Minecraft. O Ninho De Creepers escrita por Hermes JR


Capítulo 40
A Decisão Final


Notas iniciais do capítulo

"E do meio da poeira levantada pela queda do furacão ardente, o demônio de fogo surgiu."



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   Nervosismo talvez não fosse bem a palavra que definisse o que Esmeralda sentia. Agonia. Talvez, mas medo era o mais provável. Quando ela sentiu seu bracelete arder a duas noites atrás, ela teve certeza de que Nicko encontrara alguma coisa importante no Ninho. Provas de que talvez esses monstros tivessem sim ligação com a magia. Mas quando o bracelete se apagou de repente, ela temeu que alguma coisa houvesse ocorrido com ele, afinal, nenhuma forma de magia cessa tão rápido assim.

   Esmeralda não tinha muito que fazer a não ser esperar, e foi o que fez. Durante um dia inteiro esperou, aguardando para ter notícias sobre a tropa que fora atrás do ninho. E no final do mesmo ela conseguiu ver ao longe um grupo de homens vindo em direção ao reino. Esmeralda sentiu o coração gelar no mesmo momento. O grupo estava extremamente menor do que quando partira. Dos prováveis duzentos homens que partiram, ali não devia haver nem a metade da metade.

   Ela correu assim que os portões foram abertos, e mesmo que não quisesse teria de ir, pois seu pai a chamara, como sempre fazia. Ambos, acompanhados de dois soldados, saíram do castelo em disparada para a entrada de Téfires. Quando chegaram, havia muito poucos soldados, e todos completamente feridos. Muitos tinham curativos provisórios, e que a partir daquele momento já não adiantavam de mais nada. A pedido do rei, os soldados que antes os acompanhara foram atrás de curandeiros no reino. O rei desceu do cavalo e se dirigiu o mais rápido que podia até Dave.

   -O que aconteceu com vocês? –Perguntou ele eufórico.

   -Aquilo é o inferno!

   -Mas vocês encontraram o Ninho? O destruíram?

   -Não foi preciso, já que ele foi abaixo sozinho. –Dave, ao terminar de falar, tirou sua armadura danificada e a largou no chão. –Eu adoraria lhe falar mais... Mas precisamos de ajuda, rápido.

   -Esmeralda, vá chamar os melhores curandeiros do reino. –Ordenou o rei. –Peça para que todos se dirijam ao castelo porque hoje eles vão ter muito trabalho.

   Esmeralda balançou a cabeça afirmativamente e saiu galopando em seu cavalo branco, porém, sua cabeça estava longe dali. Ela pensava no que poderia ter ocorrido lá, pois dos duzentos que foram, haviam voltado aproximadamente uns trinta pelo o que ela conseguiu ver, e para piorar a situação, Nicko não estava entre os homens que retornara.

   Ela se certificou de chamar todos os curandeiros que podia, em quase uma hora depois, voltou ao castelo. Deixou seu cavalo no estábulo e entrou em disparada para ver o que estava acontecendo. No salão principal do castelo, aquele cheio de quadros e belas ornamentações, estava lotados de soldados feridos e caídos no chão, e também muitos homens e mulheres que se certificavam de cuidar das feridas deles. Esmeralda atravessou todo aquele cenário de destruição e dor, tomava cuidado para não pisar em ninguém. Enquanto ela andava, um homem no fim daquele emaranhado de gente deu um berro de dor. Seu osso estava exposto e ele estava deitado em uma poça de sangue. Esmeralda tratou logo de desviar o olhar, mas os gritos incessantes serviram apenas para piorar. Ela sentiu um aperto na garganta sabendo que podia ajudá-lo com um simples feitiço que estudara antes, mas sabia que não podia fazê-lo ali, infelizmente.

   Quando passou por todo aquele cenário de terror, ela chegou aos pés das escadas onde seu pai estava, analisando com uma assustada toda a situação.

   -O que foi que aconteceu lá? –Perguntou ela.

   Seu pai demorou um pouco para responder, pois ainda olhava amedrontado o salão do castelo.

   -Não consegui entender ao certo o que foi, mas me parece que o local onde eles estavam desabou...

   Esmeralda parou para pensar.

   -Você acha que foi devido aos Creepers? Quer dizer, já que eles explodem e...

   -Eu estaria me precipitando ao dizer isso, mas é a única explicação que encontro... –Ele não terminou a frase.

    Esmeralda o encarou com o canto do olho antes de fazer a próxima pergunta.

   -Pai... Quantas pessoas tinham ido nessa busca?

   -Exatamente cento e noventa e sete.

   -E quantos voltaram? –Perguntou, hesitando, com medo da resposta.

   -Quarenta e uma pessoas...

   Foi o suficiente para ela perceber o quão sério o estrago havia sido. Durante aproximadamente duas horas, o salão continuou movimentado e barulhento. Esmeralda tentou ajudar ao máximo os feridos com o que podia, levando medicamentos aos curandeiros e tratando de feridas simples, apesar de sua verdadeira intenção ser procurar por Nicko no meio dos machucados, mas como ela esperava, infelizmente ele fora um dos que não retornara, e ela teria de se conformar com isso.

   Quando todos já haviam sido tratados, ela retornou ao seu quarto para tomar um banho e tirar seu vestido, que se encontrava completamente cheio de sangue dos desconhecidos.

   Esmeralda se aprontou e foi dormir logo depois, ainda pensando em Nicko.

   O dia seguinte ela esperava que fosse mais tranquilo, mas só esperava mesmo. Quando desceu para tomar seu café da manhã, aonde devia estar as três extensas mesas onde se comia, estavam dezenas de camas improvisadas, dispostas uma ao lado da outra, onde em todas se encontravam homens feridos. Apenas uma mesa restara, e esta era onde seu pai comia com algumas outras pessoas do castelo.

   Conforme a desconfortável refeição se seguia, ele perguntou ao seu pai sobre o ocorrido:

   -E como os feridos ficaram agora pai?

   -Estão em sua maioria bem, exceto alguns. –Ele fez uma pausa enquanto mastigava. –E... Bom, um dos nossos não resistiu e... Acho que você entende.

   As imagens do soldado com o osso exposto e ensanguentado no chão vieram logo a cabeça de Esmeralda, arrepiando-lhe a nuca. Pobre homem.

   -Vocês já sabem o que causou tudo isso? –Ela questionou, tentando tirar o máximo de informações para fazer suas conclusões.

   -De acordo com o que alguns poucos disseram, parece que a caverna inteira veio abaixo do nada. –Ele se levantou para por leite em seu copo. –Mas ninguém sabe ao certo o que causou isso.

   Esmeralda fez uma pausa para comer antes de prosseguir:

   -Você não acha que foi algum daqueles monstros? Quer dizer, desabar tudo seria bem fácil quando você faz tudo ir para os ares.

   -Como eu já te disse, é o que acho é isso, mas de acordo com o que me falaram, não havia absolutamente nada próximo da origem do desabamento. –Ele se largou na cadeira e soltou um longo suspiro.

   -Você está bem?

   -Não filha... O acontecimento de agora vai me causar muita dor de cabeça. Vou ter que arrumar muita coisa... Não sei nem por onde começar.

   -Bom pai, acho que o mais prudente seria o senhor falar com Dave para decidirem o que realmente fazer.

   O rei não disse nada por um tempo, ficou encarando o vazio.

   -Talvez seja o certo a fazer...

   A refeição seguiu silenciosamente, exceto pelos gemidos de dor dos soldados que estavam sendo tratados no refeitório. Esmeralda comeu o mais rápido que podia para poder sair logo dali, não queria ficar nem mais um segundo na companhia dos homens acidentados. Toda aquela visão de destruição lhe causava um verdadeiro nó no estômago.

   Ao voltar para o quarto, Esmeralda enfiou a cara em livros de magia para saber se o que aconteceu se tratava disso. Ela sabia que havia algum envolvimento com a mágica, pois, caso contrário, seu bracelete não teria brilhado e queimado.

   As horas se passaram e o dia também. No final da tarde ela desistiu se sua pesquisa e fechou o último livro. Terminou o resto de água que havia em sua taça e tentou relaxar para por as idéias em ordem na sua cabeça. Entretanto, como sempre, não encontrara nada de útil.

   Depois de seu banho, Esmeralda estava se preparando para sair do quarto quando, da janela, ela viu uma entranha movimentação em frente ao castelo. Aproximando-se para ver melhor, ela observou uma grande quantidade de soldados se movimentando. Analisando melhor o que acontecia, algo a surpreendeu, de repente, de meio das escuridões, três pessoas saíram correndo. Os soldados se moveram numa massa conjunta que foi direto atrás dos fugitivos. Os três pequenos pontos corriam em disparada para a saída, sendo perseguidos sem parar pelos guardas do castelo. De repente, flechas começaram a serem disparadas contra os fugitivos, que não foram atingidos, exceto por um, que caiu indefeso no chão, mas logo foi erguido e levado por outra pessoa das que fugia. Esmeralda se aproximou mais para ver melhor. A ponte estava começando a ser erguida e os fugitivos se lançaram nela. Percebendo que seu pai não estava lá para se certificar do que estava acontecendo, Esmeralda saiu em disparada. Cruzando corredores e descendo escadas o mais rápido que podia, ela atravessou o castelo. No final, pediu para que abrissem a porta de entrada. Quando ela foi para o lado de fora, cerca de dez homens levavam um outro menor capturado.

   -O que está acontecendo aqui? –Indagou ela enquanto via aquele emaranhado de gente levando o garoto.

   -Minha princesa. –Disse um dos guardas. –Este prisioneiro juntamente com mais outros três estava tentando fugir.

   -Prisioneiros? –Ela se perguntou quem era aquele garoto, afinal, qualquer um que era preso em Téfires passava por julgamento, onde ela sempre estava, e ela não se lembrava dele. –Mas que prisioneiros.

   Todos os soldados se entreolharam.

   -Minha princesa, onde está seu pai? –Perguntou um outro soldado.

   -Meu pai não está aqui no momento, então me digam que prisioneiros?

   -Eles estavam presos na masmorra...

   -Na masmorra? Mas ninguém é preso na masmorra mais...

   -Mas foram ordens de seu pai...

   Esmeralda balançou a cabeça sem entender nada do que estava acontecendo.

   -Ordens de meu pai... –Ela se dirigiu para o garoto preso. –Quem é você garoto?

   O garoto se recusou a falar, apenas baixou a cabeça para não verem o seu rosto. De repente, um dos guardas que o carregava lhe deu um soco nas costas e ele caiu no chão.

   -Não ignore a princesa! Seu imprestável!

   -Ei! –Gritou Esmeralda para conter a desordem. –Não agridam ninguém aqui sem ordens, entendido?

   Em um uníssono a resposta veio:

   -Sim princesa.

   Esmeralda se dirigiu novamente para o garoto preso, com a voz mais calma ainda:

   -Pode me dizer, por favor, quem é você?- O garoto não respondeu novamente. –Vamos, não hesite. –Insistiu.

   -Bruce... –Respondeu o garoto quase sem abrir a boca.

   -Bruce... –Esmeralda esperava se lembrar dele, mas nada lhe veio à cabeça. Sem alternativa, ela arriscou perguntar, entretanto, sabia que se ele fosse culpado não a responderia. –O que você fez para te prenderem nas masmorras, Bruce?

   Bruce então se ergueu do chão e foi em direção a Esmeralda. Todos os soldados quase se lançaram em cima dele no mesmo instante, mas por um sinal de Esmeralda, eles recuaram imediatamente.

   -Princesa. –Disse ela com desdém na voz. –Essa é a pergunta que eu tenho me feito desde o dia que me enfiaram naquele fim de mundo.

   -Suponho que esse seu ódio explícito foi o que motivou essa fuga. –Disse Esmeralda.

   -Na verdade eu só queria voltar para casa mesmo. –Respondeu. –Não devia nem estar aqui em Téfires.

   Então muita coisa se passou pela cabeça de Esmeralda, e Bruce chegou no ponto onde queria.

   -De onde você é? –Ela perguntou-o.

   -Eu sou de Colina Nevada, princesa.

   Esmeralda queria fazer mais um monte de perguntas, mas foi impedida por um forte vento que passou zunindo por eles, e ao longe, eles puderam ver um furacão de fogo cair bem no meio de Téfires. Gritos de surpresa foram abafados pelo barulho do vento. E do meio da poeira levantada pela queda do furacão ardente, o demônio de fogo surgiu, mas dessa vez ele não era simplesmente um demônio, e sim uma criatura de quase trinta metros de altura que estava preste a atacar o reino. Esmeralda não gostava da ideia, mas chegou a hora de agir. Estava na hora de se expor como feiticeira.


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