Minecraft. O Ninho De Creepers escrita por Hermes JR


Capítulo 35
Adália


Notas iniciais do capítulo

"-Bom, pensei que você já estivesse avisado, já que está dividindo uma cela com " a garota mais perigosa que esse reino já viu." "



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/218304/chapter/35

A expressão de surpresa deve ter ficado muito bem estampada na cara de Bruce, porque logo a garota se aproximou dele e disse:

–Não fique assustado, com sorte você provavelmente não vai ficar assim.

Bruce, recuou assustado na escuridão. A garota era extremamente magra e fraca, e pelo o que ele pode supor, só podia ser daquilo que ela estava falando. Ele não queria ficar sozinho, mas a sua companhia era um pouco fora do normal.

–Quem é você? -Disse ele olhando para ela fixamente.

A garota se aproximou do fogo e se acomodou ao lado dele, mexendo com um pequeno graveto em sua fogueira improvisada.

–Me chamo Adália. -Disse ela. -E você? Como se chama?

Bruce pensou um pouco, mas percebeu que não tinha o que esconder dela.

–Me chamo Bruce. -Respondeu.

Adália não falou mais nada depois, assim como Bruce. Ela aumentou um pouco o fogo e ficou ali, apreciando sua obra. Era uma garota jovem, de pele branca, bem clara. Adália tinha um cabelo negro comprido e bonito, mas que estava totalmente acabado devido ao tempo que permanecera na masmorra. Sua pele branca possuía manchas negras de sujeira, talvez de poeira, era impossível determinar. Suas feições eram como a de qualquer garota por aí, não havia algum motivo aparente para ela estar presa.

–Venha aqui. -Chamou ela. -Não sou nenhum bicho do mato.

Bruce se aproximou do fogo e se sentou ao lado dela. Ele estava um pouco incomodado com aquilo, e decidiu perguntar:

–Adália... -Hesitou ao falar o nome dela.

–Sim.

–Eu sei que te conheci a um minuto atrás mas... Você é uma garota jovem, por que está presa?

Adália ficou encarando-o. Bruce viu seu reflexo nos grandes olhos negros da garota. Ela não disse nada. Ele ficou com medo de tê-la deixada constrangida. E de repente sem algum aviso prévio, ela deu um alonga gargalhada, uma risada estranha, como se o que ele tivesse dito fosse uma piada.

-O que foi? -Perguntou Bruce.

Adália enxugou uma lágrima que escorria em seu rosto enquanto parava de rir e voltava ao normal.

-Bom, pensei que você já estivesse avisado, já que está dividindo uma cela com " a garota mais perigosa que esse reino já viu." -Disse ela fazendo sinal de aspas na última frase.

Bruce recuou assustado. Como assim a garota mais perigosa do reino?

-Na verdade não... Nem eu sei porque estou aqui.

Adália baixou o olhar em direção ao fogo.

-Eu também...

Bruce franziu a testa, nada mais fazia sentido. Ela acabara de conhecer aquela garota, mas aqueles rápido minutos que ele passou ali com ela já fora o suficientes para ela se dar conta de que alguma coisa estava errada.

O silêncio tomou conta do local novamente. Ninguém ousou dizer mais nada. Algum tempo se passou, o fogo foi sumindo aos poucos.

Adália quebrou o silêncio minutos depois dizendo:

-Olha, começamos com o pé esquerdo, vamos de novo. Me chamo Adália. -Disse ela erguendo a mão em um sinal de comprimento.

Bruce hesitou, mas logo retribuiu o gesto.

-Bruce. -Respondeu ele, assustando-se com a frágil mão da garota.

-Então Bruce. -Começou ela. Você não daqui de Téfires, não é?

-Bom... Não. Na verdade sou de Colina Nevada e falo parte do exército de lá. Viemos em missão e... Bom, só não sei porque estou aqui. Mas como você sabe que eu não daqui?

-Oras, fácil, você simplesmente não sabia quem eu era. Qualquer um em Téfires me reconheceria.

Bruce aproximou-se da garota, sentando-se ao lado dela.

-Então... Por que eu deveria de conhecer? O que você fez para estar aqui Adália?

Adália riu.

-É uma história estranha e... Provavelmente assustadora. Bem, tudo começou quando eu cheguei em casa e... -Ela baixou o rosto e virou-se para o lado. Tempo depois ela disse: -Bruce, depois a gente fala sobre isso.

Bruce acenou afirmativamente com a cabeça. Ele pôde perceber que ela tentava segurar um choro, apesar de não saber o porque.

-Mas e você, já que não é daqui, por que está preso? -Perguntou ela.

-Isso é uma coisa que eu também gostaria de saber. Eu e meu amigo fomos simplesmente presos, sem algum motivo aparente, sem chance de defesa nem nada.

-E você tiveram algum julgamento? Falaram com o rei?

-Nada, fomos simplesmente jogados aqui.

Ninguém sabia como continuar a conversa, então Bruce partiu para outro assunto:

-E comida, alguém traz aqui?

-Três vezes ao dia alguém vez aqui e deixa um parto gelado. Uma porcaria, mas pelo menos ainda me alimentam, eu achava que nem isso eles iriam fazer.

Bruce engoliu em seco.

Os dois seguiram conversando sobre outros assuntos, tentando evitar falar sobre temas sombrios, mas quando se está preso isso é uma coisa um tanto quanto difícil.

Bruce comentou sobre jornada deles e de como chegaram lá, do que passaram até a chegada em Téfires, e do que aconteceu com eles quando já estavam em Téfires.

-Puxa, foi uma viagem difícil então. -Disse ela, surpreendida.

-Pois é...

A conversa continuou durante algum tempo. Durante o papo deles, alguém veio e deixou um prato de comida, somente um. Bruce se levantou e pegou, analisando seu conteúdo. Era uma prato com duas coxas de frango, nada mais, geladas, como Adália descrevera.

-Pode ficar com tudo para você. -Disse ela.

-De jeito nenhum. -O estado de saúde dela estava visivelmente crítico, deixá-la sem alimentação era uma atitude monstruosa. -Temos duas coxas, e somos dois.

Bruce entregou um pedaço a ela e os dois comeram em silêncio.

Uma hora mais tarde, Adália acabou adormecendo, e Bruce não resistiu ao cansaço também, e acabou dormindo.



Quando ele despertou, Adália já havia acendido uma outra fogueira improvisada.

   -Dormiu bem? -Ela peguntou.

   -Não mesmo. -Disse ele se alongando, estralando todos os ossos de suas costas.

   -Já era o que eu esperava. 

   Bruce não se levantou, ficou encarando o teto pensando sobre o que poderia acontecer com ele. Não havia como fazer contato com ninguém de Colina Nevada, e ninguém iria procurá-lo ali. Estaria ele preso para sempre?

   -Bruce, estive pensando sobre o que você me perguntara e acho justo que você saiba o que aconteceu, afinal já sei muito sobre você e você não sabe nada sobre mim. -Disse Adália mantendo o olhar fixo nas chamas. Bruce não teve tempo para responder porque logo ela voltou a falar. -Tudo começou quando eu cheguei em casa. Era final de tarde e eu havia ido comprar trigo com meu pai. Nós morávamos no final de Téfires, bem de frente para o mar. E quando chegamos em casa... -Ela fez uma pausa. - Foi a cena mais horrível da minha vida, minha mãe estava caída no chão, sua garganta havia sido cortada, tinha sangue por toda a cozinha... -A voz de Adália falhou e ela começou a chorar em prantos.

   Bruce se assustou com o rumo que a história havia tomado. Adália chorava sem parar e seu rosto estava vermelho como o fogo que queimava ao lado dela. Bruce se aproximou e colocou o braço em volta dela. Sem medo, Adália se confortou nos braços dele. Ela continuava a chorar sem parar.

   -Calma aí. -Disse ele, tentando passar uma imagem de homem seguro, apesar de ser a primeira vez que tinha um contato tão próximo com uma garota. -Calma, já passou. Olha, depois a gente fala sobre isso. Sei que é difícil, deixa quieto.

   Adália não respondeu, apenas tentou segurar o choro. Ela soltava pequenos soluços e as vezes lágrimas voltavam a escorrer de seu rosto. Os dois ficaram ali durante muito tempo. Bruce relaxou e se encostou na parede. Adália acabou adormecendo nos braços dele, e Bruce nunca se sentiu tão bem na vida.








Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!