continuar falando, mas não sabia o que dizer, estavam completamente sem saída.
-E o que você vai fazer agora? –Perguntou procurando sair do silêncio.
-Como assim?
-Bom... Parece que o perigo foi embora por um tempo, você devia voltar para sua casa e falar com seu pai, afinal ele é o rei e...
-Eu não tenho mais casa. –Ela respondeu, abruptamente.
Steve a encarou com um olhar de indagação.
-Como não?
-Você não viu o que fiz?! Acabei de me expor para o mundo como feiticeira!
Steve não havia parado para pensar direito no que ela era de verdade, além de princesa. Ele viu o que ela era capaz de fazer, mas não entendia a quão poderosa era.
-E o que... –Ela tinha de escolher bem as palavras, pois ela já estava mal, não queria piorar a situação. Mas ela o poupou desse trabalho, DIZENDO:
-Você imagina como uma feiticeira é vista elas pessoas? Acho que não. Pois bem, eles me vêem agora como um monstro, se eu voltar lá agora, eles cortam meu pescoço fora!
-Mas Esmeralda, você os salvou e...
-Eu poderia ter feito melhor. –Novamente, lágrimas começaram a rolar. –Você não imagina a minha covardia... Eu fiquei escondida o tempo todo enquanto aqueles soldados davam sua vida inutilmente. Eu fiquei escondida chorando e com medo enquanto somente eu podia salvar a cidade.
-Mas você fez o melhor que pôde.
-Não fiz, e nunca vou fazer. –Ela o interrompeu. Havia muita raiva em sua voz.
-E seu pai? Ele é o rei! Não permitiria que fizessem isso com você!
-Acho que não. Aposto que se eu voltasse lá ele seria o primeiro a me açoitar. –Steve fez outra expressão tipicamente estranha, o suficiente para Esmeralda prosseguir sem ele precisar perguntar o por que. –Olha... Eu não quero falar disso agora, só saiba que eu não tenho como voltar...
O tempo prosseguiu. Bruce acordou e Steve foi falar com ele. Ambos estavam atordoados com o que acontecera, porém, felizes por estarem juntos de novo.
Steve o colocou a par de toda a situação, pelo menos até o ponto onde sabia. E quando terminou de falar sobre o ocorrido no suposto ninho, Bruce também teve a mesma reação:
-E o Nicko? Ele está bem?
Steve ficou em silêncio.
-Não sei.
-Na verdade não. –Interveio Esmeralda de repente. Os dois a encaram seriamente.
-Como sabe? Você o conheceu? –Perguntou Bruce, com medo da provável resposta.
-Sim, uma ótima pessoa, posso afirmar.
-Mas ele está bem?
Esmeralda não respondeu a reposta, somente baixou o olhar, e já fora o bastante para todos entenderem a verdade.
Steve se largou no chão e levou as mãos a sua cabeça, tentando segurar as lágrimas. Não conhecia Nicko nem um pouco, mas os poucos dias que passaram juntos oram bons o suficientes para ele saber que ele era diferente, uma pessoa boa, como Esmeralda disse.
Bruce pegou uma pedra e a jogou na fogueira, descarregando toda a sua raiva e ódio nela. Ele xingou tão alto que até alguns pássaros empoleirados nas árvores voaram.
-Vocês chegaram a encontrá-lo?-Perguntou Steve.
-Ninguém ousou voltar lá.
-Quer dizer que, além de tudo ser uma armadilha, ainda perdemos o Nicko... –Bruce arrancou tufos de grama do solo. –E agora? O que fazemos?
Ninguém respondeu, porque ninguém sabia a resposta também.
Adália acordou logo depois. Depois de rápidas apresentações, eles se aproximaram do fogo e continuaram conversando.
-Alguém tem ideia do que vai acontecer agora?-Perguntou Adália. Ela estava visivelmente assustada.
Como ocorrera com Bruce, ninguém ousou responder.
As horas se seguiram, e entre uma conversa e outra eles tentavam arrumar uma resposta, apesar de não terem uma pergunta.
-E você acha que os Creepers e todas aquelas outras criaturas que vagam por aí tem ligação com a magia? –Perguntou Steve, depois de minutos conversando com Esmeralda. Agora que já entendia um pouco o que ocorria, isso fazia um pouco de sentido.
-Sempre me indaguei quanto a isso. –Ela respondeu. –Nunca soube a resposta de verdade, mas, depois da noite da fatalidade, eu tenho certeza que sim.
-Mas de acordo com o que disse é impossível criar alguma criatura com a magia, nem reviver pessoas.
-Eu posso estar errada. Depois do que acabamos de passar acho que posso repensar meus conceitos.
-E o que você acha que seria necessário para criar uma criatura daquele jeito?
-Eu definitivamente não faço ideia. –Confessou. Depois de segundos sem uma palavra, ela perguntou: - Steve, você sabe o que é anatomia?
-Não sei nem meu sobrenome.
-Anatomia é o estudo sobre o funcionamento dos organismos dos seres vivos.
-E o que isso tem de ligação com os monstros?
-Steve, você já matou muitos monstros, pelo que sei então me diga: Quando você mata um Creepers, o que acontece com a carcaça?
-Se ele não explodir tudo? –Esmeralda afirmou. –Bom, nas poucas vezes que tive sucesso, quando a espada ou a flecha os atravessa sem explodi-los... Eles não sangram como humanos ou animais, na verdade nem sei se eles têm sangue, só sei que pólvora começa a cair, é muito estranho.
-Pólvora? –Steve confirmou com a cabeça. –Isso é estranho, acho que... Não... –Esmeralda raciocinava sozinha. –Precisariam de uma quantidade muito grande...
Enquanto ouvia-aela raciocinar, de repente Steve sentiu seu coração saltar.
-Esmeralda... –Chamou-a, trêmulo. –Você acha que ainda existe um Ninho? Um ninho de Creepers de verdade?
-Creio que sim, não há outra explicação de como eles surgem.
Steve se levantou e pegou a espada que Esmeralda lhe entregara.
-Aonde você vai? -Perguntou Bruce.
-Para o Ninho de Creepers. Você vem comigo?
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