New Feelings. escrita por Soquinho


Capítulo 6
06 - Clima.


Notas iniciais do capítulo

Desfrutem!



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11h58min da manhã.

Os alunos já estavam saindo do colégio para regressarem para seus lares. Menos Roberta que havia dispensado a companhia do namorado para procurar pacientemente pelo livro Ventos Novos. Esse nome fazia seu corpo se arrepiar totalmente. Do outro lado da prateleira, um garoto de pele branca procurava também pelo mesmo livro, deixou um dos livros caírem assombrando a loira.

- Droga! – Aquele murmúrio furioso era conhecido. Tomás de novo!

- Ei. – Chamou o rapaz.

- Roberta?

- Não, é o clone dela. – Respondeu irônica.

- Ela não me contou que tinha uma irmã gêmea. Prazer, Tomás Campos Salles!

Roberta intrigou-se com a burrice do menino.

- Sua anta, eu estava sendo irônica. Sou eu, Roberta Messi em carne e osso, pele e pescoço! Te liga!

- Primeiramente Roberta: não sou carro para me ligar e em segundo, nunca tente ironia com a minha pessoa.

- Se é que é por que né?!

Ele revirou os olhos e passou para o lado esquerdo da prateleira, onde Roberta estava. Estendeu o livro para ela, que tocou suas mãos sem asperezas, uma sensação esquisita recorreu pelo corpo dos dois, nunca tinham sentido essa “sensação” diferente com seus namorados. Desconcertada, Roberta puxou o livro de sua mão e começou a folheá-lo.

- Onde faremos o trabalho? – Continuou com a visão no livro.

- Em sua casa. – Petrificou-se.

- Em qual local da casa?

- Em seu quarto acharia melhor e... – Roberta lhe deu um corte.

- TOMÁS!

- Era brincadeira minha filha. Tudo você leva a sério! – Riu relaxado, não parecia demonstrar incomodo em qual lugar da casa fariam o trabalho.

- Pare com essas gracinhas Tomás, não quero meter minha mão na sua cara. – Ameaçou.

- Barraqueira. – Deixou escapar em um sussurro. Roberta distribuiu um soco no braço do rapaz.

- Eu juro que se tivesse uma faca aqui, te mataria! – Exclamou exaltando-se.

- Cabeça quente.

- É melhor que ter mente poluída. – Olhou-lhe sarcasticamente e sorriu irônica.

- Não tenho mente suja. – Defendeu-se.

- Ah é claro que não! Se não fosse a Carla, você ainda tava pegando todas as vadias desse colégio!

- Melhor mudarmos de assunto. – Tomás disse tenso.

- Vamos pra minha casa? – A rebelde corou internamente com sua pergunta. “Droga!” Pensou pra si mesma.

- Fazer? – Tomás perguntou maliciosamente. De fato ele só estava testando a paciência da jovem, adorava vê-la perdendo o controle de tudo.

- Eu vou te dar um murro Tomás! – Esbravejou e em seguida urrou de ódio.

- E eu vou adorar isso. – Insistiu em provocá-la mais e mais. Mantinha em seu rosto um sorriso implicante.

- Tudo bem. – Roberta fechou os punhos e na hora em que iria depositar um soco certeiro no rosto do garoto, ele a pegou pelo pulso e a prendeu na parede, assustando-a com a repentina aproximação.

- Peça desculpas.

- Pelo que seu idiota? – O nervosismo e vergonha percorriam pelas veias da garota.

- Por ameaçar me bater.

- Você mereceu. Agora me larga!

- Não, eu não te libero até você dizer um “desculpa Tomás!”

- Tomás, eu vou gritar!

- Tenta! – Por que ele estava fazendo isso? Qual o motivo da aproximação e da chantagem? Ele estava se saindo muito Binho.

- Você fumou haxixe Tomás? Tá louco garoto, me solta! – Tentou-se mais uma vez liberar-se dos braços do moço, mas ele era mais forte. Prensou Roberta ainda mais na parede e aproximou-se ainda mais, colando seus corpos.

“O que ele pensa que está fazendo?” Roberta se perguntava estupefata com o jeito do Tomás de agir. Faltavam milímetros para suas bocas se tocarem.

- Não vai matar Roberta. – Sussurrou no ouvido da menina. Seu coração a qualquer instante parecia que iria sair pela boca, suas pernas estremeciam-se, algo nela estava realmente mudando.

- Tomás, isso é jogar baixo.

- Vai Beta, não é nada demais. – Acariciou o rosto da menina deixando-a extremamente vermelha, ele sorria divertido com a pressão que causava em sua amiga.

- Me deixa sair Tomás! – Tentou batê-lo, chutá-lo de todas as maneiras possíveis. Mas ele era esperto e não deixava.

- Desculpa Tomás. – Disse sem ânimo.

- Não ouvi nada! – Seriamente Tomás havia pegado pesado. Mordeu o lóbulo da orelha de Roberta, seu coração já poderia parar.

- Desculpa Tomás. – Falou desta vez mais normalmente.

O garoto se distanciou libertando Roberta do castigo. Ela o encarava com um misto de raiva, vergonha, incerteza e indignação.

- Por que mordeu o lóbulo da minha orelha seu nojento?

- Por que ficou nervosinha?

- Se você voltar a repetir esses atos safados comigo, eu conto para a Carla. – Só depois desta frase que Tomás ligou-se que quase havia traído sua namorada, arrependeu-se.

- Beleza, só queria testar você. Vamos! – Disse em desanimo.

- Ok.

Saíram finalmente do colégio, ambos andavam calados a caminho à casa de Roberta. Por mais que não tivesse gostado muito da cena que Tomás protagonizara com ela, deixou-a um pouco mexida e aqueles momentos intensos que viveu ali com o menino estavam como cola em sua mente, não desgrudava de jeito nenhum.

- Chegamos.

- To vendo. – Sussurrou ainda um pouco arrependido.

- Tomás. – Levantou a cabeça do rapaz pelo queixo. – Não fica assim, apaga isso de sua mente, esquece. Aliás, não foi nada demais, não rolou algo a mais, então sem preocupações!

- Já esqueceu? – O rapaz parecia pasmo.

- É claro que sim. – Roberta mentiu com cara de pau.

Esquecer aqueles minutos ativos ao lado dele? Sem chances, não tinha como, estava gravado na memória da adolescente mesmo que ela não quisesse.

Pouco provável que ela tiraria isso de sua cabeça. Assim como ele, que ainda tentava processar tudo o que ele havia feito.

Ela abriu a porta entrando primeiro e segundos depois dando espaço para o Tomás entrar. A casa estava quieta demais, a loira sentia medo de ficar sozinha com o amigo, pois temia que Tomás repetisse aquilo tudo de novo e desta vez usasse o trabalho como estratégia para repetir a cena.

- Vamos pro meu quarto.

Subiram as escadas deixando ecoar livremente pela casa seus passos ligeiros para chegarem logo aos seus destinos. Roberta girou a maçaneta da porta de seu quarto e eles entraram. Tomás girou o corpo analisando tudo ao seu redor, esperava encontrar o quarto de Roberta todo bagunçado e que lá parecesse o lixão. Essa às vezes era a imagem que dava para ver de Roberta, uma garota suja e muitíssimo mal educada.

- Não sou tão desleixada quanto pareço, tá Tomás? – Ela já sabia o motivo das olhadas que Tomás dava para o seu quarto.

Ele riu e não falou nada. Roberta fez sinal para que ele sentasse em sua cama, o rapaz obedeceu ao pedido de sua amiga.

- Caraca mano! Não faço ideia de como realizarmos esse trabalho.

- Faremos assim. Pegamos o livro e vamos lendo capítulo por capítulo... – Roberta foi interrompida.

- Assim demora muito esquisita.

- Calado e... Do que me chamou? – Ela levou um olhar nada amigável para o amigo.

- Esquisita. É assim que te chamo desde o primeiro dia que te vi!

- E por quê?

- Acho você diferente e intimidadora.

- Intimidadora? – Começava ali uma sessão de interrogatório.

- É. Você intimida as pessoas sabe Roberta? Mete medo nelas que ficam completamente assustadas e frustradas que quando te vêem, parecem que viu o diabo!

- O moço tá muito gracioso hoje. Cheio de piadinhas!

- Posso perder um amigo, mas a piada nunca! – Típica frase do Tomás.

- Imbecil, deixe-me continuar com a explicação.

- À vontade senhorita.

- Como eu ia dizendo, lemos o livro folha por folha para poder entender o que ele queria nos dizer, qual o significado do seu título, o porquê de ser Ventos Novos, compreender os fatos. Enfim, vamos desfrutar de sua essência como disse o Vicente!

- Parecia uma professora falando.

- Cala a boca Tomás!

- Não dá pra dizer as coisas com a boca fechada. – Honestamente, o rapaz estava abusando da sorte. Roberta estava quase explodindo.

- Bebeu? Fumou? Se drogou?

- Que nada Roberta. Só estou feliz!

- Está mais insuportável do que os outros dias.

- Só se for pra você que vive de mau humor!

- O Diego me faz sorrir! – Rebateu.

- Aham, sei. “Awn Diego meu amor, vem cá me dar um beijinho, você é tão irresistível!” – Tomás tentou ao máximo atingir o tom de voz de Roberta, tentativa fail. Acabou que sua voz ficou muito fininha que parecia mais um rato emitindo seus sons.

- Hilário Tomás! – Roberta gargalhava. – Dá pra fazer um stand-up no bistrô da sua avó.

Já limpava as lágrimas de riso.

- Isso só cola pra Cris e o Artur, mas vamos logo começar com esse trabalho?

- Primeiro ler, pra depois escrever.

- Ok general!

Roberta murmurou um “bobo” sorrindo. Deitou-se em sua cama mandando Tomás acompanhá-la. Tecnicamente teriam que ficar com os rostos próximos para poderem ler, mas a tarefa difícil seria apreciar o livro com eles tão próximos. Roberta se desconcentrava facilmente.

- Tomás, não acha que estamos muito próximos?     

- Não vai acontecer nada que você não queira Beta, relaxa.

- Tá difícil de relaxar com você muito perto de mim.

- Ainda pensa no que rolou minutos atrás? – Seus olhos encontraram-se com os dela, acreditem. Foi um choque entre olhares.

- Estou tão confusa.

Ele nada falou. Acariciou o rosto da menina e foi se aproximando em câmera lenta. Suas respirações já estavam se misturando, seus corações batiam descompensados, a imensa vontade de se beijarem era indescritível. Ao verem seus rostos muito juntos, Roberta cortou o clima.

- Não é certo Tomás. Você ama a Carla e eu o Diego, não vamos fazer isso, não quero traí-lo.

Ela não queria soltar aquelas palavras, sua voz estava meio que falhando.

- Beleza. Também não quero trair e ferir o coração da Carlinha. Acho bom eu ir!

Disse se levantando da cama da garota.

- Sabe a saída. Tchau Tomás!

- Tchau esquisita. – Sorriram um para o outro. Tomás presenteou Roberta com um selinho demorado na bochecha. As maçãs do rosto da garota enrubesceram.

Após Tomás ter deixado a residência, Roberta jogou-se em sua cama macia pensando se realmente amava Diego.

Agora sim a confusão estava feita!

Continua...


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