New Feelings. escrita por Soquinho


Capítulo 27
27 - União de irmãs e acidente.


Notas iniciais do capítulo

Eu espero receber reviews :(



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Aquele almoço não podia piorar. O clima briguento que reinava na casa de Franco chegava a ser incomodante, já haviam se passado três dias desde o fim da banda e as meias-irmãs continuavam sem se falarem. A roqueira mordiscava sua galinha cabidela mesmo sem sentir fome, seu prato estava cheio, mal tinha provado a comida deliciosa preparada pela empregada da casa.

– Por que estão assim? – Indaga Eva juntando suas mãos e pousando o cotovelo em cima da mesa aguardando a resposta.

– Pergunta pra ela. – Fala a patricinha secamente distribuindo um olhar ríspido sobre a loira.

– Quer um lencinho pra enxugar as lágrimas, paty? – Implica Roberta, sorrindo sínica e debochada.

– Engraçadinha.

– É o que muitos dizem.

– Você destruiu nosso sonho e ainda tenta nos enganar dizendo que já superou isso, mas foi tudo culpa dessa sua paixão confusa e errada pelo Tomás! – Alice deixa escapar, constrangendo a loira na frente de sua mãe que a encara incredulamente. Mas o amor de Roberta não era o Diego? Eva estava muito mal informada.

– Eu não gosto dele e além do, mas, isso não tem nada a ver. Acabou por que tinha que acabar, nada é pra sempre!

– Roberta, a banda nem tinha começado direito, estávamos dando os primeiros passos para uma carreira de sucesso e rola uma coisa absurda dessas! – A garota de madeixas lisas se levanta de sua cadeira e bate o garfo no prato causando um ruído chato e irregular.

– Acabou Alice, enfia isso nessa tua cabecinha lenta. – Roberta se mostra mais irritada e joga sua colher no chão gerando um barulho mais alto e arrepiante.

– Garota! Se você tivesse falado a verdade ao Diego nada disso teria acontecido! A banda dependia do nosso amor e carisma com os integrantes, mas você tinha que estragar achando que o melhor era guardar tudo pra você e que um dia isso evaporaria de sua vida!

– Alice, se a memória não me falha, foi você que me mandou não revelar ao Diego a verdade, disse até que isso acabaria com a banda e agora vem me dar sermão? Faça-me mil favores.

– Eu só estava lhe aconselhando, mas não era o conselho correto, você tinha que ter seguido seu coração.

– Para eu sofrer mais? Desculpe-me, do sofrimento eu quero me isolar.

Franco encoleriza-se com aquela peleja e as interrompe batendo palmas, calando-as.

– Tudo bem que vocês se desentendem, mas não é pra tanto.

– Foi essa tua filha que se embebedou com o fim da banda, é só nisso que pensa. A vida também nos oferece outras oportunidades Alice, você deve ter outros dons, basta procurar.

Aquilo era como um conselho, talvez realmente Alice tenha outro dom guardado em si.

– Roberta eu quero cantar!

– Ninguém está lhe impedido.

– Só que eu não sou nada sem você e eles. – A patricinha enche sem perceber os seus olhos de água, pronta para desabar no choro. Distancia-se de sua família e corre pelas escadas a caminho de seu quarto, chorava que dava pena. Roberta se cala diante aquele comentário, foi uma verdadeira declaração de amizade, todos eles estavam sofrendo com isso, o sonho não podia ter acabado tão tragicamente.

A loira deixa sua mãe e seu padrasto e sobe as escadas. Para bem em frente à porta branca do quarto de Alice, suspira levemente para acalmar o ânimo e semicerra os olhos para fitar a sua meia-irmã pela fechadura.

A garota chorava agarrada com seu caderninho que muitas vezes era utilizado para suas canções, os olhos azuis da menina estavam sem vida, sem alegria, apenas a tristeza tomando conta do seu ser. Era demais para Roberta presenciar tal cena como essa, abre a porta do quarto da jovem e entra, chorando com ela. Alice levanta o olhar para ver quem era a pessoa que entrara em seu local privado. Limpa os olhos para tirar a água que impedia dela poder ter a capacidade de ver quem estava ali, quando nota que era sua amiga, salta da cama e corre para abraçá-la.

Nada falam, só fica ali coladas uma na outra só chorando.

– Eu quero reconstituir o nosso sonho. – Diz Roberta contendo mais algumas lágrimas que insistiam em cair.

– Tem jeito?

– Tem sim, aquilo foi só um desentendimento besta nosso, uma burrada sem tamanho!

– E como vamos convencer os outros teimosos? O Diego e o Tomás estão com ódio da sua cara, não querem te ver nem pintada de ouro.

– E nem eu quero vê-los vestidos de vampiros, mas é o nosso sonho que dividimos em seis.

– Qual argumento vai usar para nos unir de novo? – Alice separa-se de sua amiga e funga.

– Sem argumentos, tudo irá correr naturalmente, eu sei que eles não vão desistir tão fácil.

– Dará certo Beta? Porque do jeito que as coisas estão fervendo.

– Confia, basta a confiança que tudo se ajeita. – A roqueira afaga as mãos nos cabelos lisos e louros da patricinha, confortando-a.

Roberta não tinha nada planejado para repor as forças dos rebeldes, reformar a liga da justiça, mas tinha algo melhor: a certeza e confiança, realmente eles não iriam desistir de correr atrás daquilo que queriam e que sentem que é o paraíso deles.

–x-

O tempo passou, as férias acabaram. Domingo, 18h22min, no outro dia já teriam que estar no Elite Way. Novo ano, nova sala, novatos, rever professores e amigos. Alice e Roberta estavam sentadas no sofá de casa, tomando um sunddae de creme e baunilha. Desde a separação da banda, essas duas grudaram-se ainda mais, ficando mais unidas. Tudo agora elas dividiam, Roberta não tinha mais essas frescuras de não querer se abrir com sua colega, a selvagem estava um pouco mais domável.

– Vixe, só de pensar que amanhã é segunda feira, eu piro. – Resmunga a garota de cabelos cacheados, pegando mais um pedaço do sunddae.

– O que? Amanhã já é segunda? Domingo congela! – Enlouquece a patricinha, dramática como sempre, uma das coisas que nunca mudaria em Alice, o drama faz parte de sua vida. Outro dom dessa menina! Deveria investir na carreira de atriz, daria certo para ela.

– Sem drama Alice, por favor.

– Será que vão chegar novatos?

– É óbvio que sim sua anta! Ano passado chegou um mutirão de gente, esse ano eu também tenho certeza que chega.

– Tá bom dona da certeza, vamos chamar a Carlinha?

– Pra que? – Se falasse sobre a Carla, as lembranças malditas do Tomás retornavam como um foguete a mente da moça loura, ela não gostava de ser lembrada por esse menino. Desde o fim da banda que não se falavam, nem tiveram mais notícias sobre nenhum, a não ser do Pedro e da Carla. Era triste saber que eles ainda não tinham acertado as brigas.

– Ela é nossa amiga Roberta.

– Tá bom, vai nessa. – Fala com puro desdém na voz.

A patricinha faz careta de quem não gostou para a amiga que lhe devolve mostrando o dedo do meio. Ela ignora e apanha seu celular do bolso da calça, procura o nome da amiga na lista telefônica e quando acha, aperta no botão verde para ligar.

Alô? – Atende a menina com uma voz chorosa.

– É Carlinha... Cê tá chorando?

A Becky sofreu um grave acidente de moto. Ela tava aprendendo a dirigir, mas daí se chocou contra um poste e caiu desacordada no chão, por pouco o seu rosto não fica deformado. – A garota que não acredita, põe a mão na boca.

– O que houve Alice? – Preocupa-se Roberta.

– A Becky, acidente, moto, grave, corre risco de morte.

– WHAT? – A loira toma o celular de sua meia-irmã para falar com sua amiga.

– Isso é verdade Carla?

Nunca que eu iria brincar com a saúde da minha irmã, só hoje o seu coração ameaçou parar quatro vezes e nessas quatro vezes eu tive que ser dopada!

– Nós vamos praí, você precisa de auxílio. Tchau!

A moça desliga a ligação e pega sua jaqueta preta e a veste. Alice ajeita seu cabelo meio bagunçado e coloca sua bolsinha azul de lado. Elas saem de casa e a patricinha chama pelo motorista de seu pai que já se encarregava de levar e trazer as meninas de todos os locais.

Já dentro do automóvel, Roberta lembra-se que não sabe em que hospital a mulher está instalada.

– Precisamos saber em qual hospital ela tá.

– Liga do teu celular, os meus créditos acabaram juntamente com os bônus. – Lamuria a outra.

Impaciente, a jovem arranca seu celular da bolsa e disca o número da colega.

– Em que hospital vocês estão?

Hospital Samaritano, na UTI.

– Valeu! – Agradece e desliga – na cara – o celular. – Hospital Samaritano, Cláudio.

As meninas vão olhando pela janela o céu nublar-se, a preocupação era grande. Um dia desses a Becky estava cuidando deles no tour e agora está em coma na UTI, toda encubada, só respirando por ajuda de aparelhos.

Enfim, as rebeldes chegam ao hospital. Saem do carro às pressas e adentram no local. Era uma correria em tanta, vários enfermeiros passando com as pranchetas para entregá-las aos médicos, vários cirurgiões em suas salas executando seu trabalho, pessoas feridas a bala, com golpes de faca ou outras coisas chegavam ali nas macas, apenas com os atendentes e enfermeiros tentando estancar o sangue. Procuram impacientemente pela placa UTI até que acham. Lá elas vêem Carla chorando desolada.

– Amiga! – Alice apressa o passo e abraça sua amiga, consolando-a. – Tem fé em Deus que tudo dará certo, vamos vencer, ela vai vencer.

– O estado dela tá se agravando Alice, eu to com medo. Não quero perdê-la, só a tenho nesse mundo cruel e maldoso.

– Não, você tem a nós também. – Corrige a roqueira, envolvendo seus braços com os da morena.

Horas ali acalmando a jovem que temera em perder sua irmã, a fome começa a atacar Roberta. Alice jamais comeria os salgadinhos de um hospital, para ela era tudo contaminado pelos ratos e pelos vírus, claro! Só entrava doentes ali, mas Roberta nunca foi dessas menininhas frescurentas e sem medo, foi até a lanchonete do lugar.

Foi até aquelas máquinas de salgados e doces, pôs a moeda no buraco e tirou de dentro um salgadinho de churrasco. Solitária, saiu caminhando pelos arredores daquele imenso hospital que agora estava menos tumultuado e as pessoas que berravam de dor na entrada do estabelecimento, já haviam sido atendidas depois de tanto protesto. Não prestando atenção em quem vinha a frente, se chocou em um corpo de uma outra pessoa, pelo tamanho e o modo de andar, parecia um rapaz.

– Ô seu tonto! Você não tem olhos?

– Tenho sim, só que eu tropeço com os pés e não com os olhos. – Estremece por dentro, petrifica-se por inteira. A voz aperreada era dele, Tomás Campos Salles.

– Vem cá garoto. Você colocou um GPS atrás de mim? Me rastreou até aqui foi? Que perseguição, desde as férias que não nos falávamos mais, estava tão bom. – Mente. Roberta não estava nada feliz sabendo que sua amizade não existia mais.

– Primeiramente, eu vim aqui por causa da Becky e da Carla.

– Não estavam brigados?

– Ela precisa de apoio.

– Já tem eu e a Alice para apoiarmos ela, não precisa de um idiota pra piorar a situação.

– Ficou com ciúme? – O velho Tomás nunca sumiria do mapa.

– Só quando os porcos voarem, os gatos latirem, as galinhas cavalgarem, os cavalos miarem, o elefante for magro e o Osama Bin Laden reviver. Aí sim eu terei ciúme de você!

– Piadinha agora?

– Deve de ser contagioso.

– Pelo jeito o Diego fez bem em acabar com o namoro de vocês.

– Sim mesmo, assim ficam livres vocês dois para irem morar em um castelo branco enorme e todos os dias irem passear pelas pradarias.

– Roberta, quando você vai parar com as piadas?

– Pare de me amolar.

– Não sou faca pra te amolar!

– Quer saber? Fui! Essa estrada de briga já está grande demais.

A menina já ia o deixando sozinho como de costume naquele corredor vazio e pequeno. Mas o garoto é vivo e puxa o seu braço fazendo-a parar.

– Você me ama né?

Ele sorri sarcástico e as pernas da jovem ficam moles. Opa Roberta! Agora ele te pegou, o circo fechou.


Continua...



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Notas finais do capítulo

:'(



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