Minecraft. O Ninho De Creepers escrita por Hermes JR


Capítulo 41
Olhos Brancos


Notas iniciais do capítulo

"Steve se encontrava num definitivo inferno na terra."



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   Tudo aquilo era surreal demais. Não parecia um sonho, e sim um pesadelo, talvez pior que isso. Steve se encontrava num definitivo inferno na terra. Chamas dominavam o ambiente em que estava, o calor era insuportável, além do medo. Os gritos dos cidadãos assustados podiam ser ouvidos fora do círculo de fogo. Mas o pior de tudo não era nada disso, e sim a enorme criatura que estava em pé bem na frente de Steve. O monstro devia ter no mínimo uns vinte metros de altura e suas asas deviam medir uns quase quarenta metros de diâmetro, e, além de tudo isso, seu detalhe mais tremendo era o fato de ele ser uma criatura incandescente, todo o seu corpo era pura chama.

   O calor era extremo e a fumaça começava a invadir o pulmão de Steve. Sem enxergar direito, ele tentou recuar. Pegou Adália nos braços e foi para trás, arrastando-se.  O monstro deu mais um passo para frente, e novamente o chão tremeu como num terremoto. O chão que estava abaixo do pé do demônio chegou a ceder. O solo inteiro onde ele pisava se desmanchou em um conjunto de rachaduras.

   -Acho que nunca chegamos a nos encontrar desde aquele dia Steve. –Disse a criatura, com sua voz grave e incômoda.

   Steve queria simplesmente sair correndo para bem longe dali. Tinha a impressão de que se ele se jogasse no fogo iria acordar daquele pesadelo.

   Nada veio à sua cabeça no momento, ela sequer funcionava. Não tinha idéia do que se passava, ainda mais do que aquele demônio falava.

   -Quem é você? –Gritou Steve para tentar ser ouvida no meio daquela confusão toda.

   O monstro jogou sua cabeça para trás e soltou uma gargalhada, mas não uma gargalhada qualquer, e sim uma muito estranha, até para ele, que não era normal. Sua risada saiu estranhamente aguda e desengonçada, parecia uma criança rindo, uma criança endiabrada.

   -Já esperava que você não se lembrasse. –Disse a criatura, já com uma voz “normal”.

   Steve se ergueu e se colocou na frente do corpo de Adália. Olhou em volta a procura de alguma coisa que pudesse usar como arma, mas contra aquela criatura, a melhor das espadas seria inútil.

   -Mas só acho que depois de todos esses anos é melhor por as coisas em ordem. –Continuou a criatura. –E acho que te devo umas explicações antes de matá-lo, assim como você me deve umas também.

   Steve pegou uma velha enxada de um provável morador de Téfires que estava ao seu lado e a ergueu em forma de ataque.

   -Eu não sei quem você é ou o que quer. –Disse Steve estreitando os olhos para enxergar melhor no meio da fumaça. –Mas nunca te vi e não faço a mínima ideia de quem seja, só me deixa ir.

   Estar confuso não era o suficiente para definir o que ele sentia naquele momento.

   De repente algumas flechas surgiram no céu escuro em direção a criatura, mas queimaram antes mesmo de tocá-la.

   -Criaturas tolas, vocês acham que podem contra mim? –O monstro zombou.

   E devolvendo o ataque, ele abriu a boca e cuspiu uma rajada de fogo digna de um dragão fabuloso. Steve não viu o que aconteceu em seguida, mas soube que o estrago foi feio. Mais flechas voaram em direção do demônio, que insistiu novamente numa rajada incandescente. Gritos de terror podiam ser ouvidos do lado de fora do círculo de fogo. Parecia o apocalipse, e o pior para Steve era não ter a mínima ideia do que fazer.

                                                                                                  

*   *   *

   Esmeralda nunca sentira tanta dúvida na vida. Expor o que realmente era seria um choque para todos, e as reações podiam ser das mais imprevisíveis, ela duvidava até mesmo do que seu pai podia fazer quando descobrisse o que sua filha era.

   Enquanto subia as escadas correndo, ela pensava nas possíveis explicações para aquilo. Teria alguma ligação com a busca ao Ninho de Creepers? Ou seria apenas um ataque do provável feiticeiro que mora Téfires?

   Esmeralda colocou a armadura que tinha em seu quarto. Completamente encantada por ela mesma, com os mais poderosos feitiços. Pegou um arco e uma aljava com algumas flechas, uma espada e uma bainha e correu para onde o ataque acontecia.

   Na saída, os soldados que estava com Bruce olharam espantados para ela.

   -Desçam a ponte. –Exigiu.

   -Mas princesa... –Um guarda disse.

   -Não sabemos do que se trata... –Outro completou.

   Esmeralda sabia que eles só estavam fazendo o certo, mas não naquelas circunstâncias.

   -Isso é uma ordem! Então andem logo!

   Hesitantes, dois guardas foram em direção à ponte para descê-la.

   -Andem logo com isso! –Disse ela nervosa.

   A ponte terminou de ser baixada.

   Bruce olhou em volta e percebeu o nervosismo de todos com a ação da princesa, e aproveitou o momento de distração para fugir. Liberou-se dos braços dos guardas e correu para fora das áreas do castelo. Ninguém conseguiu reagir a tempo.

   -Deixe-o. –Ordenou Esmeralda. –Isso não importa.

   Confiante do que estava preste a fazer, Esmeralda prosseguiu.

*   *   *

   Quando os ataques ao demônio finalmente cessaram, a criatura voltou novamente sua atenção para Steve.

   -Suponho que não teremos como nos falar aqui.

   Então o monstro agachou-se e levou seu rosto para bem perto de Steve, e essa foi a visão que mais o surpreendeu. As feições da criatura eram completamente distorcidas. Sua boca e seu nariz eram um tanto quanto tortos, além de serem quase impossíveis de serem vistos. E o pior de tudo aquilo, os olhos do demônio. Seus olhos não eram chamas como o resto do corpo, seus olhos eram duas bolas brancas e brilhantes dispostas nos orifícios onde devia estar olhos de verdade. Tão brilhantes como o sol e tão brancos quanto a neve.

   -Não poderei lhe falar o que quero. –Disse o monstro com o rosto bem perto de Steve. Ele pôde sentir o hálito quente e mal cheiroso. –Mas é bom que saiba porque vai morrer.

   Steve deu um passo para trás e acabou tropeçando no corpo de Adália, caindo novamente.

   -O que você quer de mim? –Berrou Steve desesperado.

   O monstro riu.

   -Pobre garoto. –Caçoou. –Você não imagina o quanto foi difícil chegar até você... Todas aquelas criaturas, tão inúteis... Mas o trabalho não é o mesmo quando não é feito por suas próprias mãos. –Ele deu uma pausa antes de continuar. –Só quero que saiba que a decisão que você tomou aquela noite foi a pior da sua vida!

   Antes que Steve pudesse entender do que ele estava falando, uma rajada de vento passou zunindo em cima dos dois. O fogo chegou a baixar. E do meio da fumaça e das chamas, a filha do rei surgiu.

   O demônio se levantou, alcançando sua altura natural, ficando imenso como o castelo de Téfires.

   -Ora o que temos aqui? –Perguntou retoricamente. –Não seria a jovem feiticeira de quem tanto me falaram? Quem diria que era a filha do rei de Téfires?

   Esmeralda não respondeu, ficou na frente de Steve que estava caído no chão e se armou numa posição de ataque. Steve se levantou rapidamente.

   -O que está acontecendo aqui? –Perguntou, sem obter resposta.

   De repente Bruce veio correndo do meio do fogo.

   -Steve! –Gritou aliviado, e assustado.

   O monstro deu outra de suas risadas agudas.

   -Mas que beleza, um pacote completo, vejo que isso será divertido.

   Esmeralda recuou.

   -Garotos. –Começou a falar. –Não sei quem são vocês, mas precisarei de ajuda.

   Steve e Bruce se entreolharam.

   -Me dê sua espada. –Pediu Steve.

   -O que vamos fazer? –Perguntou Bruce assustado.

   -Lutar. –Respondeu Steve entregando-lhe o arco e a aljava.

   O monstro abriu as asas incandescentes num ato provocativo e olhou para eles.

   -Não se preocupem, morrer não é tão ruim. 


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