O Sol estava se pondo e Steve teve que voltar para casa. Oito anos se passaram depois da morte de seus pais e da destruição da aldeia. E muita coisa mudara. Agora, sair a noite era arriscado por causa das criaturas que por ali andavam, e sem nenhuma proteção, era mais do que certo de que sobreviver era impossível.

Steve entrou em sua pequena casa se madeira improvisada no meio da floresta, os tempos difíceis começaram. Steve sempre viveu como um nômade, improvisava casas em pontos estratégicos e quando os recursos de que necessitava esgotavam, ele abandova o local e partia em busca de outro local para viver, e chegara a hora de ele se mudar novamente. Mas nada estava fácil como antes, os ataques agora eram mais constantes e as viagens duravam dias, se mudar era muito arriscado, mas caso ele ficasse por ali, morreria de fome ou até mesmo por ataques de monstros que já sabiam sua localidade.

Com um longo suspiro, Steve se jogou na pequena cama de lã que fizera, e os mesmos pensamentos voltaram a martelar em sua cabeça. Quem criara aquelas criaturas? Por quê? Como continuaria a viver daquela forma? Sobreviveria a mais um dia?

Tudo isso o pertubava constantemente, e a lembrança da noite em que perdera os pais fazia com que seu coração apertasse e ele tinha vontade de se esconde em uma caverna escura e nunca mais sair. Mas sabia que não podia, desistir era a última coisa que faria.

Olhando pela janela, viu o Sol sumindo pelo horizonte e a Lua surgindo em sua forma minguante. Brilhava belamente, e sua beleza fez com que Steve esquecera completamente as suas preocupações. Ficou ali por minutos, até que suas pálpebras começaram a pesar, e sem nem perceber, adormecera sentado ali mesmo.

Steve sonhou com o primeiro dia que ele teve de se cuidar sozinho na floresta. Lágrimas escorriam de seu rosto enquanto ele passava pela aldeia destruída, a procura de algum sinal de vida, porém, ninguém sobrevivera ao ataque, corpos jaziam caídos no chão, mas ele não encontrou seus pais. Ele se jogou no chão com força, sem se importar com o corte na perna e o enorme galo na cabeça. Ficou ali chorando por muito tempo, até que uma carruagem passou por ali com um homem dentro, que o viu e o ajudou.

Quando se deu conta de onde estava, Steve percebera que estava em um celeiro, em cima de um monte de palha. Atordoado, ele levantou devagar e saiu do pequeno celeiro de madeira cheio de galinhas. Do lado de fora havia uma grande construção de pedra, uma casa, e campos de plantação de trigo e milho se estendiam por quilômetros. Um garoto que estava lá notou a presença de Steve e foi falar com ele. Ele era um pouco maior que Steve e e mais corpulento também. Tinha a pele bronzeada e os pelos em seus braços se destacavam graças a sua pele bronzeada. Era loiro e tinha um cabelo loiro longo até a altura de seus ombros.

–Até que enfim você acordou, pensei que estava morto. -Disse o garoto. Um chapéu de palha bastante desgastado pendia eme sua cabeça.

Steve o encarou por um tempo, o menino estendeu a mão e se apresentou.

–Oi, meu nome é Peter. Qual o seu nome?

Steve demorou um pouco para responder, mas disse enfim:

–M-meu nome é Steve. Onde eu estou?

Peter sorriu e olhou as enormes plantações.

–Você está na fazenda de meu senhor, ele se chama John, encontrou você machucado em uma aldeia destruída e decidiu trazer você para cá. Provavelmente vai querer falar com você depois.

Steve continuou sem entender bastante coisa.

–O que eram aqueles bichos verdes? -Perguntou Steve para Peter.

–Que bichos verdes? -Perguntou Peter franzindo a testa.

Nesse instante um homem alto e gordo chegou falando para Peter:

–Volte para o trabalho Peter.

Peter resmungou alguma coisa antes de sair, mas se despediu educadamente de Steve.

–Como se chama garoto? -Perguntou o homem.

O homem gordo e alto incomodou Steve, ele tinha a cara vermelha, um bigode branco e uma careca tão reluzente que poderia servir como espelho.

–Steve. -Respondeu ele evitando encarar ele.

–Prazer Steve, eu me chamo John, venha comigo até a sede, quero conversar com você.

Steve o seguiu até casa de pedra e quando a porta se abriu, Steve se assustou com a decoração. Um sofá de couro de vaca gigante se estendia por ali, uma mesa de madeira com uma jarra de água em cima estava no centro da sala, um porco entalhado decorava a sala e um enorme lustre de velas pendia no teto. Steve viu uma escada no fundo e seguiu John até ela. Subiram, entraram em uma porta e estavam dentro de uma sala com uma janela e uma mesa de madeira com duas cadeiras.

–Sente-se Steve. -Disse John puxando a cadeira para ele se sentar.

Steve se sentou meio desconfiado e esperou John se acomodar em sua cadeira.

–Conte-me o que houve garoto. -Disse John preparando-se para ouvir Steve.

Steve hesitou antes de falar, mas percebeu que não tinha com que se preocupar, pois John salvara sua vida.

–Eu ouvi explosões do lado de fora da casa- Começou Steve -então... uma delas foi muito forte que me derrubou e me fez desmaiar, quando eu acordei, a casa estava em chamas e minha mãe estava tentando me acordar...

Nessa hora Steve foi interrompido por Peter que entrou respirando forte na sala.

–Senhor, tem uns bichos lá fora! Eles estão destruindo tudo!

Steve acordou com um estrondo vindo do lado de fora da casa. O Sol já nascera, mas a entrada da casa estava destruída. Atordoado ele se levantou e observou o estrago, Seu coração quase parou, e foi então que ele percebeu que tinha que fugir, sua casa fora descoberta pelos monstros.