Steve pegou o que precisava e o que tinha e colocou em uma pequena bolsa que encontrou na casa de Bruce.

–Mas por que você vai fazer isso? -Insistia Bruce.

–Eu creio que eu você somos quem merecemos ir nessa busca.

–Só que do que vai adiantar, quer dizer, todas as expedições que se seguiram foram um fracasso completo, e sem nenhum sobrevivente.

–Então serei o primeiro a voltar a vivo. -Respondeu Steve fechando a pequena bolsa.

–Mas não havia sido você mesmo que recusou o convite de Roger para guiar a busca?

Steve foi pego de surpresa, e então parou para pensar se era aquilo mesmo que queria.

–Eu quase morri ontem, não quero morrer agora. -Justificou Bruce.

–Bruce, agora já não é mais uma questão de não quero ir pois vou morrer, é uma questão de justiça. -Começou explicando Steve. -Acabar com a raça daqueles monstros que já me calsaram tanto sofrimento e tentar dar um troco em Dave.

–Então você vai morrer por vingança?

–Justiça. -Corrigiu Steve. -E eu não vou morrer, isso eu posso lhe garantir.

Os dois se encaram por um momento. A dúvida começou a atingir Steve, será que era aquilo mesmo que ele queria? Estaria fazendo aquilo por ansiedade? Não sabia a resposta. E do mesmo jeito Bruce tinha dúvidas pairando sobre sua mente. Não queria deixar Steve ir sozinho, mas ao mesmo tempo sabia que não é seguro ir, mesmo tendo o exército reforçado.

–E aquele nosso papo de acabar de uma vez por todas com esses monstros que destruíram nossa vida? -Questionou Steve a Bruce.

Bruce olhou para Steve, e respondeu logo após um suspiro:

–O problema é que agora eu não certeza se é isso mesmo o que eu quero, afinal, ter a vida por um triz e conseguir escapar é uma experiência bem ruim, se é que me entende.

–É claro que eu entendo, pois fui eu que vivi oito anos em uma floresta sozinho, não é?

–Steve a questão não é essa! Esses monstros podem ter matados meus pais, minha família, ter destruído minha vida, só que não vou perdê-la para eles!

–E vai deixar ficar por isso mesmo? Sua vida destruída, servindo ao exército e sem ser lembrado que salvou todos?

Sem que percebessem, os dois haviam começado uma diiscurssão, novamente.

–Se quiser pode ir! Não vai fazer falta mesmo!

–Então está bem, foi bem agradável te conhecer.

Steve estava a caminho da porta, e quando estava prestes a fechá-la, falou já normalmente para Bruce:

–Espero te ver de novo.

* * *

Depois que a reunião no centro da aldeia encerrou, todos voltaram para casa. Roger e Robert foram juntamente com Dave para a Casa de Reuniões, tratar dos últimos detalhes. Entraram pela porta, mas poderiam passar pela parede também, completamente destruída. Seguiram para a sala de Roger, e entraram lá.

–Muito bem Dave, sente-se que lhe direi os procedimentos. -Disse Roger pegando um papel em uma gaveta. Dave se sentou, porém Robert continuou em pé, encostado na parede.

Roger anotou algumas coisas e logo se sentou a frente de Dave.

–Pois bem, como já deve saber, a partida será amanhã, logo cedo. -Começou explicando. -O exército que você irá guiar já está decidido, todos já foram informados dos horários e as demais coisas. Terá pessoas encarregadas dos mantimentos, curativos, arqueiros e... Bom, com certeza você já save o resto.

–A partida será que horas exatamente? -Interrompeu Dave.

–Ao nascer do Sol. -Reposndeu Roger.

–Roger, se me permite dizer, você não acha que estará forçando demais Dave? Afinal, ele salvou a nossa aldeia ontem a noite, será que ele não merece um descanso? -Disse Robert entrando na conversa.

–Bem Robert, foi você mesmo que me disse que queria que eu providenciasse a busca o mais rápido possível, então foi o que fiz. E além disso, já é tarde para a avisar a todos da busca, não temos todo esse tempo.

Robert ficou em silêncio e volto a observar a conversa.

–Este aqui é o mapa que guiará vocês até o reino de Téfires. -Disse Roger mostrando o papel que pegará. -Não é muito difícil chagar lá, só que serão dois dias de longas caminhadas. E tem dois problemas também pelo caminho, passar pelo pântano que há e uma velha ponte, mas que creio que com muita cautela vocês consigam passar. Lá eles te passarão algumas informações e o rei disponibilizará alguns homens para irem com vocês até o Ninho de Creepers que, ao que tudo indica, fica a uns dois dias dali.

–Não há outro caminho alternativo? -Quis saber Dave.

–Infelizmente não. -Respondeu Roger. -A não ser que pretendam aumentar uma semana de viagem.

Robert se mexeu um pouco lá atrás, o que só serviu para assustar Dave. Sem nada para fazer, Robert foi olhar na janela.

–Todos já sabem da chegada do exército de vocês no reino, e estarão muito bem preparados para lhes receberem...

Roger continuou a conversa, porém Robert notou uma certa movimentação por ali, não sabia o que era, só que tinha certeza de algo estava errado.

–Algum problema Robert? -perguntou Roger se virando.

–Não... Eu apenas pensei ter ouvido algo.

Foi quando algo caiu do lado de fora. Robert se virou mas não viu nada, apenas uma galho de uma árvore espatifado no chão.

–Podem prossiguir. -Respondeu dando uma última checada no local.

–Agradeço. -Disse Roger se virando.

Robert não ligou para a frieza dele, o que importava ele era que ele sabia que alguma coisa ali estava errada. E sem ele saber, Steve saiu de fininho de perto da janela, pegou sua bolsa que caíra no chão e correu, já sabia do que precisava para aquela noite.

* * *

Bruce se jogou na cama e apagou as velas que iluminavam sua casa. Não acreditava que Steve havia ido embora. Mal se conheceram e provavelmente nunca mais o veria. Não que ele sentisse falta, ou quase isso, só que para ele, Steve era a única pessoa que o compreendia, de certo modo, via o mundo do jeito que ele via também. Passou pelas mesmas coisas, ou quase, e agora, como sempre foi, Bruce não tinha mais ninguém ali com ele, depois que perdera seus pais, ficou sem o contato com seus parentes, que provavelmente morreram também, pois até hoje não foram lhe visitar ou buscar informações sobre ele. Só que ele sabia que tinha que continuar, quem sabe sua vida ganhava um embalo dali para frente. A única coisa da qual ele tinha certeza era a de que sua vida agora era a mesma.

* * *

Steve passou a noite em um canto do arsenal, e quando o primeiro raio de luz surgiu, ele despertou. Ficou sentado por um tempo lá no canto pensando no que deveria fazer, e se deveria mesmo. Não tinha certeza se ele realmente gostaria de ir, ele mesmou havia pensado que sua vida estava a salvo quanto encontrou a aldeia, e agora ia sair dela para caçar monstros? Só que não podia desistir, era isso que sentia dentro dele, pressentia que estava fazendo a coisa certa dessa vez. Steve se levantou e pegou sua bolsa. A dúvida ainda martelava sua mente, porém sabia que voltar atrás era impossível. Pensando no que poderia vir pela frente, Steve seguiu seu caminho sorrateiramente para o centro da aldeia onde o exército de busca já estaria preparado para partir. Chegando lá, um total de cinquenta pessoas completamentes bem equipadas estavam agrupadas ouvindo Roger falar os últimos comandos. Steve se escondeu atrás de uma casa e ficou ali na espreita ouvindo a conversa, Roger falava sobre o trajeto que teriam que percorrer e algumas dificuldades.

Steve encostou na parede da pequena casa e começou a comer uma maçã que havia em sua bolsa. Seus mantimentos não eram muitos, mas sabia que se soubesse administrar tudo direito dari certo. E ali ele ficou por alguns minutos, até perceber que o exército começou a sair. Sem fazer muito barulho, Steve se levantou e os seguiu sem ser percebido. Sentiu um aperto na garganta, mas agora já não podia voltar.